De uma palestra na escola de formação dos focolarinos
Em outubro de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Chiara já estava com vinte e três anos de idade. Tinha acabado de se inscrever na Faculdade de Filosofia na Universidade de Veneza. Como estudante católica, foi convidada a participar de um congresso da Juventude Feminina da Ação Católica, realizado em Loreto. “Acompanho o programa com as outras jovens” – conta ela mesma –. “Mas, assim que posso, nos intervalos, corro para a Pequena Casa3. Não tenho tempo de verificar se historicamente foi aquele o ambiente que hospedou a Sagrada Família. Ajoelho-me ao lado da parede pretejada pela fumaça das velas. Não consigo pronunciar uma só palavra. Algo novo e divino me envolve, quase me esmaga.”
É lá que ela entende a sua vocação e, na Eucaristia, encontra a força para voltar a Trento.
Grottaferrata, 17 de setembro de 1961
Quando estive em Loreto, fui como que envolvida por uma graça particular de Deus e pela ideia de que estava na casa onde o Menino Jesus, Nossa Senhora e são José tinham estado. […] Lá, manifestou-se para mim essa nova estrada que Deus queria abrir no mundo; portanto, era uma graça bem especial. Não era o convento, não era a família, não era [permanecer] virgem no mundo; era outra coisa, era a casinha [de Nazaré], que era toda a Mariápolis5.
Ali, num determinado momento, estava tão tomada pelo divino […] que não queria mais voltar para casa, para Trento, porque ali era como se tivesse encontrado o Paraíso: o divino me havia envolvido toda para me sugerir as primeiras ideias sobre uma vocação nova que Deus iria preparar, uma multidão de virgens.
O que me fez resolver voltar foi: aqui existe uma casinha maravilhosa onde [Jesus] esteve, mas em Trento existe o sacrário com Jesus Eucaristia.
Em 7 de dezembro de 1943, Chiara pronunciou o voto perpétuo de castidade pelas mãos de frei Casimiro Bonetti, um frade capuchinho e seu confessor. A fim de prepará-la para dar esse passo, o sacerdote a pôs diante da seriedade da escolha que estava prestes a fazer e lhe mostrou, de modo duro, as consequências que poderia acarretar. O que ajudou Chiara a vencer qualquer hesitação foi o pensamento em Jesus Eucaristia.
Pode-se encontrar Deus na terra de muitas maneiras, a ponto de tocá-lo. Onde aparece mais evidente é na Eucaristia; ali Deus está realmente. Um pequeno fato diz que, se não tivesse havido Jesus Eucaristia, o Ideal não teria nascido.
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