18 outubro 2020

Um cântico

O assunto que me proponho desenvolver neste livro é, para mim e também para os membros do Movimento dos Focolares, de capital importância, de um fascínio ímpar e, por isso, requer um empenho todo especial.

      Na realidade, devo falar d’Aquele que um dia, um dia preciso, diferente para cada um, na única vida que Deus nos deu, nos chamou para segui-lo, para nos doarmos a Ele: Jesus crucificado.

      Entende-se, então, por que tudo o que eu gostaria de dizer nestas páginas, não deveria ser um tema ardente e vivo, embora familiar, mas quer ser um cântico, um hino de alegria e de gratidão Àquele que, elevado na cruz, nos atraiu também a nós junto com tantos outros cristãos, fazendo-nos participar neste século — e de modo singular — do grande drama de sua paixão, pela qual, n’Ele, tudo foi recapitulado (cf. Ef 1,10), e — de modos diversos — de sua ressurreição.

      Não conseguirei, é lógico, expressar tudo o que sinto, ou deveria sentir, por Aquele por cujo amor tantas vezes afirmei que a minha vida possui um segundo nome, que é: “obrigada”.

      E, como Ele ama pessoalmente cada um de nós e cada Movimento surgido na Igreja, falarei sobretudo do aspecto peculiar com que se apresentou a nós, a mim em primeiro lugar, para nos pedir que a Ele nos uníssemos para sempre: Jesus crucificado em seu grito de abandono.

      O abandono de Jesus na cruz, que despertara o interesse dos Padres da Igreja nos primeiros séculos, que foi um pouco aprofundado na Idade Média, quase ignorado pelos teólogos dos séculos posteriores e mencionado por alguns santos, agora é foco de interesse de muitos contemporâneos nossos, nos quais este mistério abissal não pode deixar de suscitar pelo menos curiosidade num tempo em que vivemos uma noite de Deus própria da época, como disse João Paulo II.

      Com este trabalho, procurarei oferecer, acima de tudo, uma breve síntese de quem Ele foi e é para a nossa vida pessoal e a da Obra de Maria.

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