NÃO VIVÍAMOS a Palavra de Deus apenas
individualmente, cada uma por conta própria. As experiências úteis, as
iluminações, as graças obtidas da vivência eram postas em comum, deviam ser
postas em comum, pela exigência da Espiritualidade da Unidade, que espera nos
santifiquemos juntos.
Sentíamos o dever de comunicar aos outros
tudo o que experimentávamos, mesmo porque éramos conscientes de que, doando, a
experiência permanecia, para edificação de nossa vida interior, ao passo que,
não doando, a alma lentamente ia empobrecendo. MUDARAM todos os relacionamentos com Deus
e com os irmãos e, com a Palavra e pela Palavra, floresceu uma comunidade
cristã. Pessoas que antes nem se conheciam
tornaram-se irmãs, até colocarem em prática a comunhão dos bens materiais e
espirituais entre si; gente até então dispersa tornou-se povo, comunidade,
porção de Igreja viva. E QUALQUER UM DENTRE NÓS, sem sutilezas e
raciocínios, que acreditava em suas Palavras com o encanto de uma criança, e
colocava-as em prática, usufruía desse paraíso antecipado, que é o Reino de
Deus em meio a homens unidos em seu nome. O FATO É QUE o destino da semente é
morrer para dar vida à árvore, como o destino da Palavra de Deus é ser
“ingerida” para dar vida a Cristo em nós e a Cristo entre nós. ESTEJAMOS UNIDOS em nome do Senhor,
vivendo a Palavra de vida que nos faz um (cf. Fl 2,16). Pensei no enxerto das plantas, onde dois
ramos descascados, ao contato das duas partes vivas, tornam-se uma coisa só. Quando duas almas poderão consumar-se em
um? Quando forem vivas, ou seja, quando estiverem descascadas do humano e,
mediante a Palavra de Vida vivida, encarnada, forem Palavras vivas. Duas
Palavras vivas podem consumar-se em um. Se uma não for viva, a outra não se
poderá unir. EMBORA DISTANTES, uma Luz nos ligará,
imperceptível aos sentidos e desconhecida do mundo, porém, por Deus estimada
mais do que qualquer outra coisa: a Palavra de Vida.
"Eu daria tudo que tivesse pra voltar aos dias de criança. Eu não sei pra que a gente cresce se não sai da gente essa lembrança..." (Ataulpho Alves)
26 julho 2017
25 julho 2017
Paradiso Di Stelle
Quante sere a parlare in giardino
Sussurrando finchè
Su di noi s'affacciavano le stelle
Mille stelle diverse
Come musica, come dolci note che scendono giù
Che riververa da lassú
Paradiso di stelle
Anche noi come stelle
Se vivessimo come in cielo
Seguendo le note dentro di noi
Quante sere a scrutare l'universo
Com il naso all'insù
A cercare nel buio l'infinito
Ed il nostro spatito
Tracce limpide di un destino nuovo che nessuno sa
Nella trama segreta di una storia
Che profuma d'eternità
Paradiso di stelle
Anche noi come stelle
Se vivessimo come in cielo
Cercando le note
Scoprendo le note dentro di noi
È l'amore solo amore
Sale e miele
Di terra e di cielo
E l'amore chiama amore
Quante sere a cercare le risposte
D'infiniti perchè
A sondare al di là del firmamento
L'incredibile mistero
Di una musica quella stessa musica sceitta lassù
Come note di speranza in fila indiana
Da trascrivere noi quaggiù
Paradiso di stelle
Anche noi come stelle
Se vivessimo come in cielo
Cercando le note
Scoprendo l'amore dentro di noi
Quante sere a parlare in giardino
Sussurrando finchè
Su di noi s'affacciamo le stelle
Tradução:
Tradução:
Como muitas noites conversando no jardim
sussurrando até
Sobre nós, eles olharam para as estrelas
Mil estrelas diferentes
Como a música, como notas doces que descem
O que riververa lá de cima
estrelas do céu
Nós também gostamos estrelas
Se vivêssemos como no céu
Seguindo as notas dentro de nós
Quantas noites para digitalizar o universo
Com o nariz
Uma busca no infinito escuro
E o nosso spatito
vestígios claros de um novo destino que ninguém sabe
Na trama secreta de uma história
Isso cheira a eternidade
estrelas do céu
Nós também gostamos estrelas
Se vivêssemos como no céu
Procura de notas
Encontrar notas dentro de nós
É o amor só o amor
Sal e Mel
Da terra e do céu
E o amor chamado amor
Quantas noites para procurar respostas
Em infinito porque
Uma sonda para além da expansão
O mistério incrível
A música que mesmo sceitta música lá em cima
Como uma nota de esperança em fila única
De transcrever nos para baixo aqui
estrelas do céu
Nós também gostamos estrelas
Se vivêssemos como no céu
Procura de notas
Encontrar o amor dentro de nós
Como muitas noites conversando no jardim
sussurrando até
as estrelas
24 julho 2017
Como se tornar Santo?
Sucede,
freqüentemente, que as almas sejam atraídas pela ideia da santidade. E talvez
seja mesmo a graça de Deus que nela opera, suscitando este desejo.
A
consideração da preciosidade de um santo, a influência de sua personalidade em
sua época, a revolução ampla e continua que ele traz ao mundo, são amiúde os
primeiros combustíveis para alimentar a chama de semelhante desejo.
Mas,
por vezes, a alma, que deste modo se sente tão docemente atormentada,
encontra-se diante dos santos como diante de uma vala intransponível, ou de uma
muralha invulnerável.
“O que fazer para ser santo? “ – pergunta-se.
“Qual a medida, o sistema, os meios, o
caminho?”
“Se
eu soubesse que basta a penitência, flagelar-me-ia de manhã à noite. Se viesse
a saber que é preciso a oração, dia e noite rezaria. Se fosse suficiente a
pregação, percorreria cidades e aldeias, sem dar-me trégua, anunciando a todos
a palavra de Deus... Mas não sei, não conheço o caminho.”
Cada santo tem sua fisionomia e
distinguem-se uns dos outros, como as mais variadas flores de um jardim...
Todavia, talvez haja um caminho
válido para todos. Talvez não seja preciso ir em busca da própria vocação, nem
traçar um plano, ou sonhar programas, mas abismar-nos no momento que passa para
cumprir naquele instante a vontade de Quem se disse “Caminho” por excelência. O
momento passado já não existe; o momento futuro talvez jamais o tenhamos em
nossas mãos. O certo é que podemos amar a Deus no momento presente que nos é
dado.
A santidade constrói-se no tempo.
Ninguém conhece a própria santidade, nem muitas vezes a dos outros, enquanto
estiver em vida. Somente quando a alma completou o seu percurso é que revela ao
mundo o desígnio que Deus tinha sobre ela.
A nós não resta senão construí-la,
momento por momento, correspondendo com todo o coração, com toda a alma, com
todas as forças, ao amor pessoal que Deus tem para conosco, como Pai celeste,
amor pleno, como a grandeza da caridade de um Deus.
23 julho 2017
Como o Criador
A
fé no amor que Deus faculta às suas criaturas, fé típica de nós, cristãos,
descobrimo-la em muitos irmãos e irmãs de outras religiões, a começar pelas
abraâmicas, que afirmam a unidade do gênero humano, o zelo que Deus dispensa a
toda a humanidade e a obrigação de cada criatura humana de agir como o Criador,
com imensa misericórdia por todos.
Reza um provérbio muçulmano: “Deus perdoa cem vezes, mas reserva a sua
suprema misericórdia para aquele cuja piedade poupou a menor de suas
criaturas”3.
Que dizer da compaixão sem limites por todos os seres vivos que Buda
ensinou, aconselhando seus primeiros discípulos: “Ó monges, deveríeis trabalhar
pelo bem-estar de muitos, pela felicidade de muitos, movidos de compaixão pelo
mundo, pelo bem-estar dos homens”?4
Portanto, amar a todos. É um princípio universal. Sentido pelos seres
humanos de qualquer época, e debaixo de qualquer céu.
1 Ou
seja, para a realização do que Jesus pediu ao Pai na última ceia: “ut omnes unum
sint, sicut tu, Pater, in me et ego in te” (“a fim de que todos sejam um. Como
tu, Pai, estás em mim e eu em ti”; Jo 17,21). [N.d.E.]
2 Cf.
1Cor 13,1-13.
3 Cf.
GUZZETTI, G. M. Islam in preghiera. Roma : Elle Di Ci, 1991, p. 136.
4 Mahagga, 19.
22 julho 2017
ENAMORADOS DE DEUS
Desde quando se aprofundou o conhecimento
do Coração de Jesus que, vivo, palpita por nós no céu, com a graça de Deus se
fazem novas experiências espirituais.
Na visita ao Santíssimo, por exemplo,
diante d’Ele no sacrário, quando se lhe diz: eu te amo, a palavra contém
verdadeiramente a realidade; não só a realidade da vontade, mas a do afeto,
daquele afeto ardente que é humano e é divino.
Graças a Deus, na verdade, isto se pode
experimentar.
Que o Coração de Jesus, fornalha ardente de
caridade, mantenha o nosso coração no calor do seu e seja o escrínio que contém
este único e precioso néctar: o amor.
Sim, o amor, aquele amor de quem
divinamente está enamorado de Deus. É isto mesmo.
Então a vida aqui na terra se plenifica,
nada mais falta.
“Coração por coração”. E isto, enquanto a
chama estiver acesa.
Depois, na desolação e na aridez, ainda o
coração desolado pelo Coração abandonado de Jesus.
Mas sempre Coração por coração.
Compreende-se melhor, agora, e repete-se
como palavras nossas: “Sagrado Coração de Jesus que tanto nos amais, fazei que
vos amemos cada vez mais”.
21 julho 2017
QUEM PASSA AO MEU LADO
Dos irmãos todos que passam ao nosso
lado no dia da nossa vida, em cada um Cristo quer nascer, crescer, viver,
ressuscitar.
Ele nos pede ajuda, conforto,
conselho e repreensão, luz, pão, casa, roupas, orações...
Vivamos
o momento presente e, no presente, a obra de misericórdia que Deus no próximo
nos pede.
Quem me está próximo foi criado como um dom para mim e eu fui
criado como um dom para quem me esta próximo.
Na
terra tudo está em relação de amor com tudo:
cada coisa com cada coisa. Mas é
preciso viver o Amor para encontrar o fio de ouro entre os seres.
20 julho 2017
Os fundadores
É
belo e também interessante conhecer neste momento algumas regras de vida de
outras famílias religiosas, para ver como o Espírito Santo é constante em
sugerir aos vários fundadores normas semelhantes às nossas.
Na
Regra de São Bento, por exemplo, lemos no capítulo 36:
O
cuidado dos enfermos deve vir antes de tudo e ter prioridade sobre todas as
coisas (...).
Numa
Regra não oficial de São Francisco está escrito:
E
peço ao frade enfermo para dar graças por tudo ao Criadore que deseje ser como
o Senhor o deseja: sadio ou doente, pois todos aqueles que Deus predestinou à
vida eterna, ele os educa com correções estimulantes (...), pois o Senhor diz:
“Eu cornjo e castigo aqueles que amo”.
É
amor, portanto, a doença, é tudo amor aquilo que faz sofrer, tanto para São
Francisco como para nós.
No
Movimento, ainda, as doenças, com o seu peso de sofrimento, são vistas como
provações de Deus para a provação final, que é a passagem para a Outra vida.
Escrevia-se
nos anos 60:
Deus,
fazendo-se homem, portanto mortal, nasceu nesta terra para morrer
E é este o
sentido da vida: viver como o grão de trigo cujo destino é morrer e apodrecer
para a vida verdadeira e eterna. (...)
Devemos encarar as doenças que nos atingem
como degraus preparados pelo amor de Deus para escalarmos o pico, provações
para “a provação”: pequena condição de hóstias não perfeitamente consumadas,
para a consumação final (cf. Jo 19,30) completa que a todos espera. Assim,
mortais com o Mortal, para ressurgir com ele e iniciar uma Vida que não terá
fim. Senhor, que o fazer a tua vontade seja o incenso que te oferecemos nesta
“Missa” que preparamos.[1]
E é famoso
o escrito intitulado: «A Sua, a nossa missa». Fala da dor. Talvez seja útil —
neste tema — citar uma parte, porque retrata o sentido que nós damos à doença e
ao sofrimento.
Se sofres,
e teu sofrer é tanto
que te
impede qualquer atividade,
lembra-te
da missa.
Na missa,
Jesus,
hoje como
outrora,
não
trabalha, não prega:
Jesus
sacrifica-se por amor.
Na vida,
podem-se fazer tantas coisas,
dizer
tantas palavras, mas a voz da dor,
talvez
desconhecida pelos outros,
da dor
oferecida por amor,
é a
palavra mais forte, aquela que toca o Céu.
Se sofres,
imerge a
tua dor na sua;
diz a tua
missa! (...)
E deixa
correr o teu sangue
em
benefício da humanidade:
como fez
Jesus!
A missa!
Grande
demais para ser entendida!
A sua, a
nossa missa.[2]
19 julho 2017
Atentos à bussola
Collegamento CH
Rocca di Papa, 5 de janeiro de 1984
[…]
Verificamos que o chamado a seguir Jesus Abandonado de maneira radical não se deu de uma só vez, ou seja, apenas no início do Movimento.
Com efeito, no decorrer destes anos, periodicamente o Senhor enfatizava este chamado, por meio de episódios ou de particulares reflexões.
Assim aconteceu comigo, em 1954. É um episódio conhecido, mas que é bom relembrar.
Era 1954, um ano importante para nós. Pela primeira vez, um focolarino se ordenava sacerdote. Eu devia viajar de Roma a Trento para participar da ordenação do Pe. Foresi, ministrada pelo arcebispo de Trento. Porém, como eu não estava muito bem de saúde, quiseram que eu fizesse a maior parte da viagem de avião. Logo que embarquei, uma aeromoça muito gentil, para facilitar a viagem, me convidou para conhecer a cabina de comando. Chegando naquele lugar fiquei imediatamente encantada com o magnífico panorama que se podia observar: amplo, plenamente visível pela carlinga toda de vidro.
Mas não foi o panorama o que mais tocou meu espírito. Na verdade, foi uma breve explicação do piloto sobre o que é importante para pilotar um avião. Ele me disse que, para se fazer uma viagem direta e segura, era necessário, antes de tudo, orientar a bússola na direção do ponto de chegada. Depois, durante o percurso, seria preciso vigiar para que o avião nunca se desviasse da rota estabelecida.
Seguindo estas explicações, fiz imediatamente dentro de mim, um paralelo entre uma viagem de avião neste mundo e a viagem da vida que, hoje, eu chamaria de "Santa Viagem". E me pareceu entender que também na viagem da vida é necessário, desde o início, fixar com precisão a rota, o caminho da nossa alma, que é Jesus Abandonado. A seguir, no decurso de toda viagem, devemos fazer uma única coisa: permanecer fiéis a Ele. Sim, o caminho ao qual Deus chama todos nós é somente este: amar Jesus Abandonado sempre.
Isto significa abraçar, abraçar todas as dores da própria existência. Significa colocar em prática o amor, adequando sempre a nossa vontade à Sua, “assassinando” a nossa vontade para deixar viver a Sua. Amar Jesus Abandonado quer dizer conhecer a caridade, saber como se faz para amar os próprios próximos: como Ele amou, até o abandono. Amar Jesus Abandonado sempre significa colocar em prática todas as virtudes que, naquele momento, Ele viveu manifestamente de modo heroico.
O dia 31 de dezembro de 1983 marcou o terceiro aniversário da "Santa Viagem".
E nós nos questionamos: em que ponto estamos? E dentro de nós um desejo ardente de
não perder mais tempo.
Pois bem, penso poder afirmar que apontar a agulha da bússola da nossa alma para Jesus Abandonado é tudo o que de melhor podemos fazer para continuar e terminar a Santa: Viagem, e até para empreendê-la com uma certa facilidade.
Se o piloto, que observei estar totalmente livre nos seus movimentos, não usava rédeas como as que se usam para guiar uma carruagem, nem volante, daqueles que se usam para dirigir automóveis, também nós, se orientarmos a agulha da nossa bússola espiritual para Jesus Abandonado, não teremos necessidade de outro recurso para chegarmos com segurança à meta.
E assim, como numa viagem de avião não nos deparamos com as surpresas das curvas, porque se voa no espaço aéreo, nem temos que afrontar montanhas, porque nos colocamos logo numa boa altitude, também na nossa viagem, com o amor a Jesus Abandonado, nos colocamos imediatamente nas alturas. Os imprevistos não nos assustam, nem sentimos muito os esforços da subida, porque, por Jesus, surpresas, cansaços e sofrimentos já são todos previstos e esperados!
Portanto, apontemos fixamente a bússola para Jesus Abandonado e permaneçamos fiéis a Ele.
De que modo? Pela manhã, ao despertarmos, apontemos nossa agulha para Jesus Abandonado com o nosso "Eis-me aqui!", do qual lhes falei anteriormente. Depois, durante o dia, de vez em quando, vamos dar uma olhada: observemos se estamos
sempre na rota certa para Jesus Abandonado. Se não estivermos, corrijamos a rota com um novo "Eis-me aqui!" e o sucesso da viagem não ficará comprometido.
18 julho 2017
O QUE IMPORTA? AMAR-TE IMPORTA!
O tempo é um lampejo e, em nossas mãos,
só existe o instante efêmero. Ancorai-o em Deus e, ao passar, realizai apenas
obras para o céu!
Amai-o!
Escutai o que Ele quer de vós em cada
momento de vossa vida.
Fazei isso com todo o ímpeto de vosso
coração…
Enamorai-vos de Deus, porque enamorar-se
de Deus significa enamorar-se de sua vontade.
Se, no momento presente, toda a nossa
vida for um sim à vontade de Deus repetido com igual intensidade, veremos
realizado de fato aquilo que tanto pedimos e por que tanto ansiamos: ser Jesus.
Voltei de Trento, onde aquelas ruas,
aquelas casas, aquele céu lembravam o grito do nosso coração de primeiras Gen2:
“O que importa? Amar-te importa!”
Pois é, nada tem valor: nem sofrer, nem
se alegrar, nem trabalhar, nem conquistar o mundo. Só vale o Amor que, por
Jesus, colocamos no momento presente da vida, vivida com seriedade.
17 julho 2017
O QUE SIGNIFICA AMAR?
Amar alguém
significa fazer-lhe aquilo que gostaríamos que nos fizesse. E ao mesmo tempo
amar alguém significa não fazer-lhe o que não gostaríamos que nos fizessem. Por
exemplo: eu não gostaria de ser esquecida, não gostaria de ser abandonada, não
gostaria de ser caluniada. Assim, eu também não devo caluniar, nem abandonar,
não devo fazer aos outros o que eu não gostaria que me fizessem. Isto significa
amar alguém.
Ora, os jovens
não são feitos para as tagarelices, para as teorias; são feitos para a ação,
para concretizar, para realizar. E portanto, quando encontram alguém que os
ensina a viver o Evangelho, se lançam.
Ainda uma outra
coisa. Eu acho que não existe no mundo um texto mais revolucionário do que o
Evangelho e os jovens gostam de qualquer espécie de revolução, de acordo com as
suas tendências.
Por exemplo, o
Evangelho diz: “Bem-Aventurados os que choram”. É uma revolução. “Sede
perfeitos como o meu Pai é perfeito.” É uma revolução. “Ama o teu próximo como
a ti mesmo”. Mas quem é que faz isto? É uma revolução.
Todo o Evangelho
é uma revolução. E os jovens o amam porque é assim. Portanto, eu acho que mesmo
tendo passado dois mil anos, o Evangelho é mais do que nunca atual, e por
experiência própria, em contato com dezenas de milhares de jovens, vi como eles
são atraídos pelo Evangelho.
16 julho 2017
Até ao amor recíproco
“Fazer-se um”: é isso o amor.
“Fazer-se um” com quem quer que encontremos ao longo do nosso dia.
“Fazer-se um” até que a pessoa amada desse modo entenda o que é o amor e
queira, por seu turno, amar.
Assim nasce o amor mútuo, a insígnia dos cristãos ainda hoje válida,
como era válida na época dos primeiros seguidores de Cristo.
Amor mútuo, que é o mandamento por excelência de Jesus, a vida da
Santíssima Trindade transferida para a terra.
Amor mútuo perfeito, radical, porque põe em prática o “como”, que é a
medida desse amor: Jesus em seu abandono, que tudo deu de si por nós, inclusive
— de algum modo — a sua união com Deus.
Amor mútuo que, se for assim vivido, constrói a unidade e gera Jesus em
meio aos homens.
15 julho 2017
A vocação - Chiara Lubich aos jovens
Caríssimos todos e, de modo
especial, queridas e queridos jovens! Estamos aqui reunidos nesta maravilhosa
Casa de Deus para uma jornada de reflexão sobre um assunto que nos diz respeito
a todos: a vocação.
Eu
também estou aqui para tratar convosco este tema tão importante, com o desejo
de comunicar-vos alguma idéia nova.
A
vocação. Mas o que significa esta palavra?
Num
sentido lato, a vocação pode ser definida por: a inclinação para uma função,
uma determinada profissão, uma missão ou qualquer coisa que uma pessoa se sente
chamada a exercer para o bem comum[1]. “Quero ser médico, arquiteto,
enfermeiro, juiz, professor, político, jornalista, etc., para ser útil à
sociedade”.
No
campo religioso, por sua vez, a vocação significa: o chamamento que Deus dirige
- por uma sua iniciativa de amor (porque ama) - a uma pessoa ou a um povo para
o tornar partícipe da Sua vida e confiar-lhe uma missão por vezes especial mas
que se insere sempre num horizonte amplo que é transformar a humanidade em
família de Deus.
Para
explicar melhor: Deus é Amor e demonstra esta sua qualidade ao chamar (a
palavra "vocação" vem do verbo "vocare" em latim, que
significa "chamar") uma pessoa ou um povo a partilhar com Ele a sua
vida (perfeita) e a desempenhar um papel específico, particular, que visa -
todavia - a grande missão de Jesus: fazer de todo o mundo uma única família.
A
vocação é, pois, um chamado e, como tal, aguarda uma resposta.
Todos
ouvimos falar de muitos chamados, feitos por Deus, tanto no Antigo como no Novo
Testamento. Chamados esses, a que foi dada a resposta: a de Abraão, por
exemplo; ou de Moisés, dos 12 Apóstolos, de São Paulo...
Também
sabemos reconhecer chamados ainda hoje presentes na Igreja de Deus, como a
vocação ao sacerdócio, ou a uma vida religiosa, ou a dar-se totalmente a Deus,
através dos Movimentos eclesiais modernos, na virgindade ou no matrimonio.
O Chamado
Hoje pediram-me para refletir sobre
uma vocação especial, que é a minha.
Como podem intuir, não é fácil falar
em público de certas coisas, mas vou fazê-lo com simplicidade, esperando que
vocês gostem, e unicamente para dar glória a Deus.
Para a descrever, tenho de recordar
o período em que ela se manifestou.
Como
todas as vocações, a minha também é a vocação de uma pessoa convidada,
primeiro, a partilhar com Deus a sua vida, no esforço de me aperfeiçoar (“Sedes
perfeitos”, disse Jesus); e, depois, a colaborar para fazer da humanidade uma
única família.
No
princípio eu não sabia absolutamente nada do que me haveria de acontecer na
vida, nem tinha projeto algum.
De
fato é Deus que chama; é Ele que escolhe, como disse: “Não fostes vós que Me
escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi” (Jo 15, 16). E fez assim também
comigo. Embora eu fosse fraca e frágil como muitas como todas as jovens daquele
tempo, Deus foi atuando o seu plano pouco a pouco.
Mas ainda antes que Ele me chamasse, a minha vida
tinha-se constelado de muitos pequenos episódios, que eram provavelmente sinais
de um chamado de Deus.
Vou contá-los, porque tenho a
certeza de que também todos vocês tiveram fatos belos na vossa vida,
ainda crianças... Uma pequena
inspiração, uma idéia, uma intuição, uma boa leitura, uma palavra de alguém
querido, que era diferente da rotina da vida quotidiana. Por isso queria
convidar-vos (depois de os contar) a refletir e ver também vocês como Jesus vos
amou. Tenho a certeza de que é assim.
Eu
ainda era pequena (tinha seis ou sete anos) e, com algumas religiosas, ia fazer
a adoração ao Santíssimo Sacramento. Eu sentia-me impelida a fixar a Hóstia
Santa e a dizer-lhe: “Dá-me a tua luz! Dá-me o teu amor!”. E recordo que era
tão forte este desejo do seu amor que eu não tirava os olhos da Hóstia Santa,
até que a certa altura eu via a hóstia toda escura e todo o resto à volta, branco.
Eu não sabia que, depois, na minha vida o Senhor me iria dar luz e amor, que
inundaram o meu coração e o de muitas outras pessoas.
Este
foi um pequeno episódio, um pequeno sintoma. Depois houve outros e cheguei aos
18 anos.
Eu
gostava muito de filosofia, mas tinha um desejo, quase uma santa curiosidade:
eu queria conhecer Deus. Quem será? Como será? Que terá a ver comigo? Que terá
a ver com os outros? Que terá a ver com a história? Eu dizia: a única coisa a
fazer é freqüentar a Universidade. Vou à procura de uma Universidade Católica,
esperando que me ensinem alguma coisa. Mas a situação financeira da minha
família não me permitiu entrar nessa universidade. Recordo que eu estava num
quarto, com a minha mãe, e me pus a chorar, desconsolada. Eu pensava: “Nunca
poderei conhecer Deus; nunca o poderei conhecer!” A minha mãe tentava
consolar-me, mas era inútil. Até que no fundo do coração tive a impressão de
ouvir Alguém que me dizia: “Vou ser Eu o teu Mestre”.
Depois,
alguns anos depois: cinco ou seis anos depois, quando Deus mandou este carisma
ao mundo, percebi que Ele me começava a instruir acerca das coisas de Deus.
Chegaram
os 19 anos e fui convidada, com outras estudantes, a ir a uma cidade, que se
chama Loreto, e fica no centro da Itália. Diz-se que a casa de Nossa Senhora,
de São José e do Menino Jesus foi transportada para ali – dizem – durante as
cruzadas. Fica dentro de uma igreja que parece uma fortaleza.
Eu escapava do curso de estudantes
católicas e corria sempre para aquela "casinha". Estava toda
enegrecida pelas velas. E ali, coisa estranha! logo que me ajoelhava, assim,
sentia-me esmagada por uma coisa muito forte, como pelo divino. E chorava. Eu
dizia: “O Menino Jesus talvez tenha atravessado este quarto; Nossa Senhora
talvez tenha cantado neste lugar e estas paredes terão ouvido a sua voz. São
José talvez tenha posto estas traves...”. E quanto mais pensava nisso, mais me
sentia invadida por uma profunda comoção.
Foi ali que percebi pela primeira
vez qual era a minha estrada. Compreendi que estava a nascer na Igreja uma
estrada nova de consagração a Deus, para as jovens e para os rapazes, para
casais, para sacerdotes. E o que seria essa estrada? Uma repetição da Sagrada
Família de Nazaré, onde no meio de dois virgens vivia Jesus.
Essa é a vocação ao focolare:
virgens, moças ou rapazes, ou sacerdotes, com Cristo no meio deles, pois Ele
disse: “Onde dois ou mais estão unidos no meu nome, eu estou no meio deles”.
Eu
voltava sempre àquela casinha, sempre que podia!
No
último dia eu estava no fundo da igreja e percebi, não sei como, que me haveria
de seguir uma multidão de virgens.
Passemos
a outro episódio, sempre nesse ano.
Fazia
muito frio em Trento. Na nossa família éramos: três irmãs, um irmão, a mãe e o
pai. Era preciso ir comprar leite a uma localidade que ficava longe, a mais de
um quilometro, com aquele frio!... A minha mãe nunca me dizia para fazer estas
coisas, porque queria que eu estudasse. Então disse à minha irmã: “Podes ir
tu?”. “Ah, mãe, tenho tanto frio!”. Disse à outra: “Vais tu?”. Ela também tinha
frio. Então eu, feliz por poder fazer um ato de amor (recordem este detalhe: um
ato de amor!), disse: “Vou eu, mãezinha!”. E saio com a garrafa vazia, para ir
comprar o leite.
Quando chego a meio do caminho,
paro, com a impressão... Eu não via com estes olhos. Era como uma impressão da
alma: como se o Céu se abrisse e uma voz me dissesse: “Dá-te toda a mim!”.
Depois,
falei com o meu confessor, que me deixou logo ser totalmente de Jesus.
Entretanto eu conhecia algumas
amigas. Logicamente eu tinha uma tamanha alegria, que não a conseguia conter e
contei-lhes tudo e elas decidiram: “Nós queremos ir contigo, Chiara”. Eram as
primeiras da multidão de virgens.
A resposta
|
Podem
imaginar o que aconteceu dentro de mim quando, naquela manhã, às seis horas, na
igreja, sozinha me consagrei a Deus, mediante um sacerdote, logicamente. Eu
tinha uma única idéia: “Desposei Deus! Desposei Deus! Espero tudo dele nesta
vida!”.
Decorria
a Segunda Guerra Mundial. Um dia houve um bombardeamento [bombardeio] terrível sobre Trento. A minha casa foi atingida e, com
os meus pais, fugimos para um bosque.
Estávamos
ali, estendidos no chão, ao relento, enquanto ao longe se viam as chamas.
Recordo apenas uma coisa daquela noite. Recordo que tinha entendido que, na
madrugada seguinte, eu teria de fugir com a minha família para a montanha, mas
eu já não o podia fazer. As minhas companheiras significavam uma coisa
importante para mim. Eu compreendia que Deus tinha começado uma obra sua. E
ali, olhando para o céu, recordo duas únicas palavras: estrelas, que vi
percorrer todo o firmamento de noite. Nunca tinha visto. E lágrimas, ao pensar
que teria de deixar a minha mãe, o meu pai, os meus irmãos, eu, que era naquele
momento a única que os ajudava financeiramente.
Então
eu rezava e dizia: “Diz-me a tua vontade”. Deus fez-se um comigo e repetiu-me
uma frase que eu aprendera no liceu. Em italiano significa: “O amor vence
tudo!”. Em latim era: “Omnia vincit amor”.
“Como?”, disse. “Deve vencer também
isto?” Percebi que era mesmo assim.
Voltamos
a casa, que estava toda em ruínas, e o meu pai deu-me a sua bênção.
Depois
encaminhei-me para a cidade, toda destruída: com as árvores arrancadas, o
hospital todo em ruínas... e, por entre os escombros, fui à procura das minhas
companheiras: estavam todas salvas.
Então
procuramos um pequeno apartamento, onde morar. Nós não sabíamos, mas era o
primeiro focolare.
Logicamente
a guerra continuava. Tínhamos de correr para os abrigos e não podíamos levar
nada conosco, porque não havia tempo. Mas eu levava comigo apenas um Evangelho
pequeno e abríamo-lo... Por uma luz especial aquelas palavras, que tínhamos
ouvido tantas vezes, pareceram-me novas, revolucionárias, únicas, universais,
feitas para toda a gente, eternas: para todos os tempos. Começamos a ler.
Outra
coisa que tínhamos era a força de as pôr em prática. Líamos: “Ama o teu próximo
como a ti mesmo” (Mt 19, 19). Mas quem é o próximo. Ah, sim! É aquela velhinha
que mal consegue chegar ao abrigo. Vamos ajudá-la. Ah, sim. É aquela senhora com cinco filhos, que não
sabe como levá-los a todos para o abrigo. Vamos levá-los ao colo. Ah, sim. É
aquele doente, nosso vizinho, que não pode escapar para o abrigo. Vamos ter com
ele, levar-lhe os remédios, tratar dele.
Líamos:
“Cada vez que tiverdes feito estas coisas..., a Mim o fizestes” (Mt 25, 40).
Mas como? Jesus considera feito a ele o que fizermos aos outros?
Por
causa da guerra, havia pessoas feridas; sem roupa, nem casa; com fome e sede...
Então cozinhávamos panelões de sopa e íamos distribuí-la. Juntávamos tudo o que
tínhamos.
Líamos: “Pedi e ser-vos-á dado” (Mt
7, 7; Lc 11, 9).
Conto-vos
o primeiro episódio, que já deu a volta ao mundo, pelo menos do nosso mundo, do
Movimento.
Encontro
um pobre, que me diz: “Dá-me um par de sapatos nº 42”. Eu penso: “Onde é
que posso achar um par de sapatos? Para mais, nº 42!”. Entro numa igreja e digo
a Jesus no sacrário: “Dá-me um par de sapatos nº 42 para ti, naquele pobre”.
Saio da igreja e passa uma jovem com um embrulho na mão. Entrega-me. Digo: “O
que é?”. Abro-o: era um par de sapatos nº 42. Então é verdade!...
Então
a nossa mentalidade começa a mudar. Vemos que o que Jesus promete, se realiza.
O que Ele diz é verdade!
Naturalmente destes episódios no
Movimento, que tem 55 anos, aconteceram aos milhões, em todos os pontos da
terra.
Líamos
ainda: “Dai e dar-se-vos-á” (Lc 6, 38)/.
Uma
manhã, tínhamos em casa algumas maçãs, umas três ou quatro. “Dai!”. Então, ao
primeiro pobre que bateu à porta: “Toma estas maçãs”. Fechamos a porta. Durante
a manhã um senhor oferece-nos um saquinho de maçãs. Mas vêm outros pobres;
tinham fome e nós só tínhamos as maçãs. “Dai e dar-se-vos-á”. Damos o saquinho
de maçãs e ainda no mesmo dia, à tardinha, vemos chegar o pai de uma de nós com
uma mala cheia de maçãs... O Evangelho era verdadeiro! Jesus mantinha ainda
hoje as suas promessas.
Logicamente,
nós ficávamos tão contentes, tão cheias de entusiasmo, que contávamos a todas
as pessoas que encontrávamos nos abrigos ou lá fora estas experiências
formidáveis, que iam passando de boca em boca. E dizíamos: “Se os Apóstolos
gritavam: "Cristo ressuscitou!", nós podemos dizer que Cristo está
vivo!”. E, quando o encontravam uma vez, nunca mais o podiam esquecer.
Em
todo o caso estávamos sempre diante da morte; podíamos morrer de um momento
para outro.
Então
uma de nós pensou: “Haverá uma Palavra do Evangelho que agrade de modo especial
a Jesus? Gostaríamos de a viver, pelo menos nos últimos momentos que temos de
vida”.
O
Evangelho respondeu-nos: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como
Eu vos amei.” (Jo 15, 12)./
Então
nós, éramos seis ou sete jovens, pusemo-nos em círculo e dissemos umas às
outras: “Eu estou disposta a morrer por ti”; “Eu estou disposta a morrer por
ti”; “Eu estou disposta a morrer por ti”. Todas por cada uma.
Logicamente
Jesus não nos pediu um amor assim tão grande, a ponto de morrer, mas pedia-nos
outras coisas, pequenas ou grandes. Não sei. Recordo que eu tinha dois casacos.
Dei um deles, porque era suficiente um. Tinha luvas; dei-as a quem serviam. O
mesmo faziam as outras. Púnhamos em comum os bens materiais e os bens
espirituais.
Isto
para vos dizer em que contexto nasceu a minha vocação. Foi assim que tudo
começou e depois continuou por 55 anos. E Deus formou uma obra grande!
Temos de o dizer para a sua glória! Atualmente está difundida por todo o mundo,
em 182 nações e tem milhões de aderentes.
Quando
o Santo Padre me vê, diz-me: “Vocês são um povo!”. Então, consoante o número,
compara-nos com o Líbano, ou com outras nações.
Agora
o Santo Padre menciona o Movimento dos Focolares como uma das expressões
significativas do aspecto carismático da Igreja. E, como nós, muitas outras
pessoas aqui presentes, que fazem parte de outros maravilhosos movimentos
eclesiais.
Queridas e queridos jovens, e todos
os que estão aqui, este foi o princípio da minha história, da minha vocação.
Mas, como sabemos, Deus chama de muitas maneiras.
Chama muitas pessoas a exercer
funções e missões especiais: por exemplo chama jovens (como acenamos) à sublime
vocação do sacerdócio, a ser outros Cristo; chama homens e mulheres a fazer
parte dos diversos canteiros floridos da Igreja, que são as Famílias
Religiosas, para enriquecer constantemente a Esposa de Cristo com o perfume das
mais esplêndidas virtudes.
Chama
homens e mulheres, membros dos Movimentos eclesiais atuais, a dar-se a Deus
individual e comunitariamente, ou a compor famílias exemplares, quais pequenas
Igrejas.
Recordem:
Ele chama a qualquer idade. Chama também as crianças, também os mais pequeninos;
chama em todos os pontos da terra.
Mas
como se faz para descobrir a própria vocação?
Por
experiência devo dizer-vos que geralmente é necessária uma disposição
particular. Dado que o chamamento de Deus é um ato de amor da sua parte, quando
Ele encontra amor nas almas, sente-se mais livre de chamar. Então: o que é
preciso fazer para ouvir a voz de Deus? É preciso amar, mas com o verdadeiro
amor. Se assim fizermos, facilitamos o papel de Deus.
E,
quem já conhece a sua vocação, encontrará no amor o modo melhor para a
realizar.
Mas,
como vos dizia, é necessário o verdadeiro amor. Falei dele há dois dias em
Aachem, mas queria repetir, porque é tão importante o amor verdadeiro, que, se
o vivermos, desencadeamos no mundo uma revolução, que é a revolução cristã.
O
verdadeiro amor tem quatro qualidades: ama a todos, porque Jesus morreu por
todos; Maria é mãe de todos.
Portanto um amor verdadeiro não
está ali a ver se um é simpático ou antipático, jovem ou velho, branco ou
preto, alemão ou italiano, de uma religião ou de outra; amigo ou inimigo. O
verdadeiro amor ama a todos. Experimentem vivê-lo. Experimentem! As pessoas
estão habituadas a amar os amigos, os pais, os parentes; tudo coisas ótimas.
Mas amamos realmente todas as pessoas? Experimentem! Experimentem! É a
revolução. Porque os outros não percebem e perguntam daí a pouco: “Por que
fazes assim? Por que gostas de mim? Por que me deste a caneta? Por que me
passaste aquele texto? Porquê?”.
“Porque
quero amar a todos”. Então começa o diálogo entre nós, católicos, com os outros
de outras Igrejas, ou de outras religiões. Começa um diálogo, porque desperta o
interesse nas outras pessoas. Portanto vocês, jovens, sobretudo, recordem que o
primeiro ponto do verdadeiro amor é amar a todos.
Segundo ponto: ser os primeiros a
amar. Quando Jesus veio à terra, nós não O amávamos; éramos todos pecadores.
Ele amou-nos primeiro. Temos de ir ter com todos sem esperar que nos amem. Amar
porque nos amam: não! Temos de ser os primeiros a amar!/ Este é aquele amor que
o Espírito Santo derramou no nosso coração; é o mesmo amor que existe na
Santíssima Trindade, de que participamos, mas que temos de pôr em prática.
Depois é preciso (como daquela vez
que na igreja pedi os sapatos nº 42)... ver Jesus em todos, porque ele disse:
“No juízo final o exame será este: "A mim o fizestes". O que fizermos
de bom e o que fizermos de mau, infelizmente.”
Amar a todos, ser os primeiros a
amar. Terceira coisa: ver Jesus no próximo.
Mas
não deve ser um amor platônico, sentimental. É um amor concreto e, para isso, é
preciso – como diz São Paulo - “fazer-se tudo para todos”, fazer-se um com quem
sofre, com quem está contente, e partilhar alegrias, dores, dificuldades.
Partilhar.
Então:
amar a todos, ser os primeiros a amar, ver Jesus e, depois, amar concretamente.
Isto é o que podemos fazer nós: encher o nosso coração do verdadeiro amor. O
chamamento é a parte dele, não a nossa; é dever dele.
Houve
em Roma recentemente um congresso de criancinhas. Eram muitas. Depois voltaram
para casa. Tinham aprendido a amar segundo aquilo a que chamamos "a arte
de amar", que se encontra no Novo Testamento.
Alexandra, uma menina, chega a casa
na Venezuela e a mãe pergunta-lhe: “O que fizeste?”, “Muitas coisas, mãezinha.
Porém, sabes? Quando eu tinha de falar, não consegui, porque dentro de mim uma
voz disse-me alto: "Dá-me a tua vida"”. Era o chamado.
Nós
ficamos admiradas com o fato de um chamado de uma criança tão pequena. Falamos
com muitas outras. Naquele congresso 37 crianças tinham sido chamadas ou com
estas palavras ou no silêncio, mas perceberam que Alguém as chamava.
E
isso porquê? Porque Alexandra e as suas amigas tinham amado.
Caríssimos
jovens, Deus não deixa de chamar, sobretudo se amarmos. Cabe a nós responder e
compor, com a nossa vida, o maravilhoso e divino desenho que Deus previu para
cada um de nós em vista do bem de todos.
Terminei
o meu discurso, mas permitam-me ainda uma palavra.
Sabem
o que significa colocar Deus no primeiro lugar? Quer Ele nos chame a
consagrar-nos a Ele, quer nos chame a formar uma bela família? Colocar Deus
acima de tudo na vida significa encontrar já aqui na terra a felicidade. E é o
que desejo a todos vocês!
Aspirem
às coisas do alto! Temos uma vida só! Não se repete: convém usá-la bem.
Obrigada!
14 julho 2017
A “Via Mariae”: em cada etapa um dom de Deus
“A Via Mariae é mais resultado da ação de Maria em
nossa alma ou fruto do nosso próprio esforço?”
Algumas vezes se pensa que somos nós a fazer a ‘Via
Mariae’, isto é, se pensa que é possível dizer: “Agora vou começar a viver este
ponto, ou aquele outro ponto”.
Não é assim . Em cada sua etapa, a ‘Via Mariae’ é um
dom de Deus. É ele, que naquele determinado momento da nossa vida, nos faz
estar em determinada etapa. Naturalmente em proporção à nossa correspondência;
mas é um dom de Deus. Nós não podemos, por exemplo, dizer: “Agora quero viver a
Desolada. O que devo fazer para isso?” Deus nos coloca no estado de ‘Desolada’
e nos faz viver assim. E um dom seu.
Entenderemos logo isso se, por exemplo, pensarmos na
etapa da anunciação. O encontro com o Ideal não foi um fruto nosso, foi um dom
de Deus. E assim todas as outras etapas.
Comunicar as nossas experiências aos outros é, sem
dúvida, fruto da nossa correspondência, mas fazer ver o fio de ouro que liga a
vida — fato pelo qual a experiência que contamos não são apenas palavras, mas
algo vivo que produz efeito nas pessoas — é um dom de Deus.
Em resumo, é Deus quem nos coloca nesta ou naquela
etapa, não somos nós, não podemos fazê-lo.
Aquilo que devemos fazer é viver o Ideal. De fato,
mediante esta espiritualidade subimos de degrau em degrau através das etapas da
‘Via Mariae’. Portanto, vivemos a espiritualidade e não tanto a ‘Via Mariae’: é
Deus quem nos coloca naquela determinada etapa, pouco a pouco, à medida em que
vivemos o Ideal.
E quanto mais intensamente o vivermos, mais
rapidamente estaremos nas etapas seguintes.
13 julho 2017
Carta de Chiara - Conclusão
E
hoje, em sintonia com a nova vontade de Deus que nos foi expressa pela Igreja
na pessoa do Papa João Paulo II na véspera de Pentecostes 1998, na Praça de São
Pedro, eu digo: alarguem este espírito de família a todos os Movimentos e
Comunidades eclesiais existentes; ofereçam o amor de vocês a todas as famílias
religiosas que conosco representam o aspecto carismático da Igreja; não hesitem
em oferecê-lo generosamente a Cristo que vive em todos aqueles que representam
o seu aspecto institucional, para que a “Igreja-comunhão” seja uma realidade no
Terceiro Milênio. E não esqueçamos aqueles que estão fora da Igreja, no mundo,
pelo qual Jesus se encarnou e que nós somos chamados a incendiar.
O
carisma da unidade do Movimento sempre nos orientou, a propósito de todos os
aspectos da nossa vida, a pensar — por modo de dizer — em grande estilo. Isto
é, a considerar, por exemplo, a saúde não só física, mas também espiritual, não
só pessoal mas também coletiva.
De
fato, nós ligamos a este assunto realidades espirituais como a presença de
Jesus em meio e a Santíssima Eucaristia.
Jesus
em meio, porque a perfeita saúde da nossa alma depende da sua presença entre
nós. A nossa típica espiritualidade exige que se alcance a saúde espiritual em
companhia. Como homens e cristãos somos o que devemos ser só estando em relação
com os outros. É a inter-relação, o amor ao próximo que nos faz ser plenamente
nós mesmos, ou seja, outro Jesus. Por isso, para podermos dizer que somos
sadios espiritualmente e completos, perfeitos, realizados, na plenitude da
alegria, devemos amar os irmãos até fazer com que Jesus esteja entre nós.
Unimos
este aspecto também à Santíssima Eucaristia não só porque é causa da nossa
ressurreição, na qual veremos aperfeiçoada e perpetuada a saúde espiritual e
física, mas também porque é por ela, pela Eucaristia, que nos tornamos
concorpóreos e consangüíneos com Cristo; é ela que nos transforma no Cristo que
recebemos, que nos faz ser Cristo e é assim a nossa saúde espiritual.
Comecemos,
então, o novo ano Ideal em todo o Movimento cuidando com atenção da saúde
física e espiritual nossa e de todos, para a glória de Deus e para o
bem de
muitos.
12 julho 2017
TENDE CORAGEM: EU VENCI O MUNDO!
Não é preciso ir muito longe para encontrar remédio
e solução para as fumaças que contaminam a atmosfera do mundo. O Evangelho é a
saúde eterna e quem, em nome dele e por ele, até morre, desaparecendo, mesmo em
nossos dias, talvez ignorado por todos, vive.
Esse, porque amou e perdoou, defendeu e não cedeu, é
um vitorioso e, como tal, é acolhido nos páramos eternos.
Mas o Evangelho não há de ser apenas a regra da
nossa morte; deve ser o pão cotidiano da nossa vida.
Passando pelas ruas de cidades tradicionalmente
católicas, muitas vezes vem a tentação de duvidar da fé das pessoas. Afinal,
nós sabemos quantos, também na nossa Itália católica(1), perderam o senso de
Deus. E isto se vê, se sente, se sabe; e o cinema e o teatro, a televisão e a
moda, a pintura e a música e os jornais o atestam.
Às vezes, certas situações nos deixam estarrecidos e
uma sensação de desânimo nos assalta, vendo adultos e inocentes imersos num
mundo tão pouco cristão... É quando a fé – se ainda vive em nosso coração – nos
sugere uma palavra de Jesus, daquelas eternas. E, atônitos, ficamos convictos e
iluminados. Certos, sobretudo, de que aquela sua palavra tem a atualidade de
sempre. E nasce no coração a esperança de que, nutrindo-nos dela, não só o
nosso espírito encontrará defesa ao ataque contra o mal que nos circunda, pelo
bem daqueles que amamos e desejamos ver salvos.
“Tende coragem: eu venci o mundo!”(Jo 16,33).
Quando o tédio, a apatia ou a revolta ameaçam
enfraquecer a nossa alma no cumprimento da vontade divina, devemos ir além. Com
Jesus é possível que o homem novo viva constantemente em nós, e as nuvens de
fumaça do mundo que refreiam a nossa alma se dissiparão.
Quando a antipatia e ódio nos induzirem a julgar ou
detestar um irmão nosso, deixemos Cristo viver em nós e, amando, não julgando,
perdoando, venceremos.
Quando nos pesam na alma situações que há anos se
arrastam na família, na comunidade de trabalho – pequenas ou grandes
desconfianças, ciúmes, invejas, tiranias – devemos desempenhar a função de
pacificadores e mediadores entre as partes adversárias e recompor a unidade
entre os irmãos em nome de Jesus, que trouxe esta idéia à terra, como a
verdade, pedra preciosa do seu Evangelho.
Se nos cerca um mundo, como o político ou social,
calejado por paixões, por carreirismo, esvaziado de ideais, de justiças e de
esperanças, não nos deixemos sufocar. Devemos confiar e não abandonar sobretudo
o nosso posto e o nosso empenho: com Quem venceu a morte, pode-se esperar
contra toda esperança.
(1) A Itália é um país
tradicionalmente de grande maioria católica
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