21 fevereiro 2022

Honrar Maria, a mãe de Deus

 «No ano dedicado a Maria, deveríamos encontrar o melhor modo de honrar a Mãe de Deus.

Porém, existem várias maneiras de honrá-la.
Podemos honrar Nossa Senhora falando com Ela, louvando-a, rezando, visitando-a nas igrejas dedicadas a Ela, fazendo pinturas ou esculturas que a representam, elevando-lhe cânticos, adornando com flores suas imagens.
Existem muitas maneiras de honrar Maria.
Mas existe uma que supera todas: é a de imitá-la, de se comportar como outra Maria na terra. Creio que seja este o modo que mais lhe agrada, porque dá a Ela a possibilidade de retornar de alguma forma à terra.

Nós, sem excluir todas as outras possibilidades que temos para honrar Maria, devemos privilegiar esta: imitá-la.

Mas como imitá-la? Que aspectos dela devemos imitar?
Imitá-la naquilo que é essencial. Ela é Mãe, mãe de Jesus e, espiritualmente, nossa mãe. Jesus nos deu Maria como mãe quando estava na cruz, na pessoa de João.
Devemos ser outra Maria, como mãe.
Em prática, devemos formular este propósito: durante o Ano Mariano vou me comportar, para com os próximos que eu encontrar ou para os quais vou trabalhar, como se eu fosse sua mãe.
Se fizermos assim, constataremos em nós uma conversão, uma revolução. Não somente porque nos encontraremos às vezes sendo como mãe talvez da nossa mãe ou do nosso pai, mas porque assumiremos uma atitude determinada, específica.
Uma mãe acolhe sempre, ajuda sempre, espera sempre, cobre tudo. Uma mãe perdoa o filho em tudo, ainda que seja um delinquente, um terrorista.
Com efeito, o amor de uma mãe é muito semelhante à caridade de Cristo, de que fala Paulo.
Se tivermos o coração de mãe, ou mais precisamente, se nos propusermos ter o coração da Mãe por excelência, Maria, estaremos sempre prontos a amar os outros em todas as circunstâncias e, assim, a manter vivo o Ressuscitado em nós. Mas também faremos tudo aquilo que nos é solicitado para manter o Ressuscitado entre nós.

Se tivermos o coração desta Mãe, amaremos a todos e não somente os membros da nossa Igreja, mas também os das outras; não somente os cristãos, mas também os muçulmanos, os budistas, os hinduístas, etc. Também os homens de boa vontade. Amaremos também todos os homens que vivem na terra. Pois a maternidade de Maria é universal (cf. LG 79), assim como foi universal a Redenção.
Mesmo se, às vezes, o amor de Maria não é correspondido, Ela ama sempre, ama a todos.
É este, então, o nosso propósito: viver como Maria, como se fôssemos mãe de todos os seres humanos».

De CHIARA LUBICH – Buscar as coisas do alto – Cidade Nova 1993 pág. 36-37-38

03 fevereiro 2022

A imensidão de Deus

 «Num momento de repouso (…) contemplando a imensidão do universo, a extraordinária beleza da natureza, a sua potência, pensei espontaneamente no Criador de tudo e compreendi numa forma nova a imensidão de Deus. (…)

Eu o descobri tão grande, tão imenso, a ponto de me parecer impossível que Ele tivesse pensado em nós. Esta impressão da sua grandeza permaneceu em meu coração por alguns dias.

Dizer agora «santificado seja o vosso nome…» ou «Glória ao Pai, ao Filho, e ao Espírito Santo» é muito diferente para mim: é uma necessidade do coração. (…)

Nós estamos a caminho. E, quando alguém viaja, já pensa no ambiente que o receberá na chegada, na paisagem, na cidade… já se prepara. Assim devemos fazer.

No céu, louvaremos a Deus? Louvemo-lo desde este momento. Deixemos que o nosso coração proclame todo o nosso amor a Ele (…). Exprimamos o nosso louvor com a boca e com o coração.

Aproveitemos para reavivar nossas orações diárias que tem esta finalidade. E rendamos glória com todo o nosso ser.

Sabemos que quanto mais anulamos a nós mesmos (como Jesus abandonado, que se reduziu a nada) mais anunciamos, com a nossa vida que Deus é tudo, e assim Ele é louvado, glorificado, adorado (…).

Procuremos muitos momentos, durante o dia, para adorar a Deus, para louvá-lo. Façamos isso durante a meditação, ou numa visita a uma igreja, ou na Santa Missa. Louvemo-lo para além da natureza ou na profundidade do nosso coração. E, principalmente, vivamos mortos a nós mesmos e vivos à vontade de Deus, ao amor para com os irmãos.

Sejamos nós também, como dizia Isabel da Trindade, um “louvor da sua glória”. Anteciparemos assim um pouco de paraíso, e Deus será compensado pela indiferença de muitos corações que vivem hoje no mundo».

Chiara Lubich

(Chiara Lubich, Cercando le cose di lassù, Roma 1992, p. 15-17)

01 fevereiro 2022

27 de março de 1981

Diário de 27/03/1981

Tenho um porta-retratos com a imagem de Jesus Abandonado.

Ontem, olhando para aquele rosto, fiquei impressionada com a dor de Jesus abandonado e com a sua humanidade sofredora. Era o dia da encarnação e, justamente naquele dia, senti Jesus profundamente humano, a ponto de me comover: aqueles olhos voltados para o Céu à procura do Pai, aquele sangue… era tudo tão verossímil! E entendi de maneira nova como Ele realmente nos amou, me amou. Parecia-me impossível que fosse Deus, assim tão sofredor e perfeitamente homem, e entendi a kenosi, o duplo aniquilamento, se assim se pode dizer, da encarnação e do abandono.

Decidi colocar esta imagem de Jesus em todos os focolares, para que os focolarinos, vendo-a, possam repetir diariamente: “Porque és abandonado.”  
Hoje repetir o dia inteiro: “Porque és abandonado.” Repetir estas palavras abraçando sempre, logo, com alegria as cruzes que chegam, desapegando-me das coisas que a vontade de Deus de beneplácito exigem, por exemplo, diante das mortificações da Quaresma, do encontro com pessoas que mais se assemelham a Ele, dos problemas (Ele pergunta: “Por quê?”), das dúvidas, do “perder” a minha vontade no presente.  

#ChiaraLubich