26 março 2018

Como tornar-se santo?


      Sucede, frequentemente, de as almas serem atraídas pela ideia da santidade. Talvez seja mesmo a graça de Deus que nelas opera, suscitando tal desejo.

      A consideração do valor de um santo, a influência de sua personalidade em sua época, a revolução ampla e contínua que ele leva ao mundo são, amiúde, os combustíveis primeiros para a chama deste anseio.

      Mas, às vezes, a alma assim tão docemente atormentada, encontra-se diante dos santos como diante de uma vala intransponível, ou de uma muralha impossível de derrubar.

      “O que fazer para ser santo?” — pergunta-se.

      “Qual a medida, o sistema, os meios, o caminho?”

      “Se eu soubesse que basta a penitência, flagelar-me-ia da manhã à noite. Se viesse a saber que é preciso rezar, dia e noite rezaria. Se fosse suficiente a pregação, percorreria cidades e aldeias, sem me dar trégua, anunciando a todos a palavra de Deus… Mas eu não sei, não conheço o caminho.”

      Cada santo tem uma fisionomia sua, e eles se distinguem uns dos outros, como as mais variadas flores de um jardim…

      Mas, talvez haja um caminho, bom para todos.

      Talvez não seja preciso ir em busca da própria estrada, nem traçar um plano, nem fazer projetos, mas mergulhar no momento que passa para cumprir, naquele instante, a vontade de Quem se disse “Caminho” (cf. Jo 14,6) por excelência. O momento passado já não existe; o momento futuro talvez jamais o tenhamos em nossas mãos. O certo é que podemos amar a Deus no momento presente que nos é dado. A santidade constrói-se no tempo.

      Ninguém conhece a sua própria, nem muitas vezes a dos outros, enquanto está em vida. Somente quando a alma completou o seu percurso, deu a sua prova, é que revela ao mundo o desígnio de Deus sobre ela.

      A nós resta apenas construí-la, instante por instante, correspondendo com todo o coração, alma e forças, ao amor que Deus tem por nós, pessoal, como nosso Pai celeste, amor pleno, como a largueza da caridade de um Deus.

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