23 fevereiro 2017

Vigilância


Para amar a Deus é necessário cumprir a sua vontade.
Mas a sua vontade mostra-se momento por momento.
Pode exprimir-se por circunstâncias alheias, pelas próprias obrigações, pelos conselhos de pessoas sensatas ou que nos representam Deus.
Ou mesmo por um imprevisto doloroso, ou alegre, ou desagradável, ou indiferente.
Quem a compreende é o espírito atento, a alma vigilante.
Não é à toa que o Evangelho fala com tanta freqüência em vigilância.
E é justamente o Evangelho que concentra o homem no presente quando manda pedir ao Pai o pão só para "hoje", não querendo que ele se preocupe com o futuro, quando convida a carregar a cruz de "hoje" e lembra que basta o afã de "cada dia". É ainda o Evangelho que adverte: "Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus" ( Lc 9,62). Para nos habituarmos a viver bem o momento presente, nós cristãos devemos saber esquecer o passado e não nos preocupar com o futuro.
Isto é sabedoria elementar, já que o passado não mais existe, e o futuro existirá quando se tornar presente.
Catarina dizia: "A fadiga que passou não mais a temos, pois que o tempo se foi; a que está por vir não a temos, pois não estamos certos de ter o tempo".
Os grandes e os santos conhecem esta norma.
Acostumam-se a discernir a voz de Deus entre as diversas vozes interiores.
E, neste exercício contínuo, o discernimento torna-se cada vez mais fácil, porque a voz se robustece e se amplifica.
No começo, talvez não seja tão fácil.
Então, com perfeito abandono em Deus, é preciso acreditar em seu amor e cumprir com decisão aquela que acreditamos ser a sua vontade e com a confiança de que, se não for, Ele nos colocará de volta no trilho certo.
E também, no caso de à vontade de Deus se mostrar clara, como quando ela convoca a um trabalho que deve durar horas, sempre há a tentação a vencer, um escrúpulo a banir, uma preocupação a se colocar no coração de Deus, pensamentos estranhos a afastar e anseios diversos para renunciar.
Viver o presente é uma idéia e uma praxe extraordinariamente rica.
Viver o presente insere a nossa vida terrena no curso da vida eterna, já desde agora.


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