24 janeiro 2022

Você sabe como nasceu a Palavra de Vida?

 Hoje traduzida em cerca de 90 línguas e idiomas, a Palavra de Vida comunica frases do evangelho a milhões de pessoas, em todo o mundo.

Foi nas fagulhas das palavras do Evangelho que a certeza de um amor que supera todas as coisas começou a se alastrar no coração daquele primeiro grupo cativado por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares e também da Editora Cidade Nova. Ainda no período da 2ª Guerra Mundial, onde a tristeza e as perdas eram inumeráveis, a novidade de Deus Amor impulsionou Chiara e suas amigas a viverem umas pelas outras e compartilhar com todos o pouco que tinham – mesmo que fosse uma pequena maçã ou um sapato de número 42.

Tudo começou com uma prática que Chiara – muito didática por ser professora – começou naquele período e logo se popularizou, ao longo dos anos, junto a toda a comunidade global dos Focolares: “Palavra de Vida”, uma frase do Evangelho e a partilha dos “frutos” que ela produzia em suas vidas. Uma verdadeira novidade para aquele tempo e que as encorajava a crescer juntas. 

“Leio para todos, por exemplo: ‘Ama o próximo como a ti mesmo’ (Mt 19,19). O vizinho. Onde estava o vizinho? Estava lá, ao nosso lado, em todas aquelas pessoas atingidas pela guerra, feridas, sem-teto, nuas, com fome e com sede. Nós imediatamente nos dedicamos a eles de várias maneiras.” (Chiara Lubic)

Um dia, Chiara contou que recebiam com frequência solicitações de roupas e sapatos, e certa vez pediram um sapato de número 42. E acreditando fielmente nas palavras do Evangelho de Mateus, “Pedi e recebereis” (Mt 7,7), foi até uma igreja e rezou “Dê-me um par de sapatos nº 42, para você nessa coitadinha.” Ao sair de lá, uma jovem a entregou o pacote com um par de sapatos de número 42.

“Lemos no Evangelho: ‘Dai e ser-vos-á dado’ (Lc 6,38). Damos, damos e sempre recebemos algo. Um dia, em nossa casa, temos apenas uma maçã. Nós o damos aos pobres que vêm pedir. E naquela mesma manhã vemos chegar uma dúzia, talvez de um parente. Também damos essa dúzia a quem nos peça e nessa mesma tarde chega uma mala. Foi assim, sempre assim ”.

Eram essas e outras muitas experiências que a vivência da Palavra levou aquele pequeno grupo a viver pela Unidade. E hoje a Palavra de Vida, a frase do Evangelho junto com a reflexão, é um convite a confiar em Deus, a viver e a partilhar sua vida, feito a milhões de pessoas e traduzida em mais de 90 línguas e idiomas.

Desde o início, a Palavra de Vida é publicada na Revista Cidade Nova. 

14 janeiro 2022

Quando se conhece a dor

Quando se conheceu a dor em todos os seus matizes mais atrozes, nas mais variadas angústias, e se ergueram as mãos a Deus em mudas e lancinantes súplicas, em abafados gritos de ajuda; quando se bebeu o fundo do cálice e, durante dias e anos, se ofereceu a Deus a própria cruz, incorporada à sua, que a valoriza divinamente, então Deus tem piedade de nós e nos acolhe em sua união.
É o momento em que, após ter experimentado o valor sem par da dor, de ter acreditado na economia da cruz e de ter visto os seus efeitos benéficos, Deus mostra, de modo mais alto e novo, algo que vale mais ainda do que a dor.
É o amor aos outros, em forma de misericórdia, amor que faz abrir os braços e o coração aos infelizes, aos mendigos, aos martirizados da vida, aos pecadores arrependidos. 
Amor que sabe acolher o próximo desencaminhado, seja ele amigo, irmão ou desconhecido e o perdoa infinitas vezes. Amor que faz mais festa a um pecador que volta do que a mil justos, e empresta a Deus inteligência e bens para Ele poder demonstrar ao filho pródigo a felicidade pelo seu retorno. 
Amor que não mede e não será medido. 
É uma caridade que floresce mais abundante, mais universal, mais concreta do que aquela que a alma antes possuía. De fato, ela sente nascerem dentro de si sentimentos parecidos com os de Jesus, percebe aflorarem-lhe aos lábios, para todos os que encontra, as divinas palavras: “Tenho misericórdia da multidão” (cf. Mateus 15,32). E, com os muitos pecadores que dela se aproximam, pois, de certa forma são imagem de Cristo, entabula colóquios semelhantes aos que Jesus teve um dia com Madalena, com a samaritana, com a adúltera. A misericórdia é a última expressão da caridade, aquela que a remata. E a caridade supera a dor, porque a dor só existe nesta vida, enquanto o amor perdura na outra. Deus prefere a misericórdia ao sacrifício.