A Eucaristia produz a comunhão entre os irmãos. Isto é esplêndido. E, se fosse levada a sério pela humanidade, verificar-se-iam conseqüências paradisíacas, inimagináveis. Porque, se a Eucaristia faz que sejamos um entre nós, é conseqüência lógica que cada um trate os outros como irmãos.
A Eucaristia compõe a família dos filhos de Deus, irmãos de Jesus e entre si. Na própria família natural existem regras que, elevadas a um plano sobrenatural e aplicadas em vasta escala, transformariam o mundo.
Na família põe-se tudo em comum.
Os membros de uma família saem para o mundo levando o calor do lar e podem fazer o bem à sociedade se forem íntegros, se sua família for sadia. Uma família é feliz quando se reúne ao redor da mesa, ou canta, ou reza unida.
Se a família é uma das mais belas obras do Criador, o que será a família dos filhos de Deus?
No Oriente, era muito apreciado o valor do banquete. Jesus quer ao seu redor não só os seus amigos mais íntimos, mas, unindo mediante a Eucaristia os cristãos a Ele e entre si num único corpo, que é o seu, dá vida à Igreja na sua essência mais profunda: Corpo de Cristo, fraternidade, unidade, vida, comunhão com Deus.
Quando Jesus instituiu a Eucaristia? Na Última Ceia. Antes, porém, de instituir a Eucaristia, Jesus deu o seu Mandamento Novo: “Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13,34). Portanto, é preciso fazer com que o amor mútuo preceda a Eucaristia; caso contrário, embora o efeito da Eucaristia exista, nós não o experimentamos, não sentimos o impulso de nos amarmos, de sermos uma só coisa, de tratarmos o outro como a nós mesmos.
Caridade antes e caridade depois, como efeito da Eucaristia. Caridade antes, porque Jesus falou do Mandamento Novo antes. Logo, não basta a Eucaristia para tornar-nos um corpo; nós o somos, mas não o experimentamos nem damos ao mundo a ideia do que é um corpo, um povo novo, não damos a ideia da unidade — ficamos escondidos, como fogo debaixo das cinzas.
Então, é preciso atuar primeiramente o amor mútuo.
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