29 março 2017

6 de novembro de 1949


      Deus, que em mim reside, que a minha alma plasmou, que nela repousa como Trindade (com os santos e com os anjos), também reside no coração dos irmãos.

      Portanto, não é razoável que eu o ame só em mim. Se assim fizesse, meu amor ainda manteria um quê de pes­soal, de egoísta: amaria Deus em mim e não Deus em Deus, porquanto a perfeição é: Deus em Deus (que é Unidade e Trindade).

      Por conseguinte, a minha cela (como diriam as almas íntimas a Deus) é nós: o meu Céu está em mim e, do mesmo modo que está em mim, está na alma dos irmãos.

      E, como o amo em mim, ao recolher-me nesse meu Céu – quando estou só –, amo-o no irmão quando ele está junto a mim.

      Então, não amarei o silêncio, amo a palavra (expressa ou tácita), ou seja, a comunicação do Deus em mim com o Deus no irmão. Se os dois Céus se encontram, existe aí uma única Trindade, em que os dois estão como Pai e Filho e, entre eles, está o Espírito Santo.


      É necessário, sim, recolher-se sempre, inclusive na presença do irmão sem, contudo, esquivar a criatura – mas recolhendo-a no próprio Céu e recolhendo-se no Céu dela.

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