31 janeiro 2021

Unicamente por amor

Do Diário

7 de outubro de 1965

Como somos vis e mesquinhos! Porque “estávamos, contínua e conscientemente, diante da morte”, vivíamos bem o momento presente em nosso poder.

Mas tudo deve desaparecer para deixar o espaço a outro, a Deus.

E assim aprendemos a viver a vida cristãmente. Mas, por que não fazer isso sempre?

Não há dúvida de que uma boa dose de “temor” (aliás, “princípio de sabedoria”) esteve presente nas origens do nosso Movimento.

Hoje, vinte e dois anos depois, devemos fazer esse “viver o momento presente” como se logo em seguida nos apresentássemos a Ele, por amor, unicamente por amor, pois que Deus, em sua infinita bondade, pode ter retirado o perigo imediato (embora nunca se saiba) da morte.

Hoje, viverei com plenitude o momento que me é dado, como se logo em seguida tivesse de morrer. E procurarei fazê-lo para mostrar-te, Senhor, que te amo.

30 janeiro 2021

Obrigação cansativa?

Castel Gandolfo, 12 de janeiro de 1988

O estudo ocupa a maior parte do nosso tempo. Às vezes, ele nos absorve tanto que parece impossível ver nele a vontade de Deus e oferecê-lo a Ele. Então, tomamos isso apenas como uma obrigação cansativa…
Vocês dizem que parece impossível ver no estudo a vontade de Deus, porque é muito pesada! Mas, às vezes, a vontade de Deus é bem pesada! Se, por exemplo, vem uma doença, é vontade de Deus; não foi invenção sua! É vontade Deus e, no entanto, é pesada. É bom que sintam que a vontade de Deus é uma coisa boa… Naturalmente, sabemos que, às vezes, é Jesus Abandonado, mas é também vontade de Deus. 
E como podemos viver bem essa realidade, para ela não se tornar um condicionamento que oprime, mas que frutifique para o “que todos sejam um”?
Vocês podem oferecer isso pelo “que todos sejam um”, porque é a cruz de vocês, é uma das cruzes da idade de vocês. Muitas vezes, a vontade é mesmo fugir, mas é preciso abraçar a cruz: é Jesus Abandonado, e Ele, como vocês, também sentiu o peso, por isso vocês devem superá-la. Mas é importante, repito, que sintam que a vontade de Deus é uma coisa bela e é sempre bela.


29 janeiro 2021

Liberdade de espírito

Do Diário

11 de fevereiro de 1981

Não devo tanto encarar um ou outro acontecimento do dia, para ficar alegre ou me angustiar com ele, mas pensar que Deus manifestará por meio deles a sua vontade, também hoje. Portanto, devo alegrar-me desde a manhã com tudo o que suceder e saber que é o melhor que pode acontecer. Assim, alcançarei aquela “santa indiferença” de que os santos falam, aquela impassibilidade que me deixa sempre igual e sobrenatural, aquele “o senhor Vicente é sempre Vicente”. E com essas qualidades possuirei a liberdade de espírito.


28 janeiro 2021

A aventura de hoje

Do Diário

29 de janeiro de 1981

Diz santo Afonso que há uma diferença entre “conformar-se” e “uniformar-se” à vontade de Deus. Com a primeira atitude, adequamos a nossa vontade à vontade de Deus; com a segunda, nós queremos a vontade de Deus.

Será bom orientar-se à segunda. De fato, minha vida já é bastante preordenada: aprendemos a fazer um programa, a marcar encontros, obrigações. E tudo bem. Nós os previmos, seguindo a voz interior sobre o nosso dever. Mas, se Deus quisesse outra coisa? Não é somente “a voz” que nos diz a vontade de Deus. Em geral, ela se baseia naquilo que Deus nos mandou fazer no passado (também para o presente, bem entendido!). Mas o que quer no presente? Sinto alegria pensando em assistir hoje à sua aventura e vivê-la sob o seu comando.


27 janeiro 2021

O não programado

Do Diário

19 de dezembro de 1971

A vida humana, inclusive a de pessoas doadas a Deus, procura sempre ajeitar-se bem nesta vida, talvez com um horário preciso, ótimo em si, mas não ditado unicamente pelo amor de servir a Deus: cedo ou tarde tem a ver um pouco também com o amor ao eu, pela pouca vigilância da alma em se manter sempre na divina vontade.

De modo que, inclusive para essas pessoas, a cruz é posta o máximo possível de lado. Ela “perturba”, ela parece pôr de novo em discussão muito claramente o que nos parecia ter visto e programado para aquele futuro que, aliás, nunca se sabe se existe.

É o aburguesamento do nosso cristianismo. É a sabedoria humana que se quer substituir à loucura da cruz.

E as coisas primeiro começam assim: com uma decepção por tudo o que não havíamos previsto, para depois fazer a alma descer a um plano meramente humano, onde vale apenas o modo de pensar da maioria.

E então […] se entendem as vigorosas palavras de Paulo: “Pois não foi para batizar que Cristo me enviou, mas para anunciar o Evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem, a fim de que não se torne inútil a cruz de Cristo” (cf. 1Cor 1-17).

Hoje, mesmo desejando manter-me no horário a que me propus, farei festa a tudo aquilo que me “perturba”.

Jesus Abandonado certamente foi apanhado desprevenido: tinha dito antes de morrer que o Pai jamais o abandonaria, o abandonaria; na certa não estava “programado”…

26 janeiro 2021

"Minha alma engrandece o Senhor"

 O escrito que segue, não datado, remonta com certeza aos anos 1950.

“Minha alma engrandece o Senhor.”

Maria, a Mãe, é vista aqui não tanto voltada para os irmãos, os seus filhos, quanto inclinada para Deus. Nela está o “meu Deus e meu tudo”. Todas as suas faculdades espirituais e as suas potências físicas são consumidas, momento por momento, pela Chama do Espírito que nela habita. É como um círio que, consumindo-se, alimenta a Vida de Deus nela acesa. Vive de Deus, Deus vive nela, que se anula inteiramente – momento por momento – para dar vida a Ele.

A voz Dele, que é a sua vontade, fala alto no íntimo dela, porque ela sempre a ouve. É a serva a seu serviço total, a serva do Senhor. Por isso, ela o engrandece, porque a vida dela assim o mostra: todo. Retirando-se toda, dá lugar a Ele todo. E Ele a preenche, porque o amor dela o chama.

É criatura predileta. Ele mostra-se todo a ela, manifesta-se todo e de forma nova: humanamente e como Filho, porque ela o amou assim: com todo o seu ser, com o seu coração destinado à maternidade divina!

Mãe! Se Jesus te chamou de “mãe!”, que eu possa também chamar-te assim!

* * *

Eu também posso ser Ela: também em mim fala a voz que é Luz. Ofereço à Luz, momento por momento, o meu ser, para engrandecer o Senhor e glorificá-lo.

Ser uma pequena Maria, filha de Maria como Jesus: o nada perpétuo, o Silêncio, o Serviço de amor ao Amor.

E, então, o Espírito em mim dirá (como irrompe do coração da Mãe): “Minha alma engrandece o Senhor”.

25 janeiro 2021

A “hora”

Do Diário

9 de março de 1981

A morte! Chegará, e terei a impressão de que não é a sua hora. “Ainda tenho muito que fazer” – pensarei – “pela Obra, pela minha santificação.” […] Não sou eu que devo dizer a hora, a vontade de Deus é que a estabelece. Deverei adorá-la. Será a hora certa.

Deixarei aqui – mas só por um período de tempo – quem eu amei. Deixarei meus papéis, o trabalho de cada dia, a Igreja que milita na terra, a Obra, quem ainda está ligado a mim por parentesco, as pequenas coisas. Mas entrarei na Vida, onde vive quem espero ter amado mais. Verei Jesus Abandonado, e haverá outro modo ainda de amá-lo; verei a Trindade que amo, Maria. Com Eles, não tenho medo. Devo apenas preparar-me, não adiar demais esse dever, porque não há tempo, poderia ser hoje. A divina vontade!


24 janeiro 2021

Não a minha, mas a tua vontade

Do Diário

18 de janeiro de 1981

Quando estamos oprimidos por algum mal físico ou espiritual, não é ruim contá-lo aos amigos e não é defeito; portanto, não perde o seu valor. É Jesus que no-lo ensina – e eu nunca havia dado importância a isso – quando diz: “A minha alma está triste até a morte” (Mt 26,38). Mas o próprio Jesus nos ensina que, depois de ter revelado nossa dor aos amigos e a Deus na oração, é vontade de Deus que nos conformemos: “Contudo, não seja como eu quero, mas como Tu queres” (Mt 26,39).


23 janeiro 2021

Realizar

 Do Diário

2 de março de 1969

Jesus disse que devia “realizar a obra que lhe fora confiada” (cf. Jo 17,4). Devia salvar-nos e fundar a sua Igreja, que continuaria a sua obra. Mas não viu na terra o triunfo da Igreja, nem a expansão inicial. No entanto, realizou.

Muitas vezes, pensamos “humanamente” naquilo que Deus quer realizar, por nosso intermédio. E nós fixamos pontos de chegada, enquanto todos os projetos da história e da humanidade estão em suas mãos. Devemo-nos “conformar”, mas com alegria, porque nada é mais belo do que aquilo que Deus estabeleceu para nós, do que realizar o que Deus quer de nós. Além do mais, se outros desejos nos restam, eles nos devem impelir a já nos sentirmos solidários com aqueles que levarão adiante a Obra que começamos. Sendo assim, existe quem semeia e quem colhe, mas a alegria é de todos.

22 janeiro 2021

“Para que serviria ser infinitamente misericordioso?”

Castel Gandolfo, 3 de outubro de 2005

(de um discurso preparado para os focolarinos, lido por Natalia Dallapiccola em 24 de outubro de 2005)

Para este Jubileu especial desejado pelo papa Francisco, o comentário feito por Chiara Lubich em 2005 em duas cartas suas dos anos quarenta, desvenda uma confiança ilimitada em Deus que é Perdão.

Um fruto de Jesus abandonado, que não ressaltamos muito, mas que também está presente nas cartinhas de Chiara dos primeiros tempos, é uma fé firme na misericórdia de Deus, a certeza do perdão dos próprios pecados. São significativas estas breves linhas:

«Acredita, acredita no Amor: se Ele deu tudo por ti, já perdoou tudo no instante em que Ele viu em ti o arrependimento. Nada de escrúpulos. Não acreditas que Jesus é capaz de perdoar-te depois que foi abandonado na cruz para o teu bem?» (11 de janeiro de 1945)

«Eu sei: cairás. Também eu caio com frequência e sempre. Mas quando volto o olhar para Ele, e o vejo incapaz de vingar-se, porque está pregado na Cruz por um excesso de Amor, eu me deixo acariciar pela sua Infinita Misericórdia e sei que só ela deve triunfar em mim.

Para que serviria ser infinitamente misericordioso? Para quê? Se não fosse pelos nossos pecados?» (agosto de 1945).

Mais significativo ainda é o trecho da seguinte carta. É endereçada a duas religiosas de Rovereto. O assunto é a união com Jesus e o meio indicado para alcançá-la, paradoxalmente, é único e inesperado: os nossos pecados.

Essa carta é uma clara demonstração de que, na nova vida que se iniciava, não tínhamos nenhuma confiança em nós mesmos. Não nos detínhamos nos nossos pecados, nem nos nossos eventuais méritos. Aliás, nos repugnavam todas as formas de fechamento em nós mesmos, inclusive espiritual. O carisma nos impelia a amar, a “viver fora de nós” e a nos apoiar unicamente em Jesus, com plena confiança nele.

Ainda que expressa com palavras diferentes, essa atitude de total abandono em Deus, é uma vivência límpida do que disse São Paulo em relação à justificação pela fé. Só o amor de Deus revelado em Jesus crucificado e abandonado é que nos salva. Ele se alegra conosco, quando nos colocamos completamente em suas mãos.

«Irmãzinhas minhas, para lhes falar sobre isso (sobre a união com Jesus) gostaria que estivessem aqui ao meu lado, porque gostaria de ver e sentir o quanto essas palavras penetram profundamente na alma de vocês. Mas Jesus assim o deseja e que assim seja.

É Ele quem faz tudo.

Se quisermos nos unir a Jesus (único objetivo da nossa vida, sobretudo da nossa, porque nos consagramos totalmente a Jesus) o único modo é: oferecer-lhe os nossos pecados.

É preciso remover da alma qualquer pensamento. E acreditar que Jesus é atraído por nós somente em virtude da exposição humilde, confiante e cheia de amor dos nossos pecados.

De fato, nós, no que nos concerne, nada mais temos e produzimos que misérias.

Mas Ele, por sua vez, tem uma única qualidade para nós: a Misericórdia.

A nossa alma pode se unir a Ele somente oferecendo-lhe como um presente, como único presente, não as próprias virtudes, mas os próprios pecados!

Porque a alma que ama conhece os gostos do Amado e sabe que Jesus, se veio à Terra, se tornou-se homem, se algo anseia no mais profundo do seu Coração Humano e Divino, é somente:

Ser o Salvador.

Ser Médico.

Nada mais Ele deseja!

“Fogo vim trazer sobre a Terra e o que eu quero senão que se acenda?”

Ele trouxe um Fogo devorador e nada mais deseja que devorar misérias, encontrar misérias para consumir!

“Oh! Meu Jesus, tu sabes quanto sou incapaz! Mas podes realizar o milagre: conquista esses dois corações para que compreendam profundamente a tua Misericórdia!

Sei que o peso da tua Misericórdia, desconhecida, oprime o teu Coração, porque tens para os homens uma Riqueza infinita, que a todos poderia santificar e ninguém sabe usufruir para a tua Glória!

Jesus, Jesus: faze, faze desses dois corações dois Cireneus que te ajudem a carregar o peso da tua Misericórdia e passem pelo mundo distribuindo-a de mãos cheias a todos os corações, de modo que todos, tocados pelo teu Imenso Amor, saibam qual é o Caminho para chegar a Ti, suma Felicidade!”

Irmãzinhas minhas: procurem com frequência Jesus, sempre. A Ele, que vive em seus corações, confessem os seus pecados a cada momento.

Recolham cada imperfeição, cada sentimento imperfeito, cada fruto da humanidade que trazem dentro de si.

E ofereçam tudo a Ele!

Com humildade (= conscientes e certas de que nada mais possuem para lhe dar).

Com amor (= com o espírito voltado para o Amado: certas de que Ele olha para vocês com muito mais amor quanto mais confessarem a Ele as sutilezas do mal que cometeram, dando golpes mais refinados ao amor-próprio).

Com confiança (= certíssimas de que nada mais Ele deseja do que “ser Salvador”, que aproveitar o seu Sangue, que santificá-las! Para que serviria a sua Misericórdia, se não encontrasse misérias? Jesus, Misericórdia, nada mais deseja que misérias!)

Acreditemos.

É a Fé na sua Misericórdia que devemos acender em nós.

É a prática dessa Fé, atuada a cada instante, que devemos deixar se manifestar em nós.

Portanto, unamo-nos a Deus assim:

com confiança (acredito, conheço, sei e ajo segundo a minha fé na sua Misericórdia).

por meio das nossas misérias (recolhidas a cada instante e oferecidas com humildade, confiança e amor).

Então, quanta Graça descerá do Céu! Jesus abrirá assim o seu Lado Santo transpassado e derramará a chuva do milagre! Ele vai nos lapidar e, no lugar de cada miséria, deixará uma Chama de Amor por Ele. Assim o é!» (3 de outubro de 1946).

O perdão como base da unidade

O início do ano é uma boa ocasião para recomeçar nos nossos relacionamentos interpessoais. No texto seguinte Chiara Lubich propõe uma estratégia radical: uma anistia completa no nosso coração para deixar que Jesus viva nele e criar células de unidade no mundo.

É isso que quero enfatizar hoje para todos vocês: a unidade. A unidade deve triunfar: a unidade com Deus, a unidade entre todos os homens.

De que forma? Amando a todos com aquele amor de misericórdia que era característico nos primeiros tempos do Movimento, quando decidimos, a cada manhã, e durante o dia inteiro, ver o próximo que encontrávamos na família, na escola, no trabalho, em qualquer lugar; de modo novo, novíssimo, sem recordar, de nenhuma maneira, das suas pequenas imperfeições, dos seus defeitos, cobrindo tudo, tudo com o amor. Amar exatamente como nos sugere a Palavra de Vida deste mês: perdoar setenta vezes sete (cf Mt 18, 22). Aproximarmo-nos de todos com esta anistia completa no nosso coração, com este perdão universal.

Em seguida, fazermo-nos um com eles em tudo, menos no pecado, menos no mal. Por quê? Para obter o resultado maravilhoso a que Paulo, o Apóstolo, aspirava. Ele dizia: “fiz-me servo de todos – fazer-se um com todos – para ganhar a Cristo o maior número possível” (Cf 1 Cor 9, 19). Se nós “nos fizermos um” com o próximo, facilitados por este perdão, poderemos comunicar o nosso Ideal a todos os outros. E quando já tivermos conseguido isso, poderemos estabelecer a presença de Jesus entre nós e eles, a presença de Jesus Ressuscitado, de Jesus, que prometeu estar sempre conosco na sua Igreja e que, de um certo modo, faz-se ver, ouvir, quando está entre nós.

Esta deve ser a nossa principal obra: viver de tal modo que Jesus viva entre nós; Ele que é o conquistador do mundo. Se nós formos um, realmente, muitos serão um e o mundo poderá um dia ver a unidade.

21 janeiro 2021

O patrimônio que lhes deixo

Chiara: "Para seguir os passos da minha alma, eu espero de vocês muitas coisas. Tudo aquilo que espero de mim mesma, naturalmente. Em primeiro lugar, que assumam – e não esperem para quando eu morrer – o patrimônio que lhes deixo, isto é, a possibilidade de ter Jesus em meio, de fazê-lo renascer na terra. (...)

Que assimilem logo este patrimônio, que não saiam 
dele, que não o desperdicem. É como a pérola preciosa do Evangelho. Vendam tudo para possuir esse patrimônio, porque é ele que guia, a sua luz é aquela que nos serve. Não nos serve a luz da razão ou dos instruídos. A sua luz nos serve, aquela de Jesus, a sua Sabedoria.

Espero também que vocês se informem sobre tudo o que eu faço. É esse o significado de "me seguir"! Eu faço muitas coisas, como sabem. Portanto, informem-se não só por meio dos diários, mas também lendo, por exemplo, todos os meus discursos. (...) Eu os preparo num modo muito especial. (...) Portanto, acho que essas coisas, que estou combinando, para fazer a vontade de Deus, como um instrumento seu, são muito importantes para todos vocês, (...) 

Portanto, usem este material, coloquem-no em prática.

É o que peço a vocês. Eu preparo tudo com muita paixão e muito bem. Gostaria que fosse utilizado melhor.”

20 janeiro 2021

Um alimento para a Vida

Do Diário

30 de setembro de 1980

Estou admirada por uma palavra de Jesus: “Meu alimento é fazer a vontade do meu Pai”. Portanto, Jesus nutria a sua alma, momento por momento, com a vontade de Deus.

Vejo que a minha alma muitas vezes é assaltada, no momento presente, por duas, três coisas para fazer que depois a deixam inquieta. Vejo que frequentemente o desejo de chegar a todos, de fazer tudo, de abraçar o mundo, é interpretado por mim praticamente de maneira não correta. É uma avidez espiritual que sempre faz parte do “homem velho”, embora mascarada de zelo.

Não é esse o modo de viver cristão. Também quem está numa mercearia come uma coisa ou outra, se quiser, mas não todas juntas e não toda a mercearia. É preciso alimentar-se e, portanto, contentar-se com aquilo que Deus quer de nós no presente.

Tentei fazer assim nesses últimos dias: é uma experiência maravilhosa. Cancelando com violência tudo o que não é vontade de Deus, para me abismar somente nela, experimentei o que é a saciedade da alma: é paz, gáudio, felicidade! Uma espécie de bem-aventurança.

Agora entendo quão verdadeiras e sapientes são as palavras do papa João XXIII: “Devo fazer cada coisa, rezar cada oração, seguir uma regra, como se não tivesse mais nada para fazer, como se o Senhor me tivesse posto no mundo só para executar bem aquela ação para cujo resultado final esteja ligada a minha santificação, sem pensar no depois e no antes”.

19 janeiro 2021

Uma multidão de santos

Sierre (Suíça), 2 de julho de 1977

Prezados Gen 3 (*)

Grande é a minha alegria, imensa, diria, porque sei, pelo que acontece no Congresso, que vocês estão bem decididos a fazer sempre a vontade de Deus!

O que mais me consola é o fato de que, com isso, torna-se realidade o que sempre imaginamos para os Gen 3: uma multidão de santos!

Houve um grande santo que disse: Chegará o dia em que os homens terão apenas um nome: “Eu sou a vontade de Deus para mim”.

Terá chegado esse tempo?

Eu o desejo de todo o coração!

Daríamos muita alegria a Jesus e a Maria!

Portanto, em frente! Santos a todo custo. Estou sempre com vocês!

Aperto a mão de vocês.


(*) São os adolescentes do Movimento dos Focolares

18 janeiro 2021

Qual a escolha certa?

Castel Gandolfo, 12 de janeiro de 1988

Aproxima-se para nós a idade da escolha para a nossa vida. Como podemos fazer para entender qual é a escolha certa? Como distinguir a vontade de Deus das nossas fantasias e dos nossos desejos?

Diria que vocês devem ser iluminadas pelo íntimo de vocês. É preciso que seja Jesus que lhes diga qual será o caminho de vocês: casarem-se, entrarem para o convento ou para o focolare, dedicarem-se à arte ou à política. E não vocês. E, para serem iluminadas, devem amar. Portanto, continuem a viver o Ideal, viver o Ideal, viver o Ideal. Foi assim que fiz: procurava amar, amar, e Jesus me chamou; senti fortemente que Ele queria isso. Portanto, amem, amem, amem, sigam em frente, vivam o Ideal, e Ele iluminará vocês e as fará entender seus caminhos. E depois, aconselhem-se também com alguém que possui mais experiência, porque pode ser que vocês tenham receio de confundir as fantasias com o chamado de Deus. […]

Então, duas coisas: viver o Ideal e pedir conselhos a pessoas um pouco mais maduras que já fizeram as próprias escolhas, para que ajudem vocês a diferenciar bem se o que têm no íntimo vem da fantasia ou se é justamente a vontade de Deus.

17 janeiro 2021

“Corra feliz… por esse caminho que Jesus quer”

A carta a seguir foi escrita por Chiara por ocasião do casamento de sua prima Irma Lubich. Chiara havia dado a Irma o nome de Grido (Grito), em referência ao grito de Jesus Abandonado, ou seja, o grito de Jesus na cruz, ao experimentar o abandono do Pai (“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”; Mt 27,46).

Trento, 12 de abril de 1948

Grido caríssima de Jesus Abandonado

Sua vida está traçada.

As dúvidas, as incertezas de ontem serviram para purificar o seu pequeno coração e prepará-la melhor para receber o grande Sacramento.

Corra feliz, minha primazinha e irmãzinha, por este caminho que Jesus quer.

E torne-se santa.

Lembre que só um é o Amor: Jesus!

Faça com que Ele viva em seu novo lar, amando o seu esposo terreno e deixando-se amar por amor a Jesus.

“Onde dois ou mais estiverem unidos em meu nome, ali estou Eu.”

Estive presente no seu casamento espiritualmente, pois tinha acabado de chegar de Roma e cansadíssima.

Você me sentiu, não?

E sinta-me sempre perto de você. Lembre-se de que o Ideal que o Senhor lhe deu por meu intermédio, Ele agora quer vê-lo realizado em você.

Jesus e Maria a acompanhem sempre e em toda parte; façam seu coração virgem como o deles; lhe deem joias de pequenos inocentes que supliquem do Céu a dádiva que todos nós esperamos: “Que todos sejam Um!”

Fique conosco, agora, Irma querida, como antes, mais do que antes: espiritualmente muito unida conosco, decidida como nós a cumprir a vontade divina.

São Francisco e santa Clara abençoem você

16 janeiro 2021

Um caminho para todos

Castel Gandolfo, 13 de abril de 2001

Quando se fala de vocação, na Igreja, os jovens pensam no sacerdócio ou na vida religiosa e não possuem um sentido amplo dessa realidade. Você poderia dizer como enxerga a vocação, o que é uma vocação para você?

Entendi bem o que é a vocação nos primeiros tempos, porque fui chamada por Deus daquela vez, ao ouvir, como se viesse do céu: “Doe-se toda a mim” e, em seguida, fiz minha consagração a Deus, esposando Deus […].

Era o dia 7 de dezembro de 1943.

Depois, no Natal, fui à Missa do Galo. Naturalmente, lembro que já estava toda dominada por essa união particular com Jesus, como quando alguém está noivo. E fui à missa toda recolhida. Lembro até da roupa que vestia; pusera o melhor vestido – eu era pobre – mas, o melhor, tudo por Ele.

Durante a missa, sinto no íntimo outro chamado: “Dê-se toda a Deus, dê-se toda a Deus”, ou seja, que me consagrasse totalmente a Deus.

Naquela época, para as moças, era costume somente consagrar-se a Deus nos conventos, com os três votos; não havia outras maneiras de se consagrar a Deus. Então eu disse: “Estou pronta”. Mas, havia dentro de mim um tormento: era contra tudo aquilo que o meu ser sentia. De qualquer modo, disse: “Devo estar pronta, portanto farei o voto de obediência e de pobreza e entrarei para o convento”.

Naturalmente, no dia seguinte, fui confessar-me, e o confessor – que sabia que já nascera algo do Movimento à minha volta, porque tinha nascido ainda Naturalmente, no dia seguinte, fui confessar-me, e o confessor – que sabia que já nascera algo do Movimento à minha volta, porque tinha nascido ainda antes do voto de castidade; já havia as minhas primeiras companheiras – disse-me: “Não, não, você não foi feita para isso!” Ele vira que Deus me chamava no mundo com essas companheiras, com esse algo que ele talvez intuísse estar nascendo.

Então, dentro de mim distinguiram-se dois conceitos: entendi que devia fazer a vontade de Deus. É a vontade de Deus, porque o meu diretor espiritual dizia isso, mas entendi que uma coisa é a santidade que se alcança por meio da vontade de Deus; outra é que existem os chamados “estados de perfeição”, ou seja, que existem modos de ser, modos de viver que ajudam a alcançar a perfeição. Por exemplo, os conventos, os mosteiros: os votos ajudam porque isolam a pessoa de tudo o mais. Mas esses são “estados de perfeição”, ao passo que a perfeição é a vontade de Deus.

Eu entendia que devia fazer a vontade de Deus.

Por isso, entendi logo que, para tornar-me santa, devia fazer a vontade de Deus e que a vontade de Deus é um caminho bom para muitos, pois todos devem fazer a vontade de Deus. Portanto, também uma mãe, que sabe que precisa ficar em casa com os filhos e faz a vontade de Deus, torna-se santa; um pai, que é político e sabe que aquela é a vontade de Deus, torna-se santo lá; não é preciso que entre para o convento, para o mosteiro etc.

É a vontade de Deus que nos torna santos.

Lembro que havia em nós um desejo de nos tornarmos santas. […] Mas como fazer para nos tornarmos santas? […] não entendíamos; havia – dizíamos isso sempre – uma espécie de muralha diante de nós, que nos impedia de nos tornarmos santas.

Não entendíamos, não entendíamos, estava mesmo bloqueado, tudo bloqueado.

Quando, porém, entendi que, para tornar-me santa, devia fazer a vontade de Deus, descortinou-se algo maravilhoso. Mas então todos podem tornar-se santos em seus estados de vida, onde estão, não nos “estados de perfeição”, mas em seus estados de vida, onde estão.

Lembro a alegria que jorrou dentro de nós ao pensarmos que tínhamos para as multidões o ingresso para a santidade. Essa é a premissa para uma santidade de povo.

Não sabia que tínhamos comprado o bilhete para a santidade de povo, ou seja, para fazer todos entrarem nesse caminho da santidade, porque então Deus nos fez intuir todas as coisas um pouquinho por vez. Agora, entendemos.

Por isso, é errado dizer que uma vocação é apenas ser padre ou ser religioso ou religiosa; é errado. Tornamo-nos santos e temos a vocação de nos doar a Deus fazendo a vontade de Deus.


15 janeiro 2021

Ideal universal

Fazer a vontade de Deus. […] Essa norma nos pareceu boa para todos, apropriada para santificar a todos e, com isso, dar a todos Deus como Ideal.

Não era necessário ser pobre para ser como Ele, nem ter uma vocação peculiar, tampouco ser homens em vez de mulheres… Todas essas coisas eram acidentais e indiferentes. Bastava cada um fazer a vontade de Deus, onde Deus o queria, nas condições em que estava.

[…]

Portanto, já desde o início, o nosso Ideal (Deus – a vontade de Deus) nos pareceu Ideal universal.

14 janeiro 2021

O sonho dos sonhos

Marino (Palaghiaccio), 25 de maio de 2002

Supercongresso do Movimento Juvenil pela Unidade2

Sendo jovens, acontece termos muitos sonhos para o futuro que gostaríamos de realizar. Mas como podemos saber se fazem parte do plano que Deus tem para cada um de nós?

A idade de vocês é a idade dos sonhos, e é lógico que sonhem, mas conviria deixar um Outro sonhar, Aquele que os criou e conhece a inteligência de vocês, a vontade de vocês, as forças de vocês, os gostos de vocês, as tendências de vocês, os talentos de vocês. Esse alguém é Deus, que os criou e tem um desígnio para vocês. Deus é como o Sol, depois existem os raios, e cada um de nós deve caminhar para Deus no próprio raio, que significa na vontade Dele.

No início do Movimento, o Espírito Santo, que nos havia mandado este carisma, esta luz enorme, fez-nos entender que devíamos caminhar em nosso raio, não fazer a nossa vontade, mas a vontade de Deus. Foi quando apareceu o sonho dos sonhos, porque quem jamais teria imaginado uma Obra tão grande? […]: aqui está a mão de Deus. Lembro que, quando éramos jovens e começamos o Movimento, eu dizia às minhas companheiras: “Queria amar a Deus com mil corações!” Prezados jovens, agora somos milhões que amam a Deus.

Lembro que sofremos porque Deus nos chamava e, a um certo ponto, era preciso também deixar a família. Quando meus pais partiram em direção da montanha, tive de voltar para a cidade bombardeada, à procura de minhas companheiras. Todas deixamos a nossa família, mas, como Jesus disse, encontramos cem pais, cem mães, cem irmãos, aliás, bem mais do que cem! Cem é um modo de dizer, que significa que encontramos uma infinidade deles.

Lembro também que nós, por exemplo, não conhecíamos as línguas. E agora, no nosso povo, falamos […] praticamente quase todas as línguas do mundo.

Além disso, éramos pobres, pois dávamos tudo. E agora? Pensem somente em nossas […] cidades de testemunho3, que são verdadeiras pequenas cidades. Portanto, vocês entendem a abundância da Providência que chegou para poder construí-las. E ainda temos todos os centros, os Centros Mariápolis4, as editoras que publicam as nossas revistas…5 Tudo veio de Deus. Éramos nada, éramos pobres, mas Ele disse: “Dai e vos será dado” (Lc 6,38). Amamos e Ele nos deu.

Entendam que se eu, quando jovem, como vocês agora, tivesse podido sonhar, jamais teria sonhado um sonho desses. Mas deixei que fosse Ele a sonhar.

1 A denominação “Obra” é uma forma simplificada para Obra de Maria, outro nome do Movimento dos Focolares. Este é composto de vinte e seis ramificações, de acordo com o estado de vida, tipo de participação, idade ou campo de atuação de seus membros.

2 Movimento de amplo alcance dos Focolares, dirigido aos adolescentes.

3 Comunidades do Movimento cujos moradores desejam oferecer ao mundo o testemunho da Espiritualidade da Unidade vivida no cotidiano, no trabalho, nas relações sociais, no estudo, na oração.

4 Centros de formação para os membros do Movimento.

5 Editora Cidade Nova e a revista mensal Cidade Nova (cf. www.cidadenova.org.br).

 

13 janeiro 2021

Encantados por Deus

Amsterdam (Holanda), 27 de março de 1982

Quando você começou a viver a vontade de Deus, pensou alguma vez que tanta gente a seguiria?

Realmente, quando comecei a viver procurando fazer a vontade de Deus a cada momento, não pensava mesmo em nada. Estava unicamente fascinada por Deus que me amava, e esse amor era de tal modo um idílio sobrenatural, que eu não via outra coisa senão esse meu relacionamento com Deus. Gostaria de que todos vocês, que receberam o Ideal, tivessem a mesma impressão, porque esse Ideal é um carisma que Deus nos deu, e quem o entende possui uma graça particular. Gostaria de que vocês também sentissem tanto que Deus os ama a ponto de ficarem encantados, porque Ele fez vocês entenderem essa sua graça. Aliás, digo a verdade a vocês, se, quando me consagrei a Deus, tivesse entendido que havia outras coisas além desse relacionamento, se, por exemplo, tivesse entendido que mais tarde nasceria um movimento, isso teria como que “perturbado” o meu relacionamento com Ele. Depois, tudo o mais veio como consequência. E assim deve ser também para vocês.

12 janeiro 2021

Um novo horizonte

Caíram nossos projetos e limitações.

Sempre desconfiados de nós mesmos, estávamos perfeitamente abandonados a Deus. Conhecíamos apenas o momento presente e não hipotecávamos o futuro, porque não estava em nossas mãos.

Sabíamos que a vontade de Deus era a vontade de um Pai e podíamos entregar-nos a Ele sem medo. Sem dúvida, Ele teria querido o que quer que fosse para o nosso bem.

A vontade de Deus como Ele no-la manifestava era para nós a expressão do amor do Pai pelos filhos. Portanto – mesmo não enxergando no começo – entregávamo-nos de bom grado a Ele e aos seus desígnios para nós, com toda a confiança e abandono. Nós acreditávamos no amor. […]

Todos nos sentíamos entregues a uma aventura divina sobre a qual nada sabíamos, a não ser que Aquele que no-la propunha e preparava era Deus, um Pai, e que todas as circunstâncias à nossa volta e dentro de nós – tanto por Ele desejadas, quanto por Ele permitidas –, eram vozes do seu amor.

11 janeiro 2021

Venha

 21 de fevereiro de 1967

“Venha o teu reino.”

“Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus…”

Senhor, o que significa isso?

Antes de tudo, que Tu reines dentro de mim, senhor absoluto, ocupando tudo e esvaziando a minha cela interior de qualquer outra coisa que não seja Tu, a tua vontade, o teu amor por ti e pelos outros. Para tudo o mais, repetir como quando ainda éramos muito jovens: “O que importa? Amar-te importa!”

10 janeiro 2021

Para que reines em meu íntimo

Muitas vezes, por hábito, aflora espontaneamente em nossos lábios: “Meu Deus e meu Tudo”, ou alguma outra oração como esta: “Amo-te com todo o coração”. Mas depois, durante o dia, analisando a nossa alma para ver se o que lhe importa é sobretudo Deus e a sua vontade, notamos que nem sempre é assim.

Frequentemente, gostamos de arrastar um trabalho, ao menos por um pouco, além do tempo devido, em vez de começar o novo; disso fica evidente que amamos aquele encargo, aqueles papéis, aquelas pessoas, aquelas notícias… infelizmente mais do que a Deus!

E aqui constatamos os fracassos de nossa vida consagrada a Deus, medidos exatamente pelo termômetro da “vontade de Deus”. Se ela flutua qual rainha de todas as outras coisas, que também posso e devo amar, então Deus é o rei do meu coração.

Se ela afunda para deixar reinar outra coisa qualquer, ou pessoa ou ideia, Deus permanece em meu coração como um rei destronado pelo meu eu.

09 janeiro 2021

Uma resposta de amor

“A Deus que nos ama imensamente, respondemos procurando amá-lo imensamente. Não teríamos sentido no mundo, se não tivéssemos sido uma pequena chama deste braseiro infinito: amor que responde ao Amor.”

Assim se expressou Chiara em épocas recentes, relembrando a experiência vivida com as suas primeiras companheiras nas origens do Movimento e “condensando” em poucas palavras a indissolubilidade daqueles momentos primordiais da Espiritualidade da Unidade: descobrir Deus como Amor, escolhê-lo como Ideal de suas vidas e a decisão de – para amá-lo – cumprir a vontade Dele.

“… Não olhando para as coisas que se veem, mas para as que não se veem; pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2Cor 4,18).

Foi o ponto de partida do nosso Ideal. Quando vimos que tudo desmoronava – pois, com as circunstâncias (bombardeios da guerra), Deus nos mostrava com fatos a vaidade de todas as coisas –, apegamo-nos a Deus, o único que não podia ser atingido. Então, fizemos Dele o Ideal da vida.

Queríamos tornar nossa vida coerente com o Ideal abraçado, absolutamente coerente, sem concessões ou reservas. Por isso, perguntamo-nos o que deveríamos fazer.

O primeiro mandamento (“Ama-me com todo o coração, com toda a alma…”) mostrou-se-nos novo em seu significado, e lógico. Deus devia ser amado com todo o coração […] pois teria sido um absurdo colocar o coração, e a mente, e as forças, em outras coisas. Tudo passava. […]

Logo entendemos que amá-lo não significava apenas um sentimento, mas uma ação.

E o Evangelho confirmava: “Quem me ama, observa a minha Palavra”.

Fazer a vontade de Deus foi a expressão prática do nosso amor a Ele.

Fizemos imediatamente unidade entre a nossa vontade e a vontade de Deus. Queríamos a vontade de Deus. Nossa única vontade era a vontade de Deus.

08 janeiro 2021

O pão de cada dia

"O pão nosso de cada dia dá-nos hoje" (Mt 6,11)

Hoje. Tu queres mesmo que vivamos a teu modo, Senhor!

Mas quem, no mundo, quem vive o hoje e só para o hoje, entregue ao futuro como os passarinhos livres, para os quais Tu provês o que comer e vestir?

Viver para o hoje simplifica, mas também aterroriza o nosso ser humano, que preferiria entregar-se a um amanhã seguro. No entanto, o amanhã poderia não existir... e Tu, Senhor, nos queres vigilantes, pois nos chamarás a ti numa hora e num dia para nós desconhecidos, e não podes contradizer-te.

Dá-nos, então, a graça de viver bem cada dia que dispuseste, pela vida que nos resta.

07 janeiro 2021

Fazer na terra um céu

Uma experiência que ajuda muitíssimo é "calar fundo" na vontade de Deus do momento presente para fazer apenas essa vontade.

Em tempos tão frenéticos nos quais só existem barulhos, só máquinas, só tecnologia, o importante, para estar realmente em Deus, embora em meio a tantas coisas, é calar fundo em sua vontade.

Veríamos o mundo mudar. Todos tenderiam à santidade. Os problemas se resolveriam um atrás do outro, em todos os campos humanos. Reinariam a paz, a felicidade, a saúde, inclusive física. A terra seria um Céu.

06 janeiro 2021

Seja feita a Tua vontade

Quem ama pouco a Deus, mas de certo modo o teme, dá à frase "Seja feita a vontade de Deus" só o tom da resignação. Quem, ao contrário, ama a Deus verdadeira e sinceramente, compreende que não poderia fazer nada de melhor e mais excelso. De fato, o que pode haver de mais grandioso do que seguir um Pai assim, que nos conduz momento por momento, falando por meio de mil vozes, como as circunstâncias, as lições, os deveres, as inspirações, as dores, os acontecimentos e os preceitos, notas todas de uma melodia composta no Céu e executada na harpa suave da alma amante de Deus?
Deus, que ama a cada um e a todos com amor infinito, preparou para cada pessoa uma aventura divina, variada e alternada de sagrado e profano, de trágico e nostálgico, de festa e de luto: quadro fantástico que conheceremos melhor do lado de lá, quando os nossos olhos se abrirem na "luz da glória". 

05 janeiro 2021

Fincar raízes em Deus

Muitas vezes não vivemos a vida, nos sobrevoamos a vida,
Dá, Senhor, que nos enraizemos em ti cada momento, fincando raízes na tua divina vontade de cada instante. Possuídos por ela, somos possuídos de ti isto é o que vale.


04 janeiro 2021

Tempo que fica

"Como o tempo passa depressa!". dizemos perplexos, vendo a velocidade dos dias. "Como o tempo fica!" deveria dizer a minha alma, se estivesse consciente de que cada hora, cada instante é gasto inteiramente em cumprir a tua vontade.

03 janeiro 2021

O bilhete de ingresso

Viver com perfeição a vontade de Deus no presente é encontrar o caminho da própria santificação.

De fato, nem todos podem consagrar-se a Deus, nem todos podem praticar penitências pesadas, jejuns, vigílias; nem todos podem dedicar horas e horas à oração.

Mas, ao contrário, todos podem fazer a vontade de Deus. Fazer a vontade de Deus é o bilhete de ingresso das multidões à santidade.

02 janeiro 2021

Aventura Divina

Hoje, muitos homens traçam sozinhos o seu programa de vida, mas é sempre um programa monótono e apenas terreno.
Programar cumprir não a própria vontade, mas a de Deus no decurso da vida, é preparar-se para fazer de nossa existência uma maravilhosa aventura divina

Quem fez esta experiência - e são milhões e milhöes de pessoas sabe quantas surpresas maravilhosas ela reserva. Quando fazemos a sua vontade momento por momento, ao nosso amor o Senhor corresponde com o seu.

01 janeiro 2021

Se vivemos o presente

É vivendo o presente que podemos cumprir bem todos os nossos deveres.
É vivendo o presente que as cruzes se tornam suportáveis. É vivendo o presente que podemos
captar as inspirações de Deus, os impulsos da sua graça que chegam no presente. É vivendo o presente que podemos construir, com resultados, a nossa santidade. São Francisco de Sales dizia: "Cada momento vem repleto de uma ordem e se imerge na eternidade, para dessa ordem fixar aquilo que dela fizemos".
Portanto, vivamos o presente! Com perfeição! No entardecer de cada dia, e no entardecer da vida, nós nos encontraremos com as mãos cheias de boas obras realizadas e de atos de amor oferecidos.