29 outubro 2019

Comunhão das experiências da Palavra de Vida

      De uma conferência telefônica
      Rocca di Papa, 27 de outubro de 1994

      Desta vez, falamos da “comunhão das experiências da Palavra de Vida” […]. Não se deve confundi-la com a “comunhão de alma”, do modo como a descrevi na última vez, mas é uma prática distinta que, como vocês sabem, remonta aos primeiros dias da vida do Movimento.
      De fato, a Palavra de Vida tem uma importância fundamental para nós. A nossa Obra nasceu como uma encarnação dela.
      Por meio da Palavra vivida com radicalismo Cristo se forma em nós.
      Além disso, a Palavra é importantíssima porque, por meio dela, assumimos como nossa toda aquela grande regra (era assim que víamos o Evangelho desde os primeiros tempos) de onde haurimos a nossa espiritualidade. […] Mas isso não basta.
      Somos chamados a pôr em comum nossas experiências relativas a ela. Por quê? Porque é isso que Deus quer numa espiritualidade coletiva e é uma grave omissão deixar de colocar essa comunhão em prática.
      Os santos não hesitam muito em atribuir essa transgressão ao inimigo dos homens (ao demônio).
      Em uma carta, santo Inácio de Loyola fala da “falsa humildade” como uma arma que o demônio usa para prejudicar as pessoas. Diz ele: “Vendo o servo de Deus tão bom e humilde que […] acha que é completamente inútil […] faz com que ele pense que, se fala de alguma graça [e acrescentamos: como seria a luz que vem do fato de viver a Palavra] que Deus Nosso Senhor lhe concedeu, graça de obras, propósitos e desejos, peca com [uma] espécie de vanglória porque fala em sua honra. Portanto, faz com que ele não fale dos benefícios recebidos do seu Senhor, impedindo assim de dar frutos em outros e em si mesmo, uma vez que a lembrança dos benefícios contribui sempre para coisas maiores” (Carta de 18.6.1537, in Loyola, 1977, p. 725-726).
Eu acrescentaria que algumas vezes não se pratica a comunhão sobre as experiências da Palavra de Vida por preguiça ou porque somos arrastados por um falso ativismo e, portanto, mais levados a olhar fora do que dentro.
      Não! Nós devemos ser fiéis aos nossos deveres, devemos agarrar com força esse outro instrumento de nossa espiritualidade coletiva toda vez que for vontade de Deus (e estamos estabelecendo isso para todas as diversas vocações da Obra).

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