17 fevereiro 2018

De uma aula na ocasião do recebimento do doutorado

De uma aula na ocasião do recebimento do doutorado h.c. em Psicologia

Malta, 26 de fevereiro de 1999

Psicologicamente, para um indivíduo não é possível ter o “senso da própria identidade”, se não há outros que o reconheçam como sujeito. Psicólogos de todas as tendências afirmam que os homens têm necessidade de confirmar-se mutuamente em seu ser individual, mediante encontros e contatos genuínos. De fato, temos necessidade de nos sentirmos e de sermos reconhecidos “diferentes”, para podermos ser um dom para os outros. Mas para ser dom pessoal é necessário entrar em comunhão. E aqui está a diferença entre os chamados “grupos psicológicos” e a comunidade cristã como é concebida por Jesus. Um grupo psicológico é composto de indivíduos que se associam em vista de alguma finalidade específica (clube esportivo; associação civil, política ou religiosa; sindicatos; colégios; seminários...) e que, por isso, interagem limitando-se aos interesses comuns que buscam atingir; de forma que, em relação a todo o resto, cada um permanece fechado em si mesmo. A comunidade cristã, pelo contrário, não se forma a partir de motivações extrínsecas, mas pela natureza do amor, que gera comunhão. E que esta seja possível é um dado de experiência. É evidente que a motivação para realizá-la vem do convite de Jesus “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei...”; “...que sejam um...”, e é de natureza religiosa; mas os efeitos psicológicos são extraordinários: cada um, sendo relação de amor para os outros, realiza-se de fato como pessoa autêntica.

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