Devemos procurar crescer e
melhorar a maneira como realizamos o nosso trabalho. O Trabalho que, como
sabemos, é um outro aspecto da nossa vida, não só da vida humana, mas da
“ideal” também. Melhorar o nosso trabalho porque através dele – seja de que
natureza ele for – servimos à comunidade e, também desta maneira, “damos a
César o que é de César”.
Como melhorar, então, o
trabalho, os nossos pequenos trabalhos diários? Lembrando-nos de que por trás
daqueles trabalhos que muitas vezes nós, sozinhos, elaboramos numa
escrivaninha, por trás daquele duro trabalho no campo que somos obrigados a
fazer, por trás da lição que preparamos, por trás daquelas roupas que devemos
costurar ou daquelas palestras ou programas que devemos preparar, estão os
irmãos, ou melhor, está Jesus, que considera que tudo o que fazemos pela
comunidade ou a cada pessoa individualmente, foi feito para Ele, que nos diz:
“Dai a César o que César”.
Então, se é assim, como
realizar o nosso trabalho?
Não há dúvida que ele deve
ser feito com perfeição e com amor. Aliás, nós já o sabemos: devemos possuir um
elevadíssimo conceito do trabalho, por isso devemos fazê-lo com perfeição.
Mas, hoje, eu quero frisar
que o trabalho deve ser realizado, principalmente, com amor.
Com amor. Com amor para com
Jesus ou aqueles pequenos Jesus para os quais trabalhamos.
Será, então, necessário
considerar estes vários Jesus que vivem nos nossos irmãos, que esperam, muitas
vezes ansiosamente, aqueles documentos que a burocracia, lenta, tantas vezes,
demora em fazer chegar às suas mãos, que esperam o pão que nascerá do campo que
cultivamos, a instruções que o nosso ensinamento lhes proporcionará, a roupa
que lhes servirá, a comida que os alimentará, a palavra ardente que os manterá
vivos e inflamados para trabalhar pelo Reino de Deus. Fazer cada coisa de modo
que tudo seja útil e agradável para eles.
Portanto, devemos trabalhar
“fazendo-nos um” com cada pessoa e com a coletividade que devemos servir.
“Fazer-se um”- uma expressão
que sempre ilumina a tudo. “Fazer-se um” como Deus, que por amor não só se “fez
um” conosco, mas também tornou-se carpinteiro para servir aos outros, de homem
para homem e dar a César o que é de César.
“Fazer-se um”, isto , descer
– se podemos dizer “descer” – ao nível dos nossos irmãos necessitados,
“fazer-se um” com as suas exigências, com as suas preferências. Ser um deles.
Certa vez Charles de
Foucauld, ao falar do amor que devemos ter para com os outros, disse: “...
quando amamos alguém, nós nos transferimos para ele, estamos nele com o amor,
vivemos nele com amor, não vivemos mais em nós mesmos, uma vez que não é mais a
nós mesmos que nos “apegamos”. Estamos “desapegados” de nós, “fora de nós
mesmos”; não vivemos mais em nós mesmos, estamos naquele que amamos, vivemos
sua própria vida... Assim como o Pai vive no Filho pelo amor que dirige a ele,
assim devemos nós viver em todos, mediante o amor que temos por eles. E devemos
amar a todos até este ponto.”[ii]
Então, durante estes quinze
dias, façamos tudo perfeitamente. Diz a imitação de Cristo: “Muito faz
quem muito ama, muito faz quem faz bem uma coisa”.
Que toda obra saída de
nossas mãos seja uma obra-prima. Mas é preciso fazê-la também com amor. Que ela
seja esculpida pelo amor que vem do nosso coração, que é controlado pela voz da
consciência, que por sua vez é iluminada pelo Espírito Santo, que nunca nos
deixa de repreender cada vez que não fazemos bem as coisas, ou de aprovar-nos,
consolando-nos, quando tudo vai bem.
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