Quando o barquinho da vida faz água e a tempestade o ameaça,
pronunciamos um nome que aflora aos lábios de quem sofre, até mesmo no
derradeiro suspiro: mãe.
Não
denota sempre a mãe terrena; aliás, para a pessoa um pouco familiarizada com as
coisas eternas, significa Maria.
Isto
é tão real que, freqüentemente, “mãe” é o grito dos corações de Deus nos
momentos da provação. “Mãe”!
Eis
aqui o segundo milagre de amor, depois da redenção: um Deus encarnado e uma Mãe
para todos.
Nela,
toda a esperança para o cristão.
Muitas vezes ocorre-nos perguntar:
como fez Maria para viver na terra, sem perder, nas longas agonias do seu coração
traspassado, chamar uma, Mãe? E o
enxerto direto de seu espírito com Deus mostra o esplendor único, a grandeza, a
singularidade daquela que é “elevada mais do que criatura”. Deus – sem dúvida –
como para nós, e bem mais, foi o consolo do seu coração.
É possível que ela amasse alguém que lhe
configurasse com mais propriedade – como para nós ela mesma, Maria – a
identificação com o amor? Imagino que algo parecido e mais, infinitamente mais,
do que encontramos em Maria, tenha ela – em sua labuta terrena a serviço do
Pai, ocupando-se do filho - encontrado repouso e refrigério, força e audácia,
capacidade de viver, quando outras mortes a teriam esmagado, n’Aquela que
sustentou a Igreja em sua época e em toda as épocas: o Espírito Santo.
O Espírito Santo, este Deus desconhecido, que,
em nossa prestação de contas final, perceberemos, com infinito pesar, não termos
talvez suficientemente amado, e venerado, e agradecido.
Ele,
a alma do corpo místico de Cristo, a firmeza dos mártires de todos os tempos, a
fluência das águas vivas de todo sábio, a luz dos enviados de Deus, a certeza
dos papas, o mestre dos bispos, o amigo dos ministros, o perfume das virgens.
Ele conviveu com a imaculada encontrando as suas
delícias em plasmar, escondido, a flor
das flores, e Maria, n’Ele e por Ele, elevou o anseio traduzido pelo coração
humano com o doce termo “Mãe” à altura mesma de Deus.
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