19 maio 2019

O AMOR – SÍNTESE DE TODAS AS PALAVRAS (A ARTE DE AMAR)


O amor que Jesus trouxe à terra é muito rico e, para vivê-lo bem, é necessário conhecer uma arte, ou seja, a arte de amar.
Ela significa um modo de viver, um “coquetel” espiritual, todo especial, no qual são contempladas todas as exigências evangélicas.
Chiara, no seu discurso no Capitólio, na ocasião em que recebeu a cidadania honorária de Roma, fez da Palavra o ponto central da sua mensagem. “A verdadeira arte de amar – afirmou – emerge toda do Evangelho de Cristo (...) É o segredo da revolução que permitiu aos primeiros cristãos invadirem o mundo então conhecido. É uma arte que exige esforço...”
         Ela requer, antes de tudo, que se supere o limitado horizonte do amor natural, dirigido simplesmente de uma forma quase exclusiva à família, aos amigos. Esse amor deve ser destinado a todos: ao simpático e ao antipático, ao bonito e ao feio, a quem é da minha pátria e ao estrangeiro, da minha religião ou de outra, da minha cultura ou de outra, amigo ou adversário ou até mesmo inimigo. É necessário, portanto, amar a todos como faz o Pai do Céu, que manda o sol e a chuva sobre os bons e sobre os maus” (Mt. 5,45).
         Este, portanto, é o primeiro ponto da arte de amar, como Chiara a propõe: amar a todos, sem distinção.

         Passemos, então, ao segundo ponto da arte de amar, aquele que, à primeira vista, pode parecer o mais árduo, o mais difícil de ser atuado.
         É aquele amor que, na escola do amor, nunca acabamos de aprender. Ele tem uma característica que o torna semelhante ao amor que Deus tem por nós.
         Um amor à imagem e semelhança de Deus: Amor “incriado” nele, amor “criado” em nós, mas um amor que ama primeiro.   
         “Não se pode amar a Deus primeiro, porque Ele nos precedeu e sempre nos precede no amor”, diz Chiara.
         Mas nós podemos, ou melhor, devemos sempre ser os primeiros a amar o nosso próximo. É isso que torna autêntico e desinteressado o nosso amor ao irmão. É um amor que, como o amor de Deus, não espera nada, não espera um gesto, uma palavra, um sorriso, para começar a amar, mas toma sempre a iniciativa.

         Agora, vejamos a terceira exigência: o amor verdadeiro não consiste somente em palavras ou sentimentos, mas é concreto. Atua-se bem o amor “fazendo-se um” com o próximo.
         É este um ponto crucial da arte de amar, que se tornou característica essencial da vida do Movimento.
         “Fazer-se um” são duas palavras mágicas – assim Chiara as definiu - que exprimem o nosso modo de amar.
         A verdadeira interpretação da palavra “amor”, “amar”, é o “fazer-se um”: penetrar na alma do outro o mais profundamente possível; entender verdadeiramente os seus problemas, as suas necessidades: carregar os seus pesos, assumir as suas preocupações e os seus sofrimentos.
         Então, terá significado o dar de comer, dar de beber, dar um conselho, oferecer uma ajuda.
         Chiara nunca escondeu as dificuldades desta práxis evangélica.
“Fazer-se um” – ela adverte – não é uma coisa simples.
         “Fazer-se um” exige um vazio completo de nossa parte: tirar todas as ideias da nossa mente; todos os afetos do coração, afastar tudo da nossa vontade, para nos identificarmos com os outros.”
         Mas, “Ele quer que, a cada dia, a cada hora, nos aperfeiçoemos nesta arte, às vezes cansativa e extenuante, mas sempre maravilhosa, vital e fecunda, de “fazer-se um” com os outros: a arte de amar.”

         E, finalmente, o quarto ponto da arte de amar.
         É necessário amar Jesus no irmão. Esta postura é imediata e clara, se pensarmos no Juízo Final, quando Jesus dirá aos bons: “Vinde benditos do meu Pai, recebei por herança o reino preparado para vós desde o princípio do mundo. Pois tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber. (...)”
         Então, os justos lhe responderão, dizendo: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? (...)” Respondendo, o rei lhes dirá: “Em verdade vos digo: toda vez que fizestes estas coisas a um só dos meus irmãos menores, fizestes a mim” (Mt. 25, 34-40).
         Quando amamos um irmão ou uma irmã é, portanto, também Jesus que se sente amado neles.

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