Jesus tem preferências esquisitas. Além dos pobres, dos publicanos e das prostitutas, Ele tem um fraco pelos pagãos. Não costuma exagerar nos elogios, mas, com os pagãos, ele não os economiza.
“Em Israel não achei ninguém que tivesse tanta fé” (Mt 8,10), afirma em relação ao centurião romano que lhe suplicava a cura de seu servo.
“Mulher, grande é tua fé!” (Mt 15,28), responde para a cananeia que, com “esperta” humildade, se identifica com um cachorrinho para lhe arrancar a cura da filha.
Jesus simboliza num samaritano (não pagão, porém cismático e inimigo dos judeus) o exemplo típico do amor ao próximo, em oposição à atitude indiferente dos representantes da religião oficial (cf. Lc 10,29-37). Pessoalmente, não encontra nenhuma dificuldade em conversar publicamente, à beira de um poço, com uma mulher samaritana, suscitando a surpresa dos próprios Apóstolos (cf. Jo 4,27).
O Evangelho põe na boca de um centurião pagão a primeira profissão de fé diante da morte de Jesus: “Verdadeiramente este homem era filho de Deus!” (Mc 15,39).
Poderíamos continuar lembrando casos desse tipo.
Fazem pensar, sobretudo se colocados em comparação com as acusações, os “ais” e as polêmicas de Jesus com os sacerdotes, os doutores da Lei, os escribas e os fariseus, representantes oficiais da religião.
Pode-se dar mais de uma explicação. Eu gosto de pensar que Jesus veio superar toda religião com suas tradições, para colocar no centro da vida a fé e o amor, ou seja, o relacionamento: com Deus e com o homem.
Mas, e a Igreja? Não serve mais? Ela é indispensável. Está a serviço do relacionamento: “Onde dois ou três estiverem unidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18,20).
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