A presença de Jesus, o Ressuscitado, entre duas ou mais pessoas reunidas em seu nome, é um dos pontos fundamentais da espiritualidade do Movimento dos Focolares. De fato, o Movimento se sente chamado a “gerar” essa presença em todos os âmbitos da existência humana. Mas, e se estivermos sozinhos? Chiara Lubich propõe um exercício espiritual.
Hoje, no mundo em que vivemos, encontramos com frequência pessoas que são honestas e boas, e que, no entanto, não sentem a necessidade de crer em Deus. Entre elas, há quem gostaria de ter fé, mas estando imersa num mundo que deveria ser cristão e muitas vezes não é, não encontra forças para se deixar envolver e espera, considerando-se um daqueles que se dizem “em busca”. […] Espera, talvez até inconscientemente, encontrar-se um dia com Jesus.
É aqui […] que se constata a extrema atualidade, oportunidade e urgência da nossa espiritualidade e (do ponto que, abreviado, definimos: «Jesus no meio»). […]
Ele atesta, demonstra que não é uma realidade somente do passado, porque é Aquele que – mantendo a sua promessa: «Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos» – está presente, vivo, luminoso, cheio de amor, também hoje, entre os irmãos. Trazer Ele no nosso meio é o nosso grande dever. Podemos fazer isso atuando os seus mandamentos, que se resumem no Mandamento novo, vivido segundo o exemplo de Jesus Abandonado.
Ele disse, porém, que viver os seus mandamentos é como carregar um fardo leve e suave. […] Será que pode ser sempre dessa forma? Geralmente sim, porém é necessário que haja duas ou mais pessoas unidas no Seu nome.
Mas, e se estivermos sozinhos? Ou não formos compreendidos pelos outros, no amor?
Nós sabemos que, abraçando Jesus Abandonado, podemos permanecer de pé, em paz e até felizes, nesses momentos. Podemos trabalhar, rezar, estudar e viver com a plenitude no coração.
Porém podem existir momentos nos quais pareça difícil definir “leve e suave” o fardo do Senhor. De fato, há períodos nos quais a saúde vem a faltar, influindo também na nossa alma, levando-nos a nos fecharmos em nós mesmos, tornando-nos quase incapazes de nos relacionarmos com os irmãos. […] Podem ser mortes inesperadas, acidentes imprevistos, que nos deixam estarrecidos e parece-nos difícil que os outros possam nos entender. Ou a manifestação de uma doença que pode ser mortal, ou…ou…
São situações dolorosas, que Deus permite para burilar na nossa alma com aquele meio seguro do qual não se pode prescindir no cristianismo, e que o próprio Jesus experimentou: a cruz.
Como comportar-nos nessas circunstâncias?
Procurando nos alegrar, pelo menos com a vontade, por sermos, de certa forma, como Jesus abandonado, lançando todas as preocupações no coração do Pai, permanecendo numa oferta contínua, ajudados pela graça do momento presente, que não faltará até que Deus invada novamente de serenidade a nossa alma provada.
Devemos lembrar, porém, que precisamos amar sempre os irmãos, logicamente na medida do possível, abrindo-nos com eles, pelo menos de um modo geral. Dizer, por exemplo, «estou passando por uma provação»; dizê-lo por amor, para não deixar de fazer uma comunhão. Além do mais, o fato de comunicar é sempre o melhor “tonificante”, em qualquer situação.
Assim, Jesus entre nós […] nos levará à tona também nesses momentos, e nos demostrará que sempre, seja como for, o seu fardo pode ser leve e suave.