20 novembro 2019

O tempo me escapa veloz

O tempo escapa-me veloz, aceita a minha vida, Senhor! No coração te guardo, é o tesouro que deve guiar os meus passos. Tu, segue-me, vela-me, é teu o amar: exultar e sofrer. Ninguém recolha um suspiro. Oculta em teu sacrário eu vivo, trabalho para todos. O toque da minha mão seja teu; só teu o timbre da minha voz. Neste trapo que sou, retorne teu amor ao mundo árido, com a água que jorra abundante da tua chaga, Senhor! Clareie a divina Sapiência a tristeza sombria de tantos, de todos. E Maria resplandeça.

19 novembro 2019

A falsa prudência

O que estraga certas almas é uma falsa “prudência” — como é chamada. É uma prudência humana, que vem à tona toda vez que o divino aflora. Parece uma virtude, mas é mais antipática do que o vício. Não quer incomodar ninguém. Deixa os ricos irem para o inferno (“já tendes a vossa consolação”) (Lc 6,24) porque não os esclarece. Sabe-se lá o que poderia acontecer! Deixa que na família, ao lado, se espanquem ou até se matem, porque poderiam dizer que se está intrometendo na vida alheia, ou que se poderia acabar como testemunha no tribunal. E são só aborrecimentos! Aconselha moderação aos santos porque poderia acontecer alguma coisa com eles. Esta prudência, como uma mordaça, isola e se isola, porque nasce do medo. Sobretudo, implica com Deus, porque se Ele interferisse demais no mundo, através de seus filhos fiéis, poderia provocar uma revolução, e aqueles filhos, tanto quanto Cristo, poderiam perder a vida, odiados como Ele pelo mundo. É uma falsa virtude, que creio seja alimentada ou apoiada pelo demônio, que muito pode operar em semelhante clima. Houve alguém que jamais a teve: Jesus Cristo. Quando saiu para pregar, queriam matá-lo já na primeira fala. “Ele porém, passando pelo meio deles, prosseguia seu caminho” (Lc 4,30). Olhando a sua vida com os olhos desses prudentes, dir-se-ia toda ela uma imprudência. Não só! Se esses prudentes fossem lógicos em seu raciocínio, chegariam a concluir que a morte, a cruz, foi Ele mesmo quem procurou… com sua imprudência. Creio não haver palavra de Jesus que não esbarre nesta gente. É porque Deus e o mundo estão em antítese perfeita, e só aqueles que sabem desvencilhar-se do mundo, para seguir as pegadas de Cristo, podem dar alguma esperança à humanidade.

18 novembro 2019

Deus é poderoso

Deus é poderoso, é o Todo-Poderoso. Maria foi definida “a toda-poderosa por graça”. Ela também é poderosa: pode e obtém. Nós somos miseráveis. E aqueles dentre nós que se julgassem diferentes estariam enfileirados conosco só por esse fato. Mas a nossa impotência, a nossa pobreza — se amamos a Deus —, talvez nos possam ser úteis. Elas nos podem fazer obter alguma coisa. Se o Pai dos Céus quis que Jesus fosse nosso irmão, se preparou na humanidade uma Imaculada para sua vinda, é porque estávamos em más condições, chagados na alma, pecadores. O pecado deve ser odiado. Mas, a vinda de Jesus à terra por Maria, se bem entendida, pode matar-nos de alegria, se Deus não amparar. Jesus na terra… irmanado conosco… diz: “Se pedirdes alguma coisa a meu Pai em meu nome, Ele vo-la dará” (Jo 14,13-14), como o bom filho di ria ao irmão rebelde de quem tem dó: “Vai lá e pede a papai em meu nome”, é certo que ele conseguirá mais facilmente. Jesus na terra… Jesus nosso irmão… Jesus que morre por nós entre ladrões; Ele, o Filho de Deus, nivelado aos outros. Quem sabe seremos também um pouco poderosos junto ao Coração do Pai, se nos mostrarmos como somos: seres miseráveis que talvez tenham feito poucas e boas, mas que dizem, arrependidos e reconciliados em seu amor: “Afinal, se vieste para nosso meio, foi porque nossa fraqueza te atraiu, nossa miséria te feriu até à compaixão”. O certo é que não há na terra nem mãe, nem pai que espere um filho perdido e tudo faça para que ele volte, tanto quanto o Pai celeste.

17 novembro 2019

As virgens prudentes e as virgens insensatas

As virgens prudentes e as virgens insensatas. O azeite é o amor. Quem tem o amor é virgem. Por isso, olhando as coisas pelo lado divino, é mais virgem Madalena do que muitas virgens orgulhosas da própria virgindade ou, ao menos, que não amam. E Jesus não pode conhecê-las, porque o Amor só conhece o Amor. O Esposo reconhece a esposa naquela que traz o seu sobrenome, alguma coisa de si, como que Ele mesmo nela transferido, una com Ele. Ora, Deus é propriamente a Caridade. Nada é mais seu do que ela, que Dele é essência.

16 novembro 2019

Qualquer de vós, que não renunciar



      “Qualquer de vós, que não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33).

      “Qualquer”. Portanto, as palavras de Jesus são dirigidas a todos os cristãos.

      “Tudo”. É o que pede a todos, para serem cristãos. Não podemos ser apegados nem mesmo à nossa alma (que é uma de nossas posses), mas devemos desapegar-nos de tudo.

      E aqui Jesus Abandonado é Mestre universal.

15 novembro 2019

Ao alcande de todos

Nos dias de hoje, não basta banir a guerra. A paz requer que se supere a categoria de inimigo, qualquer que seja o inimigo. Aliás, ela exige que se ame o inimigo.
Isso os discípulos de Cristo podem fazer.
Mas, como o amor pulsa no íntimo de cada coração humano, isso também as pessoas que não possuem uma fé religiosa podem fazer, talvez a título de filantropia, de solidariedade, de não-violência. Igual àqueles que, sendo de outros credos, são chamados por sua religião a pôr em ação o respeito e o amor ao próximo.

14 novembro 2019

Há quem faça as coisas por amor


      Há quem faça as coisas “por amor”. Há quem faça as coisas procurando “ser o Amor”. Quem faz as coisas “por amor”, pode fazê-las bem; mas pensando, por exemplo, em prestar um grande serviço a um irmão, digamos doente, pode aborrecê-lo com seu falatório, com seus conselhos, com suas ajudas, com uma caridade pouco sensata e pesada.

      Ele terá um mérito, mas o outro, um peso. Tudo isso porque é preciso “ser o Amor”.

      O nosso destino é como o dos astros: se giram, existem, se não giram, inexistem. Nós existimos — entendendo-se que vive em nós não a nossa vida, mas a de Deus — se não cessamos um instante de amar.

      O amor nos abriga em Deus, e Deus é o Amor.

      Mas o Amor, que é Deus, é luz, e com a luz vemos se o modo como nos aproximamos e servimos o irmão está em conformidade com o Coração de Deus, está como o irmão gostaria, como ele sonharia se tivesse a seu lado não nós, mas Jesus.

13 novembro 2019

Se estamos unidos, Jesus está entre nós

Se estamos unidos, Jesus está entre nós. E isso vale! Vale mais do que qualquer outro tesouro que nosso coração possa ter: mais do que a mãe, o pai, os irmãos, os filhos. Vale mais do que a casa, o trabalho, os bens; mais do que as obras de arte de uma grande cidade como Roma; mais do que os nossos afazeres, mais do que a natureza que nos circunda, com as flores e os campos, o mar e as estrelas; vale mais do que a nossa própria alma. Foi Ele que, inspirando os seus santos com suas verdades eternas, marcou época em cada época. Essa é também a sua hora: não a de um santo, mas Dele, Dele entre nós, Dele vivendo em nós, que edificamos, em unidade de amor, o seu Corpo Místico. Mas, é preciso dilatar o Cristo, fazê-lo crescer em outros membros; tornarmo-nos, como Ele, portadores de Fogo. Fazer de todos um e em todos o Um! Vivamos, então, na caridade, a vida que Ele nos dá momento por momento. É mandamento fundamental o amor fraterno. Por isso, tem valor tudo o que é expressão de sincera e fraterna caridade. Nada do que fazemos tem valor, se nisso não há sentimento de amor pelos irmãos; pois Deus é Pai e tem no coração, sempre e unicamente, os filhos.

12 novembro 2019

Servir

Amar quer dizer servir. Jesus nos deu o exemplo. Primeiro, com a morte de cruz favoreceu a humanidade inteira que foi, que é e que será. Mas depois, deu-nos também o exemplo quando lavou os pés. Era Deus, e nos lavou os pés, a homens. Portanto, também nós podemos lavar os pés dos nossos irmãos.
      Podemos, não. Devemos. Isso é o cristianismo: servir, servir a todos, reconhecer patrões em todos. Se nós somos servos, os outros são patrões.
      Servir, servir. Procurar alcançar a primazia evangélica, sim, mas pondo-nos a serviço de todos.
      A serviço… Eis uma ideia que pode revolucionar o mundo. O cristianismo não é uma brincadeira, o cristianismo é uma coisa séria, não é uma mão de verniz, um pouco de compaixão, um pouco de amor, um pouco de esmola.
      O cristianismo é exigente, é plenitude de vida.

11 novembro 2019

As palavras de um pai


      As palavras de um pai são sempre valiosas, pois é preciso acreditar em quem fala com amor. Mas, se um pai dita as últimas palavras antes de deixar a terra, elas ficam gravadas na alma dos filhos, e valem por todas as outras juntas: são o testamento.

      O amor paterno é nada diante do amor de um Deus.

      Também Jesus, o Deus humanado, falou. Também Ele deixou um testamento: “Que sejam um… que todos sejam um” (Jo 17,11.21).

      Quem orienta a própria vida para a unidade, centrou o coração de Deus.

      No mundo, somos todos irmãos, mas cada um passa pelo outro ignorando-o. E isso acontece mesmo entre cristãos batizados.

      A Comunhão dos Santos existe, o Corpo Místico existe. Mas, esse Corpo é como uma rede de galerias escuras.

      A energia para iluminá-las existe; em muitos é a vida da graça. Mas Jesus não queria só isto quando se dirigiu ao Pai, invocando. Queria um Céu na terra: a unidade de todos com Deus e entre si, isto é, a rede de galerias iluminada; a presença de Jesus em cada relação com os outros, além da sua presença na alma de cada um.

      Este é o seu testamento, o desejo mais precioso de Deus que por nós deu a vida.

10 novembro 2019

A vida é bela

Não ponha limites à sua vida!

Procure ouvir as notas harmoniosas e sublimes do canto maravilhoso que se evolua da natureza.

Viva sorridente e alegre, para espantar as preocupações, para aliviar as lutas.

Mergulhe sua alma na alma da natureza: absorva a luz do sol, goze a suavidade da lua, contemple o esplendor das estrelas, aspire o perfume das flores.

A vida é bela, apesar das dores e dos contratempos.

09 novembro 2019

Jamais desanime

O homem não pode viver isolado.

Lembre-se de que cada companheiro de jornada é um amigo que o ajuda a quem você precisa também ajudar.

A cooperação existe entre todas as coisas criadas.

Procure você também cooperar com tudo e com todos, em benefício da própria Terra que o acolhe bondosamente, permitindo sua evolução.

Ajude sempre, e jamais desanime.

08 novembro 2019

No amor, o que vale é amar

No amor, o que vale é amar. Assim é nesta terra. O amor — falo do amor sobrenatural, que não exclui o natural — é uma coisa muito simples e muito complexa. Exige a tua parte e conta com a parte do outro. Se tentares viver de amor, verás que, nesta terra, convém que faças a tua parte. A outra, nunca sabes se virá, nem é necessário que venha. Às vezes, ficarás decepcionado, porém jamais perderás a coragem, se te convenceres de que, no amor, o que vale é amar. E amar a Jesus no irmão, a Jesus que sempre a ti retorna, talvez por outros caminhos. Ele deixa a tua alma como aço contra as intempéries do mundo, e a liquefaz no amor por todos os que te rodeiam, contanto que tenhas presente que, no amor, o que vale é amar.

07 novembro 2019

O frio

O frio gela; mas, quando excessivo, queima e corta. O vinho fortifica; mas, quando demasiado, debilita as forças. O movimento é o que é; mas quando vertiginoso, parece estático. O Espírito de Deus vivifica; mas quando é muito… inebria. Jesus é o Amor porque é Deus; mas o grande amor por nós levou-o a clamar “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?…” (Mt 27,46), quando Ele se mostra apenas homem.

06 novembro 2019

Dá-me todos os que estão sós


      Senhor, dá-me todos os que estão sós…

      Senti em meu coração a paixão que invade o teu, por todo o abandono em que nada o mundo inteiro.

      Amo todo ser doente e só: até as plantas sem viço me causam dó…, até os animais solitários.

      Quem consola o seu pranto?

      Quem tem pena de sua morte lenta?

      E quem estreita ao próprio coração o coração desesperado?

      Meu Deus, faze que eu seja no mundo o sacramento tangível do teu Amor, do teu ser Amor: que eu seja os braços teus que estreitam a si e consomem no amor toda a solidão do mundo.

05 novembro 2019

Serenidade

Se tiver que discutir, faça-o com serenidade.

Lembre-se de que seu adversário tem os mesmos direitos que você, de fazer-se ouvido.

Ouça-o com a mesma atenção que gosta de receber.

Não tumultue a discussão: os direitos dele são iguais aos seus.

E, quem sabe, muitas vezes a razão estará com ele.

Então, discuta com serenidade, e conquiste fama de sábio e de homem bem educado.

04 novembro 2019

Bela, a mãe!


      É tão bela a Mãe, no recolhimento perene em que o Evangelho no-la mostra: “Conservava a lembrança de todos estes fatos em seu coração” (Lc 2,51).

      Aquele silêncio pleno exerce um fascínio sobre a alma que ama.

      Como poderia eu viver Maria no seu místico silêncio, quando a nossa vocação é, por vezes, falar para evangelizar, sempre aos quatro ventos, em todos os lugares, ricos e pobres, dos subterrâneos às estradas, às escolas, em todo canto?

      Maria também falou. E deu Jesus. Ninguém jamais no mundo foi apóstolo maior. Ninguém jamais teve palavra como Maria, que deu à luz o Verbo encarnado.

      Maria é real e merecidamente Rainha dos Apóstolos.

      E ela calou-se. Calou-se porque dois não podiam falar. A palavra há de apoiar-se sempre em um silêncio, como uma pintura sobre um fundo.

      Calou-se porque criatura. Porque o nada não fala. Mas sobre aquele nada, falou Jesus e disse: Ele mesmo.

      Deus, o Criador e o Tudo, falou por sobre o nada da criatura.

      Como então viver Maria, como perfumar a minha vida com o seu fascínio?

      Fazendo calar em mim a criatura e deixando falar nesse silêncio o Espírito do Senhor.

      Assim vivo Maria e vivo Jesus. Vivo Jesus em Maria.

      Vivo Jesus vivendo Maria.

03 novembro 2019

A morte é vida

«A morte não me incute medo. Sobretudo eu entendi claramente isso: quem vê a morte é quem não morre, ou seja, a pessoa que vê a outra morrer. Mas quem morre vê a vida, porque a morte é o encontro com Cristo. Você fecha os olhos, por assim dizer, se tiver tempo de fechá-los, ou melhor, você os abriu aqui e os abre de novo lá. Você vê Cristo, o Cristo que salva, que ama, etc., que será também o seu juiz, certamente. Porém, se durante a vida você procurou fazer algo por Ele, naquele momento Ele virá ao seu encontro, eu creio, com toda a bondade.
Portanto, a certa altura perde-se o medo da morte. Quando muito, eu tenho medo das dores que podem preceder a morte, pelo terror de senti-las; talvez, dores agudas - como estou observando em muitas pessoas - ao ponto de não resistir e me lamentar. Mas, também neste caso me consola o próprio Cristo que segui: Jesus crucificado e abandonado, pois ele gritou: "Meu Deus,...", e, portanto, ele suportará também o meu clamor, as minhas lamentações, não vai pretender que eu sorria em certos momentos».


02 novembro 2019

Trabalho

TRABALHO é sinônimo de nobreza. Não desdenhe o trabalho que lhe coube realizar na vida. 
O trabalho enobrece aquele que o faz com entusiasmo e amor. 
Não existem trabalhos humildes. 
Só se distinguem por serem bem ou mal realizados. 
Dê valor ao seu trabalho, fazendo com todo o amor e carinho, e estará desta maneira dando valor a si mesmo.

01 novembro 2019

Isolado

0 homem não pode viver isolado.
Lembre-se de que cada companheiro de jornada é um amigo que o ajuda e a quem você precisa também ajudar.
A cooperação existe entre todas as coisas criadas. 

Procure você também cooperar com tudo e com todos, em benefício da própria Terra que o acolhe bondosamente, permitindo sua evolução. 
Ajude sempre, e jamais desanime.

31 outubro 2019

O colóquio

      De uma conferência telefônica
      Rocca di Papa, 22 de dezembro de 1994

      E aqui estamos no quinto instrumento da nossa espiritualidade coletiva, que denominamos “colóquio”.
      Ele também serve muito para o progresso de nossa vida espiritual. […]
      Assim como nem sempre são suficientes nossos cuidados para manter a saúde do corpo, mas nos confiamos a especialistas, talvez para um check-up completo; assim como não basta lavar e cuidar com precaução do nosso carro para viajarmos tranquilos, mas, de vez em quando, é necessário o olho de lince do mecânico, também é bom controlar de vez em quando a caminhada de nossa alma com alguém que conhece mais do que nós a vida do espírito. […]
      Também Jesus fazia colóquios com pessoas individualmente. O Evangelho traz alguns. E foram tão importantes quanto os seus discursos para as multidões.
      Por exemplo, Ele conversou sozinho com a samaritana (cf. Jo 4,1-26), bem como conversou de noite com Nicodemos (cf. Jo 3,1-21).
      Visto que se encontrava junto a um poço e tinha sede, pediu de beber à samaritana e, na mesma circunstância, revelou-lhe a situação dela: tinha vivido com cinco homens e nenhum deles era seu marido, como também não era o que tinha naquele momento.
      Apesar disso, continuando o colóquio, Jesus fala com aquela mulher até mesmo sobre o dom de Deus, a graça, que nos faz filhos de Deus, e a ela se revela inclusive como Messias: “Sou eu, que estou falando contigo” (Jo 4,26).
      Revelações grandiosas, divinas… a uma pobre samaritana, com quem Jesus não deveria nem ter falado, segundo os costumes.
      E a Nicodemos, cuja fé e piedade conhecia, Jesus diz que quem não é gerado pelo Alto não pode ver o Reino de Deus; que, portanto, é necessário renascer da água e do Espírito por meio do batismo.
      Outra revelação altíssima referente ao Reino. O quanto Jesus amava as pessoas!
      E é justamente Dele que precisamos aprender a fazer os colóquios.
      Ele não fecha os olhos para a realidade das pessoas que tem diante de si: a samaritana pecadora; Nicodemos, homem de piedade, embora medroso. E encontra, em todos os casos, o modo de revelar a eles as grandes realidades que veio doar ao mundo.
      É assim que nós nos devemos comportar nos colóquios que fazemos com os nossos irmãos: devemos partir da situação presente deles – que viremos a conhecer se nos colocarmos na atitude apropriada (a de amá-los com todo o coração e a mente) e se estivermos totalmente vazios (como nos ensina o mistério de Jesus Abandonado) – para que o irmão possa abrir-se totalmente, esvaziando em nosso coração a enchente que às vezes tem em seu espírito, de modo que se dê início à realização, entre nós, daquele relacionamento trinitário que devemos estabelecer com ele.
      Depois, ouvindo o Espírito Santo que certamente fala em nós se tivermos amado, falamos, prontos não só a fazer voltar a paz e a serenidade ao irmão, mas a lhe revelar novamente, em seus mil matizes, o Ideal que um dia o iluminou e arrastou pelo caminho da espiritualidade coletiva.
      E como nos devemos comportar se somos nós que estamos em posição de receber?
Já está claro. Também nós devemo-nos dispor a estabelecer um relacionamento trinitário com o irmão ou a irmã, que está presente para nos ajudar. E, também nesse caso, Jesus Abandonado é mestre, Aquele que, tendo dado tudo, tornou-se o vazio.
      Mas aqui, é preciso criar o vazio em nós, doando a nossa situação espiritual com as suas lutas e as suas vitórias, os seus regressos e os seus progressos.
      E depois, colocamo-nos em atitude de ouvir, certos de que o Espírito Santo dará a sua luz a quem nos deve iluminar, e conscientes de que é sobretudo a Ele, ao Espírito Santo, que devemos a nossa gratidão se fomos ajudados, aliviados e encorajados.
      Se tudo decorrer desse modo, também aqui, como na “hora da verdade”, o resultado será uma alegria profunda: alegria pela paz readquirida ou ampliada, alegria por enxergar de novo e cada vez melhor o nosso caminho atrás de Jesus, causa de toda nossa felicidade.

30 outubro 2019

A hora da verdade

      De uma conferência telefônica
      Rocca di Papa, 24 de novembro de 1994

      Desta vez, apresento-lhes outro instrumento típico e útil à espiritualidade coletiva e, sem dúvida, o mais árduo e o mais difícil para o nosso “homem velho”. Mas, considerando a medida com a qual queremos amar o próximo, ou seja, até dar a vida, acho que seja também praticável.
      Trata-se da “hora da verdade”.
      Embora de modo bastante diferente, ela lembra um hábito que ocorria entre os primeiros cristãos, os quais, desejando a perfeição para se manterem seguidores de Jesus e amando os irmãos em quem tinham plena confiança, chegavam, às vezes, até a confessar os próprios pecados uns aos outros.
      Trata-se aqui de outra coisa bem diferente. Os pecados nós os contamos aos confessores, mas, pela caridade, que também nutrimos por nossos semelhantes e pelo desejo de cooperar para que também eles se santifiquem conosco, empenhamo-nos a lhes oferecer, com amor, o que neles podemos observar de negativo e positivo.
      É uma prática exigente, mas serve muito para a Santa Viagem.
      No Movimento, costumava-se colocá-la em prática desde os primeiros tempos e ainda hoje temos dela uma muito boa impressão.
      O fato é que um irmão pode ser realmente útil para o outro, como uma mão sabe lavar a outra. A esse propósito, lembro de um provérbio africano que diz que o irmão é como um olho que temos atrás da cabeça. E isso quer significar que o irmão vê onde nós não vemos.
      É preciso reunir-se num grupo não numeroso demais. […] Para que [a hora da verdade] produza seus frutos, será necessário dispor de um pouco de tempo e agir com calma.
      Um responsável deverá estar presente, como moderador, para confirmar ou corrigir o que for dito.
      Antes de qualquer outra coisa, será bom renovar o pacto entre todos, para que tudo se desenrole somente no amor pleno.
      E qual disposição de ânimo deverá ter quem for submetido ao julgamento fraterno dos demais? Com o ânimo de quem sabe que é sempre um simples servo (cf. Lc 17,10), de que é nada, porque assim é cada um perante Deus. Desse modo, não se perturbará nem se exaltará com tudo o que for dito.
      Depois, sorteia-se um do grupo. E, sob a orientação do moderador, cada irmão dirá algum defeito daquele que foi escolhido, alguma imperfeição, algum senão que achar que notou nele. Depois, refazendo a rodada, cada um dirá também alguma virtude, alguma qualidade que pôde notar.
      No final – essa é a nossa constatação contínua – todos são tomados por uma grande alegria e não se sabe a razão. Talvez seja a experiência da liberdade cristã; a atuação da Palavra: “A verdade vos tornará livres” (Jo 8,32). […]
      “A hora da verdade” é uma espécie de maquiagem espiritual. É como quando se aplica o cosmético no rosto: ele tira as impurezas e deixa a pele macia e elástica, e dá uma sensação de bem-estar; algo semelhante acontece para as nossas almas.
      A “hora da verdade” é uma verdadeira bênção em nossa corrida para a santidade. Procuremos praticá-la com alegria, no momento oportuno. Deus ama a quem dá com alegria (cf. 2Cor 9,7).

29 outubro 2019

Comunhão das experiências da Palavra de Vida

      De uma conferência telefônica
      Rocca di Papa, 27 de outubro de 1994

      Desta vez, falamos da “comunhão das experiências da Palavra de Vida” […]. Não se deve confundi-la com a “comunhão de alma”, do modo como a descrevi na última vez, mas é uma prática distinta que, como vocês sabem, remonta aos primeiros dias da vida do Movimento.
      De fato, a Palavra de Vida tem uma importância fundamental para nós. A nossa Obra nasceu como uma encarnação dela.
      Por meio da Palavra vivida com radicalismo Cristo se forma em nós.
      Além disso, a Palavra é importantíssima porque, por meio dela, assumimos como nossa toda aquela grande regra (era assim que víamos o Evangelho desde os primeiros tempos) de onde haurimos a nossa espiritualidade. […] Mas isso não basta.
      Somos chamados a pôr em comum nossas experiências relativas a ela. Por quê? Porque é isso que Deus quer numa espiritualidade coletiva e é uma grave omissão deixar de colocar essa comunhão em prática.
      Os santos não hesitam muito em atribuir essa transgressão ao inimigo dos homens (ao demônio).
      Em uma carta, santo Inácio de Loyola fala da “falsa humildade” como uma arma que o demônio usa para prejudicar as pessoas. Diz ele: “Vendo o servo de Deus tão bom e humilde que […] acha que é completamente inútil […] faz com que ele pense que, se fala de alguma graça [e acrescentamos: como seria a luz que vem do fato de viver a Palavra] que Deus Nosso Senhor lhe concedeu, graça de obras, propósitos e desejos, peca com [uma] espécie de vanglória porque fala em sua honra. Portanto, faz com que ele não fale dos benefícios recebidos do seu Senhor, impedindo assim de dar frutos em outros e em si mesmo, uma vez que a lembrança dos benefícios contribui sempre para coisas maiores” (Carta de 18.6.1537, in Loyola, 1977, p. 725-726).
Eu acrescentaria que algumas vezes não se pratica a comunhão sobre as experiências da Palavra de Vida por preguiça ou porque somos arrastados por um falso ativismo e, portanto, mais levados a olhar fora do que dentro.
      Não! Nós devemos ser fiéis aos nossos deveres, devemos agarrar com força esse outro instrumento de nossa espiritualidade coletiva toda vez que for vontade de Deus (e estamos estabelecendo isso para todas as diversas vocações da Obra).

28 outubro 2019

A comunhão de alma

De uma conferência telefônica
      Rocca di Papa, 22 de setembro de 1994

      A “comunhão de alma” deve ser feita entre nós para colocar em comum os bens espirituais que possuímos, e assim colaborar para a santificação do outro como para a nossa. Sabemos que: nós “somos” na medida em que “somos para os outros”.
      Põe-se em comum tudo o que é belo e útil com vistas à santidade e, não por último, os frutos da nossa meditação. […]
      [Com ela] confrontamo-nos todo dia com o nosso Ideal, por meio da leitura da Sagrada Escritura, de trechos da nossa espiritualidade, de escritos dos santos ou de documentos da Igreja apropriados para essa finalidade. Colocamo-nos na presença de Deus; consideramos o estado de nossa vida espiritual; deixamo-nos iluminar por um assunto ou outro que temos à frente; falamos com a Santíssima Trindade, com Jesus, ou o Pai, ou o Espírito Santo, ou então, com Maria, sobre tudo o que diz respeito à nossa alma; fazemos propósitos a serem postos em prática coerentemente.
      Tudo isso é bom? É ótimo! E deve ser feito cada vez melhor, toda vez possivelmente com maior zelo.
      Mas, o simples fazer meditação, até perfeitamente, ainda não é um princípio da nossa espiritualidade coletiva. […] Somos chamados a fazer render em proveito também dos outros o que Deus nos fez entender na meditação e o que foi o fruto dela. E isso é feito na “comunhão de alma”.
      Então, é necessário estabelecer um tempo com os nossos irmãos ou as nossas irmãs para fazer isso. […] Serve de encorajamento lembrar que aquilo que não se comunica se perde; ao passo que aquilo que se doa volta reforçado à alma do doador, além de se tornar útil para os outros.
      Um exemplo da “comunhão de alma” é nos dado por Maria diante da prima Isabel. No Magnificat, a Mãe de Jesus, a toda humilde, fala de si, daquilo que Deus operou nela, e faz isso para a glória de Deus. É evidente que entre ela e a prima já havia o amor mútuo, mas o Magnificat o corroborou.
      O mesmo devemos fazer também nós, ficando atentos a que tudo sirva unicamente ao bem dos irmãos e que nada tenha a ver com a nossa vanglória.
      Comecemos, então, a pôr em prática com regularidade esse segundo princípio da nossa espiritualidade. Essa comunhão espiritual sempre dará um novo impulso à nossa vida ideal.

27 outubro 2019

Os tesouros do rei

Welwyn Garden City (Londres), 20 de novembro de 1996

      Faz-se uma comunhão das riquezas espirituais, porque está escrito que “é bom manter ocultos os tesouros do rei; porém, é ótimo revelá-los” [cf. Tb 12,7]. Então, nós dizemos: É preciso mantê-los escondidos, para não “dar” – como diz o Evangelho – “as coisas santas aos cães” [cf. Mt 7,6], mas é preciso revelá-las quando, no entanto, é o momento oportuno. Por exemplo: entre nós, dispomo-nos na sexta-feira, entre nós focolarinas, no meu focolare, todas juntas. Então, eu digo alguma coisa sobre como passei a semana, coisas alentadoras que tive a impressão de entender, talvez dificuldades que superei, ou que tive dificuldade em superar, ou como entendi melhor Jesus Abandonado, ou como quero amá-lo, ou o que procurei fazer. As outras fazem a mesma coisa, de modo que é um enriquecimento recíproco dos bens espirituais. Tudo é feito como dádiva de amor. E os outros o aceitam como dádiva de amor. Essa é a comunhão de alma.

26 outubro 2019

Amou-nos

Loppiano, 18 de abril de 2000

      O pacto do amor mútuo foi o que fizemos quando entendemos que o mandamento de Jesus era o que Jesus mais desejava, e então nos lançamos: “E eu estou pronta a morrer por você”; “Eu estou pronta a morrer por você”.
      Depois, com o tempo, entendemos que existia prontidão neste sentido: que, se por acaso fôssemos chamadas por Deus a morrer mesmo, morreríamos; enquanto isso, dividíamos as coisas entre nós. Ultimamente, entendemos ainda mais profundamente que, na realidade, diante do irmão, é preciso morrer de fato, não com o sangue, mas com a alma, o que significa perder tudo, tudo, tudo, para inserir-se nele, para entendê-lo, para abraçar as suas dores, os seus pesares, os seus… e vice-versa. O amor mútuo é: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Amou-nos até o abandono, portanto, também nós: vivermos Jesus Abandonado, sermos nada para entrarmos no outro.

25 outubro 2019

Criar as condições necessárias

De uma conferência telefônica
      Suíça, 13 de setembro de 1990

      Devemos antes criar as condições necessárias, suscitar a atmosfera adequada para, depois, poder dizer ao outro, com coragem: “Eu – com a graça de Deus – quero estar pronto a morrer por você”. E, por sua vez, poder ouvir: “E eu, por você”.
      Depois devemos agir com coerência, atiçando o fogo do amor com relação a cada próximo. Desse modo, vivemos também a Palavra de Vida do mês de setembro que diz: “Não fiqueis devendo nada a ninguém… a não ser o amor que deveis uns aos outros, pois quem ama o próximo cumpre plenamente a Lei” (Rm 13,8).

24 outubro 2019

Disposição para “dar a vida”

      De uma palestra aos jovens da Jornada Mundial da Juventude
      Santiago de Compostela, 16 de agosto de 1989

      Se alguém ama, é frequente ser amado de volta, e por isso o amor se torna mútuo. E esse é o mandamento próprio de Jesus. Vocês sabem, na Trindade vive-se o amor e, portanto, Jesus trouxe o amor mútuo, porque as pessoas da Santíssima Trindade se amam assim.
      De fato, Jesus diz que esse mandamento é “seu” – “o meu mandamento” – e é “novo”, termos que não se encontram em outras partes [do Evangelho]. Diz: “Amai-vos como eu vos amei” (cf. Jo 15,12). É uma medida! Morreu por nós e diz que é preciso amar um ao outro até dar a vida: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida” (cf. Jo 15,13).
      Portanto, vocês entendem que ceder um espaço na barraca de lona, uma cama de campanha, uma coisa qualquer, em comparação com a vida, já que é essa a medida…
      E os seguidores de Jesus não poderão dizer que são autênticos se não forem capazes de dar a vida.
      É algo muito exigente, mas não tenham medo. Existem os que os precederam: Jesus como primeiro, os santos. […]
Nem sempre nos é solicitado dar a vida: agora, por exemplo, vocês, no máximo, têm de ficar ouvindo e eu, falando alguma coisa: não é realmente dar a vida. Mas, no fundo, é preciso ter sempre esta disposição: se me for solicitada [a vida], eu a dou; se me for solicitada… No fundo, é preciso tê-la.

23 outubro 2019

O dia do Amor

De uma conferência telefônica
      O dia 12 de abril daquele ano era uma Quinta-Feira Santa. Chiara celebrava esse dia como “o dia do amor”.
     
      Rocca di Papa, 12 de abril de 1990

      Este é o dia do amor, porque é tudo amor o que neste dia se comemora.
      Amor, o sacerdócio ministerial. […]
      Amor, a Eucaristia, na qual Jesus se deu inteiramente a nós.
      Amor, a unidade, efeito do amor, que Ele num dia como hoje suplicou ao Pai.
      Amor, o seu “Mandamento Novo”, que nos deixou.
      E é sobre o Mandamento Novo de Jesus que gostaria de me deter.
      Nós o propusemos no Genfest6 como uma grande oportunidade para se chegar a um mundo unido. E todos, uns mais, outros menos, vão agora se esforçar para colocá-lo em prática.
E nós, que estamos no coração da Obra, os seus mais íntimos, o que fazermos?
      Minha proposta é esta.
      Hoje começa o tríduo pascal. São três dias solenes.
      Pois bem, em um desses dias, devemos encontrar um momento solene em que renovaremos entre nós […] onde for possível, aquele pacto que as primeiras focolarinas fizeram quando declararam umas às outras: “Eu estou pronta a morrer por você, eu por você, eu por você…”.
      É verdade que até essa pequena, grande coisa, nem sempre é de todo fácil: mesmo nas estruturas fundamentais de nossa Obra, o respeito humano pode ter-se infiltrado. Talvez para alguns seja mais fácil tomar essas decisões diretamente com Deus. Mas a nossa espiritualidade é coletiva e não podemos traí-la.
      O pacto de outrora foi o marco histórico do Movimento. Ali, Jesus se pôs em nosso meio. Portanto, encontremos o modo de renová-lo. Depois, esforcemo-nos para viver de acordo.
      O nível sobrenatural vai aumentar em toda a Obra, e nos tornaremos de modo melhor – como devemos ser – os primeiros operários de um mundo unido.
      O Ressuscitado será mais resplandecente entre nós, com o seu Espírito, como requer a festa de Páscoa, que nos preparamos para festejar. Sem esquecer que o dia de amanhã, Sexta-Feira Santa, lembra Jesus Abandonado, a chave divina que torna realmente possível estarmos prontos a morrer um pelo outro.

22 outubro 2019

Renovar o “pacto de amor mútuo”

      Uma declaração sagrada
      De uma conferência telefônica
      Sierre (Suíça), 25 de agosto de 1994

      O primeiro princípio sobre o qual se apoia [a nossa espiritualidade] é, sem dúvida, o Mandamento Novo de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (cf. Jo 15,12). […]
Não será nada mau – penso eu – que nos exercitemos um pouco em profundidade nesse primeiro princípio, fundamento de toda a construção.
      E o que fazer concretamente?
      Eu diria que reavivássemos esse amor entre nós e, para que o nosso agir tenha seriedade e se assinale como que uma nova etapa no caminho da nossa Santa Viagem4, aconselharia a vocês e a mim que nos redeclarássemos esse amor entre nós, […] com todos aqueles com os quais convivemos normalmente, embora de modos diferentes. Fizéssemos como fizeram as primeiras focolarinas quando se declararam: “Estou pronta a morrer por você; eu, por você”, ou seja, todas por qualquer uma, lançando assim os fundamentos da nossa Obra5. E depois, procurar viver coerentemente, com toda a intensidade.
      Isso não significa, vocês sabem disso, que, mediante o amor mútuo, a unidade se realiza uma vez para sempre. Ela precisa ser renovada todo dia, mediante propósitos e fatos. […]
      É sagrada essa declaração de amor mútuo, é sagrado esse pacto que lhes peço; é solene, mesmo quando feito na simplicidade; e não está isento de dificuldades. De fato, será fácil pronunciá-lo com alguns; com outros, será necessário preparar o terreno. É um ato não isento de sacrifício, porque às vezes será necessário vencer o respeito humano, outras vezes, superar a indolência ou a rotina espiritual em que talvez tenhamos caído. Será necessário praticar a humildade para fazer o amor próprio calar; em resumo, pagar o primeiro preço da passagem de um modo de viver individual para uma espiritualidade coletiva.
      Mas, Deus abençoará todo esforço e, se depois formos fiéis ao que dissemos, ele nos dará a alegria de divisar a sua presença, efeito da unidade, aonde quer que nos dirijamos.