Quando Jesus, na praia do lago, depois da ressurreição, dirigiu por três vezes a pergunta a Pedro: “Simão de João, tu me amas?” (Jo 21,15.16.17), dizem que Ele perguntou assim para lhe fazer reparar a tríplice renegação da noite da captura. Mas isso só é uma parte da verdade.
Seria errado atribuir à pergunta o sentido de uma repreensão, quase de uma humilhação: “Você me renegou; vamos ver agora se está arrependido e quer se emendar”. Jesus não humilha ninguém; quer somente inspirar de novo confiança.
Podemos imaginar que Pedro, ele sim, se sentia humilhado, tinha os olhos baixos para a praia pedregosa, sentia-se indigno da confiança do Mestre, que o havia escolhido para ser o primeiro dos Doze.
A pergunta de Jesus quer dizer que Ele é ainda capaz de amar, apesar de tudo. Ele o convida a amá-lo e com isso lhe revela que o amor ainda tem espaço na sua vida: “Você pode me amar, Simão de João; nada mudou, eu sou ainda o objeto do seu amor”. Jesus reconstrói Pedro interiormente, com um perdão diferente do nosso, que guarda lembranças e é estriado de desconfiança. Ele faz isso doando-se de novo totalmente a ele, num relacionamento transparente, sem diafragmas nem condições.
“Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo” (Jo 21,17). Pedro se abre, deixa-se penetrar pelo olhar de Jesus: entendeu que não é julgado, que Jesus vai buscar o amor escondido entre as dobras do temor envergonhado.
Pode recomeçar.
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