O amor que Jesus trouxe à terra é
muito rico e, para vivê-lo bem, é necessário conhecer uma arte, ou seja, a arte
de amar.
Ela significa um
modo de viver, um “coquetel” espiritual, todo especial, no qual são
contempladas todas as exigências evangélicas.
Chiara, no seu
discurso no Capitólio, na ocasião em que recebeu a cidadania honorária de Roma,
fez da Palavra o ponto central da sua mensagem. “A verdadeira arte de amar –
afirmou – emerge toda do Evangelho de Cristo (...) É o segredo da revolução que
permitiu aos primeiros cristãos invadirem o mundo então conhecido. É uma arte
que exige esforço...”
Ela requer, antes de tudo, que se
supere o limitado horizonte do amor natural, dirigido simplesmente de uma
forma quase exclusiva à família, aos amigos. Esse amor deve ser destinado a todos:
ao simpático e ao antipático, ao bonito e ao feio, a quem é da minha pátria e
ao estrangeiro, da minha religião ou de outra, da minha cultura ou de outra,
amigo ou adversário ou até mesmo inimigo. É necessário, portanto, amar a todos
como faz o Pai do Céu, que manda o sol e a chuva sobre os bons e sobre os maus”
(Mt. 5,45).
Este, portanto, é o primeiro ponto
da arte de amar, como Chiara a propõe: amar a todos, sem distinção.
Passemos, então, ao segundo ponto
da arte de amar, aquele que, à primeira vista, pode parecer o mais árduo, o
mais difícil de ser atuado.
É aquele amor que, na escola do amor,
nunca acabamos de aprender. Ele tem uma característica que o torna semelhante
ao amor que Deus tem por nós.
Um amor à imagem e semelhança de Deus:
Amor “incriado” nele, amor “criado” em nós, mas um amor que ama primeiro.
“Não se pode amar a Deus primeiro,
porque Ele nos precedeu e sempre nos precede no amor”, diz Chiara.
Mas nós podemos, ou melhor, devemos
sempre ser os primeiros a amar o nosso próximo. É isso que torna autêntico e
desinteressado o nosso amor ao irmão. É um amor que, como o amor de Deus, não
espera nada, não espera um gesto, uma palavra, um sorriso, para começar a amar,
mas toma sempre a iniciativa.
Agora, vejamos a terceira exigência:
o amor verdadeiro não consiste somente em palavras ou sentimentos, mas é
concreto. Atua-se bem o amor “fazendo-se um” com o próximo.
É este um ponto crucial da arte de
amar, que se tornou característica essencial da vida do Movimento.
“Fazer-se um” são duas palavras mágicas
– assim Chiara as definiu - que exprimem o nosso modo de amar.
A verdadeira interpretação da palavra
“amor”, “amar”, é o “fazer-se um”: penetrar na alma do outro o mais
profundamente possível; entender verdadeiramente os seus problemas, as suas
necessidades: carregar os seus pesos, assumir as suas preocupações e os seus
sofrimentos.
Então, terá significado o dar de comer,
dar de beber, dar um conselho, oferecer uma ajuda.
Chiara nunca escondeu as dificuldades
desta práxis evangélica.
“Fazer-se um” –
ela adverte – não é uma coisa simples.
“Fazer-se um” exige um vazio completo
de nossa parte: tirar todas as ideias da nossa mente; todos os afetos do
coração, afastar tudo da nossa vontade, para nos identificarmos com os outros.”
Mas, “Ele quer que, a cada dia, a cada
hora, nos aperfeiçoemos nesta arte, às vezes cansativa e extenuante, mas sempre
maravilhosa, vital e fecunda, de “fazer-se um” com os outros: a arte de
amar.”
E, finalmente, o quarto ponto da
arte de amar.
É necessário amar Jesus no irmão. Esta
postura é imediata e clara, se pensarmos no Juízo Final, quando Jesus dirá aos
bons: “Vinde benditos do meu Pai, recebei por herança o reino preparado para
vós desde o princípio do mundo. Pois tive fome e me destes de comer, tive sede
e me destes de beber. (...)”
Então, os justos lhe responderão,
dizendo: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com
sede e te demos de beber? (...)” Respondendo, o rei lhes dirá: “Em verdade vos
digo: toda vez que fizestes estas coisas a um só dos meus irmãos menores,
fizestes a mim” (Mt. 25, 34-40).
Quando amamos um irmão ou uma irmã é,
portanto, também Jesus que se sente amado neles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário