História de Fontem narrada por Chiara Lubich
"Eu daria tudo que tivesse pra voltar aos dias de criança. Eu não sei pra que a gente cresce se não sai da gente essa lembrança..." (Ataulpho Alves)
04 julho 2021
A mim o fizeste
03 julho 2021
Mulher, leiga
02 julho 2021
Não existe pedaço de vida indigno de ser vivido
01 julho 2021
O momento mais importante do dia
De um escrito
17 de setembro de 1960
O momento mais importante do dia, importante sem comparação, é quando Tu vens ao nosso coração.
É a audiência com o Onipotente. E ali, dizendo-te e redizendo-te as mil necessidades nossas e da humanidade, agradecendo-te pelos dons sobrenaturais e naturais, adorando-te e pedindo-te que abraces a tua Mãe por nós, sentimos consumar o ápice do dia e entendemos que muitas vezes não soubemos compreender na presença de quem estávamos e o que podíamos, face a face com Deus, no íntimo recinto de nossa alma.
Chiara Lubich
30 junho 2021
A sua, a nossa missa
De um escrito
Este escrito brota na alma de Chiara em um período de provações dolorosas, inclusive físicas. “Recordo” – escreveria – “que só conseguíamos viver nunca desviando o olhar de Jesus Abandonado, da chaga do seu abandono”.
5 de novembro de 1957
Se sofres, e teu sofrer é tanto
que te impede qualquer atividade,
lembra-te da missa.
Na missa, Jesus,
hoje como outrora,
não trabalha, não prega:
Jesus sacrifica-se por amor.
Na vida,
podem-se fazer tantas coisas,
dizer tantas palavras,
mas a voz da dor,
talvez surda e desconhecida dos outros,
da dor oferecida por amor,
é a palavra mais forte,
aquela que toca o Céu.
Se sofres,
imerge a tua dor na sua:
dize a tua missa!
E, se o mundo não compreende,
não te perturbes;
basta que te entendam Jesus, Maria, os santos.
Vive com eles
e deixa correr o teu sangue
em benefício da humanidade,
como Ele!
A Missa!
Grande demais para ser entendida!
A sua, a nossa missa.
Chiara Lubich
29 junho 2021
A bênção
San Martino [di Castrozza], 2 de agosto de 1950
Hoje foi um dia de vida unitiva em que Jesus realizou o meu desejo: o de que só Ele seja tudo para mim. Eu desejava tanto isso, e parecia-me distante o dia em que esse fato seria não um esforço de vontade, mas um fato de coração, uma paixão da alma.
Agora é assim e, sendo assim, tudo agora é fácil.
Só Jesus: eu e Ele; eu-Ele com Ele.
Vida Trinitária perfeita entre Céu e terra.
E eu o encontro em mim, no sacrário e nas outras pessoas com uma presença toda nova, toda aberta. Entre mim e Ele não existe mais nada que crie obstáculo. A esse ponto, é uma convivência perfeita, na qual vivo tudo sob o seu olhar, amo-o e sou amada, e na qual Ele me faz entender esse imenso amor. Por isso, encontrei o que dá paz perfeita ao meu coração, a caridade sem temor. Porque sou como serei na hora da morte e lá no Alto: Ele e eu, sem prestar contas a ninguém de nada, porque não há nada mais, e me comunico inteiramente com Ele em todos.[…]
Hoje, pela primeira vez, amei a bênção eucarística assim.
Sei quão doce é a bênção e que é expressão de amor sagrado e solene. Eu também abençoava os meus pequenos alunos quando descansavam e até hoje abençoo a quem amo.
Senti que ali é Jesus quem me abençoa e agora não perderei sequer uma bênção, que tem para mim quase o sabor da Comunhão.
Em San Martino, vi as Missionárias da Eucaristia. Mandei Graziella pedir a elas escritos sobre a Eucaristia. Só dispunham de um pobre boletim, que não li porque não era a esse respeito.
Mas Jesus agora tem o cuidado de me fazer sentir que Ele está ali dentro.
Chiara Lubich
28 junho 2021
A gota de água no cálice
6 de setembro de 1949
A gota de água colocada no cálice e adicionada ao vinho tornar-se-á Sangue com o vinho. E somos nós: nós transformados em Sangue, nós oferecidos porque fomos transmudados, transubstanciados em Deus – no altar.
Se nós vivemos essa Unidade, esses Céus, se, por exemplo, somos agora Jesus Abandonado (ou a Desolada que forma em nós Jesus Abandonado), então realmente, misticamente, somos oferecidos em todos os altares da terra todos os dias!!
Podemos ver naquela Hóstia Santa e naquele Preciosíssimo Sangue: NÓS. EU oferecida ao Pai, eu que morro na Cruz no Calvário.
É uma visão totalmente nova da missa. Não estamos só aos pés da Cruz, com a Mãe e Madalena; estamos lá no alto, na Cruz, gritando o abandono. Naquele grito está a nossa voz! Nós realmente vivemos Jesus e Jesus nos vive. O “vive-me toda, meu Amor!”, que lhe dizíamos, é um fato. E nós a Ele: “Vivo-te todo”.
Chiara Lubich
27 junho 2021
Com a tua força
De uma palestra aos dirigentes do Movimento no mundo
Rocca di Papa, 12 de outubro de 1976
Jesus, quando me propus a dizer alguma coisa sobre ti Eucaristia, creio que o coração como que me queimava no meu peito. Tive logo a sensação profunda do que estava por fazer: dizer algo de ti em quatro pobres palestras. O desejo me teria induzido a construir para ti uma catedral.
Agora percebo que o resultado disso talvez tenha sido um mísero altarzinho de madeira. Não sou capaz de falar de ti; és grande demais.
Um dia li que, se a Igreja não tivesse a Eucaristia, não teria a força de elevar-se em direção a Deus; por isso a Eucaristia é considerada o coração da Igreja.
26 junho 2021
A Eucaristia abre a unidade
Rocca di Papa, 4 de outubro de 1976
Jesus Eucaristia, que presunção, que audácia falar de ti que, nas igrejas do mundo inteiro, acolhes as confidências secretas, os problemas escondidos, os suspiros de milhões de pessoas, as lágrimas de conversões alegres, somente por ti conhecidas, coração dos corações, coração da Igreja! Não o faríamos para não quebrar o recato devido a um amor tão elevado, vertiginoso, se não fosse justamente porque o nosso amor, que quer vencer todo temor, deseja ir um pouco mais além do véu da branca hóstia, do vinho do cálice dourado.
Perdoa a nossa ousadia! Mas o amor quer conhecer para amar mais, para que não nos aconteça terminar o nosso caminho na terra sem descobrir ao menos um pouco quem Tu és. Ademais, precisamos falar da Eucaristia. Porque somos cristãos e na Igreja, nossa mãe, vivemos e levamos o Ideal da Unidade.
25 junho 2021
Na primeira comunidade
De uma palestra às gen da Europa
Tendo a guerra como pano de fundo, bem como o imediato pós-guerra, quando as lacerações da sociedade apareciam mais evidentes, Chiara percebeu todo o valor de Jesus Eucaristia. Assim ela o transmitiu à “segunda geração” do Movimento dos Focolares, os gen.
Rocca di Papa, 12 de abril de 1968
A sociedade estava doente: havia divisões, havia ódio, havia o pobre, havia o rico. Mas o amor curava as feridas do Corpo Místico, e o remédio desse Corpo Místico era a Eucaristia. Indo todos comungar o mesmo Jesus, o Corpo Místico não estava mais dividido, lacerado, porque em Jesus Eucaristia somos todos um.
24 junho 2021
Tu és tudo, eu sou nada
De respostas a jovens que se preparavam para entrar no focolare
O primeiro grupo de jovens que Chiara atraiu ao redor do seu Ideal, dos quais surgiram pouco a pouco os membros do Movimento nascente, reunia-se todo sábado na sala Massaia, que os frades capuchinhos puseram à disposição da Ordem Terceira Franciscana de Trento. Lá, ela fazia as suas palestras, preparando-se de modo original.
Rocca di Papa, 30 de dezembro de 1976
Antes de falar às primeiras focolarinas, o Senhor havia posto dentro de mim o seguinte: que eu não me devia preparar. Por quê? Se me preparar – pensava – vou dizer uma coisa humana; se, no entanto, eu deixar o Espírito Santo falar, direi uma coisa divina. […]
Aos sábados, numa sala, eu me encontrava com aquelas que depois se tornariam as primeiras focolarinas; uma hora antes, eu ia diante da Eucaristia e dizia a Jesus: “Tu és tudo, eu sou nada. Tu és tudo, eu sou nada”, porque sabia que era assim. “Tu és tudo, eu sou nada. Tu és tudo…”, durante uma hora. Depois, saía a todo vapor e me via diante desse grupo de moças – eram somente moças, mas depois vieram também os rapazes – e, ali, abria a boca e falava.
23 junho 2021
Na casa de Loreto e no sacrário
De uma palestra na escola de formação dos focolarinos
Em outubro de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Chiara já estava com vinte e três anos de idade. Tinha acabado de se inscrever na Faculdade de Filosofia na Universidade de Veneza. Como estudante católica, foi convidada a participar de um congresso da Juventude Feminina da Ação Católica, realizado em Loreto. “Acompanho o programa com as outras jovens” – conta ela mesma –. “Mas, assim que posso, nos intervalos, corro para a Pequena Casa3. Não tenho tempo de verificar se historicamente foi aquele o ambiente que hospedou a Sagrada Família. Ajoelho-me ao lado da parede pretejada pela fumaça das velas. Não consigo pronunciar uma só palavra. Algo novo e divino me envolve, quase me esmaga.”
É lá que ela entende a sua vocação e, na Eucaristia, encontra a força para voltar a Trento.
Grottaferrata, 17 de setembro de 1961
Quando estive em Loreto, fui como que envolvida por uma graça particular de Deus e pela ideia de que estava na casa onde o Menino Jesus, Nossa Senhora e são José tinham estado. […] Lá, manifestou-se para mim essa nova estrada que Deus queria abrir no mundo; portanto, era uma graça bem especial. Não era o convento, não era a família, não era [permanecer] virgem no mundo; era outra coisa, era a casinha [de Nazaré], que era toda a Mariápolis5.
Ali, num determinado momento, estava tão tomada pelo divino […] que não queria mais voltar para casa, para Trento, porque ali era como se tivesse encontrado o Paraíso: o divino me havia envolvido toda para me sugerir as primeiras ideias sobre uma vocação nova que Deus iria preparar, uma multidão de virgens.
O que me fez resolver voltar foi: aqui existe uma casinha maravilhosa onde [Jesus] esteve, mas em Trento existe o sacrário com Jesus Eucaristia.
Em 7 de dezembro de 1943, Chiara pronunciou o voto perpétuo de castidade pelas mãos de frei Casimiro Bonetti, um frade capuchinho e seu confessor. A fim de prepará-la para dar esse passo, o sacerdote a pôs diante da seriedade da escolha que estava prestes a fazer e lhe mostrou, de modo duro, as consequências que poderia acarretar. O que ajudou Chiara a vencer qualquer hesitação foi o pensamento em Jesus Eucaristia.
Pode-se encontrar Deus na terra de muitas maneiras, a ponto de tocá-lo. Onde aparece mais evidente é na Eucaristia; ali Deus está realmente. Um pequeno fato diz que, se não tivesse havido Jesus Eucaristia, o Ideal não teria nascido.
22 junho 2021
Na catedral de Trento, em busca da verdade
De respostas a jovens que se preparavam para entrar no focolare
Estudante do Instituto de Ensino Superior Rosmini de Trento, Chiara ficou fascinada principalmente pela filosofia. É daquele período um episódio que revela a sua relação profunda com Jesus Eucaristia.
Rocca di Papa (Roma), 30 de dezembro de 1976
Quando fazia filosofia, ia estudar na catedral. Havia um cantinho no fundo iluminado por uma fresta, como as de um presídio, e à luz daquela pequena abertura, eu estudava filosofia olhando para Jesus Eucaristia, a fim de que Ele me iluminasse sobre como entender a verdade. A passagem de uma verdade humana – como, por exemplo, o sistema kantiano – para uma verdade sobrenatural aconteceu em contato com Jesus Eucaristia. E já ali, Jesus Eucaristia agia.
21 junho 2021
Dá-me a tua luz e o teu calor
De respostas a jovens que se preparavam para entrar no focolare
Em muitas circunstâncias, Chiara contou a primeira lembrança do seu encontro com Jesus Eucaristia, que aconteceu com a idade de seis anos aproximadamente. “Vê-se que eu já sentia a atração por Deus desde quando era criança”, afirmaria Chiara em 18 de abril de 2002, numa entrevista concedida a Sandra Hoggett. E aos jovens em Barcelona, em 30 de novembro daquele mesmo ano: “Luz e amor caracterizaram de certa forma a minha vida espiritual”. “Eu não sabia” – comentou com os jovens em Münster, em 15 de novembro de 1998 – “que depois, em minha vida, o Senhor me daria luz e amor para difundir em meu coração e também em muitos outros.”
Rocca di Papa (Roma), 30 de dezembro de 1976
Indo fazer adoração todas as sextas-feiras, com a irmã, eu olhava fixo, fixo, para Jesus Eucaristia durante uma hora inteira e lhe dizia: “Tu, que criaste o Sol, que dá luz e calor, coloca dentro de minha alma, através dos meus olhos” – assim eu acreditava – “a tua luz e o teu calor”. E eu repetia, repetia isso continuamente – uma coisa um tanto inusitada para uma menina! –: “Coloca toda a tua luz dentro de mim…” Tanto que, ao final daquela hora, eu não conseguia mais enxergar a hóstia branca […], porque, de tanto fixar aquele hóstia com as velas e as luzes em volta, a hóstia tornava-se preta, as luzes tornavam-se pretas, e todo o resto tornava-se branco. Uma ocasião, talvez por uma reação física, não sei, cheguei até a desmaiar. Lembro que, pequenina como eu era, me levaram para fora…
20 junho 2021
A “página”
A Eucaristia não produz apenas frutos bons e bonitos de santidade, de amor; tampouco tem como principal objetivo aumentar a unidade com Deus e entre nós (como normalmente se entende a unidade) e por isso serve para alimentar a presença de Jesus em nosso meio. Sim, também isso.
Mas o papel da Eucaristia é outro.
A Eucaristia tem como finalidade tornar-nos Deus (por participação). Ao misturar as carnes vivificadas pelo Espírito Santo e vivificantes do Cristo com as nossas, Ela nos diviniza na alma e no corpo. Portanto, torna-nos Deus.
Ora, Deus não pode estar senão em Deus. Eis por que a Eucaristia faz o homem, que Dela se alimentou dignamente, entrar no seio do Pai, coloca o homem na Trindade, em Jesus.
Ao mesmo tempo, a Eucaristia não faz isso com um homem apenas, mas com muitos, os quais, sendo todos Deus, não são mais muitos, mas são um. São Deus e todos juntos em Deus. São um com Ele, perdidos Nele.
Ora, esta realidade que a Eucaristia opera é a Igreja.
O que é a Igreja? É o “um” provocado pelo amor mútuo dos cristãos e pela Eucaristia. A Igreja é formada por homens divinizados, feitos Deus, unidos ao Cristo, que é Deus, e entre si. Se quisermos isso tudo visto de modo humano, ou seja, expresso em termos humanos – com um exemplo usado pelas Escrituras –, a Igreja é um corpo, cuja cabeça é Cristo glorioso.
Mas, assim como Cristo está no seio da Trindade, também a Igreja é chamada a estar no seio do Pai, e já está desde aqui na terra, nos membros nos quais a Eucaristia opera. E, se em parte não está ainda, encontra-se a caminho dele.
Além do mais, o homem arrebata consigo toda a Criação, pois é a síntese dela.
Tudo o que saiu de Deus volta, portanto, à Trindade pela Eucaristia.
Chiara Lubich
19 junho 2021
Revestir-nos de misericórdia
18 junho 2021
À imagem de Deus Uno e Trino
Chiara Lubich
16 junho 2021
No inverno do homem
29 de junho de 1948
15 junho 2021
Escolhas e compromisso
14 junho 2021
Reconstruir em Cristo
2 de junho de 1945
12 junho 2021
Encantados por Deus
Amsterdam (Holanda), 27 de março de 1982
Quando você começou a viver a vontade de Deus, pensou alguma vez que tanta gente a seguiria?
Realmente, quando comecei a viver procurando fazer a vontade de Deus a cada momento, não pensava mesmo em nada. Estava unicamente fascinada por Deus que me amava, e esse amor era de tal modo um idílio sobrenatural, que eu não via outra coisa senão esse meu relacionamento com Deus. Gostaria de que todos vocês, que receberam o Ideal, tivessem a mesma impressão, porque esse Ideal é um carisma que Deus nos deu, e quem o entende possui uma graça particular. Gostaria de que vocês também sentissem tanto que Deus os ama a ponto de ficarem encantados, porque Ele fez vocês entenderem essa sua graça. Aliás, digo a verdade a vocês, se, quando me consagrei a Deus, tivesse entendido que havia outras coisas além desse relacionamento, se, por exemplo, tivesse entendido que mais tarde nasceria um movimento, isso teria como que “perturbado” o meu relacionamento com Ele. Depois, tudo o mais veio como consequência. E assim deve ser também para vocês.
11 junho 2021
A sua vontade feita bem
Do Diário
9 de outubro de 1965
Hoje, causou-me grande impressão a frase: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’” (Mt 7,21). Nem… E quantas vezes o nosso amor a Deus é feito de implorações, de palavras… de amor, não ressaltados com igual decisão e força pela vontade de fazer a sua vontade.
Essa sua vontade deve ser uma coisa muito importante, para que o Senhor a afirme nitidamente, sobre uma negação clara de outra atitude da alma.
É que, para Ele, a sua vontade para cada um de nós, em cada momento, é coisa divina, acho; parte, pedrinha necessária de um mosaico, que só contemplaremos em toda a sua completude no “lado de lá”, enquanto que, do lado de cá, por graça sua, é-nos dado vê-lo, de vez em quando, em fragmentos.
Jamais entenderemos o suficiente o que significa estar no momento presente, plenamente, na sua vontade… […]
A ideia para hoje: a sua vontade feita bem, como uma ideia que não me deve abandonar jamais, que impregna até as fibras do meu ser.
Chiara Lubich
09 junho 2021
O valor de Maria
P. A senhora poderia explicar melhor o significado do título do Congresso: “Contemplar Cristo com o olhar de Maria”?
R. Nenhuma outra criatura conheceu e jamais conhecerá Jesus como Maria, porque era imaculada, porque era sua Mãe, porque era Evangelho vivido e, portanto, era outro Jesus. Para ver, conhecer e contemplar Jesus, através do olhar dela, será preciso procurar imitá-la – como nos for possível – no seu contínuo “sim” à vontade de Deus, e assim, fazer com que ela, de certo modo, reviva em nós.
P. Qual é o valor de Maria, do Terço e da oração no mundo de hoje?
R. Maria e a oração têm, hoje em dia, um valor enorme. Com a presença atual de um novo terrorismo, mais terrível, efeito, talvez, como muitos pensam, do Mal com M maiúsculo, não bastam meios normais para combatê-lo, mas é preciso recorrer ao Bem com B maiúsculo, e isto é, a Deus e ao que diz respeito a Ele. Disto decorre a importância da oração, como foi feito em Assis, e portanto, também a do terço.
E neste mundo, pois, dividido entre países ricos e países pobres, que é a causa mais profunda do terrorismo, chamados, como somos, a nos comprometer, a suscitar como nunca a solidariedade, a partilha, a fraternidade, para fazer da humanidade sempre mais uma família, ninguém como Maria, porque mãe universal, pode nos dar uma mão.
P. O que responder a quem não acredita na oração e sobretudo na sua eficácia nos fatos da vida?
R. Quando alguém não acredita na oração, em geral, é porque tem pouca fé em Deus. É preciso, portanto, ajudá-lo a reavivá-la. E existem muitas possibilidades a nossa disposição. Entre essas, uma muito eficaz, é o testemunho que nós, cristãos, damos, quando nos amamos reciprocamente. De fato, está prometida a esta unidade no amor, a conversão do mundo. Disse Jesus: “Que todos sejam um, para que o mundo creia” (cf Jo 17,21).
P. Como conciliar Maria com a vida espiritual e estética dos artistas?
R. Os artistas tendem ao belo. Constatei como para eles – se creem – o melhor atributo de Deus é a beleza. Vai bem para eles ‘Deus verdadeiro’, ‘Deus amor’, mas melhor ainda, ‘Deus belo’. E Maria, a “toda bela”, é, por assim dizer, a encarnação do belo. Este é o motivo do seu relacionamento com os artistas e dos artistas com ela. São realmente atraídos por Ela, se a pintaram, esculpiram, cantaram em todos os tempos e em todas as maneiras.
P. Qual foi o gênesis do Congresso mariano?
R. Tudo começou no dia 16 de outubro de 2002, no final da audiência do Santo Padre da quarta-feira, depois que ele tinha assinado a sua carta apostólica: Rosarium Virginis Mariae. Entre cerca de 600 pessoas do nosso Movimento, presentes na Praça de S. Pedro, estava também eu. Foi naquela ocasião que o Papa me entregou uma sua longa mensagem, na qual, entre outras coisas, se lia: “Nesta recorrência, quero confiar idealmente aos focolarinos a oração do Rosário. (…) Estou certo de que a devoção de vocês à Virgem Santa, lhes ajudará a dar o relevo necessário à iniciativa de um ano dedicado ao Rosário”.
Desde aquele momento, no mundo inteiro, floresceram as mais variadas realizações para propor novamente a muitos a importante recitação do terço. O Congresso mariano é uma delas.
P. Poderia nos dizer duas palavras sobre o programa e sobre os pronunciamnetos durante os três dias do Congresso?
R. Haverá reflexões sobre a carta apostólica do Santo Padre sobre o Rosário e os novos “Mistérios da luz”, com testemunhos de famílias, políticos, religiosos, sacerdotes e jovens. Serão realizadas duas mesas redondas: uma, reservada aos responsáveis de diversos Movimentos eclesiais sobre o tema; outra, com cristãos de outras Igrejas, que comentam a carta do Papa. O discursos serão intercalados por momentos artísticos, bem selecionados, para honrar Maria, a toda bela. As liturgias eucarísticas serão presididas por cardeais ou arcebispos, entre os quais o cardeal Angelo Sodano, o cardeal Miloslav Vlk, arcebispo de Praga, mons. Rylko, secretário do Pontifício Conselho para os Leigos, e outros
08 junho 2021
Uma vida pela unidade
Os focolarinos deram o nome ao Movimento dos Focolares. Vivem em pequenas comunidades de leigos, os focolares, coração de todas as realidades que compõem o Movimento, e empenham-se em manter vivo o “fogo”, do qual deriva o nome focolare.
São homens e mulheres que trabalham e colocam em comum os próprios bens. Foram atraídos por Deus e a Ele deram as suas vidas, firmemente convictos do Seu amor. Deixaram pai, mãe, família, pátria, para contribuir para a realização da oração de Jesus: “Que todos sejam um”(Jo 17,21).
Eles podem ser encontrados na ONU e junto aos doentes e aos pobres nas periferias das metrópoles, numa fábrica ou em territórios de “fronteira”, nos arranha-céus e nas favelas, nos vilarejos e nas capitais. Desejam tornar Jesus presente, segundo as palavras da Escritura: “Onde dois ou mais estão unidos em meio nome eu estou no meio deles”(Mt 18:20). Esta experiência de unidade com Deus é a força que os leva a lançar pontes de paz, a acender luzes de esperança na escuridão, a responder com o amor à violência. Cada ruptura, cada divisão os atrai como um ímã, porque lá a unidade é mais urgente e necessária, e por ela é preciso consumar-se.
No mundo inteiro os focolarinos e as focolarinas, de diversas nacionalidades, raças e também credos religiosos, são, no total, 7160, em 742 focolares, presentes em 83 países.
Poderia remeter a eles o escrito de Chiara Lubich: “A grande atração do tempo moderno: atingir a mais alta contemplação e permanecer misturado com todos… Diria mais, perder-se na multidão para impregná-la de divino… Partícipes dos desígnios de Deus sobre a humanidade, traçar sobre a multidão recamos de luz, e, ao mesmo tempo, dividir com o próximo a vergonha, a fome, os ultrajes, as alegrias fugazes”.
Alguns focolarinos são ordenados sacerdotes à serviço do Movimento.
Este fogo contagiou também pessoas casadas, fiéis ao próprio estado de vida e, ao mesmo tempo, membros do focolare, pela escolha radical de viver o Evangelho. O primeiro focolarino casado foi Igino Giordani. Quando ambos os esposos compartilham desta vida têm-se as famílias focolare: cônjuges disponíveis, segundo a situação familiar, a deslocar-se para outras partes do mundo, onde a presença deles pode ser uma contribuição fundamental para a unidade.
A dos focolarinos é uma vida exigente, não isenta de dificuldades ou fracassos, que consideram como matéria prima para declarar a Deus que, neste compromisso pela unidade, Ele é tudo e eles nada, mas com Ele tudo é possível.
Tudo começou com Chiara Lubich, a fundadora do Movimento dos Focolares, que define o focolare “… imagem da família de Nazaré: uma convivência, no meio do mundo, de pessoas virgens e casadas totalmente doadas a Deus, ainda que de formas diferentes”
07 junho 2021
O segredo do verdadeiro amor
06 junho 2021
Eis que estarei convosco todos os dias
04 junho 2021
Dois grandes amores
03 junho 2021
Estar bem firmes na barca
Chiara Lubich explica o papel do Movimento dos Focolares no diálogo rumo à unidade. Como uma barca, que navega impulsionada pelo sopro do Espírito Santo.
Caríssimo, certa vez, ao encontrar-me com o Santo Padre, eu lhe fiz a seguinte pergunta: “Como Vossa Santidade vê o nosso Movimento?”. “Como um Movimento ecumênico”, respondeu ele.
[…] É realmente assim. O nosso Movimento é ecumênico. De fato, o seu objetivo é a atuação do Testamento de Jesus: “Que todos sejam um”*.
O carisma que o suscitou e que o anima é o carisma da unidade.
Portanto, um Movimento que não nasceu da vontade de um homem ou de uma mulher, mas da vontade do Espírito Santo, distribuidor de carismas.
[…] Também nós estamos incluídos no grande fenômeno do ecumenismo, que se desenvolveu nestes últimos tempos no âmbito do cristianismo.
Para fazer o quê?
Para dar uma contribuição. De que tipo? Grande, pequena, determinante, fundamental, secundária?
Nós não sabemos. Mas uma coisa é certa: Deus sabe.
[…] Muitas vezes, entre as perguntas que me fazem, há algumas sobre o ecumenismo. Perguntam-me sobre o desenvolvimento do ecumenismo no mundo e entre nós; o que podemos prever, quanto tempo devemos esperar, o que fazer para apressar os tempos…
Querem saber o que fazer.
Deus nos colocou nesta Obra como se estivéssemos dentro de uma barca, que navega nas águas do tempo, rumo a um porto desconhecido.
Quem a mantém à gala não somos nós, mas o Espírito Santo que, com o seu sopro divino, nos indica as várias etapas da viagem a ser realizada.
Antes de tudo ele nos manifestou o espírito que devemos ter […] e os horizontes que deveríamos olhar e para os quais trabalhar: a unidade mais estreita na Igreja Católica, com os outros cristãos, e assim por diante.
[…] O nosso dever é ficar lá, dentro da barca, no lugar que a Providência reservou para nós, ocupando bem a nossa posição, para que as ondas do mar e do mundo não nos arrebatem.
Estar lá, parados, mas totalmente ativos na vontade de Deus, naquilo que desde sempre ele planejou para nós, para que a barca não balance, mas avance segura rumo a um destino que nós não conhecemos, mas no qual acreditamos, infinitamente belo e útil à difusão do Reino da unidade sobre a terra.
Ficar lá, ainda que não chegássemos a ver “aquela hora” […] porque, depois de nós, outros tomarão o nosso lugar e nós, com eles, poderemos um dia agradecer a Deus por ter-nos feito participar da construção de uma Obra sua nesta terra, extremamente útil (porque sua) ao ecumenismo universal.
E então? […] seguir Deus: segui-lo rapidamente: e a barca avança. Estar bem firmes, fixos no momento presente. […]
Chiara Lubich
(em uma conexão telefônica, Rocca di Papa 28 de setembro de 1995)
02 junho 2021
A oração de Jesus (Jo 17,1-26)
1Assim falou Jesus, e, erguendo os olhos ao céu, disse: “Pai, chegou a hora: glorifica teu Filho, para que teu Filho te glorifique, 2e que, pelo poder que lhe deste sobre toda carne, ele dê a vida eterna a todos os que lhe deste! 3Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo. 4Eu te glorifiquei na terra, concluí a obra que me encarregaste de realizar. 5E agora, glorifica-me, Pai, junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.
6Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e os deste a mim e eles guardaram a tua palavra. 7Agora reconheceram que tudo quanto me deste vem de ti, 8porque as palavras que me deste eu as dei a eles, e eles as acolheram e reconheceram verdadeiramente que saí de junto de ti e creram que me enviaste. 9Por eles eu rogo; não rogo pelo mundo, mas pelos que me deste, porque são teus, 10e tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu, e neles sou glorificado. 11Já não estou no mundo; mas eles permanecem no mundo e eu volto a ti. Pai santo, guarda-os em teu nome que me deste, para que sejam um como nós. 12Quando eu estava com eles, eu os guardava em teu nome que me deste; guardei-os e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para cumprir-se a Escritura. 13Agora, porém, vou para junto de ti e digo isso no mundo, a fim de que tenham em si minha plena alegria. 14Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os odiou, porque não são do mundo, como eu não sou do mundo. 15Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. 16Eles não são do mundo como eu não sou do mundo. 17Santifica-os na verdade; a tua palavra é verdade. 18Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. 19E, por eles, a mim mesmo me santifico, para que sejam santificados na verdade.
20Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: 21a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. 22Eu lhes dei a glória que me deste para que sejam um, como nós somos um: 23eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim. 24Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que contemplem minha glória, que me deste, porque me amaste antes da fundação do mundo. 25Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci e estes reconheceram que tu me enviaste. 26Eu lhes dei a conhecer o teu nome e lhes darei a conhecê-lo, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles”.
Do livro: A UNIDADE - Ed. Cidade Nova
01 junho 2021
O testamento de Jesus
15 de dezembro de 1959
Se tiveres a sorte de ir à Terra Santa durante a primavera, dentre as mil coisas que Jerusalém oferece à tua contemplação e à tua meditação, uma delas toca de modo particular pelo que evoca em sua extrema simplicidade. Resistindo ao tempo e lavada pelas intempéries de dois mil anos, uma longa escada de pedra, pontilhada aqui e ali por papoulas vermelhas como o sangue da Paixão, estende-se qual fita encrespada, descendo límpida e solene para o vale do Cedron.
Ficou nua ao relento, bordejada por uma moldura de relva, como se nenhuma abóbada de templo pudesse substituir o céu que a coroa. Dali – conta a tradição – Jesus desceu naquela última noite, após a ceia, quando, “levantando os olhos ao céu” repleto de estrelas, rezou: “Pai, chegou a hora...”.
Causa impressão pôr os nossos pés onde os pés de um Deus tocaram, e a alma transborda dos olhos ao contemplar a arcada celeste que os olhos de um Deus olharam. A impressão ali pode ser tão forte, que a meditação nos fixa em adoração.