Desde aquele tempo feliz em que Cristo viveu, morreu e ressuscitou, Ele tornou-se o Caminho, o modelo para cada um de nós.
Como Jesus, o cristão deve amar o Pai e, por isso, fazer a sua vontade, a Ele submeter-se. E a vontade de Deus para o cristão é que ele também chegue à glória, à felicidade, pelo caminho da cruz, como Jesus.
Ele mesmo é quem nos ensina como segui-lo. De fato, diz a todos: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9,23).Seguir Jesus é, antes de mais nada, uma renúncia. É o renunciar a si mesmo, que não queremos entender no mundo de hoje, na ilusão de existir um cristianismo sem dificuldades. Mas a doutrina de Jesus é clara e forte: não é de modo algum a falta de freios morais! Paulo diz: “Mortificai, pois, os vossos membros terrenos: fornicação, impureza, paixão, desejos maus e a cupidez, que é idolatria” (Cl 3,5), porque aspirar às coisas ter-renas é conduzir-se como “inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3,18). Seguir Jesus quer dizer também tomar a própria cruz cada dia. Jesus alude a cada dor de cada dia: que sejam aceitos todos os pequenos sofrimentos diários. Mas ao nos exortar a tomar a nossa cruz, deu sentido e valor também ao nosso padecer.Lembro quão grande foi a minha impressão em Jerusalém, ao nos mostrarem no Calvário o furo onde foi plantada a cruz de Jesus. Joelhos por terra, aniquilada quase em adorador reconhecimento, só uma idéia me veio à mente: se não tivesse havido esta cruz, todas as nossas dores, as dores de todos os homens não teriam tido um nome. Mas, “Cristo não mostra apenas a dignidade da dor”, diz Paulo VI. “Ele lança a vocação para a dor… convoca a dor (inclusive a nossa) para sair da sua desesperada inutilidade e, se unida à sua, tornar-se fonte positiva de bem” (Paulo VI, 1964, p. 212).
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