Hoje
gostaríamos de lhes falar sobre a Palavra de Deus.
“Compreendemos que o mundo tem
necessidade de uma terapia de Evangelho. Somente a Boa Nova pode devolver-lhe a
vida que lhe falta. E é por isso que vivemos a Palavra de Vida... é por isso que
a encarnamos em nós, a ponto de nos tornarmos palavras vivas...”
Assim
expressa Chiara Lubich a intuição fundamental que levou os membros do então
nascente Movimento dos Focolares a escolher uma frase do Evangelho, comentá-la
e vivê-la durante um determinado tempo. Esta prática permaneceu como uma
constante e um alicerce da vida dos membros do Movimento.
Não se
trata de refletir sobre uma palavra do Evangelho, apenas, e nem mesmo de
medita-la, ms, sim de passar à ação, de pô-la em prática em todas as circunstâncias
da vida quotidiana, com a convicção de que as palavras de Jesus são “espírito e
vida” e uma única palavra do Evangelho posta em prática, pode tornar-se o ponto
de partida para a reevangelização de uma vida inteira.
Chiara
exprime essa certeza, dizendo: “Bastam umas poucas letras e algumas regras
gramaticais para se saber ler e escrever; entretanto, quem não as conhece
permanece analfabeto a vida toda. Da mesma forma, as poucas frases do Evangelho
são suficientes pra formar, dentro de nós, o Cristo”.
E foi
assim que a “palavra de vida” com seu comentário foi recopiada, mimeografada,
impressa, mês após mês, a fim de que cada membro do Movimento, cada pessoa que
desejasse vivê-la pudesse tê-la à mão, na bolsa, na mesa de trabalho, à
cabeceira da cama – em qualquer lugar que lhe parecesse útil, para poder
lembrar-se dela, impregnar-se dela, para que vivê-la se tornasse quase um
reflexo.
Assim,
são hoje distribuídos e vividos no mundo milhares de exemplares da Palavra de
Vida.
A
expressão “palavra de vida” é tirada de são Paulo, quando diz: “Vós sois
portadores da Palavra de Vida” (cf Fl 2,16)
Outro
traço característico dos membros do Movimento é o comunicarem uns aos outros a
vida suscitada pela palavra. Da mesma maneira que os cientistas, tendo experimentado
uma hipótese em laboratório, comunicam uns aos outros os resultados, a fim de
contribuir para o progresso da ciência, assim também os que põem em prática a
“palavra de vida” compartilham as “experiências” que realizaram ao vivê-la. Não
se trata de divulgar sua vida, de comprazer-se com o êxito alcançado, mas de
fazer com que outros participem da mesma luz.
Aliás,
as experiências assim comunicadas têm seus traços característicos: são
circunscritas no tempo, como uma breve história em que Deus atua e se revela.
São como um estímulo dirigido a cada um.
Elas
mostram que a vida não se divide: ela se desenvolve nas pequenas ações, tanto
quanto nas grandes, animando a todos, desde o deputado até à mãe de família,
conservando sua originalidade e sua força.
Leonardo
nos conta, por exemplo, uma sua experiência sobre a Palavra de vida:
“Indo para a cidade percebo que estou com pressa. Não sei o
porque, mas arrastado pelo trânsito intenso nas avenidas, me comportava como
todos que recusam em dar a precedência. Tenho a fisionomia tensa. Num certo
momento, me lembro da Palavra de vida. Então, em meio às filas de carros, me
descontraio, sorrio a uma pessoa que se volta para mim, dou a precedência a um
outro, acelero menos na partida, e aos poucos me sinto mais eu mesmo, mais em
Deus, calmo, sereno. O tempo já não me oprime e consigo viver o momento
presente com intensidade.”
Assim
também Marlene:
«Nestes
dias minha cunhada estava internada no hospital e algumas vezes fui
visitá-la. No mesmo quarto havia uma velhinha,
à qual ninguém dava ouvidos. Numa das primeiras vezes que fui ao hospital, ela
começou a chamar-me. Queria ir atendê-la, mas todos, também a minha cunhada,
procuravam dissuadir-me: "Não dê importância. É uma velha meio louca e faz
assim o dia inteiro".
Estava para me sentar um pouco amedrontada, mas depois
lembrei-me da Palavra de vida do mês, onde Jesus dizia: “Tudo aquilo que
fizeres ao menor dos meus, a mim o fizeste”. Era como se uma voz me dissesse:
"Vai e faz aquilo que te é pedido". Levantei-me, aproximei-me da
velhinha superando uma certa repugnância porque estava com as mãos sujas. Faço
aquilo que me pede e lhe trago uma bacia com água para que possa lavar as mãos.
Depois de ter se lavado, ela tocou nos meus braços e me disse: "Obrigada.
Você lavou as mãos de Jesus".
Fiquei
surpresa com as suas palavras, mas experimentei uma grande alegria e a
confirmação da certeza de que Jesus está presente em cada homem.”
Queremos
concluir com uma exortação de Chiara que nos ajudará a viver a Palavra durante
este mês:
“Nós
vivemos, umas após outras, numerosas palavras da Sagrada Escritura, de tal
forma que elas permanecem em nós como um patrimônio indelével. Nossa missão é
viver a palavra no momento presente e todos nós podemos vivê-la, seja qual for
a nossa vocação, idade, sexo, condição, porque Jesus é a luz para todos os
homens deste mundo. Com este meio tão simples, podemos evangelizar nossas almas
e, com elas, o mundo...
Sejamos
Evangelhos vivos, palavras vividas, outros Jesus. Assim o amaremos verdadeiramente
e imitaremos Maria, a mãe da Luz, do Verbo, a Palavra viva,
Não
temos outro livro que não seja o Evangelho, nem outra ciência, nem outra arte.
É nele que está a vida! E aquele que a encontrar, não morrerá.”
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