15 janeiro 2020

Professor, não é verdade!

(CHIARA LUBICH 100 ANOS: 1920-2020)

«No ano letivo (1936-1937), chegou na sala de aula de Silvia Lubich o novo professor de filosofia, Girolamo Gaspari¹. Era um bom orador, apaixonado pela disciplina que lecionava e transmitia este fascínio à classe. Mas, isso pouco “fascinava” a Silvia porque havia algo estranho, artificial; eram palavras frias que não deixavam a alma em paz, descreve ela. O que a fazia temer pelo enfraquecimento da fé de suas colegas.
A situação tornou-se insuportável a partir do dia em que o professor, ao explicar um tema, colocou-se a atacar a Igreja. Foi assim que Silvia começou a levantar a mão, não importava quantas vezes, naturalmente sem poder confrontar com a ciência outra ciência, limitando-se tão somente a dizer: “Professor, não é verdade!”.
Com isso, Silvia não somente afrontava uma autoridade da sala de aula, uma pessoa mais velha, como também arriscava perder a bolsa de estudo que possuía, importante para ela e para sua família. Mesmo sem grandes argumentos, o professor a deixava falar, já que em simples palavras tinha tanta convicção que não tinha como impedi-la.
As colegas de Silvia ficaram apreensivas pela possível nota baixa que poderia ter pelo “confronto” com o professor. E para surpresa de todas ao final daquele período foi a única a ter nota 10. Em uma certa conversa, o professor procurou convencê-la das ideias dele, tentativa inútil. Reconheceu que ela o havia vencido. Ao sair dali, Silvia com suas colegas foram à igreja rezar por aquele professor.
A espiritualidade de Chiara, neste período, não tinha características particulares. Era simplesmente uma cristã e como tal vivia o Evangelho ensinado pela Igreja e aprendido com seus familiares, enfatiza.
Silvia já havia terminado o magistério quando, muito tempo depois, pela rua encontrou aquele professor. Dirigiu-se até ele e quando se aproximou, descreve Chiara, “tinha uma expressão de sofrimento tamanha que estava como que desfigurado”. De imediato ele falou: “minha família está arruinada por tanto sofrimento, entrei naquela igreja onde vais sempre e rezei ao Deus que tu amas e espero que ele me ajude”, recorda Chiara. Depois daquele dia nunca mais ela o viu. Durante a segunda guerra aquele professor veio a falecer».

[¹Foi tenente da artilharia da marinha alemã e morreu em março de 1943 em navio que afundou no mar da Sicília, sul da Itália. Era professor de filosofia e pedagogia no período que Chiara frequentou o magistério].

[fonte: trecho do artigo de Oreste Paliotti sobre o livro de Nino Carella, “Silvia prima di Chiara” (“Silvia, antes de Chiara”), revista Città Nuova]

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