20 julho 2017

Os fundadores

É belo e também interessante conhecer neste momento algumas regras de vida de outras famílias religiosas, para ver como o Espírito Santo é constante em sugerir aos vários fundadores normas semelhantes às nossas.
Na Regra de São Bento, por exemplo, lemos no capítulo 36:
O cuidado dos enfermos deve vir antes de tudo e ter prioridade sobre todas as coisas (...).

Numa Regra não oficial de São Francisco está escrito:
E peço ao frade enfermo para dar graças por tudo ao Criadore que deseje ser como o Senhor o deseja: sadio ou doente, pois todos aqueles que Deus predestinou à vida eterna, ele os educa com correções estimulantes (...), pois o Senhor diz: “Eu cornjo e castigo aqueles que amo”.
É amor, portanto, a doença, é tudo amor aquilo que faz sofrer, tanto para São Francisco como para nós.
No Movimento, ainda, as doenças, com o seu peso de sofrimento, são vistas como provações de Deus para a provação final, que é a passagem para a Outra vida.
Escrevia-se nos anos 60:

Deus, fazendo-se homem, portanto mortal, nasceu nesta terra para morrer
E é este o sentido da vida: viver como o grão de trigo cujo destino é morrer e apodrecer para a vida verdadeira e eterna. (...)
 Devemos encarar as doenças que nos atingem como degraus preparados pelo amor de Deus para escalarmos o pico, provações para “a provação”: pequena condição de hóstias não perfeitamente consumadas, para a consumação final (cf. Jo 19,30) completa que a todos espera. Assim, mortais com o Mortal, para ressurgir com ele e iniciar uma Vida que não terá fim. Senhor, que o fazer a tua vontade seja o incenso que te oferecemos nesta “Missa” que preparamos.[1]

E é famoso o escrito intitulado: «A Sua, a nossa missa». Fala da dor. Talvez seja útil — neste tema — citar uma parte, porque retrata o sentido que nós damos à doença e ao sofrimento.

Se sofres, e teu sofrer é tanto
que te impede qualquer atividade,
lembra-te da missa.
Na missa, Jesus,
hoje como outrora,
não trabalha, não prega:
Jesus sacrifica-se por amor.
Na vida, podem-se fazer tantas coisas,
dizer tantas palavras, mas a voz da dor,
talvez desconhecida pelos outros,
da dor oferecida por amor,
é a palavra mais forte, aquela que toca o Céu.
Se sofres,
imerge a tua dor na sua;
diz a tua missa! (...)
E deixa correr o teu sangue
em benefício da humanidade:
como fez Jesus!
A missa!
Grande demais para ser entendida!
A sua, a nossa missa.[2]


[1] Chiara Lubich. «Começou tudo». Em: Escritos Espirituais 1. São Paulo:
   ed. Cidade Nova. 1998. p. 249-250;
[2] Chiara Lubich “A sua, a nossa missa” Em: op. Cit., p.47;

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