Não foi fácil para o Filho de Deus tornar-se homem, e não porque deixou a casa do Pai para entrar na casa dos homens!
Nós pensamos na encarnação como um experimento em laboratório, como quando se juntam hidrogênio e oxigênio e disso resulta água. Limpa.
No caso de Jesus, a água é “suja”. “Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós” (2Cor 5,21), diz Paulo, que aprofunda a ideia: “Cristo nos remiu da maldição da lei, tornando-se maldição por nós” (Gal 3,13).
Isso é o Natal: um Deus que “se suja” por amor. Por assumir nossa carne pecadora.
A poesia do Natal não é lírica, e sim dramática, atravessada pela luta entre a luz e as trevas, entre o amor e o ódio. E se estenderá por toda a experiência do Filho de Deus feito carne humana.
Isso escandaliza você? Não se escandalize com o amor. O amor não é asséptico, não guarda as distâncias; ele identifica-se, afunda no amado.
E, porque é amor, queima. Seu fogo, no final, destrói as escórias do pecado e devolve ao homem seu verdadeiro ser. O milagre do Natal é o nascimento do Deus-homem e o renascer do homem (em Deus).