O Espírito revira Babel. A humanidade, que havia caminhado na direção centrífuga da dispersão, afastando-se do ponto de unidade, volta sobre seus passos como que sugada por uma força centrípeta. Circula entre todos um meio de comunicação comum, entendem-se entre si, embora vindos dos pontos mais distantes do mundo então conhecido.
O milagre do Espírito Santo é que realiza a unidade, respeitando a diversidade. Para nós, ou existe a uniformidade ou a divisão, ou a ditadura ou a anarquia, ou pensamento único ou o relativismo. “Todos devem pensar como eu – cada um pense como quiser”.
Isso acontece também nos relacionamentos do dia a dia: todos temos um pouco do adulto autoritário e do adolescente rebelde. Esticados nesta contradição, sofremos sonhando a harmonia.
A unidade é unicamente dom do Espírito Santo, que faz de muitos um só, o Cristo. Não uma sociedade, uma comunidade, uma organização perfeita, mas um corpo. Em Cristo, você sou eu e eu sou você. Um e muitos, o um não de uma cor só, mas na variedade e harmonia de diferentes cores. O outro, o diferente, não é perigo, antagonista do qual tenho de me defender, mas a parte de mim que me falta para ser (completo), o que me realiza. “Você é minha beleza, minha bondade, minha verdade”. Em todos os relacionamentos: entre pais e filhos, esposo e esposa, irmãos, entre amigos, direita e esquerda, brasileiros e estrangeiros, católicos e protestantes, cristãos e judeus, budistas, muçulmanos, crentes e ateus…
O perigo consiste na pretensão de engaiolar o Espírito Santo a nosso bel-prazer. Mas Ele não se deixa segurar; será nosso somente se nos deixarmos agarrar por Ele, se nos deixarmos levar pelo seu vento e queimar pelo seu fogo.
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