Imagino que, quando Adão e Eva pecaram, Deus foi pego no contrapé: “Mas como? Eu concentrei neles toda minha fantasia criadora, depositei neles minha completa confiança! Como é possível?!”
Seu amor foi posto à prova: até onde?
Foi então que Ele descobriu em si uma qualidade que – creio − não sabia possuir. Sem dúvida, Ele sabia ser amor; seu amor, no entanto, não tinha deparado com o mal. Na verdade, fora desafiado pelos anjos rebeldes, que haviam tentado destroná-lo. Ele os havia excluído de si. Mas o homem havia-lhe causado pena; fora enganado pela astúcia da serpente e caiu na primeira ocasião.
Então Deus olhou profundamente para dentro de si mesmo, nas dobras mais escondidas do seu ser – amor – e disse à serpente: “Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela: ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15). Uma luz dilacerou o fundo da escuridão do fracasso humano e devolveu a Deus a esperança: era a misericórdia.
Ele podia afirmar de novo o domínio sobre o mal e recuperar seu projeto.
Deus se alegra todas as vezes que exerce a misericórdia – “há alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se arrependa” (Lc 15,10) –, sente que seu amor alcança o ápice. Porque naquele momento é plenamente Deus-Amor.
Deus se alegra todas as vezes que exerce a misericórdia – “há alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se arrependa” (Lc 15,10) –, sente que seu amor alcança o ápice. Porque naquele momento é plenamente Deus-Amor.
É o totalmente novo como alternativa ao velho – monótono, sem esperança – do mal. A nova Criação, do nada – sujo e doente –, do mal.
Diz uma magnífica oração da liturgia: “Ó Deus, que revelais a Vossa onipotência sobretudo com a misericórdia e com o perdão”.
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