12 setembro 2018

Como anjos


            A virgem e um absurdo para o mundo, um enigma para os cristãos indiferentes, uma obra-prima sobrenatural, na realidade.
            A virgem é virgem, se sua vida é unicamente Deus; e só Deus explica a virgem.
Os verdadeiros virgens são imagens de Jesus e Maria, pessoas “divinas”, em que a mulher possui toda a força em si e não pede o apoio do homem, e o homem, toda a completeza em si mesmo... «como os anjos no Céu» (ML 22,30).
            No bar, num clima de intimidade, um casal conversa. E sábado. As famílias saem para a alegria do fim de semana.
            No avião, três amigos trocam impressões e comentários. Todos vivem para aquele momento de voltar para casa, ou de ir para o sítio.
            E a esposa de Deus? A consagrada ao Senhor? Trabalha o dia todo para servi-lo nos outros, mas o adora e o ama, na hora da oração, quando, comunicando-se com Ele, encontra conforto e vigor para atingir os cumes da santidade.
    Quando criaturas eleitas entram para a clausura, parece que estão abandonando alguma coisa no mundo. A verdade é que vão encontrar aquilo que é, e deixam aquilo que não é.
            Todo o vazio está na pompa que elas deixam.
            As virgens!
            Não desposam um homem, mas Deus. Não têm poucos filhos, mas muitos, todos aqueles que o Senhor colocou em seu caminho; filhos a quem elas, como e mais do que a mãe natural, protegem, estimulam, ajudam, aconselham, apoiam, se estão próximos; e sempre aguardam, se distantes; tudo esperando com a caridade que lhes é própria, com a oração junto ao seu Esposo onipotente e onipresente.
            Se, ser virgem exime da maternidade física, sempre implica uma maternidade espiritual, ampla tanto quanto o tecido social beneficiado realmente com seu amor pessoal por Cristo. Ser virgem significa colocar-se no meio de uma multidão, apontando-lhe o Céu com uma das mãos e, com a outra, sustentando-a na provação da vida.
            Ser virgem significa, sem retórica, fazer a parte de Maria, a Mãe de todos, de modo real, concreto, silencioso e sobrenatural, aqui na terra, no seu canto de mundo; porque, se Jesus ficou na terra nos sacerdotes, nos quais, como Sacerdote e vítima, continua a se oferecer ao Pai, pela humanidade inteira, de modo misterioso e divino, Maria ficou na terra nas virgens, que continuam a sua missão de maternidade, de serviço a humanidade, de cooperação com o sacrifício.

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