A virgem e um absurdo para o mundo,
um enigma para os cristãos indiferentes, uma obra-prima sobrenatural, na
realidade.
A virgem é virgem, se sua
vida é unicamente Deus; e só Deus explica a virgem.
Os
verdadeiros virgens são imagens de Jesus e Maria, pessoas “divinas”, em que a
mulher possui toda a força em si e não pede o apoio do homem, e o homem, toda a
completeza em si mesmo... «como os anjos no Céu» (ML 22,30).
No bar, num clima de intimidade, um
casal conversa. E sábado. As famílias saem para a alegria do fim de semana.
No avião, três amigos trocam
impressões e comentários. Todos vivem para aquele momento de voltar para casa,
ou de ir para o sítio.
E a esposa de Deus? A consagrada ao
Senhor? Trabalha o dia todo para servi-lo nos outros, mas o adora e o ama, na
hora da oração, quando, comunicando-se com Ele, encontra conforto e vigor para
atingir os cumes da santidade.
Quando criaturas eleitas entram para a
clausura, parece que estão abandonando alguma coisa no mundo. A verdade é que
vão encontrar aquilo que é, e deixam aquilo que não é.
Todo o vazio está na pompa que elas
deixam.
As virgens!
Não desposam um homem, mas Deus. Não
têm poucos filhos, mas muitos, todos aqueles que o Senhor colocou em seu
caminho; filhos a quem elas, como e mais do que a mãe natural, protegem,
estimulam, ajudam, aconselham, apoiam, se estão próximos; e sempre aguardam, se
distantes; tudo esperando com a caridade que lhes é própria, com a oração junto
ao seu Esposo onipotente e onipresente.
Se, ser virgem exime da maternidade
física, sempre implica uma maternidade espiritual, ampla tanto quanto o tecido
social beneficiado realmente com seu amor pessoal por Cristo. Ser virgem
significa colocar-se no meio de uma multidão, apontando-lhe o Céu com uma das
mãos e, com a outra, sustentando-a na provação da vida.
Ser virgem significa, sem retórica,
fazer a parte de Maria, a Mãe de todos, de modo real, concreto, silencioso e
sobrenatural, aqui na terra, no seu canto de mundo; porque, se Jesus ficou na terra
nos sacerdotes, nos quais, como Sacerdote e vítima, continua a se oferecer ao
Pai, pela humanidade inteira, de modo misterioso e divino, Maria ficou na terra
nas virgens, que continuam a sua missão de maternidade, de serviço a
humanidade, de cooperação com o sacrifício.
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