06 junho 2021

Eis que estarei convosco todos os dias

Roma, 25 de maio de 1982
Comentário sobre a Palavra de Vida:

Eis que estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos (Mt 28, 20).

Jesus ressuscitou. Desejando falar com seus discípulos, chama-os a um monte onde dá a eles uma série de diretivas para o futuro, até o fim dos tempos. Ele está cercado pelos onze apóstolos, que se prostraram diante dele, plenamente conscientes de que aquele que está entre eles é o seu Senhor, e também o Senhor do mundo.

O Pai premiou o Filho dando-lhe “todo o poder”, inclusive o de julgar o mundo no final dos tempos.
Jesus, encontrando-se com os apóstolos, confia a eles a missão de fazer com que todos os povos tornem-se seus discípulos. Isto se realizará por meio do batismo e do fato de “ensinar e observar” tudo o que Ele mandou. O batismo, de fato, não basta por si só, mas deve ser vivido, transformado em vida.
No entanto esta grandiosa tarefa de levar a luz a todos os povos não será uma obra humana, pois, diz Jesus:

Eis que estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos.

Antes de voltar como juiz, Jesus continuará a estar próximo dos discípulos e a sustentá-los. Estará presente entre eles, não somente quando se reunirem ao redor do altar para celebrar a Sua morte e nutrirem-se da Eucaristia, mas sempre e em todos os lugares.
Iniciou-se deste modo uma nova era para a humanidade, caracterizada por uma presença – Jesus ressuscitado. Esta presença é a realidade unificadora do mundo, que reúne continuamente “todos os povos” de todas as épocas e de todos os cantos do globo para introduzi-los no Reino de amor do Pai. Esta presença constitui a Igreja na sua essência mais profunda.

Eis que estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos.

Jesus é chamado de Emanuel, o que significa “Deus Conosco”. Com a sua ressurreição ele está realmente conosco, junto de todos nós.
E, já que Jesus está vivo entre nós, as Palavras que ele disse há dois mil anos não são somente a maravilhosa lembrança de uma personalidade do passado; são Palavras que ele – agora – dirige a mim, a você, a cada um de nós pessoalmente.
É para nós que Ele traz conforto e salvação; é a nós que continua servindo, especialmente se somos pobres, solitários, se estamos sendo provados; é a nós que ele ajuda nos fracassos, que encoraja nas dificuldades.

Eis que estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos.

Ele vive na sua Igreja.
Portanto, onde podemos encontrá-lo? Como melhor aproximar-nos dele?
Ele está logo ali; está do meu lado, está junto de você.
Jesus esconde-se no pobre, no desprezado, no pequeno, no doente, em quem necessita de um conselho ou em quem foi tolhido de sua liberdade. Está naquele que é menos bonito, no que foi marginalizado… E ele mesmo o disse: “Eu tive fome e me deste de comer…”.
 Está presente na comunidade que atua o seu ensinamento – mesmo tratando-se de uma minúscula comunidade, como pode ser uma família, um grupo de amigos, os companheiros de trabalho; de fato, bastam duas ou três pessoas unidas no Seu nome.
Ele se encontra presente quando rezamos, estando concordes e unidos nele; e a Sua presença torna eficaz a nossa oração.
A Sua presença manifesta-se também como assistência e ajuda àqueles que O anunciam ao povo – a nós, portanto, se somos chamados a testemunhá-lo.
Ele se torna ainda “visível” naqueles que escolheu como seus ministros.
E, finalmente, todos sabemos que Ele está lá, em todos os pontos da Terra, presente na Eucaristia.
O que mais poderíamos desejar?
Procuremos, pois, começando a descobri-lo lá onde Ele está. Deixemos que nos dirija as suas divinas Palavras.
Deixemos que Ele nos dê a sua mão potente.

Chiara Lubich



(Este comentário à Palavra de Vida foi publicado originalmente, na sua versão integral, em maio de 1982.)

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