29 fevereiro 2020

Deus feito carne

Não foi fácil para o Filho de Deus tornar-se homem, e não porque deixou a casa do Pai para entrar na casa dos homens!
Nós pensamos na encarnação como um experimento em laboratório, como quando se juntam hidrogênio e oxigênio e disso resulta água. Limpa.
No caso de Jesus, a água é “suja”. “Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós” (2Cor 5,21), diz Paulo, que aprofunda a ideia: “Cristo nos remiu da maldição da lei, tornando-se maldição por nós” (Gal 3,13).
Isso é o Natal: um Deus que “se suja” por amor. Por assumir nossa carne pecadora.
A poesia do Natal não é lírica, e sim dramática, atravessada pela luta entre a luz e as trevas, entre o amor e o ódio. E se estenderá por toda a experiência do Filho de Deus feito carne humana.
Isso escandaliza você? Não se escandalize com o amor. O amor não é asséptico, não guarda as distâncias; ele identifica-se, afunda no amado.
E, porque é amor, queima. Seu fogo, no final, destrói as escórias do pecado e devolve ao homem seu verdadeiro ser. O milagre do Natal é o nascimento do Deus-homem e o renascer do homem (em Deus).

28 fevereiro 2020

A palavra se faz carne

Em geral, diz-se que Maria, no anúncio do anjo, com seu sim, obedece, declara-se disponível à vontade de Deus. Sem dúvida. Mas acontece algo mais. Deus não a convida simplesmente a executar um plano, e sim a entrar num relacionamento de amor esponsal com Ele. Depois da ruptura operada pelo primeiro homem e da primeira mulher, Deus vagava à procura de um relacionamento que saciasse sua sede de amor, pela qual havia criado o homem como seu parceiro. Na casa de Nazaré, celebra-se um rito de casamento: o sim de Maria é o juramento de amor com o qual ela responde à oferta de amor eterno e exclusivo de Deus, seu esposo.
      No mesmo instante, Maria, a virgem, torna-se mãe; Deus a fecunda; nela brota a Vida. Deus não se sente mais estéril; encontrou um ventre virgem para doar ao mundo aquele que instaurará o “reino [que] não terá fim” (Lc 1,33), que dará de novo asas a seu sonho inicial.
      Aquele que Maria carrega dentro de si é tudo o que Deus pensou de mais bonito, verdadeiro, santo; é o Pensamento, a Intuição, a Palavra do Artista. Feito
carne. Já possuía uma “carne” junto ao Pai; não era uma abstração, era concreto. Agora, vem “falar” na carne, anunciar a Boa Nova, ser a Boa Nova.

“Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a observam” (Lc 11,28), dirá o filho de Maria, dando a impressão de arrefecer o entusiasmo de uma mulher pela sua mãe. Jesus não desmente a mulher; sua mãe não é simplesmente aquela que escuta e observa a palavra, é a mãe da Palavra. Esta Palavra que ela carrega no ventre “torna-a” palavra. Ela lhe dá a carne, sentindo-a crescer e manifestar-se dia após dia; o Filho a molda a si. Jesus se assemelhará a Maria, e Maria se assemelhará a Jesus. Quem dos dois influi mais no outro?

O Filho nascerá, sem dúvida, mas já está presente; Maria o carrega em si, está grávida da Palavra. Também a Igreja está grávida, por ser fecundada pela Palavra. Também nós estamos “gerados”, fecundados pela Palavra. Basta vivê-la.

27 fevereiro 2020

O desejo

Quem vive sem desejar? Mesmo quem afirma não ter desejos, na realidade, deseja não desejar.
Os desejos são muitos, em muitos níveis.
“O que você faria se ganhasse na Mega-Sena?” “Compraria uma mansão com piscina, uma Ferrari, joias, faria viagens e mais viagens, ia parar de trabalhar…”
O desejo é tão grande quanto o coração. O coração tão é grande quanto o desejo.
O desejo nasce de um vazio: vazio infinito = desejo infinito. Vazio abarrotado = desejo limitado.
O desejo estabelece a dignidade da pessoa. O cardeal Montini dizia: “Tenham grandes desejos” para serem grandes homens.
Podemos rastejar ou voar; depende do desejo.
“Fizeste-nos para ti, Senhor, e inquieto está nosso coração enquanto não repousar em ti” (Santo Agostinho).
Quanto mais esvaziarmos o coração, mais haverá espaço para Ele.
Não desejemos coisas, nem mesmo as santas; desejemos o Infinito.
Como Maria, a Virgem, que desejou somente a Ele, que viveu somente para Ele.

26 fevereiro 2020

Espera plena

Você pode esperar olhando continuamente o relógio, bufando, andando para frente e para trás, percebendo a pressão interior aumentar cada vez mais… Espera oca, na qual a pessoa que você espera parece cada vez mais longe e cuja chegada parece cada vez menos provável.
      Ou então você fica calmo, com uma alegria difusa no coração pela certeza de que ele ou ela vai chegar, que já… está presente. Espera plena.
      É a espera da mãe, de Maria. Ele ainda não nasceu, mas está presente, não em estado inicial, mas todo, inteiro. Sente-o, está vivo, comunica: é ELE.
      Tempo de espera, cheio de sonhos, de vazios sonoros, de projetos, de presente que se deixa moldar pelo futuro e de futuro que se deixa construir pelo presente.
      Tempo de espera que sofre, de uma história iniciada e ainda não realizada, de um mundo em construção, de lágrimas de homens e mulheres, de bocas abertas para um grito muitas vezes inarticulado.
      Ele está e não está. Espera plena é encontrá-lo quando está e quando não está: duas maneiras diferentes de estar com Ele e de abraçá-lo.

25 fevereiro 2020

Ler o Evangelho

Você já leu um Evangelho inteiro, do começo ao fim?
      Normalmente, lemos passagens do Evangelho, ou na missa ou em grupo, ou individualmente. Muitas vezes escolhemos o trecho segundo nossos critérios, exigências e momentos.
      Nada contra. Ou melhor, alguma coisa, sim. Claro, não se pode ler um Evangelho inteiro durante a missa nem numa reunião, e é útil aprofundar uma parte dele na reflexão e na oração.
      Mas os evangelistas escreveram, cada um segundo certo ângulo, uma história para apresentar a figura de Jesus, que se pode captar somente por meio da leitura completa do livro. O objetivo é que nós, leitores, leiamos cada um dos escritos segundo a intenção com a qual o redigiram e não o manipulemos a nosso bel-prazer. Devemos descobrir a mensagem que eles nos quiseram transmitir, colocando-nos numa atitude humilde de escuta. E isso só é possível se seguirmos a pista da narração que eles construíram.
      Caso contrário, corremos o risco de conhecer apenas fragmentos de Jesus e não o Jesus na íntegra. Muitas vezes, fragmentos conforme nossa preferência. Uma leitura global do Evangelho é surpreendente, revela um perfil de Jesus às vezes inesperado, no seu conjunto e nos detalhes, provocante, na “contramão”, que nos dribla.
      É Ele que se apresenta diante de nós no contexto em que viveu, com as pessoas que encontrou, que nos diz quem Ele é, quais são suas opções, seus critérios. Antes que tomemos a iniciativa de afirmar: “Jesus é assim”.
      Então, vamos ler um Evangelho inteiro?

24 fevereiro 2020

A unidade e não outra coisa

    De um discurso aos responsáveis do Movimento dos Focolares no mundo
    Rocca de Papa, 5 de outubro de 1981
    Toda vez que nos perguntam como se poderia definir a nossa espiritualidade e qual a diferença entre o dom que Deus concedeu ao nosso Movimento e aqueles com que embelezou e adornou a Igreja dos nossos dias ou através dos séculos, não hesitamos em afirmar: a unidade.
    A unidade é a nossa vocação específica. A unidade é o que caracteriza o Movimento dos Focolares. A unidade, e não outras ideias ou palavras que, de alguma forma, podem exprimir outras divinas e esplêndidas maneiras de caminhar para Deus, como, por exemplo, a “pobreza” para o movimento franciscano; ou ainda, a “obediência” para os jesuítas, “o pequeno caminho” para quem segue Santa Teresa de Lisieux, a “oração” para os carmelitas de santa Teresa de Ávila, e assim por diante. Para nós, o que há de mais característico é justamente a unidade.
    A unidade é a palavra síntese da nossa espiritualidade. A unidade, que para nós encerra todas as outras realidades sobrenaturais, toda e qualquer outra prática ou mandamento, qualquer outra atitude religiosa

23 fevereiro 2020

Tenham em mente uma só ideia

De uma carta às jovens que seguia
    Fim do ano de 1947
    Tenham em mente uma só ideia.
    Sempre foi uma só ideia que fez os grandes santos.
    E a nossa ideia é esta: unidade.
    “Sim, Pai!” Somos Jesus! Imagens Dele, e repetimos a cada momento presente à Sua vontade: Sim, Pai!
    Sim, sim, sim, sempre e somente sim.
    Esse sim fará de vocês participantes da nossa unidade, que existe somente em Deus. [...]
    Unidade: comunicação contínua e direta com Deus, com a mortificação radical, no momento presente, de tudo aquilo que não é Deus. Quero somente Deus. Só Ele é tudo!
    Unidade: entre nós, nesta comunidade maravilhosa de pessoas espalhadas pelo mundo, compacta e fechada unicamente pelo amor de Deus

22 fevereiro 2020

O programa

Lendo a oração de Jesus (cf. Jo 17), Chiara Lubich entende imediatamente que esse é o projeto de vida e o programa ao qual dedicar-se completamente.
    
    De uma mensagem aos jovens reunidos na Mariápolis permanente de Loppiano (Florença)
    Rocca de Papa, 26 de abril de 1999


    [Vocês me fizeram uma pergunta:] Como começou essa aventura da unidade?
    Queridos, começou quando, não eu, mas um Outro quis assim.
    Não sei se vocês sabem que, de tempos em tempos, chegam dons à terra: o nome deles é carismas.
    Provêm Daquele que rege a história e a conduz para um objetivo bem preciso: o bem, fazendo confluir para ele inclusive tudo aquilo que de triste, nós, homens e mulheres, podemos realizar neste mundo.
    É Deus, Deus que é amor, no qual muitos de nós acreditamos de modo muito forte.
    Pois bem, um dia, muitos anos atrás, um desses carismas chegou também aqui.
    Graças a ele, entendemos que existia sobre nós, jovens de então, um desígnio maravilhoso, uma incumbência, quase uma missão: trabalhar na vida que nos era dada para que todos sejam uma só coisa, pondo em movimento o amor, em nosso coração e no coração dos outros.
    Fantasia? Utopia?
    Certamente não, já que Jesus pediu, um dia, a seu Pai no céu justamente isto: “Que todos sejam um”.
    O Pai-Deus de um Filho-Deus, com o qual é um só Deus, podia deixar de ouvir a sua voz?
    Partimos seguros para aquela meta, e agora no mundo, entre crianças, jovens e pessoas adultas, somos milhões e milhões de quase todas as nações existentes. Não podemos contar quantos somos; é uma tarefa impossível.

21 fevereiro 2020

Conforme o modelo de Jesus Crucificado


    A unidade custa sacrifício, custa a morte total do eu. Por isso, as pessoas que a desejam amam Jesus Crucificado como modelo e como vida. Crucificar-se e renunciar a tudo o que se tem e a tudo o que se é para ser como Ele, para ser outro Ele, é a aspiração de todas as pessoas do Movimento dos Focolares e de todos aqueles que formam a comunidade. Sem Ele não há unidade, porque o amor é sacrifício, é Jesus Crucificado: “Amai-vos como eu vos amei” (Jo 15,12).
    

20 fevereiro 2020

Atuar o testamento de Jesus


    Assim, cada um compreendia que devia levar essa unidade ao ambiente que frequentava, e as pessoas da comunidade aumentavam continuamente: famílias se reconstruíam em paz; conventos retomavam o primeiro fervor...
    [...]
    E, então, pelos frutos, verificava-se a verdade das Palavras de Jesus: “Que todos sejam um (...) para que o mundo creia que Tu me enviaste” (Jo 17,21).
    O Evangelho realizava-se ao pé da letra no que dizia respeito à parte de Deus Pai de todos, porque, com a força da unidade, procurávamos resolver cada fato contingente à luz do Evangelho, levado ao pé da letra.
    [...]
    E a Providência manifestava-se claramente a todos os que viam nas circunstâncias tantas outras expressões da Bondade do Pai que move tudo para a santidade deles e para a realização do Seu Reino. E a atmosfera, que antes era fria, e cheia de morte e de dor, aquecia-se, pois em todos havia muita luz porque havia muita caridade, e entre nós não existia “ninguém que tivesse necessidade”. A dor de um era de todos. Os desempregados ficam ocupados, os órfãos tinham tantos pais quantos pais e mães havia na comunidade, os casamentos eram gáudios de paraíso, pois todos participavam da alegria, multiplicando-a, ao passo que as inumeráveis agonias, divididas entre muitos, eram praticamente anuladas.
    [...]
    Enfim, é a realização do testamento de Jesus em que todos procuram ser um com Jesus, como Jesus é um com o Pai e, consequentemente, um entre si; é o ideal evangélico levado para o meio do mundo, assim como no meio do mundo estava Jesus; e os Focolares querem ser instrumentos nas mãos de Deus para a purificação do ambiente com a irradiação da caridade.
    Deus é a caridade, e irradiar a caridade é irradiar Deus. E, para irradiá-lo, é preciso possuí-lo. Deus em nós, portanto; Deus fora de nós.
    E permanecemos no fundamento de todo o Movimento, permanecemos no Ideal que escolhemos para nós no início: Deus. Mas, Deus é tudo: é o princípio e o fim.
   

19 fevereiro 2020

Acenda uma luz

"Quando você encontrar trevas diante de si, não esbraveje contra elas: ao contrário, procure acender uma luz".

Quando alguém errar, não o condene nem ataque: acenda uma pequenina luz diante dele, com seu exemplo.

Nada melhor existe para ajudar aos outros do que mantermos nossa luz acesa; servindo nosso exemplo de farol para guiar o próximo, mostramos-lhe o caminho da subida.

18 fevereiro 2020

A maior dor


      Mas, quase simultaneamente, vemos que, ao adjetivo “crucificado”, vem juntar-se um outro: “abandonado”.
      O que significa isto? Como se deu a manifestação de Jesus Abandonado como vocação específica nossa?
      Em 24 de janeiro de 1944, um sacerdote nos dissera que a maior dor de Jesus foi quando gritou na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mt 27,46; Mc 15,34).
      Na época, ao contrário, o pensamento corrente entre os cristãos era que fora a dor sentida no Getsêmani. Mas nós, tendo uma grande fé nas palavras do sacerdote porque ministro de Cristo, acreditamos que a dor do abandono fora a dor máxima.
      Por outro lado, sabemos hoje que essa convicção está-se tornando patrimônio comum da teologia e da espiritualidade.
     
      O encontro com aquele sacerdote foi uma circunstância extrínseca, mas — constatamos isso agora — era a resposta que Deus dava a uma prece nossa, quando, fascinadas pela beleza do seu Testamento, nós, primeiras focolarinas, todas unidas, havíamos pedido a Jesus, em seu nome, que nos ensinasse a realizar a unidade, que Ele rogara ao Pai antes de morrer.
      E até hoje, nestes cinqüenta e seis anos de vida do Movimento, sempre experimentamos que é justamente o amor a Jesus crucificado e abandonado aquilo que possibilita colocar em prática a unidade.

17 fevereiro 2020

A parte que nos cabe

      Mas, para usufruir de tanta graça, o homem também deve fazer uma pequena parte. Antes de mais nada, deve aceitar na fé este dom de Deus, que lhe é transmitido no Batismo. Nele, fomos mortos e sepultados com Cristo. E, por ele, ressuscitaremos.
      Além disso, Deus nos deu também um corpo para que, por meio dele, lhe obedeçamos.
      Uma obediência que significa cumprir a sua vontade, já que fomos santificados e transformados em irmãos de Jesus.
      Daqui provém a nossa possibilidade de fazer também da nossa vida um sacrifício.
      Paulo assim se expressava:
      Eu vos exorto, pois, irmãos, em nome da misericórdia de Deus, a vos oferecerdes vós mesmos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este será o vosso culto espiritual. (cf. Rm 12,1)

16 fevereiro 2020

Jesus Abandonado, mestre da unidade

      No abandono, Jesus é mestre de unidade, da unidade divina.
      O Estatuto do Movimento dos Focolares, documentando uma longa experiência de vida, diz que os membros da Obra,
      … em seu empenho para atuar a unidade, amam com predileção — e procuram viver em si mesmos — Jesus crucificado que, no auge de sua paixão, ao gritar: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mc 15,34; Mt 27,46), fez-se artífice e caminho da unidade dos homens com Deus e dos homens entre si.
      O amor a Jesus crucificado e abandonado — divino modelo para todos aqueles que desejam trabalhar pela unidade dos homens com Deus e dos homens entre si — leva os membros da Obra àquele desapego exterior e sobretudo interior, que é necessário para realizar toda e qualquer unidade sobrenatural. (Art. 8)

15 fevereiro 2020

Jesus Abandonado, nosso irmão

      No abandono, reduzindo-se Jesus, por assim dizer, a um simples homem, torna-se nosso irmão. Mas, sendo Deus, elevou a nossa convivência a uma fraternidade sobrenatural, fez-nos um com Ele: “Eu neles e Tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade” (Jo 17,23).
      Pois, tanto o Santificador quanto os santificados, todos, descendem de um só; razão porque não se envergonha de os chamar irmãos. (Hb 2,11)
      Também nós notamos muitas vezes que Jesus, após a ressurreição, chamava os seus discípulos de irmãos.
      “Não temais! Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galiléia” (Mt 28,10).
     

14 fevereiro 2020

Jesus Abandonado, o Redentor

      No abandono, Jesus é a figura mais autêntica, mais genuína, mais plena, mais expressa do Redentor. Aqui a redenção tem o seu ápice.
      Diz Pasquale Foresi:
      Jesus Abandonado é o símbolo, é o sinal, é a indicação precisa dessa redenção. Mesmo que a redenção se tenha processado em todas as dores espirituais e físicas de Jesus, a dor maior, a que simboliza toda a redenção, teve lugar no momento em que Ele sentiu a separação do Pai. Naquele instante Ele reuniu a humanidade ao Pai.
      Portanto, pode-se ver em Jesus Abandonado a dor típica com a qual se consumou a redenção do gênero humano. (Foresi, 1988, pp. 56-57)
      No Horto, Jesus se preparava para cumprir a redenção. A sua ressurreição é fruto de sua morte física, mas sobretudo espiritual.
      No abandono Jesus é, em ato, o Redentor; é o Mediador: tendo-se feito nada, une os filhos ao Pai.

13 fevereiro 2020

Jesus abandona-se novamente ao Pai

      Mas, justamente porque humanidade e divindade em Cristo são uma coisa só, pois Jesus é Deus, Ele tem a força de superar esta imensa provação, grande como Deus, e, no mesmo grito, em que todo o poder do Amor onipotente está velado mas abrangido, abandona-se novamente ao Pai, unindo-se de novo com Ele.
      Não fora Jesus Deus, isto não teria sido possível. Por isso é que no abandono Ele mais do que nunca se revela Deus1.
      Nessa dor, e por ela, é que Jesus cumpre tudo o que devia: “Consummatum est”2.
      Diz João Paulo II, sempre na Salvifici doloris:
      Junto com esse peso horrível medindo o mal “total” de voltar as costas a Deus, contido no pecado, Cristo, mediante a divina profundidade da união filial com o Pai, percebe de modo humanamente inexprimível este sofrimento que é o desapego, a repulsa do Pai, o rompimento com Deus. Mas exatamente por meio deste sofrimento, Ele realiza a redenção e pode dizer, ao expirar: “Tudo está consumado” (cf. Jo 19,30). (SD, 18)
      Por esta dor também a sua humanidade ressurgirá glorificada e será digna de subir à direita do Pai. E, por esta dor, particularmente, os homens se tornam filhos de Deus.
      É o pensamento de são João da Cruz:
      Nessa hora em que sofria o maior abandono sensível, [Ele] realizou a maior obra que superou os grandes milagres e prodígios operados em toda a sua vida: a reconciliação do gênero humano com Deus, pela graça. (João da Cruz, 1996, p. 207)

12 fevereiro 2020

Os santos e a cruz

      Por estar muito próximo ainda da passagem de Jesus pela terra, Inácio, bispo de Antioquia, interpreta ao pé da letra as palavras “toma a tua cruz” no caminho para o martírio, e escreve aos Romanos:
      Pedi para mim apenas a força interior e exterior, para que eu não só diga, mas queira ser cristão; não só seja chamado, mas de fato o seja. […] Então, quando o mundo não puder mais ver o meu corpo, serei verdadeiramente discípulo de Jesus Cristo. […] É agora que começo a ser um verdadeiro discípulo. Que nenhuma coisa visível ou invisível me impeça de obter a posse de Jesus Cristo! Fogo, cruz, encontro com as feras, dilaceramentos, esquartejamentos, deslocamentos de ossos, mutilações dos membros, trituração de todo o corpo, os mais perversos suplícios do diabo caiam sobre mim, contanto que alcance a posse de Jesus Cristo. […] Ouvi, antes, o que agora vos escrevo, pois é na plenitude da vida que exprimo meu desejo ardente de morrer. Minhas paixões humanas foram crucificadas, não há em mim fogo para amar a matéria. Não há senão a “água viva” que murmura dentro de mim e me diz: “Vem para o Pai”. (Aos Romanos, 1985, pp. 22-23)
      Os santos, que são os cristãos realizados, apreenderam o segredo, o valor da cruz.
      A propósito, assim diz Grignion de Montfort:
      A Sabedoria, enquanto espera o grande dia do seu triunfo no Juízo Final, quer a cruz como distintivo e arma de todos os eleitos. Com efeito, não acolhe filho algum que não a tenha como distintivo, nem recebe discípulo algum que não a traga na fronte, sem enrubescer; no coração, sem desgosto; e nos ombros, sem arrastá-la ou rejeitá-la […]. Não aceita soldado algum que não a empunhe como uma arma para defender-se e atacar, para desbaratar e esmagar todos os seus inimigos. Grita para eles: “Tende coragem: eu venci o mundo!” (Jo 16,33) […]. Eu, o vosso chefe, venci o meus inimigos com a cruz, e vós também o fareis por meio deste sinal! (Grignion de Montfort, 1990, pp. 204-205)

11 fevereiro 2020

Amar e ser amado

De uma conferência telefônica
      Rocca di Papa, 26 de outubro de 1995

      Para confirmar mais uma vez a nossa espiritualidade coletiva, caiu-me nas mãos nestes últimos dias um livrinho que me foi indicado recentemente.
      É do bem-aventurado Balduíno, que viveu no século XII. Abade cisterciense, tornara-se bispo, depois primaz da Inglaterra e, em seguida, legado pontifício.
      Em seus escritos fala da necessidade de os monges não só viverem bem a solidão (“O beata solitudo o sola beatitudo”: “Ó feliz solidão, ó única felicidade”), mas também de pôr em prática a “comunhão” com os irmãos. […]
      Em tratados maravilhosos pouco conhecidos, ele afirma, entre outras coisas, que a caridade, que o Espírito Santo difundiu em nosso coração, tem uma exigência: chama para a reciprocidade quem a vive. De fato, diz ele: “Age sempre de modo que aquele que é amado ame, por sua vez”.
      Enfim, quem ama quer partilhar com o amado não só tudo o que possui (bens materiais e espirituais), mas também o próprio amor.
      Então, para o bem-aventurado Balduíno, existe o amor daquele que ama e procura a comunhão, que ele chama de “o amor da comunhão”; e a retribuição do amor por parte do amado, que faz nascer entre os dois a “comunhão do amor”.
      Portanto, há um amor da comunhão e a comunhão do amor.
      Realizar desde agora essa comunhão é predispor-se para a vida futura, no Céu, onde o amor mútuo será lei.
      A “comunhão do amor”, segundo ele, conduz à beatitude possível de experimentar na terra.
É a nossa experiência: trata-se da alegria da unidade, efeito do mútuo amor, que é vontade de Deus para todos nós.
      De fato, Jesus não disse apenas: “amai”, mas “amai-vos”; portanto, pediu um amor que vai e vem.
      O amor que Jesus trouxe à terra exige a reciprocidade, quer que se viva a “comunhão do amor”.

10 fevereiro 2020

Comunhão de almas

Respostas de um encontro ecumênico com Bispos
Welwyn Garden City (Londres), 20 de novembro de 1996
      Faz-se uma comunhão das riquezas espirituais, porque está escrito que “é bom manter ocultos os tesouros do rei; porém, é ótimo revelá-los” [cf. Tb 12,7]. Então, nós dizemos: É preciso mantê-los escondidos, para não “dar” – como diz o Evangelho – “as coisas santas aos cães” [cf. Mt 7,6], mas é preciso revelá-las quando, no entanto, é o momento oportuno. Por exemplo: entre nós, dispomo-nos na sexta-feira, entre nós focolarinas, no meu focolare, todas juntas. Então, eu digo alguma coisa sobre como passei a semana, coisas alentadoras que tive a impressão de entender, talvez dificuldades que superei, ou que tive dificuldade em superar, ou como entendi melhor Jesus Abandonado, ou como quero amá-lo, ou o que procurei fazer. As outras fazem a mesma coisa, de modo que é um enriquecimento recíproco dos bens espirituais. Tudo é feito como dádiva de amor. E os outros o aceitam como dádiva de amor. Essa é a comunhão de alma.

09 fevereiro 2020

Criar as condições necessárias

De uma conferência telefônica
      Suíça, 13 de setembro de 1990

      Devemos antes criar as condições necessárias, suscitar a atmosfera adequada para, depois, poder dizer ao outro, com coragem: “Eu – com a graça de Deus – quero estar pronto a morrer por você”. E, por sua vez, poder ouvir: “E eu, por você”.
      Depois devemos agir com coerência, atiçando o fogo do amor com relação a cada próximo. Desse modo, vivemos também a Palavra de Vida do mês de setembro que diz: “Não fiqueis devendo nada a ninguém… a não ser o amor que deveis uns aos outros, pois quem ama o próximo cumpre plenamente a Lei” (Rm 13,8).

08 fevereiro 2020

Nas alegrias e nas dores

      Chiara Lubich escreveu este pensamento para uma conferência telefônica, no final do encontro anual dos dirigentes do Movimento.

      Outubro de 2005

      Quando Gis veio encontrar-me e me pediu uma mensagem, escrevi “Ser sempre família”.
      E parece-me que o mês de outubro foi a ocasião especial para criá-la entre os responsáveis do Movimento no coração da Obra. […]
      Se eu disse uma vez que o amor de uma mãe (sem limites, desinteressado, que perdoa sempre, que tudo espera…) é o mais semelhante ao amor divino; se o amor de um pai é o amor no qual você pode apoiar-se, que lhe dá segurança; se o amor fraterno lhe dá coragem e ideais comuns para encarar a vida, o nosso “amor mútuo” deve abranger todos esses sabores!
      Ao voltar ao mundo, não percamos nunca a realidade de fazer parte de uma família maravilhosa vinculada pelo Espírito Santo!
      Resguardemo-la com a sua intimidade, com a participação nas alegrias e nas dores dos seus componentes, como é próprio de toda família. Mantenhamos vivo o objetivo pelo qual Deus fez nascer nossa Família, a Obra: testemunhar a unidade.
      Uma unidade como na Santíssima Trindade, foi o que Jesus pediu (cf. Jo 17,21). Que objetivo divino, excelso!
      Ou, transferida para a terra, uma unidade como na família de Nazaré!

07 fevereiro 2020

Amar Jesus abandonado nas dificuldades

De uma carta a Padre Massimei 
23 de abril de 1948 

Jesus Crucificado e Abandonado! Ele é tudo! Se o mundo o conhecesse! Se aqueles que seguem a unidade o acolhessem como única meta, como único tudo! Então, a unidade nunca mais teria desequilíbrios, nunca mais teria rupturas. Procure abraçá-lo, Padre. Se eu não o tivesse tido nas provações da vida, não haveria a unidade; a menos que Jesus não tivesse querido suscitá-la igualmente em outros lugares.

06 fevereiro 2020

Não passa

      “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt 19,24). O rico que não procede como Jesus quer põe em jogo a eternidade. Mas, somos todos ricos enquanto Jesus não viver em nós em toda a sua plenitude.
      Até o mendigo que carrega na mochila um naco de pão e pragueja se alguém tocar nela não é menos rico do que os outros. O seu coração está apegado a alguma coisa que não é Deus e se não se fizer pobre, pobre segundo o Evangelho, não passará no Reino dos Céus. O caminho lá para cima é estreito, e por ele só passa o nada.
      Há quem seja rico de ciência, e essa empáfia impede que ele passe para o Reino e que o Reino passe para ele; por isso, o Espírito da Sabedoria de Deus não tem lugar em sua alma.
      Há quem seja rico de presunção, de vanglória, de afetos humanos e, enquanto não larga tudo, não é conforme Deus. Tudo se deve extirpar do coração, para nele se colocar Deus e a Criação segundo a ordem de Deus.
      Há quem seja rico de preocupações e não sabe pô-las no Coração de Deus, vivendo atormentado. Não tem a alegria, a paz, a caridade, que são do Reino dos Céus.
      Não passa.

05 fevereiro 2020

Crer, suportar tudo

“Fazer-se um” contém todas as qualidades que são Paulo enumera em seu hino à caridade.De fato, para “fazer-se um” é necessário ser longânime, que etimologicamente significa falto de toda impaciência.Quando “nos fazemos um”, certamente queremos o bem.Muito longe de tal atitude está a inveja.Para “nos fazermos um”, não podemos nos inchar de orgulho, mas, ao contrário, é preciso esvaziar-nos de nós mesmos.Pensamos só no outro e, assim, não há lugar para a ambição ou para o egoísmo.Quando “nos fazemos um” não nos irritamos, porque é necessária muita calma; não pensamos mal, porque “nos fazemos um” esperando justamente que no outro triunfe o bem, a justiça, a verdade.“Fazer-se um” é sofrer, crer, suportar tudo.

04 fevereiro 2020

Tudo menos o pecado

      Até que ponto devo “fazer-me um” com cada próximo para amá-lo, para servi-lo, para chegar, cedo ou tarde, à unidade? É o próprio Jesus quem nos dá a resposta. Ele “se fez um” conosco, fazendo-se homem; depois, experimentou nosso cansaço, nosso sofrimento, experimentou até a morte. Experimentou tudo o que se refere à nossa condição, menos o pecado.
      Assim também nós: devemos “nos fazer um” com quem quer que encontremos no momento presente da vida. Viver suas preocupações, suas dores, suas alegrias, todas as coisas, menos o pecado.
      Então, e somente assim, esse modo cristão de amar será abençoado e fecundo. E muitos corresponderão. E o círculo de quem quer Deus como ideal se ampliará em torno de cada um de nós, como os círculos formados por uma pedra jogada na água.

03 fevereiro 2020

A intercessão

      Diante do Pai Jesus ora pelos seus discípulos. Insere-os no círculo da comunhão trinitária. O dom da glorificação e o preço da oblação têm como fruto os bens que Jesus pede ao Pai para os seus discípulos, alargando o olhar a todos aqueles que pela sua palavra crerão Nele e conhecerão o Pai.
      A intercessão é uma forma de manifestar o próprio fruto da oblação e da glorificação, e o sentido último do sacrifício que será oferecido e terá como fruto uma abundante graça de redenção e de santificação.
      A súplica faz-se intensa e rica nos bens que o Filho pede ao Pai. Inicia com estas palavras: “Por eles eu rogo…” (Jo 17,9) e exprime-se em uma série de pedidos. Pede que o Pai os guarde em seu nome, mas com uma finalidade ainda maior, como uma espécie de vértice anunciado e reproposto até o fim da oração: “para que sejam um como nós” (Jo 17,11).
      Insistentes são as súplicas do Filho: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno…” (Jo 17,15); “consagra-os na verdade…” (Jo 17,17), para que eles, participando da mesma consagração do Filho (no Espírito), tenham a plenitude da sua glória…
      O vértice anunciado, o cume da intercessão, explicita-se em uma espécie de retorno contínuo ao centro e ao vértice, ao máximo dos bens que podem ser alcançados: “a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti”, “para que sejam perfeitos na unidade” (Jo 17,21.23), em uma perspectiva universal, como universal é o oferecimento de Jesus, pela salvação de todos (Jo 17,20). Jesus pede a plenitude da vida trinitária, vivida por Ele nos apóstolos e em todos os que virão e entre eles: “Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia…” (Jo 17,21-23). Uma oração que tem a dimensão escatológica de uma salvação na perene comunhão com o Filho: “aqueles que me deste quero que, onde eu estou, também eles estejam comigo, para que contemplem a minha glória…” (Jo 17,24). A intercessão de Jesus é universal, e pede o máximo, a perfeita comunhão trinitária como fruto e dom da oferta de si mesmo.
      Na perspectiva da oração eucarística de Jesus, explicita-se o sentido que os Sinóticos e Paulo dão ao sacrifício de Jesus e ao dom da Eucaristia: oferta sacrifical, sacrifício da nova aliança, remissão dos pecados e dom do Espírito. Tudo é dito com o máximo de audácia: fruto da oblação redentora de Cristo é a comunhão de todos na vida trinitária, na terra e no céu.
      A oração eucarística de Jesus transpõe os séculos e chega a todos. Na celebração da Eucaristia, as várias intercessões pelos vivos e pelos defuntos, com sua dimensão escatológica da salvação final para todos, dos novos céus e das novas terras, interpretam o desejo e a oração ardente de Cristo: que todos sejamos um na comunhão trinitária!

02 fevereiro 2020

A glorificação

      Jesus glorifica o Pai e pede que Ele o glorifique. É uma atitude típica da oração de bênção que supõe reconhecimento, o perfeito conhecimento e a recíproca manifestação do Pai e do Filho, a comunicação da glória de Deus. Ressoa a linguagem da glorificação mútua ao longo de toda a oração. Uma glorificação que ainda deve ser cumprida na cruz e na ressurreição. O Filho glorifica o Pai, narrando o que o Pai é e o que fez pelo Filho, e o que aconteceu com os discípulos.
      Trata-se de uma glorificação no cumprimento da sua vontade e do seu desígnio. O Filho reza glorificando o Pai com uma atitude filial de conhecimento e de reconhecimento, de agradecimento final e de bênção… O Pai aparece como a fonte de todo bem, de quem vêm todas as coisas, todas as palavras que Jesus recebeu e comunicou, todo o conhecimento que Ele transmitiu do seu nome, a revelação da paternidade de Deus que Nele se realizou.
      A oração de ação de graças e de glorificação é fundamental em toda oração eucarística, é o que está presente no coração da Igreja que agradece e glorifica o Pai.

01 fevereiro 2020

Levantando os olhos para o céu

A oração de Jesus inicia-se com uma passagem da palavra à oração: ”Assim falou Jesus, e, erguendo os olhos ao céu, disse: Pai…” (Jo 17,1). Agostinho comenta essa passagem com esta anotação: “O Senhor Unigênito… poderia ter orado em silêncio, mas Ele quis manifestar-se em atitude de oração ao Pai, para ser nosso Mestre. Quis fazer-nos conhecer a oração que por nós dirigiu ao Pai. De fato, os discípulos deviam encontrar motivo de edificação não somente no discurso que tal mestre lhes dirigia, mas também na oração que por eles dirigia ao Pai; e assim, ao ler o que os discípulos de Jesus escreveram, podemos nós também edificar-nos com a sua oração”.
      Segue o gesto ritual, próprio da oração: levantar os olhos ao céu. Assim fez Jesus na oração ao Pai antes da ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,41); assim fazia em outras ocasiões, quando orava, como afirmam os Sinóticos. Estranhamente em nenhum dos relatos da instituição figura esse gesto, que provavelmente era também o gesto ritual da oração do pai de família na bênção dos alimentos. João é o único que, neste contexto, recorda o gesto de Jesus ligado à invocação do Pai.
      Todavia, esse olhar de Jesus voltado ao Pai passou a fazer parte de muitas orações eucarísticas do Oriente e do Ocidente, como um dos gestos que fazem parte do relato da instituição da Eucaristia, indicando certa ligação entre a oração sacerdotal e a oração eucarística. Assim, o Cânon Romano, que na suas expressões fundamentais remonta ao século III, faz referência ao gesto de Jesus de olhar para o céu, ao invocar o Pai, como se encontra já em santo Ambrósio: “Levantando os olhos ao céu a ti, Deus, seu Pai onipotente…”. A antiquíssima anáfora das Constituições Apostólicas recorda: “Levantando os olhos ao céu, em direção a ti, seu Pai…”. Com o olhar fixo no Pai Jesus eleva a sua oração.