Castel Gandolfo, 20 de fevereiro
de 2003
Esses dias, peguei um livro que me
presentearam, que talvez vocês também conheçam. Seu título é O segredo de Madre
Teresa, de Calcutá (Gaeta, 2002). Abro-o no meio, onde fala de “mística da
caridade”. Leio esse capítulo e outros. Mergulho com grande interesse naquelas
páginas: tudo o que se refere a essa próxima santa interessa-me pessoalmente.
Durante anos, ela foi uma amiga minha preciosíssima.
Logo me vem à mente, muito claro, o
radicalismo extremo de sua vida, de sua vocação sem meias medidas, que
impressiona, e quase que amedronta, mas, sobretudo, estimula-me a imitá-la
naquela dedicação peculiar, radical e sem meias medidas que Deus me pede. De
fato, cada carisma é uma flor maravilhosa, única, que não se repete, diferente
dos outros como, aliás, madre Teresa pensava. Quando tínhamos ocasião de nos
encontrar, ela me repetia: “O que eu faço você não pode fazer. O que você faz
eu não posso fazer”.
Movida por essa convicção, tomo nas mãos
o nosso Estatuto, convicta de que lá encontraria a medida e o tipo de
radicalismo de vida que o Senhor me pede. Abro e, logo na primeira página, tomo
um pequeno choque espiritual, como que causado por uma descoberta do momento (e
são quase sessenta anos que o conheço!). Trata-se da “norma das normas, a
premissa de qualquer outra regra” da minha e da nossa vida: gerar – assim se
expressava o Papa Paulo [VI] – e manter, primeiro e acima de tudo, inclusive
nos grandes empreendimentos, inclusive nos compromissos extraordinários,
inclusive nos sucessos para o Reino, manter Jesus entre nós com o amor mútuo.
Porque, entendo logo, este é o meu e o
nosso dever mais importante, especialmente hoje.
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