30 dezembro 2016

O primeiro dever

      De uma conferência telefônica

      Castel Gandolfo, 29 de abril de 1999

      Um dia, eu, como espero outros, havia-me proposto, como Jesus diz e quer, a “rezar sempre” [cf. Lc 18,1], oferecendo a Ele cada ato, precedido por um “Por ti”. Com a graça de Deus, tinha sido particularmente fiel a esse compromisso. De modo que, como conclusão do dia, perguntei a Deus numa conversa com Ele se estava satisfeito comigo ou, caso não estivesse, que me corrigisse.
      Tive a impressão de perceber a sua resposta no fundo do coração, que pode ser expressa assim: “O teu modo de viver hoje, oferecendo a Deus cada ato teu com um ‘Por ti’, foi sem dúvida do meu agrado, mas poderia ser muito bom também o modo de qualquer um que segue uma espiritualidade individual. Tu és chamada para outra coisa. De ti, quero algo diferente. Tua vocação requer que coloques, acima de tudo, como base de cada ação tua, embora oferecida com um ‘Por ti’, o amor mútuo com tuas irmãs e teus irmãos. Por isso, tua primeira obrigação deve ser: estar sempre disposta a dar a vida por eles, para que a unidade triunfe”.
      Entendi a lição.
      Certamente, depois de tantos anos de vida espiritual, eu havia procurado, inclusive naquele dia, viver o Mandamento Novo, mas não como minha primeira obrigação.
      Então, procurei logo quem estava perto de mim, disposta a estar pronta a morrer também por ele, por ela e, portanto, a assumir todos aqueles comportamentos coerentes de modo a poder oferecer a Jesus, baseada unicamente nisso, cada ato com um ‘Por ti’.
      São mais de cinquenta anos que digo a mim mesma e digo a vocês que a “norma das normas”, portanto, também a regra básica para poder rezar, é a unidade.
      Mesmo assim, é necessário sempre reavivar no coração essa obrigação nossa, é necessário sempre recomeçar. […]
      Façamos todo o esforço para não esquecer isso, ou melhor, para não esquecer Aquele que deve preceder cada coisa. É Ele a grande novidade que somos chamados a oferecer ao mundo.
      Que honra poder viver essa vocação! Que plenitude de alegria!



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