De uma aula na ocasião do recebimento do doutorado h.c. em Psicologia
Malta, 26 de fevereiro de 1999
Psicologicamente, para um indivíduo não é possível ter o “senso da própria identidade”, se não há outros que o reconheçam como sujeito. Psicólogos de todas as tendências afirmam que os homens têm necessidade de confirmar-se mutuamente em seu ser individual, mediante encontros e contatos genuínos. De fato, temos necessidade de nos sentirmos e de sermos reconhecidos “diferentes”, para podermos ser um dom para os outros. Mas para ser dom pessoal é necessário entrar em comunhão. E aqui está a diferença entre os chamados “grupos psicológicos” e a comunidade cristã como é concebida por Jesus. Um grupo psicológico é composto de indivíduos que se associam em vista de alguma finalidade específica (clube esportivo; associação civil, política ou religiosa; sindicatos; colégios; seminários...) e que, por isso, interagem limitando-se aos interesses comuns que buscam atingir; de forma que, em relação a todo o resto, cada um permanece fechado em si mesmo. A comunidade cristã, pelo contrário, não se forma a partir de motivações extrínsecas, mas pela natureza do amor, que gera comunhão. E que esta seja possível é um dado de experiência. É evidente que a motivação para realizá-la vem do convite de Jesus “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei...”; “...que sejam um...”, e é de natureza religiosa; mas os efeitos psicológicos são extraordinários: cada um, sendo relação de amor para os outros, realiza-se de fato como pessoa autêntica.
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