30 abril 2020

O testemunho a dar

      “Amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34). É a vocação de todo cristão.
      Fazem pensar as palavras que diziam dos primeiros cristãos: “Vejam como se amam e como cada um está pronto a morrer pelo outro”.
      Portanto, via-se que cada um estava pronto a morrer pelo outro.
      Talvez isso decorresse do fato de ser comum, nos tempos das perseguições, alguém se oferecer para morrer em lugar do outro. Em todo caso, o fato é que se via essa medida de se amar entre os cristãos.
      Geralmente não se exige de nós a morte física. Mas, é preciso estarmos sempre prontos. Cada ato de amor recíproco deve se fundamentar nisso.
      Aumentemos a temperatura da nossa caridade mútua. Que até mesmo um simples sorriso, um gesto, um ato de amor, uma palavra, um conselho, um elogio ou uma correção oportuna dirigidos ao irmão revelem nossa disposição de morrer por eles. Que se veja nosso amor, certamente não por vaidade, mas para garantir-nos a arma poderosa do testemunho.
      Muitas vezes, como os primeiros cristãos, também nós estamos num mundo sem Deus, descristianizado. Cabe a nós, então, testemunhar Jesus. E podemos fazer isso da melhor maneira com o nosso mútuo amor.

29 abril 2020

A unidade: efeito da Eucaristia

      O amor verdadeiro, a arte de amar, em seu ponto culminante, é amarmo-nos mutuamente.
      Amarmo-nos mutuamente de tal modo que mereçamos o dom da unidade. Porque nós não sabemos fazer a unidade. Jesus rogou ao Pai pela unidade, mas não a preceituou.
      Podemos fazer nossa parte, que é a parte ascética, amar-nos, mas a parte mística da unidade, a presença de Cristo em nosso meio, deve vir do Céu.
      Nós, em nossa experiência, vimos que a unidade é efeito da Eucaristia. É lá que somos realmente deificados, que todos nos transformamos em Deus (por participação), que nos tornamos um, Nele.

28 abril 2020

Reino de Deus no meio dos homens

Jesus em meio a nós: foi uma experiência formidável. Talvez jamais possamos dizer quando Ele está em nosso meio, porque Ele supõe que em nós haja a vida da graça, e ninguém sabe ao certo se está ou não na graça de Deus. Certo é, porém, que, quando nosso viver juntas se fundamentava no propósito sincero de estarmos prontas a morrer umas pelas outras, como Jesus quer, e todos os nossos atos se amoldavam a isso, já que — “acima de tudo, cultivai, com todo o ardor, o amor mútuo” (1Pd 4,8) — muito frequentemente parecia que notávamos com simplicidade sua presença.

      Assim: do mesmo modo que sentimos a alegria e a dor, a angústia e a dúvida, também — mas numa esfera superior da alma — a presença espiritual de Jesus entre nós dava a nossas almas a paz que é só Dele, a alegria plena que somente Nele encontramos, a força e a convicção que não são tanto fruto de raciocínio ou de vontade, mas de uma ajuda especial de Deus.

      Sua presença premiava de modo superabundante cada sacrifício que fazíamos, justificava cada passo que dávamos dirigido nesse caminho, rumo a Ele e por Ele, dava o devido sentido às nossas coisas, às circunstâncias, confortava as dores, mitigava a demasiada alegria.

      E quem quer que estivesse em nosso meio que, sem subterfúgios e raciocínios, acreditava em suas palavras com o encantamento de uma criança, e as colocava em prática, fruía desse paraíso antecipado que é o Reino de Deus em meio aos homens unidos em seu nome.

27 abril 2020

Se estamos unidos, Jesus está entre nós


      Se estamos unidos, Jesus está entre nós. E isso vale! Vale mais do que qualquer outro tesouro que nosso coração possa ter: mais do que a mãe, o pai, os irmãos, os filhos. Vale mais do que a casa, o trabalho, os bens; mais do que as obras de arte de uma grande cidade como Roma; mais do que os nossos afazeres, mais do que a natureza que nos circunda, com as flores e os campos, o mar e as estrelas; vale mais do que a nossa própria alma.

      Foi Ele que, inspirando os seus santos com suas verdades eternas, marcou época em cada época.

      Essa é também a sua hora: não a de um santo, mas Dele, Dele entre nós, Dele vivendo em nós, que edificamos — em unidade de amor — o seu Corpo Místico.

      Mas, é preciso dilatar o Cristo, fazê-lo crescer em outros membros; tornarmo-nos, como Ele, portadores de fogo, que dissolva todo o humano no divino, que é a caridade em ato. Fazer de todos um e em todos o Um!

      Vivamos, então, a vida que Ele nos dá momento por momento.

      É mandamento fundamental a caridade fraterna. Ante omnia…1 (cf. 1Pd 4,8). Por isso, tem valor tudo o que é expressão de sincero e fraterno amor. Nada do que fazemos tem valor, se nisso não há sentimento de amor pelos irmãos; pois Deus é Pai e tem no coração, sempre e unicamente, os filhos.

26 abril 2020

A parte humana

DESENVOLVA a parte humana de seu ser.
Não viva apenas na parte vegetal ou animal, por meio do instinto.
Desenvolva a parte humana de seu ser.
Procure conhecer a Verdade de sua origem e de seu destino, utilizando seu pensamento para conhecer-se a si mesmo cada vez mais.
Por menos cultura que você possua, você tem uma inteligência, com capacidade para raciocinar e pensar.


25 abril 2020

O testemunho a dar


      “Amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34). É a vocação de todo cristão.

      Fazem pensar as palavras que diziam dos primeiros cristãos: “Vejam como se amam e como cada um está pronto a morrer pelo outro”4.

      Portanto, via-se que cada um estava pronto a morrer pelo outro.

      Talvez isso decorresse do fato de ser comum, nos tempos das perseguições, alguém se oferecer para morrer em lugar do outro. Em todo caso, o fato é que se via essa medida de se amar entre os cristãos.

      Geralmente não se exige de nós a morte física. Mas, é preciso estarmos sempre prontos. Cada ato de amor recíproco deve se fundamentar nisso.

      Aumentemos a temperatura da nossa caridade mútua. Que até mesmo um simples sorriso, um gesto, um ato de amor, uma palavra, um conselho, um elogio ou uma correção oportuna dirigidos ao irmão revelem nossa disposição de morrer por eles. Que se veja nosso amor, certamente não por vaidade, mas para garantir-nos a arma poderosa do testemunho.

      Muitas vezes, como os primeiros cristãos, também nós estamos num mundo sem Deus, descristianizado. Cabe a nós, então, testemunhar Jesus. E podemos fazer isso da melhor maneira com o nosso mútuo amor.

24 abril 2020

Continue a caminhada

EMBORA sozinho, continue a caminhada!
Se todos o abandonarem, prossiga sua jornada.
Se as trevas crescerem em seu redor, mais uma razão para que você mantenha acesa a pequenina chama de sua fé.
Não deixe que sua luz se apague, para que você mesmo não fique em trevas.
Ilumine, com sua luz, as trevas que o circundam.

23 abril 2020

Martírio branco


      O amor mútuo, como Jesus o pede, implica um verdadeiro martírio. De fato, Ele pede que nos amemos a ponto de estarmos prontos a morrer um pelo outro.

      Isso é martírio, um martírio branco, se assim preferirmos, mas verdadeiro, porque pede a vida. É um martírio diário, ou melhor, um martírio de momento por momento.

      Talvez, apesar de toda a nossa boa vontade, não o tenhamos vivido exatamente assim.

      Mas somente desse modo somos verdadeiros cristãos, alcançamos a perfeição, justamente como os mártires. E, com ela, alcançamos a união com Deus, a presença plena de Cristo em nós.

22 abril 2020

Se está enfermo

SE está enfermo, não se impressione.
Qualquer mal, ou aparência de mal, é coisa  passageira.
A única essência eterna e real é Deus que é todo o Bem, a saúde perfeita, a felicidade integral, a alegria sem sombras.
Se a doença o está experimentando, procure unir-se mentalmente à Energia Cósmica que lhe penetra  o organismo juntamente com o ar que respira, e busque assim o revigoramento e a purificação de todas as suas células.

21 abril 2020

Um amor heróico

Como deve ser nosso amor para que seja conforme àquilo que Jesus exige de nós?

      Nós o sabemos. É um amor que tem como medida a morte: estarmos prontos a morrer pelos outros, pelo próximo, cada um deles.

      Portanto, um amor heróico, nada menos! Essa é a caridade: “… como eu vos amei”. E é justamente em um amor desse porte, concebido e vivido desse modo, que encontramos o caminho para nos santificarmos na vida.

20 abril 2020

Equilíbrio e alegria

TENHA equilíbrio e alegria.
Saiba ser reconhecido, procure ser humilde.
Não lance pedras a quem o beneficiou.
Não se julgue diminuído quando o ajudarem.
Saiba agradecer.
Quebre seu orgulho e receba com gratidão o auxilio que lhe derem.
E jamais esqueça o benefício nem o benfeitor.
O pior dos defeitos é a ingratidão que despreza e apedreja hoje quem nos beneficiou ontem.


19 abril 2020

As exigências Dele



      Nem sempre se exige de nós dar a vida pelos outros a ponto de imolá-la totalmente, como fez Jesus. Mas, para amar realmente o próximo, temos de viver bem todas as pequenas ou grandes “mortes” que a mútua caridade exige: esquecermo-nos de nós mesmos, desapegarmo-nos das coisas, dos nossos pensamentos, dos nossos interesses, para estarmos inteiramente projetados nos outros — “fazer-se um” com quem sofre e, com isso, a dor do outro diminui, ou “fazer-se um” com quem se alegra, e a alegria se multiplica.

      Isso é verdadeiramente morrer. “Viver para os outros”, “viver os outros”, acarreta a abdicação de si mesmo, a morte espiritual de si.

      Quando, então, começamos a amar os outros assim e, dessa forma, somos, por nossa vez, também amados, experimentamos passar de um plano da vida do espírito para um plano superior; notamos um salto na vida interior.

      Conhecemos, de maneira nova, os dons do Espírito: uma alegria jamais sentida, uma paz, uma benevolência, uma magnanimidade… Adquirimos uma nova luz, que ajuda a ver cada acontecimento em Deus.

      E ainda, o amor mútuo testemunha Cristo ao mundo. Foi Jesus quem disse: “Nisso reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,35).

      Como sabemos, é o início da revolução cristã, aquela revolução que os primeiros cristãos irradiaram em todo o mundo então conhecido, motivo que fez Tertuliano dizer: “Nascemos ontem e invadimos o mundo”.

18 abril 2020

Deus em você

DEUS está dentro de você!
Mas está também dentro de todas as demais criaturas que você encontra.
Mesmo naqueles que não agem com acerto, está habitando permanentemente a Divindade, que dos erros das criaturas humanas faz nascer o bem e o progresso.
Não julgue, pois, apressadamente, pois aquilo que lhe parece ser um erro pode ser o início de um resultado maravilhoso.


16 abril 2020

Doce sentimento do amor

CERQUE sua vida com o doce sentimento do amor.

Não tenha prevenção contra seus semelhantes.

Se alguém não o compreender, se alguém o ferir ou magoar, procure retribuir com maior compreensão, com atenções redobradas.

Só o amor é capaz de vencer as barreiras da separação, de aproximar as criaturas, de solidificar amizades.

Então, cerque sua vida com o doce sentimento do amor.


15 abril 2020

Faça

FAÇA questão de ser alegre e otimista.
Nada na terra pode destruir a felicidade do homem otimista e alegre.
Se lhe chegarem dores, receba-as com calma e não se deixe atingir por elas.
Coloque sua felicidade no que vem de fora.
Construa sua felicidade dentro de você mesmo, fazendo consistir sua ventura no progresso constante da vida do espírito, na sabedoria do coração.


14 abril 2020

Desperte

DESPERTE!
Não deixe que a rotina arrase sua vida!
Execute sua tarefa com amor sempre renovado, porque isto trará alegria a você mesmo.
A rotina cansa e corrói a alma, desalenta e carcome o entusiasmo.
Renove cada manhã seu armazenamento de alegria, de viver.
Ajude a todos e cumpra alegremente sua tarefa, para receber de volta o benefício da felicidade de seu trabalho.

13 abril 2020

“Ouça aquela voz!”

      Tínhamos uma bússola para acertar a vontade de Deus: era “a voz” dentro de nós, a voz do Espírito. “Ouça aquela voz!” era uma exortação nossa. E, naqueles tempos, falar de “voz” era arriscar passar por hereges, do mesmo modo que não era fácil para os leigos falar de Evangelho, nem de amor. Habituamo-nos a ouvir “aquela voz” para conhecer a vontade de Deus.
      Tempos depois, entendemos um dos motivos pelo qual Deus criou o focolare. A presença de Jesus em meio a nós era como o alto-falante que ampliava a voz de Deus – fazendo-nos ouvi-la mais claramente – dentro de cada um de nós. No focolare – dizemos – estamos entre dois fogos: Deus em nós e Deus em meio a nós. Ali, naquela fornalha divina, formamo-nos e treinamos para ouvir e seguir Jesus. E não é, por acaso, o pensamento de são Paulo que, para se entender a vontade de Deus, é bom estar inserido numa comunidade cristã onde Cristo vive (cf. Fl 1,9-10)? […].
      Enfim, conforme uma distinção que se fazia na época, distinguíamos a vontade de Deus significada e a de beneplácito.
      Por vontade de Deus significada entendia-se o que se sabia ter de fazer: viver a Palavra de Deus, observar os Mandamentos, os preceitos, os deveres do próprio estado de vida. Ao passo que, por vontade de Deus de beneplácito, se entendia o que podia acontecer e não era previsto: um encontro, um infortúnio, uma ventura, uma situação.
      Nossa aplicação era cumprir com toda a perfeição a vontade de Deus significada, mas com a elasticidade de quem sabe mudar de rota assim que Deus manifesta um seu querer diferente.
      E observávamos entre nós as que eram mais propensas a cumprir um ou outro tipo de vontade de Deus e se constatavam méritos e defeitos disso. […]
Quem era mais propensa a seguir a vontade de Deus significada, descuidando a de beneplácito, era levada a não ouvir a voz da consciência que a alertava sobre o novo querer de Deus, portanto, a viver com pouca intimidade com Ele, a não se dar a Ele com todo o coração, e, mesmo acreditando estar apegada aos próprios deveres, na prática, estava apegada a si mesma.
      Ao contrário, quem seguia mais de bom grado a vontade de Deus de beneplácito conhecia melhor a poesia do Evangelho e sabia descobrir mais rapidamente a linha de ouro da providencial mão de Deus em todas as coisas. Mas, às vezes, ajudada pela fantasia, acreditava ver Deus em toda a parte e mostrava a vida evangélica de modo aventuroso e romântico demais, tirando dela o que nela existe de mais belo: a normalidade de uma vida sobrenatural, simples, não artificial nem excessiva, pura e harmoniosa, como é a natureza, como é Maria.
      Aqui está então toda uma aplicação para ser realmente aquilo que Deus queria no momento presente, para captar, momento por momento, o desígnio de Deus para cada um de nós.

12 abril 2020

Seu tempo

ENQUANTO dispuser de tempo, nesta Terra, dirija seus passos pela senda do bem.
Procure agir, fazer sempre alguma coisa em benefício de alguém, embora seja apenas uma palavra de conforto, um gesto de carinho, um sorriso de incentivo.
Faça alguma coisa em favor do próximo, e terá o coração cheio de alegria e de felicidade.


11 abril 2020

Não se deixe derrotar

NÃO se deixe derrotar em situação alguma.
A derrota depende de nós, tanto quanto a vitória.
Entretanto, a pior derrota é a de quem desanima.
Perder, nem sempre é ser derrotado.
Mas o desânimo estraga totalmente a vida.
Não desanime jamais.
Siga à frente corajosamente, porque a vitória sorri somente àqueles que não param no meio da estrada.


10 abril 2020

O irmão ao nosso lado

“O importante é ter uma única ideia a respeito do ‘próximo’.
É o irmão que passa ao nosso lado no momento presente da nossa vida.
Devemos estar sempre prontos a servi-lo, porque nele estamos servindo a Deus. Ter um único olhar simples, que significa ver um único Pai; servir a Deus no próximo; ter um só irmão: Jesus.
O olhar simples divisa em cada pessoa “um Cristo em potencial”, um Cristo em formação. Põe-se a serviço de todos... para que Cristo possa neles nascer e crescer. Em cada pessoa vê um Cristo que nasce, que deve crescer e viver operando o bem – qual novo filho de Deus -, que irá morrer, ressuscitar e ser glorificado...
Aquele, portanto, que quiser levar a unidade não pode se dar por satisfeito enquanto – com seu contínuo serviço – não reconhecer no irmão a fisionomia espiritual do Cristo.
Por isso, vivendo ele o Cristo... serve a Cristo no próximo para que cresça em idade, em sabedoria e em graça.
Eis aí porque ele só conseguirá realizar o seu Ideal (único ideal de Jesus) – “ut omnes unum sint” – quando produzir frutos no momento presente a serviço do seu próximo...”.

09 abril 2020

A hora

9 de março de 1981
A morte! Chegará, e terei a impressão de que não é a sua hora. “Ainda tenho muito que fazer” – pensarei – “pela Obra, pela minha santificação.” […] Não sou eu que devo dizer a hora, a vontade de Deus é que a estabelece. Deverei adorá-la. Será a hora certa.
Deixarei aqui – mas só por um período de tempo – quem eu amei. Deixarei meus papéis, o trabalho de cada dia, a Igreja que milita na terra, a Obra, quem ainda está ligado a mim por parentesco, as pequenas coisas. Mas entrarei na Vida, onde vive quem espero ter amado mais. Verei Jesus Abandonado, e haverá outro modo ainda de amá-lo; verei a Trindade que amo, Maria. Com Eles, não tenho medo. Devo apenas preparar-me, não adiar demais esse dever, porque não há tempo, poderia ser hoje. A divina vontade!

08 abril 2020

Não a minha, mas a tua vontade

      Do Diário
      18 de janeiro de 1981


      Quando estamos oprimidos por algum mal físico ou espiritual, não é ruim contá-lo aos amigos e não é defeito; portanto, não perde o seu valor. É Jesus que no-lo ensina – e eu nunca havia dado importância a isso – quando diz: “A minha alma está triste até a morte” (Mt 26,38). Mas o próprio Jesus nos ensina que, depois de ter revelado nossa dor aos amigos e a Deus na oração, é vontade de Deus que nos conformemos: “Contudo, não seja como eu quero, mas como Tu queres” (Mt 26,39).

07 abril 2020

“Começou a ter medo”

      Do Diário
      25 de março de 1967

      Duas coisas me impressionaram na Semana Santa: o medo de Jesus – começou a ter medo (cf. Mc 14,33) – e o seu pedido ao Pai de ser liberado do enorme peso que estava caindo em seus ombros.
      Quantas vezes, nós também “temos medo”… por mil razões. Afoguemos nossas gotas de medo no seu grande medo!
      E quantas vezes nos dá vontade de fazer perguntas a Deus, que depois, justamente enquanto as formulamos, esclarecemo-las melhor, aderindo a uma vontade sua eventualmente diferente.
      Talvez aquelas perguntas não sejam inúteis… talvez tenham um “porquê”. Jesus também as fez, mostrando-se tão próximo de nós, tão homem!

06 abril 2020

Jesus Abandonado expressão culminante da misericórdia do Pai

É Jesus Cristo quem revela o verdadeiro rosto de Deus (cf. MV 1), quem é para todos nós imagem do Pai, sua expressão, seu esplendor, sua beleza, beleza do seu amor (cf. Jo 14,8-9). Mas até que ponto chegou Jesus a nos amar? Até morrer por nós. De fato, a cruz é o modo mais profundo de a Divindade se debruçar sobre a humanidade (cf. DM 8). No cumprimento do mistério pascal, Jesus vence a dor, o pecado, a morte, e transforma tudo em misericórdia (cf. Rm 5,20) Deus se fez homem para amar – afirma Chiara Lubich – não só com o Amor, mas também com a Dor: assumiu sobre Si “todas as dores do mundo, todas as faltas de unidade do universo e as fez: Amor, Deus!” Ele, cobrindo-Se dos nossos pecados, traduz a dor em amor, traduz a miséria em Misericórdia”. Numa cartinha datada de 1945, Chiara confidencia: “Também eu caio com frequência e sempre. Mas quando levanto o olhar para Ele, e o vejo incapaz de vingar-se, porque está pregado na Cruz por um excesso de Amor, eu me deixo acariciar pela sua Infinita Misericórdia e sei que só ela deve triunfar em mim. Para que serviria ser Ele infinitamente misericordioso? Para quê? Se não fosse pelos nossos pecados?” E num impulso vital, que revela a sua escolha original e a sua consagração a Deus no seu abandono, Chiara exclama: “Quisera testemunhar ao mundo que Jesus Abandonado preencheu todo vazio, iluminou toda treva, acompanhou toda solidão, anulou toda dor, cancelou todo pecado”.
Estes são, em síntese, alguns pontos da espiritualidade traçada por Chiara Lubich, vistos na chave da misericórdia na direção da qual o Ano Santo nos impele a voltar o olhar. Não podemos terminar sem um breve aceno a Maria, mãe de misericórdia e mãe da Obra fundada por Chiara e intitulada a ela “Obra de Maria”. “Uma mãe – afirma Chiara – não deixa de amar o filho se ele é mau, não deixa de esperá-lo se está longe, nada mais quer do que reencontrá-lo, perdoá-lo, reabraçá-lo: porque o amor de uma mãe perfuma tudo de misericórdia. (…) O seu amor, por estar acima de tudo, é um amor que tudo quer encobrir, ocultar. (…) O amor de uma mãe é por natureza mais forte do que a morte. (…) Pois bem, se é assim com mães normais, pode-se muito bem imaginar como é com Maria, Mãe humano-divina do menino que era Deus, e mãe espiritual de todos nós! (…) Mas Deus em Maria deposita o seu desígnio para a humanidade (cf. Lc 1,49); em Maria revela toda a sua misericórdia pelos homens”.

05 abril 2020

Não desanime

Você, que se acha enfermo, preso a um leito de dor, não desanime!
A doença não é um mal, pois é através da enfermidade que nos libertamos das vibrações grosseiras dos maus pensamentos, das más palavras e das más ações.
Suporte com paciência sua enfermidade, porque por meio dela se está purificando o organismo psíquico, sua alma, que só pode expulsar as impurezas por meio das doenças físicas.


04 abril 2020

Lançar sobre Deus todas as preocupações

Caros  amigos, Espero  que  todos  nos  tenhamos  esforçado  por  fazer  a  vontade  de  Deus, mesmo  nas  situações  mais  difíceis.  Espero  que  tenhamos  algum  ato  generoso  e magnânimo  para  oferecer  a  Deus.  Como  vocês  sabem,  para  alcançar  a  santidade  não são  suficientes  virtudes  vividas  de  qualquer  maneira,  mas  virtudes  vividas  de  modo sublime,  heroico. Ora,  uma  das  maneiras  de  realizar  a  vontade  de  Deus  nos  momentos  difíceis  é a  que  tratarei  hoje  com  vocês. Sabemos  que  a  nossa  espiritualidade  (que  é  o  nosso  caminho  de  santidade)  é totalmente  baseada  num  ponto  que  praticamente  lhe  deu  origem:  a  fé  no  amor  de Deus!  Sermos  conscientes  de  que  não  estamos  sós,  não  somos  órfãos,  porque  acima de  nós  existe  um  Pai  que  nos  ama. Uma  das  aplicações  desta  fé  acontece  quando  temos  alguma  preocupação  ou quando  estamos  apreensivos  por  algum  motivo.  Às  vezes  é  o  medo  do  futuro,  são  as preocupações  com  a  saúde,  os  alarmes  por  possíveis  perigos,  a  apreensão  pelos nossos   parentes  ou  pelo  trabalho,  a  incerteza  quanto  a  atitudes  a  tomar,  o sobressalto  diante  de  notícias  negativas,  os  temores  de  toda  espécie. Pois  bem,  nestes  momentos,  precisamente  nestes  momentos  de  suspensão, Deus  quer  que  acreditemos  no  seu  amor  e  pede  a  nós,  um  ato  de  confiança.  Se somos  realmente  cristãos,  Ele  deseja  que  tiremos  proveito  destas  circunstâncias dolorosas  para  demonstrar-lhe  que  acreditamos  no  seu  amor.  Isto  significa  acreditar que  Ele  é  nosso  Pai  e  cuida  de  nós;  significa,  portanto,  lançar  nas  suas  mãos  todas as  nossas  preocupações;  descarregá-las  sobre  ele. A  Escritura  diz:  "Lançai  sobre  Ele  toda  a  vossa  preocupação,  porque  é  Ele  que cuida  de  vós"  (1  Pd  5,7).  Praticamente  -  como  afirma  um  comentário  a  respeito  -, assim  como  se  descarrega  um  peso  sobre  um  animal  de  carga,  da  mesma  forma  oscristãos  devem  descarregar  as  suas  preocupações  no  Pai  do  celeste.  O  fato  é  que Deus  é  Pai  e  deseja  a  felicidade  de  seus  filhos.  Por  este  motivo  Ele  mesmo  assume sobre  si  todos  os  seus  pesos. Além  disso,  Deus  é  Amor  e  quer  que  seus  filhos  sejam  amor. Ora,  todas  as  preocupações,  ansiedade,  temores  bloqueiam  a  nossa  alma, fecham-na  sobre  si  mesma  e  impedem  que  ela  se  abra  para  Deus,  fazendo  sua vontade,  e  que  se  abra  para  o  próximo,  “fazendo-se  um”  com  ele  para  amá-lo  como convém. Nos  primeiros  tempos  do  Movimento,  quando  a  pedagogia  do  espirito  Santo estava  começando  a  nos  ensinar  os  primeiros  passos  no  caminho  do  amor,  o  “lançar todas  as  preocupações  nas  mãos  do  pai  celeste”  era  algo  do  dia-a-dia,  que  se  repetia várias  vezes  ao  dia.  De  fato,  deixávamos  um  modo  de  viver  meramente  humano  que  tínhamos  mesmo  sendo  cristãs  –  para  penetrar  num  modo  de  viver  sobrenatural, divino.  Começávamos  a  amar. E  as  preocupações  são  empecilhos  ao  amor.  O  Espirito  Santo  devia  ensinarnos  um  modo  de  eliminá-los.  E  de  fato  nos  ensinou! Lembro-me  que  dizíamos:  Assim  como  não  podemos  segurar  uma  brasa ardente  na  mão,  mas  a  largamos  imediatamente  para  não  nos  queimarmos,  do mesmo  modo,  com  a  mesma  pressa,  devemos  lançar  no  Pai  cada  preocupação.  E não  me  lembro  de  alguma  preocupação  entregue  ao  coração  do  Pai,  de  que  ele mesmo  não  tenha  cuidado. Caros  amigos,  nem  sempre  é  fácil  crer,  acreditar  no  amor  de  Deus,  mas devemos   nos  esforçar  por  fazê-lo  em  todas  as  situações,  mesmo  nas  mais emaranhadas.  Também  nessas  ocasiões  assistiremos  às  intervenções  de  Deus.  Ele não  nos  abandonará,  mas  cuidará  de  nós. Sei   de  muitos  entre   nós  que  se  encontram  em  situações  difíceis.   É principalmente  para  eles  este  pensamento  espiritual.  Mas  é  também  dirigido  a  todos. Quantas  circunstâncias  devemos  enfrentar  na  vida!  Quantas  necessidades  das  quais precisamos  que  um  Outro  cuide  de  nós! Entreguemos,  então,  a  ele  todas  as  preocupações  e  seremos  livres  para  amar. Correremos  mais  no  caminho  do  amor,  o  qual,  como  sabemos,  nos  conduz  à santidade.

03 abril 2020

Crer, suportar tudo


      “Fazer-se um” contém todas as qualidades que são Paulo enumera em seu hino à caridade.
      De fato, para “fazer-se um” é necessário ser longânime, que etimologicamente significa falto de toda impaciência.
      Quando “nos fazemos um”, certamente queremos o bem.
      Muito longe de tal atitude está a inveja.
      Para “nos fazermos um”, não podemos nos inchar de orgulho, mas, ao contrário, é preciso esvaziar-nos de nós mesmos.
      Pensamos só no outro e, assim, não há lugar para a ambição ou para o egoísmo.
      Quando “nos fazemos um” não nos irritamos, porque é necessária muita calma; não pensamos mal, porque “nos fazemos um” esperando justamente que no outro triunfe o bem, a justiça, a verdade.
      “Fazer-se um” é sofrer, crer, suportar tudo.

02 abril 2020

Aprender a amar Jesus abandonado

INTERLOCUTORA: (…) "Às vezes, na minha vida, eu consigo amar Jesus abandonado logo e com alegria. Eu o reconheço, amo e consigo ir para além da cruz. Certas vezes eu o reconheço, porém fico diante da cruz sem ultrapassá-la. Eu sei que é Ele, mas não amo verdadeiramente Jesus abandonado, porque permaneço na dor. Chiara, o que diz para me ajudar a superar estes momentos?"

CHIARA: «Antes de tudo, gostaria de dizer uma coisa que talvez nem todos saibam. Eu gostaria de explicar bem esta história, isto é, que nós vemos Jesus abandonado na dor. Vocês podem dizer: “Chiara, esta é uma dor, mas não é Jesus abandonado!”. Eu lembro sempre de Santa Teresinha do Menino Jesus que, pouco antes de morrer, tinha tido uma golfada de sangue, por causa da doença que tinha, mas ela não disse: é uma golfada de sangue; ela disse: eis o Esposo. Ela era consagrada. Tinha se casado com Jesus crucificado. Por isso disse: eis o Esposo. Então santa Teresinha inventou alguma coisa? Disse algo sentimental? Ou disse a verdade? Podemos ver cada coisa do lado humano e do lado sobrenatural. Aconteceu isso: Jesus, vindo a esta Terra, assumiu a natureza humana, fez-se homem. Ele, sim, que se fez um. (...) S. Paulo diz que Jesus se fez pecado, porque carregou sobre si, não dentro... Jesus não era pecador, mas se fez pecado; se fez excomunhão, não excomungado. Jesus assumiu, com a natureza humana, todos os nossos limites. É por isso que podemos dizer, quando nos acontece uma desgraça... Por exemplo, você foi reprovada nos exames e diz: humanamente, sim, fui reprovada nos exames; tal como santa Teresinha podia dizer humanamente: é uma golfada de sangue. Porém, sobrenaturalmente aquela reprovação já está em Jesus que a assumiu, está nele, quando veio à Terra. Então você, por trás desta reprovação, deve ver o seu semblante, como costumamos dizer. É uma verdade. Santa Teresinha disse: eis o Esposo. Também você deve dizer: eis o Esposo. É claro que, se o Esposo da nossa alma, de todos nós: focolarinos, voluntários... é Jesus abandonado, não podemos desprezá-lo. É preciso abraçá-lo; então o abraçamos, procuramos abraçá-lo. Você mesma entende que às vezes erra, porque não faz este ato de amor. Jesus abandonado não deve ser amado somente na dor. O verdadeiro Jesus abandonado, no seu aspecto completo, é Jesus abandonado que sofre: “Deus meu, por quê...?” (...). Também nós, quando Jesus abandonado se apresenta, quando há uma dor, devemos dizer: és tu, és o Esposo da minha alma. Não importa se vocês são casados ou não nesta terra. A alma é outra coisa. E você diz: “Gosto de você; eu o amo e abraço”. E depois faça como ele: "em tuas mãos"... Dar a volta por cima. E depois – e aqui é preciso estarmos atentos –, viva o momento presente com todo o coração. E se o viver, o que acontece? Nasce a paz interior, a alegria, e o peso da dor já não existe, já não existe. Porque é que não existe mais? Porque no lugar de Jesus abandonado, que vivia em você, floresceu o Ressuscitado, e o Ressuscitado é o seu Espírito que emana os seus dons. Por isso você sente alegria, paz, força, tudo... e vice-versa, desapareceu tudo aquilo que antes... Por isso o meu conselho é: abrace-o bem, depois viva o momento presente e vá para frente. Se chegamos até aos confins do mundo, devemos a isso, porque recomeçando, recomeçando, fizemos de cada obstáculo um trampolim. Havia o obstáculo numa dor e em vez de ficar tentando escapar... Talvez tenhamos errado mil vezes, mas naquela vez procuramos enfrentá-lo e fazer de cada obstáculo um trampolim... E então, lançar-se, lançar-se, lançar-se, e assim se chega aos confins do mundo».

(Chiara Lubich à comunidade do Movimento dos Focolares de Gênova, Itália, 16 /12/2001. Centro Chiara Lubich)

01 abril 2020

LANÇAR NO PAI TODAS AS NOSSAS PREOCUPAÇÕES

(CHIARA LUBICH 💯ANOS: 1920-2020)✨✨✨

CHIARA: «(…) a nossa espiritualidade é totalmente baseada num ponto que praticamente lhe deu origem: a fé no amor de Deus! Sermos conscientes de que não estamos sós, não somos órfãos, porque acima de nós existe um Pai que nos ama.
Uma das aplicações desta fé acontece quando temos alguma preocupação ou quando estamos apreensivos por algum motivo. Às vezes é o medo do futuro, são as preocupações com a saúde, os alarmes por possíveis perigos, a apreensão pelos nossos parentes ou pelo trabalho, a incerteza quanto a atitudes a tomar, o sobressalto diante de notícias negativas, os temores de toda espécie…
Pois bem, nestes momentos de suspensão, Deus quer que acreditemos no seu amor e pede a nós um ato de confiança. Se somos realmente cristãos, Ele deseja que tiremos proveito destas circunstâncias dolorosas para demonstrar-lhe que acreditamos no seu amor. Isto significa acreditar que Ele é nosso Pai e cuida de nós; significa, portanto, lançar nas suas mãos todas as nossas preocupações; descarregá-las sobre ele.
A Escritura diz: “Lançai sobre Ele toda a vossa preocupação, porque é Ele que cuida de vós” (1 Pd 5,7). (…) O fato é que Deus é Pai e deseja a felicidade de seus filhos. Por este motivo Ele mesmo assume sobre si todos os seus pesos. Além disso, Deus é Amor e quer que os seus filhos sejam amor.
Ora, todas estas preocupações, ansiedades, temores bloqueiam a nossa alma, fecham-na sobre si mesma e impedem que ela se abra a Deus, fazendo sua vontade, e se abra para o próximo, “fazendo-se um” com ele para amá-lo como convém.
Nos primeiros tempos do Movimento, quando a pedagogia do Espírito Santo começava a nos ensinar os primeiros passos no caminho do amor, “lançar todas as preocupações nas mãos do Pai” era algo de todos os dias. De fato, deixávamos um modo meramente humano – que tínhamos mesmo sendo cristãs – para penetrar num modo de viver sobrenatural, divino. Começávamos a amar. E as preocupações são obstáculos ao amor. O Espírito Santo devia ensinar-nos um modo de eliminá-las. E de fato nos ensinou!
Lembro-me que dizíamos: Assim como não podemos segurar uma brasa ardente na mão, mas a largamos imediatamente para não nos queimarmos, do mesmo modo, com a mesma pressa, devemos lançar no Pai cada preocupação. E não me lembro de alguma preocupação entregue ao coração do Pai, de que Ele mesmo não tenha cuidado. (…).
Entreguemos, então, a Ele todas as preocupações e seremos livres para amar. Correremos mais no caminho do amor, o qual, como sabemos, nos conduz à santidade».

(BUSCAR AS COISAS DO ALTO, Editora Cidade Nova, São Paulo 1993, págs. 23-25.)