14 setembro 2009

Nos Bosques, Perdido

Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro
E aos labios, sedento, levante seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino quebrado ou um coração partido.
Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente, coberto pela terra,
um grito ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida treva das folhas.
Porém ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
E seu odor errante subiu para o meu entendimento
como se, repentinamente, estivessem me procurando as raízes
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e parei ferido pelo aroma errante.
Não o quero, amada.
Para que nada nos prenda
para que não nos una nada.
Nem a palavra que perfumou tua boca
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos
nem teus soluços junto à janela...

12 setembro 2009

Tenho tanto a fazer

Tenho tanto a fazer -
O tempo escapa entre meus dedos.
Tenho tanto a fazer -
Não sei pra onde ir.
Tenho tanto a fazer -
Mas minhas passadas são pequenas.
O que quero do mundo?
O que espero de mim?
Não sei se grito ou espero;
Não sei se vou ou se fico.
Tenho tanto a fazer -
Mas meus medos impedem.
Se com uma caminhada vacilante
Eu ando pouco, correndo posso fazer... o "tanto a fazer"...
Quando relembro meu passado, percebo que muito eu caminhei.
Cheguei aonde não pensei; fui aonde não imaginei.
Se ganhei ou perdi, com certeza eu ganhei.
Se sonhei eu criei e se fiz eu ganhei.
Não posso parar:
Tenho tanto a fazer -
O tempo escapa entre meus dedos.