É tão bela a Mãe, no recolhimento perene em que o Evangelho no-la mostra: “Conservava a lembrança de todos estes fatos em seu coração” (Lc 2,51). Aquele silêncio pleno exerce um fascínio sobre a alma que ama. Como poderia eu viver Maria no seu místico silêncio, quando a nossa vocação é, por vezes, falar para evangelizar, sempre aos quatro ventos, em todos os lugares, ricos e pobres, dos subterrâneos às estradas, às escolas, em todo canto? Maria também falou. E deu Jesus. Ninguém jamais no mundo foi apóstolo maior. Ninguém jamais teve palavra como Maria, que deu à luz o Verbo encarnado. Maria é real e merecidamente Rainha dos Apóstolos. E ela calou-se. Calou-se porque dois não podiam falar. A palavra há de apoiar-se sempre em um silêncio, como uma pintura sobre um fundo. Calou-se porque criatura. Porque o nada não fala. Mas sobre aquele nada, falou Jesus e disse: Ele mesmo. Deus, o Criador e o Tudo, falou por sobre o nada da criatura. Como então viver Maria, como perfumar a minha vida com o seu fascínio? Fazendo calar em mim a criatura e deixando falar nesse silêncio o Espírito do Senhor. Assim vivo Maria e vivo Jesus. Vivo Jesus em Maria. Vivo Jesus vivendo Maria.
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