28 março 2022

O trabalho e o materialismo

No sistema do materialismo, onde o trabalho invade o lugar do divino, não tem mais espaço aquele movimento do espírito que consiste na assídua aproximação a Deus até se unir a Ele. Neste caso se potencializa a ação e se anula a contemplação, e o ativismo depois provoca uma usura física, através da qual a alma se extenua até a desolação, até o desespero: causa daquela náusea e daquela angústia que certa filosofia apresenta como característica do indivíduo dissociado no coletivismo gregário. Assim se obtém um resultado de gradual desintegração da pessoa humana. Naturalmente esta se defende, talvez, especialmente, lá onde o ativismo assumiu o ritmo de um frenesi, como nota Krause para o seu país: de onde de fato nos vieram algumas manifestações mais populares e sugestivas da reconquista espiritualista ou até mesmo mística (Merton, Sheen).

Igino Giordani, Il Patrono d’Italia – San Francesco oggi,

A imensidão de Deus

 «Num momento de repouso (…) contemplando a imensidão do universo, a extraordinária beleza da natureza, a sua potência, pensei espontaneamente no Criador de tudo e compreendi numa forma nova a imensidão de Deus. (…)

Eu o descobri tão grande, tão imenso, a ponto de me parecer impossível que Ele tivesse pensado em nós. Esta impressão da sua grandeza permaneceu em meu coração por alguns dias.

Dizer agora «santificado seja o vosso nome…» ou «Glória ao Pai, ao Filho, e ao Espírito Santo» é muito diferente para mim: é uma necessidade do coração. (…)

Nós estamos a caminho. E, quando alguém viaja, já pensa no ambiente que o receberá na chegada, na paisagem, na cidade… já se prepara. Assim devemos fazer.

No céu, louvaremos a Deus? Louvemo-lo desde este momento. Deixemos que o nosso coração proclame todo o nosso amor a Ele (…). Exprimamos o nosso louvor com a boca e com o coração.

Aproveitemos para reavivar nossas orações diárias que tem esta finalidade. E rendamos glória com todo o nosso ser.

Sabemos que quanto mais anulamos a nós mesmos (como Jesus abandonado, que reduziu-se a nada) mais anunciamos, com a nossa vida que Deus é tudo, e assim Ele é louvado, glorificado, adorado (…).

Procuremos muitos momentos, durante o dia, para adorar a Deus, para louvá-lo. Façamos isso durante a meditação, ou numa visita a uma igreja, ou na Santa Missa. Louvemo-lo para além da natureza ou na profundidade do nosso coração. E, principalmente, vivamos mortos a nós mesmos e vivos à vontade de Deus, ao amor para com os irmãos.

Sejamos nós também, como dizia Isabel da Trindade, um “louvor da sua glória”. 

#ChiaraLubich 

(Chiara Lubich, Cercando le cose di lassù, Roma 1992, p. 15-17)

10 março 2022

Os mistérios do terço

Rocca di Papa, 20 de janeiro de 1981

Com a recitação do terço, Chiara relembra toda a espiritualidade que Deus lhe doou, todo o seu Ideal

Confio-lhes […] como eu recito o terço. […] Ele é intercalado por muitos mistérios que são os […] eventos bíblicos propostos para a nossa meditação. Por isso, também os nossos irmãos não católicos amarão o terço, se já não o amam.
Os mestres do espírito dizem que ele pode recitar a Ave-Maria quase mecanicamente e pensar no mistério, que se menciona no início do terço.
Eu experimentei fazer assim e […] notei que, pensando nos mistérios, […] eu revejo todo o Ideal. E disse: “Isso é ótimo. Todas as manhãs eu sei quais são todos os meus deveres […]”

Chiara Lubich