JÁ NOTASTE que, se não tens noção do alfabeto e das poucas regras gramaticais que se aprendem no ensino fundamental, continuas a vida inteira analfabeto, sem saber ler nem escrever, embora tendo inteligência e vontade? Do mesmo modo, se não sabemos assimilar, uma a uma, as Palavras de Vida que Jesus esculpiu no Evangelho, nós, embora “bons cristãos”, continuamos “analfabetos do Evangelho”, incapazes de escrever com a nossa vida: Cristo. QUANTO MAIS vou em frente, mais vejo a beleza da Palavra de Vida1. É a pílula que concentra em si tudo aquilo que Jesus trouxe à terra: a mensagem evangélica. Também hoje procurarei ser Palavra viva. COMO NA HÓSTIA SANTA está Jesus inteiro, e também em cada fragmento dela, assim também no Evangelho está Jesus inteiro, e também em cada uma das suas Palavras. SÃO PALAVRAS de um Deus, as suas, densas de uma força revolucionária, insuspeita. Sabendo assimilá-las em nosso espírito, geramos Cristo até mesmo espiritualmente em nosso coração. Sim, isso é o que devemos fazer: nutrirmo-nos da Palavra de Deus e, assim como hoje todo o alimento necessário ao corpo pode ser tomado numa pílula só, do mesmo modo nos podemos nutrir de Cristo vivendo apenas uma das suas Palavras por vez. De fato, Ele está presente em cada uma delas. Desse modo, se o que conta é o ser e não o ter – como se diz hoje – e se – podemos acrescentar – é o ser que conta mais do que o fazer, devemos estar certos de que, com a Palavra, o Ser por excelência está em nosso coração, aliás, cresce em nosso coração. É Deus Aquele que é. Será o Ser, portanto, que poderá agir em nós. QUANDO ENSINAVA, Jesus falava com autoridade, e seus discursos são uma série de afirmações impostas pela Verdade em pessoa. Por isso, convém “re-evangelizar-se”, assimilando-os um a um, até penetrarem no fundo da alma, como que essência dela, nova forma mentis do “homem novo” em nós. Fazer isso é a mais profunda, íntima, segura revolução, também hoje necessária. TODAS AS PALAVRAS de vida do Evangelho devem ser impressas pouco a pouco na alma, a ponto de não sermos mais capazes de raciocinar a não ser como Cristo.
"Eu daria tudo que tivesse pra voltar aos dias de criança. Eu não sei pra que a gente cresce se não sai da gente essa lembrança..." (Ataulpho Alves)
28 fevereiro 2018
27 fevereiro 2018
Fazer uma comunidade cristã florescer
26 fevereiro 2018
Uma nova estação
2 de janeiro de 1960
25 fevereiro 2018
Uma sociedade para todas as idades
24 fevereiro 2018
Viver a Palavra
NÓS, QUANDO MUITO, meditávamos a Palavra de Deus, nela penetrávamos com a mente, dela extraíamos uma ou outra consideração e, se fôssemos fervorosos, um ou outro propósito. Aqui [em nossa comunidade] era bem diferente. A Palavra era esmiuçada em suas mais diversas aplicações, no contato contínuo com a vida, e provocava uma transformação em cada um e no grupo. Quando a vivíamos, não era mais o eu, ou o nós, quem vivia, mas a Palavra em mim, a Palavra no grupo. E isso significava revolução cristã, com todas as suas consequências. TODO O NOSSO EMPENHO consistia em viver o Evangelho. A Palavra de Deus penetrava profundamente em nós a ponto de mudar a nossa mentalidade. O mesmo acontecia também com todos os que tinham algum contato conosco. Essa nova mentalidade, que se ia formando, manifestava-se como uma verdadeira contestação divina ao modo de pensar, de querer e de agir do mundo. E provocava em nós uma re-evangelização. NÃO NOS BASTAVA viver a Palavra quando tínhamos oportunidade, mas nutríamo-nos dela em todos os instantes da nossa vida. É assim: como o corpo respira para viver, a alma, para viver, vivia a Palavra. ENTENDEMOS que o mundo precisa de uma terapia de… Evangelho, porque só a Boa-Nova pode dar novamente a ele a vida que lhe falta. Por isso é que vivemos a Palavra de vida… Encarnamo-la em nós até sermos aquela Palavra viva. Bastaria uma Palavra para nos santificarmos, para sermos outro Jesus. Pelo tempo afora, vivemos muitas Palavras da Sagrada Escritura, de modo que elas continuam sendo patrimônio indelével de nossa alma. Nossa tarefa é viver a Palavra no momento presente da nossa vida. Todos podemos vivê-la, qualquer que seja a vocação, qualquer que seja a idade, o sexo, a condição em que estejamos, porque Jesus é Luz para todo homem que vem a este mundo. Com esse método simples, re-evangelizamos as nossas almas e, com elas, o mundo… AQUELE QUE OUVE a palavra de Deus e a põe em prática é como a casa sobre a rocha. Só os cristãos que põem em prática a Palavra de Deus saberão alcançar a vitória em tempos de perseguição. Poderão vir ventos e tempestades, mas eles não se abalarão.
23 fevereiro 2018
Cada Palavra é Amor
NO COMEÇO do nosso novo caminho, o Senhor fizera-nos intuir o valor do amor, ao preparar em nós o terreno para ler o Evangelho. Já o havia feito, mas agora, na leitura do Evangelho, punha em evidência máxima as Palavras que dizem respeito ao amor e impelia-nos com força a vivê-las. Portanto, podia-se dizer também de nós o que se dizia dos primeiros cristãos: o amor de caridade (amor a Deus e ao próximo) era a primeira coisa que um membro da comunidade aprendia a viver (cf. 1Jo 2,7). VIVENDO UMA PALAVRA , depois outra, e mais outra, tínhamos constatado que, pondo em prática qualquer Palavra de Deus, no final, os efeitos eram idênticos. Por exemplo, vivendo a Palavra: “Bem-aventurados os puros de coração…” ( Mt 5,8), ou, “Bem-aventurados os pobres em espírito…” ( Mt 5,3), ou, “Bem-aventurados os mansos…” ( Mt 5,4), ou, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” ( Mt 22,39), ou, “Não faças a ninguém o que não queres que te façam” ( Tb 4,15), chegávamos à mesma conclusão, obtínhamos os mesmos efeitos. O fato é que cada Palavra, embora sendo expressa em termos humanos e diferentes, é Palavra de Deus. Mas, como Deus é Amor, cada Palavra é caridade. Acreditamos ter descoberto, naquela época, sob cada Palavra, a caridade. E, quando uma dessas Palavras caía em nossa alma, tínhamos a impressão de que se transformava em fogo, em chamas, transformava-se em amor. Podíamos afirmar que a nossa vida interior era toda amor. SE PENETRAS no Evangelho – e esta é uma bela aventura para ti – te encontras, de repente, como se estivesses na crista de uma montanha. Portanto, já no alto, já em Deus, mesmo se, olhando para o lado, percebes que a montanha não é uma montanha, mas uma cadeia de montanhas, e a vida para ti é caminhar pelo divisor de águas até o fim. Cada Palavra de Deus é o mínimo e o máximo que Ele te pede. Por isso, quando lês: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 19,19), tens a medida máxima da lei fraterna. VIVAMOS A PALAVRA, que é o Amor Verdadeiro e o Verdadeiro Amor.
22 fevereiro 2018
A Palavra contém Deus
É EXTRAORDINÁRIO! Pouco o conhecemos, se não lemos o Evangelho com amor. Muitas vezes, fizemos dele uma imagem nossa, a partir de alguma piedade tradicional medíocre. Mas, no Evangelho, Ele aparece como é: é Deus. Revela-se continuamente: Deus . Um Deus… que fala, que se cansa, que caminha, que tem discípulos… Um Deus-Homem! AS PALAVRAS DE JESUS! Deve ter sido a sua maior… arte, se assim se pode dizer. O Verbo que fala com palavras humanas. Que conteúdo, que timbre, que voz, que intensidade! Haveremos de reouvi-las no Paraíso. Ele me falará, Ele nos falará. Isso será o Céu amanhã, logo. O EVANGELHO na Igreja é Jesus histórico explicado: a Revelação. AS EXPRESSÕES do Evangelho de João “a tua palavra”, “as palavras que me comunicaste”, “que saí de junto de ti” e “que me enviaste” (cf. Jo 17), de certo modo são sinônimas, ou melhor, as palavras que Jesus disse aos apóstolos são o próprio Verbo gerado pelo Pai, ou melhor, estão todas no Verbo gerado. Essa interpretação me dá certa embriaguez espiritual porque, se assim é, a Palavra de Deus que nós vivemos, a qual comungamos, é justamente Jesus. Por isso, se vivemos a Palavra o dia inteiro, estamos em comunhão contínua . QUE ABISMOS as Palavras de Deus encerram! Elas contêm o próprio Deus. CADA PALAVRA de Vida é Jesus. EM CADA PALAVRA está toda a Palavra, do mesmo modo que, na Palavra, está cada Palavra.
21 fevereiro 2018
O "quero" do amor
Do Diário
Chiara comenta o versículo 24 de Jo 17: “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que contemplem minha glória, que me deste, porque me amaste antes da fundação do mundo”. 22 de julho 1970 Talvez seja esse o trecho do testamento que mais me maravilhou, desde a primeira leitura. Nunca, jamais se ouviu algo semelhante na terra. [...] Quero: é o quero do amor. O quero que tem seu pequeno eco no “quero” dos santos, como em Catarina [de Sena] em suas cartas. O quero de quem está ultraconvicto de pedir apenas coisas agradáveis àquele a quem se pede, a quem pelo qual se reza e se está convicto de pedir coisas grandes. [...] Quer que vejamos a Sua glória. Está indo para o seu reino e nos quer levar consigo. Possui um tesouro para mostrar aos seus amigos e o amor o incita a não manter nada escondido deles, aliás, tal é o ardor da oração, que dá a impressão de que faria de tudo para nos levar a saborear o que Ele é e a participar disso. Trata-se de uma realidade, da realidade de Deus, que existia antes da fundação do mundo. [...] Se nosso coração não arde por Ele, se nossa vida não rompe com tudo aquilo que não é Ele, ou é para Ele, somos menos que homens, somos inconscientes e ingratos.
20 fevereiro 2018
A Obra, um corpo
18 de agosto de 1970
Nestes tempos, inclusive independentemente de nós, a própria humanidade é considerada como uma unidade, como um corpo. [...] O que um irmão distante faz [devemos] sentir feito por [nós] mesmos. Quando os meus olhos olham, sou eu que olho; quando a minha mão pega um objeto, sou eu que o pego; quando a minha mente medita um pensamento, sou eu que o medito. Mas isso vale porque as partes do meu corpo formam uma unidade para a alma que o mantém vivo. [...] A Obra é um corpo, um Cristo que tem todas as principais prerrogativas exigidas pelo Evangelho.
19 fevereiro 2018
Paciência e desprendimento
A verdadeira vida é a vida do amor e do serviço.
Derrame seu amor sobre todas as coisas criadas, desde a tenra plantinha até as constelações que gravitam nos espaços sidéreos.
Mas, sobretudo, seja paciente e desprendido com as criaturas humanas, que vivem a seu lado, como seus companheiros de jornada.
18 fevereiro 2018
Unidade e meios de comunicação
Unidade e meios de comunicação (violeta)
De uma aula na ocasião da outorga da láurea honoris causa em Ciências das Comunicações sociais Bangkok, 5 de janeiro de 1997
Para levar a unidade, que significa evangelizar o mundo, é necessário antes de tudo aquele meio imprescindível que é o homem, que são os homens, os apóstolos. É necessário que eles sejam o fermento indispensável, o sal, a luz no mundo. Somente assim, os meios de comunicação levarão em toda parte uma fé viva, um amor ardente, o reino de Deus entre os homens. [...] Mas não é somente o fim pelo qual o Movimento trabalha que tornou [os meios de comunicação] tão próximos de nossa vida. É o próprio espírito do Movimento que exige os meios de comunicação. E isso pelo fato de que nele se vive, e ele propõe, uma espiritualidade não só pessoal, mas também comunitária, coletiva. Isso significa que aqui, neste Movimento, não se pode ir sozinho a Deus. Significa que não se pode crescer na união com Ele só individualmente, mas juntos, com outros. E isso comporta: comunicar. E, quando a comunhão deve acontecer entre alguns, entre muitos, implica o meio de comunicação, os meios de comunicação...
17 fevereiro 2018
De uma aula na ocasião do recebimento do doutorado
De uma aula na ocasião do recebimento do doutorado h.c. em Psicologia
Malta, 26 de fevereiro de 1999
Psicologicamente, para um indivíduo não é possível ter o “senso da própria identidade”, se não há outros que o reconheçam como sujeito. Psicólogos de todas as tendências afirmam que os homens têm necessidade de confirmar-se mutuamente em seu ser individual, mediante encontros e contatos genuínos. De fato, temos necessidade de nos sentirmos e de sermos reconhecidos “diferentes”, para podermos ser um dom para os outros. Mas para ser dom pessoal é necessário entrar em comunhão. E aqui está a diferença entre os chamados “grupos psicológicos” e a comunidade cristã como é concebida por Jesus. Um grupo psicológico é composto de indivíduos que se associam em vista de alguma finalidade específica (clube esportivo; associação civil, política ou religiosa; sindicatos; colégios; seminários...) e que, por isso, interagem limitando-se aos interesses comuns que buscam atingir; de forma que, em relação a todo o resto, cada um permanece fechado em si mesmo. A comunidade cristã, pelo contrário, não se forma a partir de motivações extrínsecas, mas pela natureza do amor, que gera comunhão. E que esta seja possível é um dado de experiência. É evidente que a motivação para realizá-la vem do convite de Jesus “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei...”; “...que sejam um...”, e é de natureza religiosa; mas os efeitos psicológicos são extraordinários: cada um, sendo relação de amor para os outros, realiza-se de fato como pessoa autêntica.
16 fevereiro 2018
Pensamentos universal de bondade e amor
Não se deixe sugestionar por palavras de desânimo!
Sempre existe uma saída para qualquer problema, por mais complexo e difícil que nos pareça. A Força Divina que rege os universos está dentro de nós.
Ligue-se ao Pensamento Universal de Bondade e Amor, e vencerá todos os obstáculos.
15 fevereiro 2018
União com Deus
Em diálogo com um grupo numeroso de pessoas reunidas para um curso de vários dias de aprofundamento da espiritualidade da unidade
Grächen (Suíça) 21 de julho de 1995
Nem sempre é fácil encontrar a intimidade com Deus. Como podemos fazer para encontrar um relacionamento imediato com Jesus?
Há um modo de alcançar a união com Deus, bastante rápido, e típico da nossa espiritualidade. Se você sabe estabelecer uma comunicação autêntica com os irmãos, se consegue penetrar no irmão, se acolhe em si real e completamente o irmão, com todos os seus problemas, as suas ideias, e ama de tal modo a ponto de ser aceito pelo outro, na prática você vive com o irmão como a Santíssima Trindade; e esse modo de viver já experimentado é a estrada mais rápida para chegar à união com Deus e à intimidade com Ele. A comunicação com o irmão o leva à união com Deus. E quando faz isso o dia inteiro, à noite, quando você se recolhe para rezar, sente que inicia a intimidade com Deus, que o céu se abriu, que alguma coisa como que se escancarou, e então pode falar com Deus.
14 fevereiro 2018
Comunhão de bens
De um discurso aos membros consagrados no focolare para difundir o espírito da unidade
Castel Gandolfo, 5 de dezembro de 1997
No Movimento, vive-se a comunhão de bens. Sabemos, certamente, que outras pessoas na Igreja realizaram e realizam essa comunhão, mas em geral eram e são pessoas escolhidas, com uma vocação específica, como os religiosos nos mosteiros e conventos. No Movimento, quem a realiza é a sociedade, portanto, também os leigos, como outrora os primeiros cristãos. Para colocá-la em prática, espelhamo-nos na Comunhão dos Santos e vivemos segundo o modelo da Trindade, onde vale o Omnia mea tua sunt [Tudo o que é meu é teu] (cf. Jo 17,10). [...] Outra novidade desse aspecto consiste em como fazer uso dos bens e do dinheiro na Obra. Em geral, não é cada um que dá o que é seu, como os focolarinos, ou o supérfluo, como outros, cada um individualmente, mas este é determinado conjuntamente e colocado em comum...
13 fevereiro 2018
Comunhão de bens (vermelho)
De um discurso aos responsáveis do Movimento dos Focolares no mundo 5 de novembro de 1995
Tínhamos entendido desde os primeiros tempos que a fidelidade ao amor recíproco, vivido segundo o modelo de Jesus Crucificado e Abandonado, [...] terminaria na unidade, segundo a vida da Trindade.” [...] “É a vida da Santíssima Trindade que nós devemos procurar imitar, amando-nos entre nós [...], como as Pessoas da Trindade se amam entre si. E o dinamismo da vida intratrinitária é o dom de si mútuo e incondicional, é a total e eterna comunhão [“Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu” ( Jo 17,10)] entre Pai, Filho – na Trindade – e no Espírito [...]”.
12 fevereiro 2018
Não ter receio de falar de unidade
Em diálogo com um grupo numeroso de pessoas de várias idades, condição social e eclesial, comprometidas em viver e difundir a espiritualidade da unidade na Croácia, Eslovênia, Bulgária, Romênia, Bósnia–Herzegovina, Macedônia. Zagreb (Croácia), 18 de abril de 1999
Pela experiência que fizemos do comunismo, determinadas palavras, como fraternidade e unidade, perderam o seu verdadeiro sentido; aliás, algumas vezes podem soar de modo negativo. Como conseguir mostrar a beleza da unidade verdadeira, baseada em Deus?
Diria que o problema de vocês era também o nosso, no início do Movimento. De fato, não havia ninguém que usava a palavra “unidade” onde vivíamos na Itália, [dela falava] somente o mundo comunista. Assim como não havia ninguém, por exemplo, que usava a palavra “amor”, que era usada somente no sentido pior, ruim. E também a palavra “fraternidade” era usada somente em outros ambientes. Mas seguimos em frente assim mesmo, convictos de uma coisa: que a nossa unidade, sendo apoiada em Deus, duraria. Não fazíamos considerações sobre a “outra” unidade, certas de que a nossa duraria. Assim, a nossa palavra “fraternidade” também duraria, porque [...] [Jesus] disse que devemos ser todos irmãos: “Todos vós sois irmãos” (Mt 23,8). Portanto, seguimos em frente, e tenho a impressão de que vencemos, porque aquela outra unidade empalideceu um pouco, embora a palavrinha “unidade” seja muito bela, bela também para aqueles que a usavam como simples palavra; mas, como conteúdo, o nosso nos parece melhor, e sobreviveu. Assim também a fraternidade, que se realiza no mundo inteiro por meio não somente dos católicos, mas de muitos outros cristãos, inclusive através de fiéis de outras religiões, como os muçulmanos, por meio de pessoas de boa vontade dotadas de grandes capacidades e às quais somos muito agradecidos... Essa fraternidade perdura e se amplia cada vez mais. Por isso, diria: não se preocupem, sigam em frente, continuem a falar de unidade; se, realmente, alguém não entende, digam: “A unidade de Jesus”. E o mesmo vale para a fraternidade, e se realmente alguém não entende, digam: “Mas Jesus disse para sermos todos irmãos”. Acrescentem uma explicação, por amor a essas pessoas, mas vão em frente com coragem, sem se preocuparem com nada.
11 fevereiro 2018
Promover a fraternidade
Em diálogo com Bispos de diversas Igrejas, reunidos em congresso para aprofundar a vida e a doutrina da espiritualidade da unidade
Baar (Suíça), 16 de novembro de 2001
Como tornar mais compreensível o conceito da fraternidade?
Esta é uma pergunta que me atormenta. Como nos exprimirmos sem reforçar conceitos genéricos demais? Procuro responder a uma coisa por vez. Primeiro, o que entendemos [...] por fraternidade: é aquela realidade pela qual todos os homens deveriam se considerar irmãos e irmãs, por serem todos filhos de um único Pai. Certamente, para nós cristãos, esse conceito é um tanto particular, pois coincide com a unidade que Jesus pediu em seu testamento: “Que todos sejam um”. A unidade, por assim dizer, é a superfraternidade, porque é unidade em Deus por meio de Jesus Cristo pelo Espírito Santo; é unidade em Deus. Como somos filhos de Deus, somos “um” de um modo especial, temos uma fraternidade um pouco característica, cristã, que em geral não é possível no mundo que não é cristão. [...] Nós cristãos, com o nosso amor sobrenatural, amando [aqueles do mundo que não é cristão], e eles nos amando com aquele amor que possuem dentro de si e que nós devemos ajudar a desenvolver, a fazer entender que existe, criamos no mundo, em todo o mundo, a fraternidade. [...] Outra coisa: Como se fazer entender pelo homem da rua? Diria aqui algo que talvez se revele novo: começando nós a vivermos. Se começamos a viver a fraternidade, fazemos experiências. Por exemplo: encontro um muçulmano, conversamos, tornamo-nos amigos, depois ele passa também a fazer parte do Movimento. Em lugar de falar de fraternidade, começo a contar a minha experiência, mas é necessário que eu a tenha vivido [para] poder apresentá-la. Uma experiência de vida nunca é difícil, é sempre possível oferecê-la, basta saber explicá-la bem, basta amar, usar as palavras que todos entendem. Portanto, a minha resposta é: para se fazer entender pelo homem da rua, basta começar a viver essa fraternidade com todos, e doar as próprias experiências.
10 fevereiro 2018
Amar a dor de cada desunidade
De uma conferência telefônica
Rocca de Papa, 25 de outubro de 1990
Este mês, para ressaltar um aspecto concreto do amor [a Jesus Abandonado], procuremos amá-lo nas dificuldades próprias da unidade entre nós. Sabemos que a unidade [...] nas várias comunidades nossas, não é algo que se consegue de uma vez por todas; ela deve ser reconstruída cada dia. E podemos fazer isso amando a dor resultante de uma unidade não perfeita, que pode sempre acontecer. Isso significa estar sempre prontos a nos vermos novos uns aos outros, significa ter paciência, suportar, saber “passar por cima”; significa confiar, esperar sempre, acreditar sempre. Significa, sobretudo, não julgar. O julgamento simplesmente humano em relação aos outros, especialmente em relação aos responsáveis, é terrível, é a passagem através da qual o demônio da desunião penetra; com ele, todo o bem da alma lentamente se dissolve e a própria vocação pode vacilar. Aperfeiçoemos, portanto, esse amor pelos outros, repleto de matizes dolorosos: são o aspecto concreto da nossa disposição de morrermos uns pelos outros; são os pequenos ou grandes obstáculos a serem superados com o amor a Jesus Abandonado para que a unidade seja sempre plena. Assim, o Ressuscitado viverá sempre resplandecente em toda a nossa Obra, no mundo inteiro, e a levará ainda mais avante no cumprimento dos desígnios de Deus.
Concluímos este tópico com uma oração de Chiara Lubich sobre Jesus Abandonado e a unidade, que expressa a dinâmica profunda de sua vida.
Jesus, o meu coração te espera na vida ao limiar Quando no Paraíso o teu amor eu irei amar. Oh, quantas vezes desejei aquele instante, meu Jesus, No qual viverei eternamente aquela paz que és Tu. Bem sabes, porém, que minha alma se sacia só então Quando na terra todos unidos tiverem entrado em Teu coração. Dá-me, pois, de sofrer ainda pela unidade Que uma só voz seja no teu coração a humanidade.
09 fevereiro 2018
Supere sua dor com heroísmo
Supere sua dor com heroísmo, porque só os vencedores conseguirão o prêmio que se encontra à espera deles.
Não se apresse, mas também não desanime.
Supere sua dor com heroísmo, busque alegria, e viva com a sensação otimista daquele que sabe lutar sem desfalecimento.
E verifique que sua vida se transformará num hino de ação de graças ao PAI Todo-Bondade.
08 fevereiro 2018
Realizar-se na unidade
Das respostas em um festival organizado pelos jovens do Movimento dos Focolares
Roma, 20 de maio de 1995
Chiara, vivemos 70 anos na Rússia com a ideia do coletivismo, buscando construir uma sociedade comunista. Agora muitos pensam que a unidade seja um achatamento do indivíduo dentro da coletividade. Como posso explicar a eles que a unidade, ao contrário, leva à plena realização da pessoa?”Leva a isso porque a verdadeira unidade é aquela que é feita à imagem da Santíssima Trindade. Temos um só Deus em Três Pessoas distintas, diferentíssimas uma da outra: o Pai não é o Filho, o Filho não é o Pai, o Pai e o Filho não são o Espírito Santo.Portanto, a unidade, a verdadeira unidade, aquela pela qual Jesus rezou ao Pai “que todos sejam um como eu e tu” (cf. Jo 17,21-22) permite que você se realize. É o contrário daquilo que se pode pensar.E como a unidade acontece? Com o amor. Quanto mais você dá, mais se realiza, mais é você mesmo, porque temos aquilo que damos; o que damos é o que nos faz ser. E nós seremos se vivermos a unidade, um bem diferente do outro, com personalidades diferentes um do outro, no entanto, todos um em Cristo Jesus.Assim, as nossas nações, quando forem unidas, quando realmente a pátria do outro for amada como a própria, terão as suas maravilhosas características incrementadas pela unidade, e todas serão um, a grande família dos filhos de Deus.
De um discurso ao Movimento apostólico de Schönstatt
Chiara passa em revista os diversos pontos da espiritualidade relacionados à unidade, para depois deter-se na unidade.
Schönstatt (Alemanha), 10 de junho de 1999
[...]O Senhor, iluminando-nos, fez-nos entender de modo especial determinadas palavras do Evangelho, especialmente as que se referem ao amor. Por isso, essas palavras, que nos atingiram como um raio, passaram a compor as linhas de desenvolvimento – dizia Paulo VI – de uma espiritualidade nova: a espiritualidade da unidade.Vocês podem dizer: mas quais são?Deus-Amor, mas, para amá-lo, fazer a vontade de Deus. E qual vontade de Deus? Amar. E se amamos a todos, também nos amamos. E, se nós nos amamos, eis a unidade. E para ter a unidade, Jesus Crucificado e Abandonado: aqui é todo um mistério que deveria ser elucidado à parte. Mas para ter a unidade plena: a Eucaristia. E quem é a imagem da unidade, a mãe da unidade? Maria. O que é a Igreja? A Igreja é a unidade organizada, a Igreja é o amor, dizia Paulo VI em Sidney, é o amor organizado, é a caridade organizada, a comunhão. Todas essas notas que nós extraíamos do Evangelho formaram a nossa espiritualidade, que, na prática, pode-se apresentar como uma medalha, cuja espessura são todas essas palavras; de um lado, há a unidade e, do outro, há Jesus Abandonado.
[...]A unidade. No fim, quando se vive toda essa espiritualidade, por inteiro, de modo heroico, de modo pleno, o que acontece? Acontece – e agora lhes digo uma coisa muito simples, mas profunda – que nos tornamos o que somos, como dizia santo Agostinho. Nós já somos outro Cristo, porque somos batizados; já somos corpo de Cristo, porque temos o vínculo entre nós e somos corpo de Cristo; já somos Cristo, com Cristo cabeça e corpo de Cristo; já somos Igreja, porque somos batizados. Porém, o batismo faz uma parte, devemos fazer a outra, para podermos ser realmente Igreja, individualmente Cristo, realmente corpo de Cristo. O carisma da unidade ajuda a fazer com que os cristãos, e a Igreja, e as comunidades, e os grupos, tornem-se o que são. Já somos Igreja, já somos Cristo... Com esse carisma, tornamo-nos aquilo que somos.
07 fevereiro 2018
Amar Jesus Abandonado nas dificuldades
De uma carta a Padre Massimei
23 de abril de 1948
Jesus Crucificado e Abandonado! Ele é tudo! Se o mundo o conhecesse! Se aqueles que seguem a unidade o acolhessem como única meta, como único tudo! Então, a unidade nunca mais teria desequilíbrios, nunca mais teria rupturas. Procure abraçá-lo, Padre. Se eu não o tivesse tido nas provações da vida, não haveria a unidade; a menos que Jesus não tivesse querido suscitá-la igualmente em outros lugares.
06 fevereiro 2018
Serviço
De um escrito 2 de dezembro de 1946, 7 horas
Quem quiser ser portador da Unidade, deve manter-se constantemente num abismo de humildade, a ponto de perder até mesmo a sua alma em favor e no serviço de Deus no próximo. Não se recolhe em si senão para ali encontrar Deus e para rezar pelos irmãos e por si. Vive constantemente “esvaziada” porque está toda “enamorada” pela vontade de Deus. ... “Enamorada” pela vontade do próximo a quem quer servir por amor a Deus. O servo só faz aquilo que o patrão manda. Se todos os homens, ou pelo menos um grupo até exíguo de homens, fossem verdadeiros servos de Deus no próximo, o mundo não tardaria a ser de Cristo.
05 fevereiro 2018
Rezar
Logo depois da leitura luminosa de Jo 17, tornou-se hábito para Chiara e suas primeiras companheiras pedir a Jesus, após a comunhão eucarística, que se servisse da boca delas para repetir essa oração ao Pai, diariamente. Escreveu às suas companheiras, em outubro de 1947: “Na missa da manhã, deixem-se elevar por Jesus ao Pai Eterno, na Sua oração. Jesus obtém tudo Dele. Ofereçam depois a vida de vocês: ‘ut omnes unum sint’ [para que todos sejam um]”. Em novembro, talvez do mesmo ano, escreveu a Anna Merchiori: “Deixa que Jesus reze, quando Ele está vivo, vive no teu coração, após a comunhão. Deixa-o repetir Sua última oração ao Pai, para que sejas digna de viver pelo maior ideal: Deus”.
Da Palavra de Vida de janeiro de 2008
A Palavra de Vida proposta era: “Orai continuamente” (1 Tess 5,17), por ocasião da semana de oração pela unidade dos cristãos. A Palavra escolhida este ano, por um amplo grupo ecumênico dos Estados Unidos, vem da primeira carta de são Paulo aos cristãos de Tessalônica, na Grécia. Era uma comunidade pequena, jovem, e Paulo sentia a necessidade de que a unidade entre seus membros fosse cada vez mais firme. Por isso, convidava-os a “conservar a paz”, a serem pacientes com todos, a não retribuírem o mal com o mal, mas a procurar sempre o bem entre eles e para com todos, e também a “orar continuamente”, como que salientando que a vida de unidade na comunidade cristã só é possível quando existe uma vida de oração. O próprio Jesus orou ao Pai pela unidade dos seus: “Que todos sejam um”.
04 fevereiro 2018
Acreditar que todo homem é candidato à unidade
De uma conferência telefônica
Melbourne, 2 de fevereiro de 1982
As frases “Para os fracos, fiz-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo custo.” (1 Cor 9,22) nos lembram o método típico de quem segue o caminho da unidade para chegar ao “Ut omnes”: ‘fazer-se um’ com cada próximo. Sim, este é o caminho porque é o mesmo que Deus percorreu para manifestar-nos o Seu amor: fez-se homem como nós, e foi crucificado e abandonado para colocar-se no mesmo nível de todos. Fez-se verdadeiramente fraco com os fracos. E assim iniciou o caminho para o “Ut omnes”. Dobrou-se em nossa direção mas não se quebrou, exatamente como a cana de bambu, que, nas Filipinas, por exemplo, é bastante utilizada porque se dobra mas não se quebra. Nós somos chamados a participar da realização do “Ut omnes” e então, antes de tudo, devemos reavivar a nossa fé que cada homem, cada homem é chamado à unidade, porque Deus ama a todos. E não aleguemos desculpas: ‘aquele ali nunca vai entender’, ‘aquele é pequeno demais para compreender’; ‘aquele outro é meu parente e eu o conheço bem, é apegado às coisas da terra’; ‘este aqui acredita no espiritismo’, ‘aquele é de uma outra religião’, ‘esse é velho demais para mudar’, etc. Não! Deixemos de lado todas essas desculpas! Deus ama a todos e a todos espera. Nosso único dever é amar a cada um, servi-lo, fazendo-se um até o fim, exceto no pecado. Jesus vai conquistá-lo, se não for agora, daqui a dez, vinte ou trinta anos, mas acontecerá! Essa é a minha experiência.
03 fevereiro 2018
Onde há unidade, ali está Jesus
Trento, 1º de abril de 1948
Irmãos, que tudo caia. A unidade, jamais! Onde há unidade, ali está Jesus! Enlacem os três jovens corações de vocês e façam um só coração: o coração de Jesus! Sejam o ve rdadeiro focolare de Assis. Tragam sempre entre vocês três esse fogo aceso. E não tenham medo de morrer. Vocês já experimentaram que a unidade exige a morte de todos para dar vida ao Um! Sobre a morte de vocês, vive a Vida! A Vida que, sem saberem, vivifica muitas almas. Jesus disse: “Pro eis sanctifico me ipsum” ! [E, por eles, a mim mesmo me santifico ( Jo 17,19)] Para fazer a unidade de toda Assis e do mundo, estejam unidos entre vocês. É o único modo. Aquela unidade na qual o Amor vive lhes dará força para enfrentar cada desunidade exterior e preencher cada vazio. Façam isso como sacrossanto dever, embora lhes traga imensa alegria! A quem vive a unidade, Jesus prometeu a plenitude do gáudio! E nada temam. Temam somente se apegarem a algo que não seja Jesu s entre vocês. Esse é o ideal de vocês e nosso.
02 fevereiro 2018
Um compromisso pessoal constante e radical
De uma conferência telefônica
Rocca de Papa, 28 de dezembro de 1995
Podemos nos perguntar: quanto uma espiritualidade coletiva, toda comprometida em evidenciar a comunhão, a comunidade, exige de compromisso pessoal? Do nosso esforço individual? Devemos responder: exige ao menos tanto quanto as outras espiritualidades. De fato, como podemos amar os outros se nada temos de pessoal para oferecer, ou temos pouco? Além disso, Jesus não disse que é necessário para os outros santificar a si mesmo: “ Pro eis sanctifico me ipsum ” ( Jo 17,19)? O compromisso pessoal, inclusive para nós, portanto, deve ser constante e radical.
01 fevereiro 2018
A cura de seu coração
Se alguém queixar-se da vida a seu lado, responda com palavras de encorajamento.
Não aumente o peso a quem já sente demasiado o peso que carrega.
Se alguém se lamenta da vida, procure mostrar os lados bons e belos da existência.
Não contribua com suas próprias lamentações para o desânimo do companheiro.
Reanime-o com esperança e com bom ânimo, com palavras de incentivo e coragem.
Talvez desse remédio dependa a cura de seu coração desalentado.