03 março 2020

O aniversário do mundo

“Feliz Ano Novo!… Um Ano Novo abençoado!… Muitas felicidades!”
Um aniversário? Quem é o aniversariante?
2014. Um funcionário do metrô ou da ferrovia? Um preso?
Um número? Mas que brincadeira é esta?
Todos parecem felizes, os supermercados estão cheios, há jantares com amigos em casa ou no restaurante, danças, missas solenes de ação de graças.
Pensei, pensei, para responder. E arrisco: os homenageados somos nós. “Festejamo-nos” todos. Dos avós aos netinhos, do empresário ao trabalhador, do professor ao aluno, do presidente ao morador de rua.
Por quê?
Pela esperança. Trezentos e sessenta e cinco dias diante de nós: que sejam melhores que os trezentos e sessenta e cinco que passaram. Porque tudo é possível; temos uma grande folha branca na qual um artista anônimo pode pintar com as cores mais fascinantes. Talvez nem todos acreditem, mas no fundo esperam…
Mais ainda. É mesmo uma criança que nasce nos nossos braços e olha para nós. É preciosa como uma vida, delicada como uma vida, promissora como uma vida. É um presente.
Mais ainda. Está dentro de nós, no íntimo de cada um de nós. Somos nós. Eu. E você. Nós.
Minha festa, nossa festa. Encontro-me comigo mesmo, com o recém-nascido que sou. Quem sou eu? Quem serei?
Encontramo-nos juntos: quem somos? Quem seremos?
Uma semana antes, uma criança estava nos braços de uma mãe. É quem está em mim, entre nós.
Feliz Ano Novo!

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