23 setembro 2018

A paz não foi derrotada


Devemos voltar a dar espaço à vida espiritual autêntica, fundamento da paz e do desarmamento global dos corações e dos exércitos, atuando uma verdadeira revolução: colocar Deus no centro da nossa existência, como já escrevíamos no dia seguinte ao atentado às Torres Gêmeas.

Quando agimos assim – como podemos comprovar em muitas partes do mundo –, o diálogo entre fiéis de religiões diferentes torna-se muito mais fácil, e não se utiliza mais a religião "para fomentar a violência (...), recorrendo até mesmo ao nome sacrossanto de Deus para ofender o homem", como disse o papa em janeiro 2002, por ocasião do encontro de líderes religiosos em Assis.

O aspecto mais visível da unidade é a fraternidade.

Ao que me parece, ela é certamente o caminho mais adequado para remar de volta rio acima, para sanar chagas já supuradas e para alcançar mais plenamente também a liberdade e a igualdade.

Aquela fraternidade que Jesus trouxe à terra fazendo-se nosso irmão e tornando-nos irmãos. É um caminho válido para quem tem nas mãos os destinos da humanidade, mas também para as mães de família, para os voluntários que levam ações de solidariedade pelo mundo, para quem coloca à disposição parte dos lucros da própria empresa a fim de eliminar espaços de pobreza, para quem não se rende à tentação de fazer guerra.

Assim, a fraternidade vinda "do alto" e aquela construída a partir "de baixo" encontrar-se-ão na paz.

O plano de Deus para a humanidade é justamente a fraternidade, que é possível de ser construída também com as pessoas de outros credos e de outras convicções, porque o amor fraterno está no DNA de todo homem, criado à imagem e semelhança de Deus.

Até mesmo o desenvolvimento tecnológico é favorável à fraternidade: a globalização nos oferece instrumentos extraordinários para a sua difusão.

Hoje, os meios de comunicação globalizam o medo, mas poderiam também globalizar a esperança.

Por que não usamos esses meios para unir os corações e dividir os bens?

Não nos rendamos, portanto! Das guerras, até mesmo das mais terríveis, muitas vezes surgiram surpresas morais inesperadas e energias inimagináveis.

E, quem sabe, a Providência Divina se servirá algumas vezes de situações de destruição provocadas pela liberdade do homem para construir, como novidade absoluta, aquilo que é necessário para dar novo alento à humanidade.

E muitos são os sinais de que, da grave conjuntura internacional, possa finalmente emergir uma nova consciência da necessidade de trabalhar juntos para o bem comum.

Todos juntos: povos mais ricos e menos ricos, sofisticados ou não nos seus armamentos, confessionais ou não, que têm a coragem de "inventar a paz".

Acabou o tempo das "guerras santas". A guerra nunca é santa, e nunca o foi.

Deus não a quer.

Só a paz é realmente santa, porque o próprio Deus é a paz.
Peçamos a ele, sem descanso, que nos presenteie com a sua paz.

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