21 setembro 2018

A IMENSIDÃO DE DEUS


Rocca di Papa, 22/01/87.



Caros amigos,



Desta vez gostaria de comunicarlhes uma pequena experiência que vivi nestes dias. Num momento de repouso, assisti a um documentário sobre a natureza. Ao contrário de outras transmissões feitas pela TV, que muitas vezes trazem à alma a poeira do mundo e deixam no coração um vazio (por isso precisamos ter muita prudência no uso deste veículo de comunicação), este programa produziu um grande efeito em minha alma.

            Contemplando a imensidão do universo, a extraordinária beleza da natureza, a sua potência, elevei-me espontaneamente ao Criador de tudo e compreendi de uma maneira toda original a imensidão de Deus. Esta impressão foi tão forte, tão nova, que me veio até mesmo o desejo de me ajoelhar para adorar, para louvar, para glorificar a Deus. Senti necessidade de fazêlo, como se fosse essa a minha vocação atual.

            E, como que se meus olhos se abrissem agora, compreendi mais do que nunca quem é Aquele a quem escolhemos por ideal, ou melhor, Aquele que escolheu a nós. Descobrio tão grande, tão imenso, a ponto de me parecer impossível que Ele tivesse pensado em nós. Esta impressão da sua grandeza permaneceu em meu coração por dias e dias.

            Dizer agora << santificado seja o vosso nome ... >> ou  <<Glória ao Pai, ao Filho, e ao Espírito Santo>> é muito diferente para mim. É uma necessidade do coração.

Caros amigos, Ottorino deixounos menos de três meses após a morte de Lionello. Ambos concluíram a sua Santa Viagem, como também Marilen, Aldo, Margareth e muitas outras pessoas queridas do nosso Movimento 1. Qual a tarefa deles agora no Céu, onde espero se encontrem (inclusive pela ajuda que todos nós juntos pudemos darlhes)?

            Para os habitantes do Céu, a principal tarefa é louvar a Deus, glorificálo, adorálo. Agora eles o vêem e não podem deixar de expressar todo o louvor possível.

            Nós estamos a caminho. Normalmente enquanto viajamos já pensamos no ambiente que nos acolherá na chegada; já pensamos na paisagem, na cidade, já nos preparamos. É assim também que nós devemos fazer agora. No Céu, louvaremos a Deus? Louvemolo então desde já. Deixemos que o nosso coração manifeste a Ele todo nosso amor; que, juntamente com os anjos, com os santos, com os mariapolitas celestes, proclame: “Santo, Santo, Santo!”

            Expressemos nosso louvor com as palavras e com o coração. Aproveitemos para reavivar aquelas orações que fazemos diariamente com esta finalidade. E demos glória a Ele também com todo o nosso ser.

            Sabemos que quanto mais nos anulamos (tendo por modelo Jesus Abandonado *0 que se reduziu a nada), tanto mais gritamos com a nossa vida que Deus é tudo e, portanto, o louvamos, o glorificamos, o adoramos. Mas, agindo dessa forma, também o nosso "homem velho" (cf. Ef 4,22) morre, e com a sua morte vive o "homem novo" (cf. Ef 4,24), a "nova criatura" (cf. Cor 5,17).

            Eis um outro modo de colocar em prática a Palavra de Vida do mês, que fala justamente da nova criatura, de Cristo em nós 2.

            Teremos diante de nós, como de costume, outros quinze dias para viver esta Palavra, se Deus o permitir. Procuremos vários outros momentos durante o dia para adorar a Deus, para louválo. Façamolo durante a meditação, em uma visita ao Santíssimo numa igreja, ou durante a missa. Louvemos a Deus para além da natureza ou no Intimo do nosso coração. E principalmente, vivamos "mortos" para nós mesmos e vivos para a vontade de Deus, para o amor aos irmãos.

            Sejamos, também nós, como dizia Elizabete da Trindade, “um louvor da sua glória” 3.

            Assim anteciparemos um pouco o Paraíso. E repararemos a indiferença que muitos corações hoje no mundo têm para com Deus.

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