Mas, justamente porque humanidade e divindade em Cristo são uma coisa só, pois Jesus é Deus, Ele tem a força de superar esta imensa provação, grande como Deus, e, no mesmo grito, em que todo o poder do Amor onipotente está velado mas abrangido, abandona-se novamente ao Pai, unindo-se de novo com Ele.
Não fora Jesus Deus, isto não teria sido possível. Por isso é que no abandono Ele mais do que nunca se revela Deus1.
Nessa dor, e por ela, é que Jesus cumpre tudo o que devia: “Consummatum est”2.
Diz João Paulo II, sempre na Salvifici doloris:
Junto com esse peso horrível medindo o mal “total” de voltar as costas a Deus, contido no pecado, Cristo, mediante a divina profundidade da união filial com o Pai, percebe de modo humanamente inexprimível este sofrimento que é o desapego, a repulsa do Pai, o rompimento com Deus. Mas exatamente por meio deste sofrimento, Ele realiza a redenção e pode dizer, ao expirar: “Tudo está consumado” (cf. Jo 19,30). (SD, 18)
Por esta dor também a sua humanidade ressurgirá glorificada e será digna de subir à direita do Pai. E, por esta dor, particularmente, os homens se tornam filhos de Deus.
É o pensamento de são João da Cruz:
Nessa hora em que sofria o maior abandono sensível, [Ele] realizou a maior obra que superou os grandes milagres e prodígios operados em toda a sua vida: a reconciliação do gênero humano com Deus, pela graça. (João da Cruz, 1996, p. 207)
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