31 julho 2017

Filiação divina

Não perca de vista sua filiação divina.

Deus é pai de todas as crianças e vive dentro de cada um de seus filhos.

Todas as criaturas são irmãs.

As diferenças raciais e religiosas são apenas de superfície.

Olhe para todos como templos vivos da Divindade, e ame a Deus através do amor às criaturas, procurando servi-lo, servindo ao seu próximo com amor e dedicação.

30 julho 2017

Calmo e sereno

Mantenha-se calmo e sereno.

Confie na Força Cósmica que enche todo o universo, inclusive sua própria pessoa.

Focalize sua confiança em Deus que habita dentro de você e dentro de todas as criaturas.

Liberte-se do medo, caminhe com segurança e procure ouvir as palavras de orientação, ditadas, no mais profundo de seu coração, por Deus que habita dentro de você.

29 julho 2017

Gostar do trabalho

Não fique a pedir as coisas...Os braços parados nada produzem.

As mãos que não ajudam criam ferrugem.

Trabalhe com entusiasmo e alegria, e o próprio trabalho trará, com seus resultados positivos, a solução de todas as suas dificuldades.

Procure gostar do trabalho que lhe cabe realizar, e dentro de pouco tempo terá a alegria morando em seu coração.

27 julho 2017

Eli, Eli, lemá sabactáni

       “Eli, Eli, lemá sabactáni” (Mt 27,46). Foi a frase que Jesus gritou em seu abandono, na língua falada por Nossa Senhora.

      Quanto nos diz aquele teu grito, soltado na língua de tua Mãe!… Quando a dor atinge aquele limite em que toda a vida permanece suspensa… então, se resta um fio de voz, chama-se a mãe, porque a mãe é o amor.

      Tu, porém, como Filho de Deus, o amor o possuías em Deus, e Deus chamaste. E, como homem, o amor o possuías também em tua Mãe celeste. Na impossibilidade de invocar os dois, chamaste o Pai com a fala da Mãe.

      Quão belo és naquela dor infinita, Jesus Abandonado!



26 julho 2017

Fazer uma comunidade cristã florescer


      NÃO VIVÍAMOS a Palavra de Deus apenas individualmente, cada uma por conta própria. As experiências úteis, as iluminações, as graças obtidas da vivência eram postas em comum, deviam ser postas em comum, pela exigência da Espiritualidade da Unidade, que espera nos santifiquemos juntos.
      Sentíamos o dever de comunicar aos outros tudo o que experimentávamos, mesmo porque éramos conscientes de que, doando, a experiência permanecia, para edificação de nossa vida interior, ao passo que, não doando, a alma lentamente ia empobrecendo.      MUDARAM todos os relacionamentos com Deus e com os irmãos e, com a Palavra e pela Palavra, floresceu uma comunidade cristã.      Pessoas que antes nem se conheciam tornaram-se irmãs, até colocarem em prática a comunhão dos bens materiais e espirituais entre si; gente até então dispersa tornou-se povo, comunidade, porção de Igreja viva.      E QUALQUER UM DENTRE NÓS, sem sutilezas e raciocínios, que acreditava em suas Palavras com o encanto de uma criança, e colocava-as em prática, usufruía desse paraíso antecipado, que é o Reino de Deus em meio a homens unidos em seu nome.      O FATO É QUE o destino da semente é morrer para dar vida à árvore, como o destino da Palavra de Deus é ser “ingerida” para dar vida a Cristo em nós e a Cristo entre nós.      ESTEJAMOS UNIDOS em nome do Senhor, vivendo a Palavra de vida que nos faz um (cf. Fl 2,16).      Pensei no enxerto das plantas, onde dois ramos descascados, ao contato das duas partes vivas, tornam-se uma coisa só.      Quando duas almas poderão consumar-se em um? Quando forem vivas, ou seja, quando estiverem descascadas do humano e, mediante a Palavra de Vida vivida, encarnada, forem Palavras vivas. Duas Palavras vivas podem consumar-se em um. Se uma não for viva, a outra não se poderá unir.      EMBORA DISTANTES, uma Luz nos ligará, imperceptível aos sentidos e desconhecida do mundo, porém, por Deus estimada mais do que qualquer outra coisa: a Palavra de Vida.

25 julho 2017

Paradiso Di Stelle

Quante sere a parlare in giardino Sussurrando finchè Su di noi s'affacciavano le stelle Mille stelle diverse Come musica, come dolci note che scendono giù Che riververa da lassú Paradiso di stelle Anche noi come stelle Se vivessimo come in cielo Seguendo le note dentro di noi Quante sere a scrutare l'universo Com il naso all'insù A cercare nel buio l'infinito Ed il nostro spatito Tracce limpide di un destino nuovo che nessuno sa Nella trama segreta di una storia Che profuma d'eternità Paradiso di stelle Anche noi come stelle Se vivessimo come in cielo Cercando le note Scoprendo le note dentro di noi È l'amore solo amore Sale e miele Di terra e di cielo E l'amore chiama amore Quante sere a cercare le risposte D'infiniti perchè A sondare al di là del firmamento L'incredibile mistero Di una musica quella stessa musica sceitta lassù Come note di speranza in fila indiana Da trascrivere noi quaggiù Paradiso di stelle Anche noi come stelle Se vivessimo come in cielo Cercando le note Scoprendo l'amore dentro di noi Quante sere a parlare in giardino Sussurrando finchè Su di noi s'affacciamo le stelle 

Tradução:
Como muitas noites conversando no jardim
sussurrando até
Sobre nós, eles olharam para as estrelas
Mil estrelas diferentes
Como a música, como notas doces que descem
O que riververa lá de cima
estrelas do céu
Nós também gostamos estrelas
Se vivêssemos como no céu
Seguindo as notas dentro de nós
Quantas noites para digitalizar o universo
Com o nariz
Uma busca no infinito escuro
E o nosso spatito
vestígios claros de um novo destino que ninguém sabe
Na trama secreta de uma história
Isso cheira a eternidade
estrelas do céu
Nós também gostamos estrelas
Se vivêssemos como no céu
Procura de notas
Encontrar notas dentro de nós
É o amor só o amor
Sal e Mel
Da terra e do céu
E o amor chamado amor
Quantas noites para procurar respostas
Em infinito porque
Uma sonda para além da expansão
O mistério incrível
A música que mesmo sceitta música lá em cima
Como uma nota de esperança em fila única
De transcrever nos para baixo aqui
estrelas do céu
Nós também gostamos estrelas
Se vivêssemos como no céu
Procura de notas
Encontrar o amor dentro de nós
Como muitas noites conversando no jardim
sussurrando até
as estrelas

24 julho 2017

Como se tornar Santo?


            Sucede, freqüentemente, que as almas sejam atraídas pela ideia da santidade. E talvez seja mesmo a graça de Deus que nela opera, suscitando este desejo.
            A consideração da preciosidade de um santo, a influência de sua personalidade em sua época, a revolução ampla e continua que ele traz ao mundo, são amiúde os primeiros combustíveis para alimentar a chama de semelhante desejo.
            Mas, por vezes, a alma, que deste modo se sente tão docemente atormentada, encontra-se diante dos santos como diante de uma vala intransponível, ou de uma muralha invulnerável.
“O que fazer para ser santo? “ – pergunta-se.
“Qual a medida, o sistema, os meios, o caminho?”
            “Se eu soubesse que basta a penitência, flagelar-me-ia de manhã à noite. Se viesse a saber que é preciso a oração, dia e noite rezaria. Se fosse suficiente a pregação, percorreria cidades e aldeias, sem dar-me trégua, anunciando a todos a palavra de Deus... Mas não sei, não conheço o caminho.”
Cada santo tem sua fisionomia e distinguem-se uns dos outros, como as mais variadas flores de um jardim...
Todavia, talvez haja um caminho válido para todos. Talvez não seja preciso ir em busca da própria vocação, nem traçar um plano, ou sonhar programas, mas abismar-nos no momento que passa para cumprir naquele instante a vontade de Quem se disse “Caminho” por excelência. O momento passado já não existe; o momento futuro talvez jamais o tenhamos em nossas mãos. O certo é que podemos amar a Deus no momento presente que nos é dado.
A santidade constrói-se no tempo. Ninguém conhece a própria santidade, nem muitas vezes a dos outros, enquanto estiver em vida. Somente quando a alma completou o seu percurso é que revela ao mundo o desígnio que Deus tinha sobre ela.

A nós não resta senão construí-la, momento por momento, correspondendo com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças, ao amor pessoal que Deus tem para conosco, como Pai celeste, amor pleno, como a grandeza da caridade de um Deus.

23 julho 2017

Como o Criador


      A fé no amor que Deus faculta às suas criaturas, fé típica de nós, cristãos, descobrimo-la em muitos irmãos e irmãs de outras religiões, a começar pelas abraâmicas, que afirmam a unidade do gênero humano, o zelo que Deus dispensa a toda a humanidade e a obrigação de cada criatura humana de agir como o Criador, com imensa misericórdia por todos.

      Reza um provérbio muçulmano: “Deus perdoa cem vezes, mas reserva a sua suprema misericórdia para aquele cuja piedade poupou a menor de suas criaturas”3.

      Que dizer da compaixão sem limites por todos os seres vivos que Buda ensinou, aconselhando seus primeiros discípulos: “Ó monges, deveríeis trabalhar pelo bem-estar de muitos, pela felicidade de muitos, movidos de compaixão pelo mundo, pelo bem-estar dos homens”?4

      Portanto, amar a todos. É um princípio universal. Sentido pelos seres humanos de qualquer época, e debaixo de qualquer céu.

     
       
          1 Ou seja, para a realização do que Jesus pediu ao Pai na última ceia: “ut omnes unum sint, sicut tu, Pater, in me et ego in te” (“a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti”; Jo 17,21). [N.d.E.]
          2 Cf. 1Cor 13,1-13.
          3 Cf. GUZZETTI, G. M. Islam in preghiera. Roma : Elle Di Ci, 1991, p. 136.
          4 Mahagga, 19.


22 julho 2017

ENAMORADOS DE DEUS

Desde quando se aprofundou o conhecimento do Coração de Jesus que, vivo, palpita por nós no céu, com a graça de Deus se fazem novas experiências espirituais.
Na visita ao Santíssimo, por exemplo, diante d’Ele no sacrário, quando se lhe diz: eu te amo, a palavra contém verdadeiramente a realidade; não só a realidade da vontade, mas a do afeto, daquele afeto ardente que é humano e é divino.
Graças a Deus, na verdade, isto se pode experimentar.
Que o Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, mantenha o nosso coração no calor do seu e seja o escrínio que contém este único e precioso néctar: o amor.
Sim, o amor, aquele amor de quem divinamente está enamorado de Deus. É isto mesmo.
Então a vida aqui na terra se plenifica, nada mais falta.
“Coração por coração”. E isto, enquanto a chama estiver acesa.
Depois, na desolação e na aridez, ainda o coração desolado pelo Coração abandonado de Jesus.
Mas sempre Coração por coração.
Compreende-se melhor, agora, e repete-se como palavras nossas: “Sagrado Coração de Jesus que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada vez mais”.

21 julho 2017

QUEM PASSA AO MEU LADO

Dos irmãos todos que passam ao nosso lado no dia da nossa vida, em cada um Cristo quer nascer, crescer, viver, ressuscitar. 
Ele nos pede ajuda, conforto, conselho e repreensão, luz, pão, casa, roupas, orações... 
Vivamos o momento presente e, no presente, a obra de misericórdia que Deus no próximo nos pede. 
Quem me está próximo foi criado como um dom para mim e eu fui criado como um dom para quem me esta próximo.
Na terra tudo está em relação de amor com tudo:
cada coisa com cada coisa. Mas é preciso viver o Amor para encontrar o fio de ouro entre os seres.

20 julho 2017

Os fundadores

É belo e também interessante conhecer neste momento algumas regras de vida de outras famílias religiosas, para ver como o Espírito Santo é constante em sugerir aos vários fundadores normas semelhantes às nossas.
Na Regra de São Bento, por exemplo, lemos no capítulo 36:
O cuidado dos enfermos deve vir antes de tudo e ter prioridade sobre todas as coisas (...).

Numa Regra não oficial de São Francisco está escrito:
E peço ao frade enfermo para dar graças por tudo ao Criadore que deseje ser como o Senhor o deseja: sadio ou doente, pois todos aqueles que Deus predestinou à vida eterna, ele os educa com correções estimulantes (...), pois o Senhor diz: “Eu cornjo e castigo aqueles que amo”.
É amor, portanto, a doença, é tudo amor aquilo que faz sofrer, tanto para São Francisco como para nós.
No Movimento, ainda, as doenças, com o seu peso de sofrimento, são vistas como provações de Deus para a provação final, que é a passagem para a Outra vida.
Escrevia-se nos anos 60:

Deus, fazendo-se homem, portanto mortal, nasceu nesta terra para morrer
E é este o sentido da vida: viver como o grão de trigo cujo destino é morrer e apodrecer para a vida verdadeira e eterna. (...)
 Devemos encarar as doenças que nos atingem como degraus preparados pelo amor de Deus para escalarmos o pico, provações para “a provação”: pequena condição de hóstias não perfeitamente consumadas, para a consumação final (cf. Jo 19,30) completa que a todos espera. Assim, mortais com o Mortal, para ressurgir com ele e iniciar uma Vida que não terá fim. Senhor, que o fazer a tua vontade seja o incenso que te oferecemos nesta “Missa” que preparamos.[1]

E é famoso o escrito intitulado: «A Sua, a nossa missa». Fala da dor. Talvez seja útil — neste tema — citar uma parte, porque retrata o sentido que nós damos à doença e ao sofrimento.

Se sofres, e teu sofrer é tanto
que te impede qualquer atividade,
lembra-te da missa.
Na missa, Jesus,
hoje como outrora,
não trabalha, não prega:
Jesus sacrifica-se por amor.
Na vida, podem-se fazer tantas coisas,
dizer tantas palavras, mas a voz da dor,
talvez desconhecida pelos outros,
da dor oferecida por amor,
é a palavra mais forte, aquela que toca o Céu.
Se sofres,
imerge a tua dor na sua;
diz a tua missa! (...)
E deixa correr o teu sangue
em benefício da humanidade:
como fez Jesus!
A missa!
Grande demais para ser entendida!
A sua, a nossa missa.[2]


[1] Chiara Lubich. «Começou tudo». Em: Escritos Espirituais 1. São Paulo:
   ed. Cidade Nova. 1998. p. 249-250;
[2] Chiara Lubich “A sua, a nossa missa” Em: op. Cit., p.47;

19 julho 2017

Atentos à bussola

Collegamento CH
Rocca di Papa, 5 de janeiro de 1984
[…]

Verificamos que o chamado a seguir Jesus Abandonado de maneira radical não se deu de uma só vez, ou seja, apenas no início do Movimento.
Com efeito, no decorrer destes anos, periodicamente o Senhor enfatizava este chamado, por meio de episódios ou de particulares reflexões.
Assim aconteceu comigo, em 1954. É um episódio conhecido, mas que é bom relembrar.

Era 1954, um ano importante para nós. Pela primeira vez, um focolarino se ordenava sacerdote. Eu devia viajar de Roma a Trento para participar da ordenação do Pe. Foresi, ministrada pelo arcebispo de Trento. Porém, como eu não estava muito bem de saúde, quiseram que eu fizesse a maior parte da viagem de avião. Logo que embarquei, uma aeromoça muito gentil, para facilitar a viagem, me convidou para conhecer a cabina de comando. Chegando naquele lugar fiquei imediatamente encantada com o magnífico panorama que se podia observar: amplo, plenamente visível pela carlinga toda de vidro.

Mas não foi o panorama o que mais tocou meu espírito. Na verdade, foi uma breve explicação do piloto sobre o que é importante para pilotar um avião. Ele me disse que, para se fazer uma viagem direta e segura, era necessário, antes de tudo, orientar a bússola na direção do ponto de chegada. Depois, durante o percurso, seria preciso vigiar para que o avião nunca se desviasse da rota estabelecida.

Seguindo estas explicações, fiz imediatamente dentro de mim, um paralelo entre uma viagem de avião neste mundo e a viagem da vida que, hoje, eu chamaria de "Santa Viagem". E me pareceu entender que também na viagem da vida é necessário, desde o início, fixar com precisão a rota, o caminho da nossa alma, que é Jesus Abandonado. A seguir, no decurso de toda viagem, devemos fazer uma única coisa: permanecer fiéis a Ele. Sim, o caminho ao qual Deus chama todos nós é somente este: amar Jesus  Abandonado sempre.
Isto significa abraçar, abraçar todas as dores da própria existência. Significa colocar em prática o amor, adequando sempre a nossa vontade à Sua, “assassinando” a nossa vontade para deixar viver a Sua. Amar Jesus Abandonado quer dizer conhecer a caridade, saber como se faz para amar os próprios próximos: como Ele amou, até o abandono. Amar Jesus Abandonado sempre significa colocar em prática todas as virtudes que, naquele momento, Ele viveu manifestamente de modo heroico.

O dia 31 de dezembro de 1983 marcou o terceiro aniversário da "Santa Viagem".
E nós nos questionamos: em que ponto estamos? E dentro de nós um desejo ardente de
não perder mais tempo.

Pois bem, penso poder afirmar que apontar a agulha da bússola da nossa alma para Jesus Abandonado é tudo o que de melhor podemos fazer para continuar e terminar a Santa: Viagem, e até para empreendê-la com uma certa facilidade.
Se o piloto, que observei estar totalmente livre nos seus movimentos, não usava rédeas como as que se usam para guiar uma carruagem, nem volante, daqueles que se usam para dirigir automóveis, também nós, se orientarmos a agulha da nossa bússola espiritual para Jesus Abandonado, não teremos necessidade de outro recurso para chegarmos com segurança à meta.

E assim, como numa viagem de avião não nos deparamos com as surpresas das curvas, porque se voa no espaço aéreo, nem temos que afrontar montanhas, porque nos colocamos logo numa boa altitude, também na nossa viagem, com o amor a Jesus Abandonado, nos colocamos imediatamente nas alturas. Os imprevistos não nos assustam, nem sentimos muito os esforços da subida, porque, por Jesus, surpresas, cansaços e sofrimentos já são todos previstos e esperados!
Portanto, apontemos fixamente a bússola para Jesus Abandonado e permaneçamos fiéis a Ele.

De que modo? Pela manhã, ao despertarmos, apontemos nossa agulha para Jesus Abandonado com o nosso "Eis-me aqui!", do qual lhes falei anteriormente. Depois, durante o dia, de vez em quando, vamos dar uma olhada: observemos se estamos
sempre na rota certa para Jesus Abandonado. Se não estivermos, corrijamos a rota com um novo "Eis-me aqui!" e o sucesso da viagem não ficará comprometido. 

18 julho 2017

O QUE IMPORTA? AMAR-TE IMPORTA!


      O tempo é um lampejo e, em nossas mãos, só existe o instante efêmero. Ancorai-o em Deus e, ao passar, realizai apenas obras para o céu!
      Amai-o!
      Escutai o que Ele quer de vós em cada momento de vossa vida.
      Fazei isso com todo o ímpeto de vosso coração…
      Enamorai-vos de Deus, porque enamorar-se de Deus significa enamorar-se de sua vontade.
      Se, no momento presente, toda a nossa vida for um sim à vontade de Deus repetido com igual intensidade, veremos realizado de fato aquilo que tanto pedimos e por que tanto ansiamos: ser Jesus.
      Voltei de Trento, onde aquelas ruas, aquelas casas, aquele céu lembravam o grito do nosso coração de primeiras Gen2: “O que importa? Amar-te importa!”
      Pois é, nada tem valor: nem sofrer, nem se alegrar, nem trabalhar, nem conquistar o mundo. Só vale o Amor que, por Jesus, colocamos no momento presente da vida, vivida com seriedade.


17 julho 2017

O QUE SIGNIFICA AMAR?

Amar alguém significa fazer-lhe aquilo que gostaríamos que nos fizesse. E ao mesmo tempo amar alguém significa não fazer-lhe o que não gostaríamos que nos fizessem. Por exemplo: eu não gostaria de ser esquecida, não gostaria de ser abandonada, não gostaria de ser caluniada. Assim, eu também não devo caluniar, nem abandonar, não devo fazer aos outros o que eu não gostaria que me fizessem. Isto significa amar alguém.

Ora, os jovens não são feitos para as tagarelices, para as teorias; são feitos para a ação, para concretizar, para realizar. E portanto, quando encontram alguém que os ensina a viver o Evangelho, se lançam.

Ainda uma outra coisa. Eu acho que não existe no mundo um texto mais revolucionário do que o Evangelho e os jovens gostam de qualquer espécie de revolução, de acordo com as suas tendências.

Por exemplo, o Evangelho diz: “Bem-Aventurados os que choram”. É uma revolução. “Sede perfeitos como o meu Pai é perfeito.” É uma revolução. “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. Mas quem é que faz isto? É uma revolução.

Todo o Evangelho é uma revolução. E os jovens o amam porque é assim. Portanto, eu acho que mesmo tendo passado dois mil anos, o Evangelho é mais do que nunca atual, e por experiência própria, em contato com dezenas de milhares de jovens, vi como eles são atraídos pelo Evangelho.

16 julho 2017

Até ao amor recíproco


      “Fazer-se um”: é isso o amor.

      “Fazer-se um” com quem quer que encontremos ao longo do nosso dia.

      “Fazer-se um” até que a pessoa amada desse modo entenda o que é o amor e queira, por seu turno, amar.

      Assim nasce o amor mútuo, a insígnia dos cristãos ainda hoje válida, como era válida na época dos primeiros seguidores de Cristo.

      Amor mútuo, que é o mandamento por excelência de Jesus, a vida da Santíssima Trindade transferida para a terra.

      Amor mútuo perfeito, radical, porque põe em prática o “como”, que é a medida desse amor: Jesus em seu abandono, que tudo deu de si por nós, inclusive — de algum modo — a sua união com Deus.

      Amor mútuo que, se for assim vivido, constrói a unidade e gera Jesus em meio aos homens.



15 julho 2017

A vocação - Chiara Lubich aos jovens


Caríssimos todos e, de modo especial, queridas e queridos jovens! Estamos aqui reunidos nesta maravilhosa Casa de Deus para uma jornada de reflexão sobre um assunto que nos diz respeito a todos: a vocação.
            Eu também estou aqui para tratar convosco este tema tão importante, com o desejo de comunicar-vos alguma idéia nova.
            A vocação. Mas o que significa esta palavra?
            Num sentido lato, a vocação pode ser definida por: a inclinação para uma função, uma determinada profissão, uma missão ou qualquer coisa que uma pessoa se sente chamada a exercer para o bem comum[1]. “Quero ser médico, arquiteto, enfermeiro, juiz, professor, político, jornalista, etc., para ser útil à sociedade”.
            No campo religioso, por sua vez, a vocação significa: o chamamento que Deus dirige - por uma sua iniciativa de amor (porque ama) - a uma pessoa ou a um povo para o tornar partícipe da Sua vida e confiar-lhe uma missão por vezes especial mas que se insere sempre num horizonte amplo que é transformar a humanidade em família de Deus.
            Para explicar melhor: Deus é Amor e demonstra esta sua qualidade ao chamar (a palavra "vocação" vem do verbo "vocare" em latim, que significa "chamar") uma pessoa ou um povo a partilhar com Ele a sua vida (perfeita) e a desempenhar um papel específico, particular, que visa - todavia - a grande missão de Jesus: fazer de todo o mundo uma única família.
            A vocação é, pois, um chamado e, como tal, aguarda uma resposta.
            Todos ouvimos falar de muitos chamados, feitos por Deus, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Chamados esses, a que foi dada a resposta: a de Abraão, por exemplo; ou de Moisés, dos 12 Apóstolos, de São Paulo...
            Também sabemos reconhecer chamados ainda hoje presentes na Igreja de Deus, como a vocação ao sacerdócio, ou a uma vida religiosa, ou a dar-se totalmente a Deus, através dos Movimentos eclesiais modernos, na virgindade ou no matrimonio.

O Chamado

Hoje pediram-me para refletir sobre uma vocação especial, que é a minha.
Como podem intuir, não é fácil falar em público de certas coisas, mas vou fazê-lo com simplicidade, esperando que vocês gostem, e unicamente para dar glória a Deus.
Para a descrever, tenho de recordar o período em que ela se manifestou.
            Como todas as vocações, a minha também é a vocação de uma pessoa convidada, primeiro, a partilhar com Deus a sua vida, no esforço de me aperfeiçoar (“Sedes perfeitos”, disse Jesus); e, depois, a colaborar para fazer da humanidade uma única família.
            No princípio eu não sabia absolutamente nada do que me haveria de acontecer na vida, nem tinha projeto algum.
            De fato é Deus que chama; é Ele que escolhe, como disse: “Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi” (Jo 15, 16). E fez assim também comigo. Embora eu fosse fraca e frágil como muitas como todas as jovens daquele tempo, Deus foi atuando o seu plano pouco a pouco.
Mas ainda antes que Ele me chamasse, a minha vida tinha-se constelado de muitos pequenos episódios, que eram provavelmente sinais de um chamado de Deus.
Vou contá-los, porque tenho a certeza de que também todos vocês tiveram fatos belos na vossa vida, ainda  crianças... Uma pequena inspiração, uma idéia, uma intuição, uma boa leitura, uma palavra de alguém querido, que era diferente da rotina da vida quotidiana. Por isso queria convidar-vos (depois de os contar) a refletir e ver também vocês como Jesus vos amou. Tenho a certeza de que é assim.
            Eu ainda era pequena (tinha seis ou sete anos) e, com algumas religiosas, ia fazer a adoração ao Santíssimo Sacramento. Eu sentia-me impelida a fixar a Hóstia Santa e a dizer-lhe: “Dá-me a tua luz! Dá-me o teu amor!”. E recordo que era tão forte este desejo do seu amor que eu não tirava os olhos da Hóstia Santa, até que a certa altura eu via a hóstia toda escura e todo o resto à volta, branco. Eu não sabia que, depois, na minha vida o Senhor me iria dar luz e amor, que inundaram o meu coração e o de muitas outras pessoas.
            Este foi um pequeno episódio, um pequeno sintoma. Depois houve outros e cheguei aos 18 anos.
            Eu gostava muito de filosofia, mas tinha um desejo, quase uma santa curiosidade: eu queria conhecer Deus. Quem será? Como será? Que terá a ver comigo? Que terá a ver com os outros? Que terá a ver com a história? Eu dizia: a única coisa a fazer é freqüentar a Universidade. Vou à procura de uma Universidade Católica, esperando que me ensinem alguma coisa. Mas a situação financeira da minha família não me permitiu entrar nessa universidade. Recordo que eu estava num quarto, com a minha mãe, e me pus a chorar, desconsolada. Eu pensava: “Nunca poderei conhecer Deus; nunca o poderei conhecer!” A minha mãe tentava consolar-me, mas era inútil. Até que no fundo do coração tive a impressão de ouvir Alguém que me dizia: “Vou ser Eu o teu Mestre”.
            Depois, alguns anos depois: cinco ou seis anos depois, quando Deus mandou este carisma ao mundo, percebi que Ele me começava a instruir acerca das coisas de Deus.
            Chegaram os 19 anos e fui convidada, com outras estudantes, a ir a uma cidade, que se chama Loreto, e fica no centro da Itália. Diz-se que a casa de Nossa Senhora, de São José e do Menino Jesus foi transportada para ali – dizem – durante as cruzadas. Fica dentro de uma igreja que parece uma fortaleza.
Eu escapava do curso de estudantes católicas e corria sempre para aquela "casinha". Estava toda enegrecida pelas velas. E ali, coisa estranha! logo que me ajoelhava, assim, sentia-me esmagada por uma coisa muito forte, como pelo divino. E chorava. Eu dizia: “O Menino Jesus talvez tenha atravessado este quarto; Nossa Senhora talvez tenha cantado neste lugar e estas paredes terão ouvido a sua voz. São José talvez tenha posto estas traves...”. E quanto mais pensava nisso, mais me sentia invadida por uma profunda comoção.
Foi ali que percebi pela primeira vez qual era a minha estrada. Compreendi que estava a nascer na Igreja uma estrada nova de consagração a Deus, para as jovens e para os rapazes, para casais, para sacerdotes. E o que seria essa estrada? Uma repetição da Sagrada Família de Nazaré, onde no meio de dois virgens vivia Jesus.
Essa é a vocação ao focolare: virgens, moças ou rapazes, ou sacerdotes, com Cristo no meio deles, pois Ele disse: “Onde dois ou mais estão unidos no meu nome, eu estou no meio deles”.
            Eu voltava sempre àquela casinha, sempre que podia!
            No último dia eu estava no fundo da igreja e percebi, não sei como, que me haveria de seguir uma multidão de virgens.
            Passemos a outro episódio, sempre nesse ano.
            Fazia muito frio em Trento. Na nossa família éramos: três irmãs, um irmão, a mãe e o pai. Era preciso ir comprar leite a uma localidade que ficava longe, a mais de um quilometro, com aquele frio!... A minha mãe nunca me dizia para fazer estas coisas, porque queria que eu estudasse. Então disse à minha irmã: “Podes ir tu?”. “Ah, mãe, tenho tanto frio!”. Disse à outra: “Vais tu?”. Ela também tinha frio. Então eu, feliz por poder fazer um ato de amor (recordem este detalhe: um ato de amor!), disse: “Vou eu, mãezinha!”. E saio com a garrafa vazia, para ir comprar o leite.
Quando chego a meio do caminho, paro, com a impressão... Eu não via com estes olhos. Era como uma impressão da alma: como se o Céu se abrisse e uma voz me dissesse: “Dá-te toda a mim!”.
            Depois, falei com o meu confessor, que me deixou logo ser totalmente de Jesus.
Entretanto eu conhecia algumas amigas. Logicamente eu tinha uma tamanha alegria, que não a conseguia conter e contei-lhes tudo e elas decidiram: “Nós queremos ir contigo, Chiara”. Eram as primeiras da multidão de virgens.
  
A resposta

            Podem imaginar o que aconteceu dentro de mim quando, naquela manhã, às seis horas, na igreja, sozinha me consagrei a Deus, mediante um sacerdote, logicamente. Eu tinha uma única idéia: “Desposei Deus! Desposei Deus! Espero tudo dele nesta vida!”.
            Decorria a Segunda Guerra Mundial. Um dia houve um bombardeamento [bombardeio] terrível sobre Trento. A minha casa foi atingida e, com os meus pais, fugimos para um bosque.
            Estávamos ali, estendidos no chão, ao relento, enquanto ao longe se viam as chamas. Recordo apenas uma coisa daquela noite. Recordo que tinha entendido que, na madrugada seguinte, eu teria de fugir com a minha família para a montanha, mas eu já não o podia fazer. As minhas companheiras significavam uma coisa importante para mim. Eu compreendia que Deus tinha começado uma obra sua. E ali, olhando para o céu, recordo duas únicas palavras: estrelas, que vi percorrer todo o firmamento de noite. Nunca tinha visto. E lágrimas, ao pensar que teria de deixar a minha mãe, o meu pai, os meus irmãos, eu, que era naquele momento a única que os ajudava financeiramente.
            Então eu rezava e dizia: “Diz-me a tua vontade”. Deus fez-se um comigo e repetiu-me uma frase que eu aprendera no liceu. Em italiano significa: “O amor vence tudo!”. Em latim era: “Omnia vincit amor”.
“Como?”, disse. “Deve vencer também isto?” Percebi que era mesmo assim.
            Voltamos a casa, que estava toda em ruínas, e o meu pai deu-me a sua bênção.
            Depois encaminhei-me para a cidade, toda destruída: com as árvores arrancadas, o hospital todo em ruínas... e, por entre os escombros, fui à procura das minhas companheiras: estavam todas salvas.
            Então procuramos um pequeno apartamento, onde morar. Nós não sabíamos, mas era o primeiro focolare.
            Logicamente a guerra continuava. Tínhamos de correr para os abrigos e não podíamos levar nada conosco, porque não havia tempo. Mas eu levava comigo apenas um Evangelho pequeno e abríamo-lo... Por uma luz especial aquelas palavras, que tínhamos ouvido tantas vezes, pareceram-me novas, revolucionárias, únicas, universais, feitas para toda a gente, eternas: para todos os tempos. Começamos a ler.
            Outra coisa que tínhamos era a força de as pôr em prática. Líamos: “Ama o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 19, 19). Mas quem é o próximo. Ah, sim! É aquela velhinha que mal consegue chegar ao abrigo. Vamos ajudá-la. Ah, sim. É aquela senhora com cinco filhos, que não sabe como levá-los a todos para o abrigo. Vamos levá-los ao colo. Ah, sim. É aquele doente, nosso vizinho, que não pode escapar para o abrigo. Vamos ter com ele, levar-lhe os remédios, tratar dele.
            Líamos: “Cada vez que tiverdes feito estas coisas..., a Mim o fizestes” (Mt 25, 40). Mas como? Jesus considera feito a ele o que fizermos aos outros?
            Por causa da guerra, havia pessoas feridas; sem roupa, nem casa; com fome e sede... Então cozinhávamos panelões de sopa e íamos distribuí-la. Juntávamos tudo o que tínhamos.
Líamos: “Pedi e ser-vos-á dado” (Mt 7, 7; Lc 11, 9).
            Conto-vos o primeiro episódio, que já deu a volta ao mundo, pelo menos do nosso mundo, do Movimento.
            Encontro um pobre, que me diz: “Dá-me um par de sapatos nº 42”. Eu penso: “Onde é que posso achar um par de sapatos? Para mais, nº 42!”. Entro numa igreja e digo a Jesus no sacrário: “Dá-me um par de sapatos nº 42 para ti, naquele pobre”. Saio da igreja e passa uma jovem com um embrulho na mão. Entrega-me. Digo: “O que é?”. Abro-o: era um par de sapatos nº 42. Então é verdade!...
            Então a nossa mentalidade começa a mudar. Vemos que o que Jesus promete, se realiza. O que Ele diz é verdade!
Naturalmente destes episódios no Movimento, que tem 55 anos, aconteceram aos milhões, em todos os pontos da terra.
            Líamos ainda: “Dai e dar-se-vos-á” (Lc 6, 38)/.
            Uma manhã, tínhamos em casa algumas maçãs, umas três ou quatro. “Dai!”. Então, ao primeiro pobre que bateu à porta: “Toma estas maçãs”. Fechamos a porta. Durante a manhã um senhor oferece-nos um saquinho de maçãs. Mas vêm outros pobres; tinham fome e nós só tínhamos as maçãs. “Dai e dar-se-vos-á”. Damos o saquinho de maçãs e ainda no mesmo dia, à tardinha, vemos chegar o pai de uma de nós com uma mala cheia de maçãs... O Evangelho era verdadeiro! Jesus mantinha ainda hoje as suas promessas.
            Logicamente, nós ficávamos tão contentes, tão cheias de entusiasmo, que contávamos a todas as pessoas que encontrávamos nos abrigos ou lá fora estas experiências formidáveis, que iam passando de boca em boca. E dizíamos: “Se os Apóstolos gritavam: "Cristo ressuscitou!", nós podemos dizer que Cristo está vivo!”. E, quando o encontravam uma vez, nunca mais o podiam esquecer.
            Em todo o caso estávamos sempre diante da morte; podíamos morrer de um momento para outro.
            Então uma de nós pensou: “Haverá uma Palavra do Evangelho que agrade de modo especial a Jesus? Gostaríamos de a viver, pelo menos nos últimos momentos que temos de vida”.
            O Evangelho respondeu-nos: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.” (Jo 15, 12)./
            Então nós, éramos seis ou sete jovens, pusemo-nos em círculo e dissemos umas às outras: “Eu estou disposta a morrer por ti”; “Eu estou disposta a morrer por ti”; “Eu estou disposta a morrer por ti”. Todas por cada uma.
            Logicamente Jesus não nos pediu um amor assim tão grande, a ponto de morrer, mas pedia-nos outras coisas, pequenas ou grandes. Não sei. Recordo que eu tinha dois casacos. Dei um deles, porque era suficiente um. Tinha luvas; dei-as a quem serviam. O mesmo faziam as outras. Púnhamos em comum os bens materiais e os bens espirituais.

            Isto para vos dizer em que contexto nasceu a minha vocação. Foi assim que tudo começou e depois continuou por 55 anos. E Deus formou uma obra grande! Temos de o dizer para a sua glória! Atualmente está difundida por todo o mundo, em 182 nações e tem milhões de aderentes.
            Quando o Santo Padre me vê, diz-me: “Vocês são um povo!”. Então, consoante o número, compara-nos com o Líbano, ou com outras nações.
            Agora o Santo Padre menciona o Movimento dos Focolares como uma das expressões significativas do aspecto carismático da Igreja. E, como nós, muitas outras pessoas aqui presentes, que fazem parte de outros maravilhosos movimentos eclesiais.

Queridas e queridos jovens, e todos os que estão aqui, este foi o princípio da minha história, da minha vocação. Mas, como sabemos, Deus chama de muitas maneiras.
Chama muitas pessoas a exercer funções e missões especiais: por exemplo chama jovens (como acenamos) à sublime vocação do sacerdócio, a ser outros Cristo; chama homens e mulheres a fazer parte dos diversos canteiros floridos da Igreja, que são as Famílias Religiosas, para enriquecer constantemente a Esposa de Cristo com o perfume das mais esplêndidas virtudes.
            Chama homens e mulheres, membros dos Movimentos eclesiais atuais, a dar-se a Deus individual e comunitariamente, ou a compor famílias exemplares, quais pequenas Igrejas.
            Recordem: Ele chama a qualquer idade. Chama também as crianças, também os mais pequeninos; chama em todos os pontos da terra.
            Mas como se faz para descobrir a própria vocação?
            Por experiência devo dizer-vos que geralmente é necessária uma disposição particular. Dado que o chamamento de Deus é um ato de amor da sua parte, quando Ele encontra amor nas almas, sente-se mais livre de chamar. Então: o que é preciso fazer para ouvir a voz de Deus? É preciso amar, mas com o verdadeiro amor. Se assim fizermos, facilitamos o papel de Deus.
            E, quem já conhece a sua vocação, encontrará no amor o modo melhor para a realizar.
            Mas, como vos dizia, é necessário o verdadeiro amor. Falei dele há dois dias em Aachem, mas queria repetir, porque é tão importante o amor verdadeiro, que, se o vivermos, desencadeamos no mundo uma revolução, que é a revolução cristã.
            O verdadeiro amor tem quatro qualidades: ama a todos, porque Jesus morreu por todos; Maria é mãe de todos.
Portanto um amor verdadeiro não está ali a ver se um é simpático ou antipático, jovem ou velho, branco ou preto, alemão ou italiano, de uma religião ou de outra; amigo ou inimigo. O verdadeiro amor ama a todos. Experimentem vivê-lo. Experimentem! As pessoas estão habituadas a amar os amigos, os pais, os parentes; tudo coisas ótimas. Mas amamos realmente todas as pessoas? Experimentem! Experimentem! É a revolução. Porque os outros não percebem e perguntam daí a pouco: “Por que fazes assim? Por que gostas de mim? Por que me deste a caneta? Por que me passaste aquele texto? Porquê?”.
            “Porque quero amar a todos”. Então começa o diálogo entre nós, católicos, com os outros de outras Igrejas, ou de outras religiões. Começa um diálogo, porque desperta o interesse nas outras pessoas. Portanto vocês, jovens, sobretudo, recordem que o primeiro ponto do verdadeiro amor é amar a todos.
Segundo ponto: ser os primeiros a amar. Quando Jesus veio à terra, nós não O amávamos; éramos todos pecadores. Ele amou-nos primeiro. Temos de ir ter com todos sem esperar que nos amem. Amar porque nos amam: não! Temos de ser os primeiros a amar!/ Este é aquele amor que o Espírito Santo derramou no nosso coração; é o mesmo amor que existe na Santíssima Trindade, de que participamos, mas que temos de pôr em prática.
Depois é preciso (como daquela vez que na igreja pedi os sapatos nº 42)... ver Jesus em todos, porque ele disse: “No juízo final o exame será este: "A mim o fizestes". O que fizermos de bom e o que fizermos de mau, infelizmente.”
Amar a todos, ser os primeiros a amar. Terceira coisa: ver Jesus no próximo.
            Mas não deve ser um amor platônico, sentimental. É um amor concreto e, para isso, é preciso – como diz São Paulo - “fazer-se tudo para todos”, fazer-se um com quem sofre, com quem está contente, e partilhar alegrias, dores, dificuldades. Partilhar.
            Então: amar a todos, ser os primeiros a amar, ver Jesus e, depois, amar concretamente. Isto é o que podemos fazer nós: encher o nosso coração do verdadeiro amor. O chamamento é a parte dele, não a nossa; é dever dele.

            Houve em Roma recentemente um congresso de criancinhas. Eram muitas. Depois voltaram para casa. Tinham aprendido a amar segundo aquilo a que chamamos "a arte de amar", que se encontra no Novo Testamento.
Alexandra, uma menina, chega a casa na Venezuela e a mãe pergunta-lhe: “O que fizeste?”, “Muitas coisas, mãezinha. Porém, sabes? Quando eu tinha de falar, não consegui, porque dentro de mim uma voz disse-me alto: "Dá-me a tua vida"”. Era o chamado.
            Nós ficamos admiradas com o fato de um chamado de uma criança tão pequena. Falamos com muitas outras. Naquele congresso 37 crianças tinham sido chamadas ou com estas palavras ou no silêncio, mas perceberam que Alguém as chamava.
            E isso porquê? Porque Alexandra e as suas amigas tinham amado.

            Caríssimos jovens, Deus não deixa de chamar, sobretudo se amarmos. Cabe a nós responder e compor, com a nossa vida, o maravilhoso e divino desenho que Deus previu para cada um de nós em vista do bem de todos.

            Terminei o meu discurso, mas permitam-me ainda uma palavra.
            Sabem o que significa colocar Deus no primeiro lugar? Quer Ele nos chame a consagrar-nos a Ele, quer nos chame a formar uma bela família? Colocar Deus acima de tudo na vida significa encontrar já aqui na terra a felicidade. E é o que desejo a todos vocês!
            Aspirem às coisas do alto! Temos uma vida só! Não se repete: convém usá-la bem. 


Obrigada!

14 julho 2017

A “Via Mariae”: em cada etapa um dom de Deus

“A Via Mariae é mais resultado da ação de Maria em nossa alma ou fruto do nosso próprio esforço?”

Algumas vezes se pensa que somos nós a fazer a ‘Via Mariae’, isto é, se pensa que é possível dizer: “Agora vou começar a viver este ponto, ou aquele outro ponto”. 
Não é assim . Em cada sua etapa, a ‘Via Mariae’ é um dom de Deus. É ele, que naquele determinado momento da nossa vida, nos faz estar em determinada etapa. Naturalmente em proporção à nossa correspondência; mas é um dom de Deus. Nós não podemos, por exemplo, dizer: “Agora quero viver a Desolada. O que devo fazer para isso?” Deus nos coloca no estado de ‘Desolada’ e nos faz viver assim. E um dom seu.
Entenderemos logo isso se, por exemplo, pensarmos na etapa da anunciação. O encontro com o Ideal não foi um fruto nosso, foi um dom de Deus. E assim todas as outras etapas.
Comunicar as nossas experiências aos outros é, sem dúvida, fruto da nossa correspondência, mas fazer ver o fio de ouro que liga a vida — fato pelo qual a experiência que contamos não são apenas palavras, mas algo vivo que produz efeito nas pessoas — é um dom de Deus.
Em resumo, é Deus quem nos coloca nesta ou naquela etapa, não somos nós, não podemos fazê-lo.
Aquilo que devemos fazer é viver o Ideal. De fato, mediante esta espiritualidade subimos de degrau em degrau através das etapas da ‘Via Mariae’. Portanto, vivemos a espiritualidade e não tanto a ‘Via Mariae’: é Deus quem nos coloca naquela determinada etapa, pouco a pouco, à medida em que vivemos o Ideal.

E quanto mais intensamente o vivermos, mais rapidamente estaremos nas etapas seguintes.

13 julho 2017

Carta de Chiara - Conclusão

E hoje, em sintonia com a nova vontade de Deus que nos foi expressa pela Igreja na pessoa do Papa João Paulo II na véspera de Pentecostes 1998, na Praça de São Pedro, eu digo: alarguem este espírito de família a todos os Movimentos e Comunidades eclesiais existentes; ofereçam o amor de vocês a todas as famílias religiosas que conosco representam o aspecto carismático da Igreja; não hesitem em oferecê-lo generosamente a Cristo que vive em todos aqueles que representam o seu aspecto institucional, para que a “Igreja-comunhão” seja uma realidade no Terceiro Milênio. E não esqueçamos aqueles que estão fora da Igreja, no mundo, pelo qual Jesus se encarnou e que nós somos chamados a incendiar.
O carisma da unidade do Movimento sempre nos orientou, a propósito de todos os aspectos da nossa vida, a pensar — por modo de dizer — em grande estilo. Isto é, a considerar, por exemplo, a saúde não só física, mas também espiritual, não só pessoal mas também coletiva.
De fato, nós ligamos a este assunto realidades espirituais como a presença de Jesus em meio e a Santíssima Eucaristia.
Jesus em meio, porque a perfeita saúde da nossa alma depende da sua presença entre nós. A nossa típica espiritualidade exige que se alcance a saúde espiritual em companhia. Como homens e cristãos somos o que devemos ser só estando em relação com os outros. É a inter-relação, o amor ao próximo que nos faz ser plenamente nós mesmos, ou seja, outro Jesus. Por isso, para podermos dizer que somos sadios espiritualmente e completos, perfeitos, realizados, na plenitude da alegria, devemos amar os irmãos até fazer com que Jesus esteja entre nós.
Unimos este aspecto também à Santíssima Eucaristia não só porque é causa da nossa ressurreição, na qual veremos aperfeiçoada e perpetuada a saúde espiritual e física, mas também porque é por ela, pela Eucaristia, que nos tornamos concorpóreos e consangüíneos com Cristo; é ela que nos transforma no Cristo que recebemos, que nos faz ser Cristo e é assim a nossa saúde espiritual.
Comecemos, então, o novo ano Ideal em todo o Movimento cuidando com atenção da saúde física e espiritual nossa e de todos, para a glória de Deus e para o

bem de muitos.

12 julho 2017

TENDE CORAGEM: EU VENCI O MUNDO!

Não é preciso ir muito longe para encontrar remédio e solução para as fumaças que contaminam a atmosfera do mundo. O Evangelho é a saúde eterna e quem, em nome dele e por ele, até morre, desaparecendo, mesmo em nossos dias, talvez ignorado por todos, vive.

Esse, porque amou e perdoou, defendeu e não cedeu, é um vitorioso e, como tal, é acolhido nos páramos eternos.

Mas o Evangelho não há de ser apenas a regra da nossa morte; deve ser o pão cotidiano da nossa vida.

Passando pelas ruas de cidades tradicionalmente católicas, muitas vezes vem a tentação de duvidar da fé das pessoas. Afinal, nós sabemos quantos, também na nossa Itália católica(1), perderam o senso de Deus. E isto se vê, se sente, se sabe; e o cinema e o teatro, a televisão e a moda, a pintura e a música e os jornais o atestam.

Às vezes, certas situações nos deixam estarrecidos e uma sensação de desânimo nos assalta, vendo adultos e inocentes imersos num mundo tão pouco cristão... É quando a fé – se ainda vive em nosso coração – nos sugere uma palavra de Jesus, daquelas eternas. E, atônitos, ficamos convictos e iluminados. Certos, sobretudo, de que aquela sua palavra tem a atualidade de sempre. E nasce no coração a esperança de que, nutrindo-nos dela, não só o nosso espírito encontrará defesa ao ataque contra o mal que nos circunda, pelo bem daqueles que amamos e desejamos ver salvos.

“Tende coragem: eu venci o mundo!”(Jo 16,33).

Quando o tédio, a apatia ou a revolta ameaçam enfraquecer a nossa alma no cumprimento da vontade divina, devemos ir além. Com Jesus é possível que o homem novo viva constantemente em nós, e as nuvens de fumaça do mundo que refreiam a nossa alma se dissiparão.

Quando a antipatia e ódio nos induzirem a julgar ou detestar um irmão nosso, deixemos Cristo viver em nós e, amando, não julgando, perdoando, venceremos.

Quando nos pesam na alma situações que há anos se arrastam na família, na comunidade de trabalho – pequenas ou grandes desconfianças, ciúmes, invejas, tiranias – devemos desempenhar a função de pacificadores e mediadores entre as partes adversárias e recompor a unidade entre os irmãos em nome de Jesus, que trouxe esta idéia à terra, como a verdade, pedra preciosa do seu Evangelho.

Se nos cerca um mundo, como o político ou social, calejado por paixões, por carreirismo, esvaziado de ideais, de justiças e de esperanças, não nos deixemos sufocar. Devemos confiar e não abandonar sobretudo o nosso posto e o nosso empenho: com Quem venceu a morte, pode-se esperar contra toda esperança.

  

(1) A Itália é um país tradicionalmente de grande maioria católica