03 fevereiro 2020

A intercessão

      Diante do Pai Jesus ora pelos seus discípulos. Insere-os no círculo da comunhão trinitária. O dom da glorificação e o preço da oblação têm como fruto os bens que Jesus pede ao Pai para os seus discípulos, alargando o olhar a todos aqueles que pela sua palavra crerão Nele e conhecerão o Pai.
      A intercessão é uma forma de manifestar o próprio fruto da oblação e da glorificação, e o sentido último do sacrifício que será oferecido e terá como fruto uma abundante graça de redenção e de santificação.
      A súplica faz-se intensa e rica nos bens que o Filho pede ao Pai. Inicia com estas palavras: “Por eles eu rogo…” (Jo 17,9) e exprime-se em uma série de pedidos. Pede que o Pai os guarde em seu nome, mas com uma finalidade ainda maior, como uma espécie de vértice anunciado e reproposto até o fim da oração: “para que sejam um como nós” (Jo 17,11).
      Insistentes são as súplicas do Filho: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno…” (Jo 17,15); “consagra-os na verdade…” (Jo 17,17), para que eles, participando da mesma consagração do Filho (no Espírito), tenham a plenitude da sua glória…
      O vértice anunciado, o cume da intercessão, explicita-se em uma espécie de retorno contínuo ao centro e ao vértice, ao máximo dos bens que podem ser alcançados: “a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti”, “para que sejam perfeitos na unidade” (Jo 17,21.23), em uma perspectiva universal, como universal é o oferecimento de Jesus, pela salvação de todos (Jo 17,20). Jesus pede a plenitude da vida trinitária, vivida por Ele nos apóstolos e em todos os que virão e entre eles: “Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia…” (Jo 17,21-23). Uma oração que tem a dimensão escatológica de uma salvação na perene comunhão com o Filho: “aqueles que me deste quero que, onde eu estou, também eles estejam comigo, para que contemplem a minha glória…” (Jo 17,24). A intercessão de Jesus é universal, e pede o máximo, a perfeita comunhão trinitária como fruto e dom da oferta de si mesmo.
      Na perspectiva da oração eucarística de Jesus, explicita-se o sentido que os Sinóticos e Paulo dão ao sacrifício de Jesus e ao dom da Eucaristia: oferta sacrifical, sacrifício da nova aliança, remissão dos pecados e dom do Espírito. Tudo é dito com o máximo de audácia: fruto da oblação redentora de Cristo é a comunhão de todos na vida trinitária, na terra e no céu.
      A oração eucarística de Jesus transpõe os séculos e chega a todos. Na celebração da Eucaristia, as várias intercessões pelos vivos e pelos defuntos, com sua dimensão escatológica da salvação final para todos, dos novos céus e das novas terras, interpretam o desejo e a oração ardente de Cristo: que todos sejamos um na comunhão trinitária!

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