10 junho 2020

Em nós

       Cada dor nossa nos parecia um semblante de Jesus Abandonado a ser amado e querido para estar com Ele, ser como Ele, a fim de, em união com Ele, darmos também nós a vida a nós e a muita gente, com o nosso sofrimento amado.

       Entrando neste caminho da unidade, escolhêramos só a Ele: em um ímpeto de amor, decidíramos sofrer com Ele, como Ele.

       Pois bem, a experiência que todos fizemos é que Deus, somente amor, não se deixa vencer em generosidade e muda, por uma alquimia divina, a dor em amor. Isso equivale a dizer que nos transformava em Jesus, experimentado em nós pelos dons do seu Espírito, dons que o amor sintetiza.

       Constatávamos que, tão logo desfrutávamos de uma dor qualquer, para ser como Ele abandonado que se abandona novamente ao Pai, e continuávamos depois a amá-lo, fazendo a vontade de Deus do momento seguinte, a dor, se era espiritual, geralmente, desaparecia; se era física, mudava-se em jugo suave.

       Em contato com a dor, o nosso amor puro, isto é, o nosso desfrutar da dor, convertia essa dor em amor. De certo modo, divinizava-a; era como se a divinização que Jesus fizera da dor prosseguisse em nós, se assim podemos dizer 3.

       E, depois de cada encontro com Jesus Abandonado, amado, encontrávamos Deus de um modo novo, mais face a face, em uma unidade mais plena.

       A luz e a alegria e, com elas, a paz, que são frutos do Espírito, voltavam. Aquela paz especial que Jesus prometeu, para cuja obtenção — assim sentíamos — era necessário fazer do tormento, da angústia, das agonias da alma, das perturbações, das tentações uma ocasião para amar a Deus.

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