29 julho 2020

Um ar de solenidade

       Se alguém começa e recomeça a viver bem o presente em sua vida, notamos que seus atos adquirem, com o tempo, um ar de solenidade, embora sem intenção proposital para isso. Assim, observamos que a vida daquele irmão se apóia em um único pilar sobrenatural: o amor por Deus. Mas, ao mesmo tempo, este ar de solenidade caracteriza profundamente cada atividade sua, a ponto de tornar a sua existência sumamente expressiva. Daí decorre que a sua fisionomia espiritual se delineia com precisão cada vez maior.

       Dele podemos dizer, por exemplo, que está imerso em Deus, na oração; que é livre e alegre quando em companhia de outros; é preciso no seu dever, exigente consigo mesmo, fraternal com todos, intransigente na disciplina de quem depende dele, misericordioso com quem cai, convicto como uma rocha do seu nada e da onipotência de Deus, freqüentemente insatisfeito com seus atos, mas, sempre pronto a esperar e recomeçar.

       É justamente este eterno recomeçar, exigência da vida humana, traumatizada pelo pecado original, que ajuda a alma a se revestir de um quê de continuidade, mesmo variando as ações. E isso recende à santidade; pouco, no começo, depois sempre mais.

       Porque santo é quem não vive mais em si, na própria vontade, mas transferido em Outra.

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