“Não os chamo mais servos […] mas amigos” (Jo 15,15).
Na véspera da sua paixão, Jesus quer passar um momento de intimidade única com seus companheiros. Quer “estar” com eles, fitá-los nos olhos, abrir-lhes seu coração. Ele lhes havia revelado coisas que não dizia ao povo, mas aqui diz: “tudo o que ouvi do meu Pai eu vos dei a conhecer” (Ibidem).
Mas é uma intimidade que vai além Dele e dos Apóstolos: Ele os introduz no Pai. Veio para isso, para realizar o homem além da sua dimensão, para fazê-lo desembocar no mar de Deus.
Por isso reza, segura os discípulos nas mãos (“eu os guardava no teu nome”, Jo 17,12) e os mergulha na Trindade. Não pode ser fruto de uma ação, mas é somente dom gerado pela oração: acontece entre o Filho e o Pai e trasborda nos discípulos. A intimidade é aquilo que acontece em Deus e se escancara e abraça o homem: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti” (Jo 17,21).
Os discípulos devem unicamente acolher a dádiva: “Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13,34). Não fazer, e sim deixar que Ele faça neles, que continue neles e entre eles.
Mas existe o cume da intimidade: “Tomai e comei… tomai e bebei”. É a identificação, a transformação Nele: “Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56). É o amor que se faz nada, para que o outro exista. Jesus realiza isso para que façamos o mesmo. A Eucaristia é uma multiplicação de amor, para invadir a terra.
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