04 março 2017

AS GRANDES VANTAGENS

Não é verdade que Jesus, pelo fato de ter trazido o amor a terra, tenha deixado de fazer sentir a força da ira de Deus contra aqueles que se aproveitam da sua bondade ou não
querem aceitar a verdade evidente, ou não cumprem as promessas feitas.
Impressionou-me profundamente uma das suas comparações. Começa assim: “Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não der fruto, ele o corta, e todo ramo que der fruto, ele o poda, a fim de que produza mais fruto”.
E eu senti terror diante das palavras “ele o corta”.
Não é para se brincar. Porque Deus, exatamente por ser amor, é também justo. E as suas parábolas do Novo Testamento estão cheias de ensinamentos de justiça. Portanto o melhor que nós cristãos devemos esperar é que Deus nos pode. Só assim teremos prova de tê-lo amado.
Por outro lado, tanto se correspondermos à sua graça, quanto se a obstacularmos ou a desprezarmos, nesta vida encontraremos a dor. Deus, ou corta, ou purifica.
Há pessoas, hoje, que não aceitam as dificuldades da vida como provações mandadas por Deus. Circula entre os cristãos um sentimento de mal-estar, de repulsa, um mau humor, um desejo de ter trégua no esforço de amar a Deus e ao próximo. E este estado de alma é provocado não raramente por uma certa contestação que altera o verdadeiro significado do sofrimento, contaminando até mesmo cristãos fervorosos.
A verdade é que, enquanto estivermos enxertados na videira, devemos, antes, favorecer a poda do agricultor.
Estaremos unidos à videira se a graça de Deus estiver em nós. E a melhor maneira de evitar a perda da graça é alimentar constantemente esta vida divina, aproveitando, momento por momento, aquela ajuda especial que Deus nos dá sempre para podermos agir conforme a sua vontade em cada instante, em cada circunstância da nossa vida.
E lógico que, para viver assim, deveremos renegar a nossa vontade, quando ela não estiver conforme com a vontade de Deus.
Operaremos com isso uma autopoda do nosso eu pior, para deixarmos viver em nós o eu melhor: Cristo. De fato, as palavras que se seguem naquele trecho evangélico dizem: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vos”.
Depois Jesus acrescenta: “Eu sou a videira e vós os ramos: quem permanece em mim e eu nele produz muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer”. Eis o primeiro efeito da vida da graça em nós: muito fruto.
A fecundidade espiritual de um cristão, de uma comunidade de cristãos, de um movimento cristão, é proporcional à vida interior dos  seus membros  e  ao  quanto  eles  (ramos) estão unidos à videira.
Em seguida lê-se ainda: “Se alguém não permanece em mim, será lançado fora como o ramo, e secará, e o recolherão, e o lançarão ao fogo, e ardera”.
E aqui retorna o temor e talvez o terror, por algum de nós que quisesse resistir à graça, pois não se sabe onde vai cair.
E também, para quem se julgar “já chegado”, permanece verdadeiro o ditado: “péssima é a corrupção de quem é ótimo”. A segunda grande vantagem de permanecer em Jesus é: “Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, tudo aquilo que pedirdes será feito”. Quantas vezes o nosso coração se enche de preocupações! Há alguém que sofre e nada podemos fazer por ele; alguém que, num lugar distante, perdeu um parente e não podemos estar a seu lado; há uma desilusão a ser consolada, uma atividade importante a ser incentivada, uma situação difícil a ser enfrentada... E sentimos pesar tudo sobre os nossos pobres ombros.
E então? Eis a solução: pedir e obter.
Mas se obtém, permanecendo nele. Então se obtém tudo, infinitas coisas, enquanto podemos nos dedicar a uma só.
Uma terceira conseqüência deste modo de viver é: dar glória a Deus.
Este é um dos anseios que freqüentemente o Espírito Santo põe nos corações dos cristãos fiéis, e uma das maiores e mais comuns aspirações dos santos. De fato, o Evangelho continua: “Nisto o meu Pai será glorificado: em que produzais muito fruto. . .“
E depois de ter declarado abertamente o seu amor que suscita amor, Jesus conclui com uma outra promessa: “Eu vos disse estas coisas para que o meu amor permaneça em vós e a vossa alegria seja completa”.
Produzir fruto, obter graças, dar glória a Deus, obter a plenitude da alegria, são as grandes, preciosas, divinas vantagens que Deus reserva a quem permanece unido ao seu Filho.

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