15 de dezembro de 1959
Se tiveres a sorte de ir à Terra Santa durante a primavera, dentre as mil coisas que Jerusalém oferece à tua contemplação e à tua meditação, uma delas toca de modo particular pelo que evoca em sua extrema simplicidade. Resistindo ao tempo e lavada pelas intempéries de dois mil anos, uma longa escada de pedra, pontilhada aqui e ali por papoulas vermelhas como o sangue da Paixão, estende-se qual fita encrespada, descendo límpida e solene para o vale do Cedron.
Ficou nua ao relento, bordejada por uma moldura de relva, como se nenhuma abóbada de templo pudesse substituir o céu que a coroa. Dali – conta a tradição – Jesus desceu naquela última noite, após a ceia, quando, “levantando os olhos ao céu” repleto de estrelas, rezou: “Pai, chegou a hora...”.
Causa impressão pôr os nossos pés onde os pés de um Deus tocaram, e a alma transborda dos olhos ao contemplar a arcada celeste que os olhos de um Deus olharam. A impressão ali pode ser tão forte, que a meditação nos fixa em adoração.
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