Deus, que em mim reside, que a minha alma plasmou, que nela repousa como
Trindade (com os santos e com os anjos), também reside no coração dos irmãos.
Portanto, não é razoável que eu o ame só em mim. Se assim fizesse, meu
amor ainda manteria um quê de pessoal, de egoísta: amaria Deus em mim e não
Deus em Deus, porquanto a perfeição é: Deus em Deus (que é Unidade e Trindade).
Por conseguinte, a minha cela (como diriam as almas íntimas a Deus) é
nós: o meu Céu está em mim e, do mesmo modo que está em mim, está na alma dos
irmãos.
E,
como o amo em mim, ao recolher-me nesse meu Céu – quando estou só –, amo-o no
irmão quando ele está junto a mim.
Então, não amarei o silêncio, amo a palavra (expressa ou tácita), ou
seja, a comunicação do Deus em mim com o Deus no irmão. Se os dois Céus se
encontram, existe aí uma única Trindade, em que os dois estão como Pai e Filho
e, entre eles, está o Espírito Santo.
É
necessário, sim, recolher-se sempre, inclusive na presença do irmão sem,
contudo, esquivar a criatura – mas recolhendo-a no próprio Céu e recolhendo-se
no Céu dela.
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