Deixa que eu te diga: “Tu és exagerado! Imprevisível! Nunca se viu algo assim!”
Vamos ver? O homem, criado por ti por amor, virou-te as costas. E Tu? Correste atrás do homem, repetindo continuamente que o amas.
Tu não exiges que o homem tente subir até teus pés para se humilhar no próprio pecado; desces das tuas celestes moradas e te fazes um de nós, pobre, trabalhador, anônimo.
Tens três anos de notoriedade, mas não no palácio do rei ou no templo, porém entre os marginalizados, os desonestos, as prostitutas. Em alguns momentos, querem fazer-te rei por aclamação; Tu foges.
E como acabas? Aqui está o cúmulo do exagero – ou do absurdo? Condenado como um criminoso, fracassado, injuriado. A morte mais humilhante e dolorosa.
As dores, exatamente. Uma decapitação não dói muito e é rápida. Não, Tu quiseste provar todas as dores físicas e morais. Não havia um ponto de teu corpo e de tua alma que não estivesse ferido. Sozinho e abandonado por aqueles que havias beneficiado, pelos amigos.
E pelo Pai. Também o Pai virou-te as costas? “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46). É a pergunta mais terrível jamais lançada. O exagero das trevas.
Mas eram necessários esses exageros para abraçares todo o negativo − exagerado − da humanidade e redimi-la. Quanto mais o homem exagera no mal, tanto mais Tu exageras no amor, porque não aceitas ser vencido.
Porque é questão de amor: exagerado e imprevisível…
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