No
Movimento se tem uma idéia bem clara dos seus membros doentes.
Quando
alguém não está bem, devemos procurar todas as maneiras, todos os meios para
curá-lo, porque a saúde dos membros é um patrimônio da Obra. Ao mesmo tempo ao
doente é pedido o desapego da sua saúde. Não só. Ele é encorajado a ver na
doença e na morte inclusive um dom de Deus (...), porque expressão da sua
vontade e portanto amor de Deus.
Quando
se apresenta uma doença qualquer, nós somos convidados a acreditar e a dizer
que é tudo amor, amor de Deus, recordando Santa Teresa de Lisieux que, assim
que teve a primeira golfada de sangue, não falou de doença, mas disse: «Chegou
o Esposo!»
Todavia,
se a doença e a morte são amor de Deus, que função especial elas têm?
Para
nós as doenças são meios à disposição da providência de Deus para esculpir, no
bloco disforme do nosso eu, a figura de Jesus, Jesus.
Por
isso sempre apreciamos a explicação que São Vicente de Paulo dá sobre as
doenças:
Acontece
conosco o que se faz com um bloco de mármore no qual se quer esculpir uma linda
estátua da Virgem Maria. O que o escultor deve fazer para concretizara idéia
concebida? Deverá pegar o martelo e tirar daquele bloco tudo o que é supérfluo.
Para fazer isso começa a bater no bloco de cima para baixo com golpes bem
firmes... a ponto de fazer pensar que ele quer quebrar tudo. Depois que ele
tiver tirado o grosso, pega um martelo menor e depois ainda o cinzel para
começar a modelar a figura em todos os seus detalhes. Usará ainda outros
instrumentos cada vez mais delicados para dar à estátua aquela perfeição que
tem em mente. Deus usa a mesma técnica conosco (diz sempre o santo).
Tomemos
como exemplo uma filha da caridade ou um missionário. Antes que Deus os tire do
mundo, eles vivem de modo grotesco e rude, como maciços blocos de mármore. Mas
Deus quer fazer deles belas estátuas e para isso começa a martelá-los e a
golpeá-los do alto com fortes golpes de martelo.
Quem
não sabe ver além das aparências (nas provações espirituais ou físicas) poderá
dizer que esta filha é desventurada; mas se alguém souber ler o desígnio de
Deus, verá que todos estes golpes têm por único objetivo dar uma forma àquela
bela idéia.
Eu
gosto desta idéia. Também nós damos o mesmo valor a isso.
No
Movimento temos um conceito nosso do doente e dos doentes.
Está
escrito em outro diário de 1968.
Nós,
no trabalho, nos triunfos... que esta Obra exuberante e fecunda produz, às
vezes somos tentados de ver nas pessoas que sofrem casos marginais que devemos
cuidar, visitar, para que possivelmente se restabeleçam depressa e retomem a
atividade, como se a atividade fosse o nosso primeiro dever, o centro da nossa
vida. Ao invés não: aqueles que entre nós sofrem, estão doentes, morrem são os
eleitos, na Obra. Eles estão no centro da hierarquia de amor do Movimento. São
aqueles que mais fazem, mais agem.[1]
E em outro
momento escrevi:
Veremos
nos doentes hóstias vivas, que unem o próprio sofrimento àquele de Cristo,
dando assim a melhor contribuição para o desenvolvimento da Obra e da Igreja.
Também
o Papa João XXIII pensava assim. Ele escreveu isso a um bispo emérito:
Agora
a tua missão mudou (em relação à Igreja):
deves
rezar por ela. E isso não é menos importante do que a ação.
São duas idéias sobre a
doença, mas suficientes para viver bem.
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